01/11/2009

ALGUNS PENSAMENTOS SOBRE DISCIPLINA NA IGREJA

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Recentemente assisti um vídeo em que o pastor que estava sendo entrevistado dizia que a igreja leva muito a sério o pecado sexual porque faz vista grossa para outros pecados, visto que é fácil enquadrar alguém no pecado sexual, e isso é mais difícil quando se trata de pecados como o orgulho, a avareza ou a maledicência. Ontem li um texto em que o autor questionava a razão pela qual pastores são afastados do púlpito por causa de adultério, mas não são por pecados como a mentira. Por isso, decidi repartir com vocês algumas reflexões sobre o tema disciplina.

Deus corrige seus filhos para que estes sejam participantes de Sua santidade. E nós recebemos de Deus o dever de cooperarmos com a santidade uns dos outros. Essa terefa é exercida pela prática das mutualidades (exortai-vos, admoestai-vos etc.) e de outras ações disciplinares. Não podemos fugir de textos como o de Gálatas 6:1
"Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado”.
E o propósito dessa correção é a restauração de quem pecou:
"disciplinando com mansidão os que se opõem, na expectativa de que Deus lhes conceda não só o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade, mas também o retorno à sensatez, livrando-se eles dos laços do diabo, tendo sido feitos cativos por ele para cumprirem a sua vontade” (II Tm. 2:25,26).
O Novo Testamento é claro em ensino sobre a ação disciplinar da Igreja. Em Mateus 18:15-17, Jesus nos instrui em como tratar o irmão que peca contra nós: “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão …”.
Em I Coríntios 5, Paulo dá instruções àquela Igreja de como tratar uma grave situação de ordem sexual: “Geralmente, se ouve que há entre vós imoralidade e imoralidade tal, como nem mesmo entre os gentios, isto é, haver quem se atreva a possuir a mulher de seu próprio pai. (…) que o autor de tal infâmia seja (…) entregue a Satanás para a destruição da carne, a fim de que o espírito seja salvo no Dia do Senhor”
Já na Igreja em Tessalônica o problema era com o pessoal que não queria trabalhar. Neste caso Paulo também dá orientações claras: “Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente (…) Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. (…) se alguém não obedecer à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele, para que se envergonhe. Todavia não o tenhais como inimigo, mas admoestai-o como irmão” (II Ts. 3:6-15)
Para Timóteo, Paulo fala sobre a disciplina de presbíteros (pastores): “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra (…) Aos que pecarem, repreende-os na presença de todos, para que também os outros tenham temor” (I Tm. 5:17-20).
À luz do Novo Testamento, tenho aprendido que a Igreja deve observar quatro aspectos ao disciplinar alguém.
1. Quem pecou?
Já que ” àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido” (Lc. 12:48), o pecado de um novo convertido não deve ser tratado da mesma forma que o de um pastor. Como já foi citado, Paulo dá a Timóteo orientações específicas sobre a disciplina de pastores.
Espera-se que os pastores sejam modelos do rebanho (I Pe. 5:1-3). Isso não quer dizer que eles sejam perfeitos e imunes ao pecado, mas significa que devem ser modelos de vida até mesmo no momento de corrigir seus erros. A rebanho também precisa de exemplos de arrependimento. Neste aspecto, quero citar a experiência de Sérgio R. Franco [1], pastor que compõe o presbitério de uma comunidade na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Ele foi a primeira pessoa a ser disciplinada nessa comunidade, tendo sido exposto publicamente. Contudo suas disciplinas fizeram com que o rebanho ficasse ainda mais próximo e fizeram com que ele ganhasse mais autoridade para tratar do tema.
2. Qual pecado?
Não existe pecadinho, pecado e pecadão. Qualquer pecado é grave o suficiente para nos levar ao inferno. Por isso todo pecado deve ser tratado com seriedade. Em minha experiência de vida em comunidade tenho conhecido casos de disciplina por preguiça, fofoca, ira, desordem financeira, distância em relação à família etc.. Sei que muitos não levam a sério esses assuntos, mas felizmente tenho conhecido gente que trata desses temas com a devida seriedade, e tenho visto os bons resultados dessa atitude.
Todos os pecados devem ser tratados com seriedade. Mas há um texto bíblico que nos aponta para uma distinção entre pecados cometidos fora do corpo e pecados cometidos contra o corpo: “Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca contra o próprio corpo. Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (I Co. 6:18-20). Portanto, À luz desse texto e das complicadas experiências humanas na área da sexualidade, creio que pecados de ordem sexual precisam receber um tratamento específico.
3. Como veio à luz?
É evidente que há distinção quando a confissão é confissão voluntária e imediata, no cumprimento de Tiago 5:16 (“Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros”), ou quando o pecado é descoberto.
4. Há reincidência?
Como o arrependimento tem seus frutos, devemos considerar se há uma prática reincidente do pecado.
Com essas reflexões não pretendo esgotar o assunto. Mas desejo apenas que pensemos sobre o tema à luz das Escrituras, e não fiquemos limitados às nossas opiniões individuais.
[1] – O relato de sua disciplina está no livro Perdão e Purificação.
Anderson Paz
Fonte: Blog do Anderson Paz

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