02/08/2009

O NASCIMENTO DE SAMUEL

soninho com anjos

1 Samuel capítulo 1 - 2:10

A narrativa sobre a vida de Samuel começa com as circunstâncias envolvendo o seu nascimento, que ocorreu em aproximadamente 1.100 A.C., antes dos últimos cinco juizes, Jefté, Ibsã, Elom, Abdom e Sansão.

Ramataim-Zofim (As duas colinas dos Zofitas, ou dos sentinelas) é outro nome para Ramá. Zufe era levita (1 Crônicas 6:33-38), e a ele fora consignada uma propriedade dentro da herança da tribo de Efraim, em Ramá. Samuel ai nasceu, dali julgou Israel e ali foi sepultado (1 Samuel 2:11; 7:17,25:1).

Seu pai Elcana tinha duas mulheres, Ana e Penina. A bigamia era praticada naquele tempo, e era tolerada pela lei de Moisés (p.ex. Deuteronômio 21:15-17, 25:5-10). Era uma maneira prática de obter mais mão-de-obra na família e de assegurar a descendência; ter muitos filhos dava posição social. Mas, por outro lado, dava origem a vários problemas familiares, e dor e sofrimento como ocorreu com a família de Elcana: Penina lhe dava filhos mas Ana era estéril, e sofria grandes humilhações da outra por causa disso. A parcialidade com que Elcana a tratava, mostrando que a amava mais do que a outra, também despertava ciúmes em Penina.

Anualmente eles subiam da sua cidade até Silo para adorar e sacrificar ao SENHOR no tabernáculo, que estava armado ali. O sumo sacerdote era Eli, e seus filhos Hofni (Pugilista) e Finéias (Boca de Latão) oficiavam como sacerdotes. Estes dois eram "filhos de Belial", homens indignos, ordinários (capítulo 2:12).

Naqueles tempos a esterilidade na mulher era considerada um defeito sério, geralmente fazendo com que a mulher fosse desprezada e se sentisse inferiorizada diante das outras. Mas Elcana amava Ana e a punha acima de Penina e de seus filhos e filhas.

Mas Deus tinha um plano para ela, que ela não sabia. Elcana não compreendia a sua tristeza e achava que a evidência do seu amor por ela deveria lhe valer mais do que dez filhos. Mas ela finalmente resolveu fazer um voto ao SENHOR, entre as suas lágrimas, que se Ele lhe concedesse um filho do sexo masculino, ela o dedicaria ao SENHOR por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passaria navalha (para que todos soubessem do voto): como era de família levita, ele estaria habilitado a trabalhar no tabernáculo, e ela o daria para serviço levítico vitalício (normalmente era só por vinte anos - Números 4:3). Essa oração intensa e comovente de Ana é uma excelente descrição de uma oração fervorosa (cf. Filipenses 4:6-7; 1 Pedro 5:7).

O sumo sacerdote Eli, vendo a intensidade de sua oração silenciosa acompanhada de lágrimas, a princípio julgou que ela estivesse embriagada e a repreendeu por isso. Era uma conclusão e reação coerente com o declínio moral da época. Ele era um pai indulgente, ao que parece, e julgava os outros segundo o nível dos seus filhos. Talvez não fosse raro aparecer gente embriagada no recinto do tabernáculo.

Ana esclareceu a situação e Eli, percebendo o engano que havia cometido, deu-lhe uma bênção profética. Ana saiu, comeu e foi-se alegre, demonstrando que confiava que Deus havia ouvido e aceito a sua proposta.

O nome Samuel significa Ouvido por Deus. Ana era uma mulher temente a Deus, que clamava por Seu favor, e disposta a entregar o que seria para ela o que mais desejava em sua vida, ao SENHOR. Deus ouviu o seu clamor, deu-lhe o que pedia, e muito mais: a honra de ser a mãe de um grande vulto na história do povo de Israel, o maior dos juizes e um grande profeta, que ungiu dois reis escolhidos pelo SENHOR. E o nome e o feito de Ana ficaram gravados na Palavra de Deus sendo conhecidos através dos séculos até hoje. Que tributo e monumento à sua fidelidade!

Ana não hesitou em cumprir com o seu voto. Apenas esperou até que Samuel fosse desmamado antes de entregá-lo ao sumo sacerdote.

Quando o menino estava pronto, talvez depois de dois ou três anos, os pais o levaram para Eli, no tabernáculo, junto com ofertas e sacrifícios: um novilho de três anos (a idade de Samuel?), 22 litros de farinha e um odre de vinho.

Ana lembrou a Eli quem ela era, que o SENHOR havia atendido à sua petição, e agora ela devolvia ao SENHOR o seu filho para que O servisse todos os anos da sua vida. Era uma entrega completa e irrevogável: ela foi zelosa em pagar o seu voto, mesmo a um alto preço. E os dois pais adoraram ao SENHOR.

A oração feita em agradecimento a Deus por Ana ficou também registrada na Bíblia. Talvez tenha sido declamada perante a congregação de adoradores dentro do tabernáculo. O seu tema é a sua confiança na soberania de Deus. Ela foi usada como modelo por Maria, mãe de Jesus, na sua oração de louvor (Lucas 1:46-55).

Ana O louva pela Sua salvação (v.1), Sua santidade (v.2), Seu conhecimento (v.3), Seu poder (vv. 4-8) e Seu juízo (vv. 9-10). Ela declara que Deus freqüentemente reverte as situações humanas, humilhando os orgulhosos e exaltando os humildes (Provérbios 16:18; 18:12).

O SENHOR é chamado de "Rocha" no Velho Testamento (v.2), e o Senhor Jesus é essa "Rocha" (Romanos 9:33, 1 Coríntios 10:4, 1 Pedro 2:8).

Temos aqui uma referência à morte e à ressurreição (v.7): sepultura, ou Sheol, é o lugar em que os mortos aguardavam a ressurreição e o julgamento do grande trono branco, eqüivalendo ao Hades no Novo Testamento. A palavra é usada 68 vezes no Velho Testamento.

No versículo 10 temos a primeira ocorrência na Bíblia da palavra Messias (Cristo), o título do Senhor Jesus. É uma profecia do reino de Cristo sobre Israel durante o milênio.

Porque vivemos num mundo onde prevalece o mal, às vezes podemos esquecer que Deus está no controle de tudo. Ana nos mostra o SENHOR firme como a rocha (v.2), Aquele que sabe o que fazemos (v.3), Soberano sobre tudo o que a humanidade faz (vv. 4-8), e o supremo Juiz que administra justiça perfeita (v.10). Ao nos lembrarmos disso, podemos colocar o mundo e nossos interesses e experiências pessoais na perspectiva certa.

R David Jones

Capítulo 1:
1 Houve um homem de Ramataim-Zofim, da montanha de Efraim, cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú, filho de Zufe, efrateu.
2 E este tinha duas mulheres: o nome de uma era Ana, e o nome da outra, Penina; Penina tinha filhos, porém Ana não tinha filhos.
3 Subia, pois, este homem da sua cidade de ano em ano a adorar e a sacrificar ao SENHOR dos Exércitos, em Siló; e estavam ali os sacerdotes em Siló; e estavam ali os sacerdotes do SENHOR, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli.
4 E sucedeu que, no dia em que Elcana sacrificava, dava ele porções do sacrifício a Penina, sua mulher, e a todos os seus filhos, e a todas as suas filhas.
5 Porém a Ana dava uma parte excelente, porquanto ele amava Ana; porém o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.
6 E a sua competidora excessivamente a irritava para a embravecer, porquanto o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.
7 E assim o fazia ele de ano em ano; quando ela subia à Casa do SENHOR, assim a outra a irritava; pelo que chorava e não comia.
8 Então, Elcana, seu marido, lhe disse: Ana, por que choras? E por que não comes? E por que está mal o teu coração? Não te sou eu melhor do que dez filhos?
9 Então, Ana se levantou, depois que comeram e beberam em Siló; e Eli, o sacerdote, estava assentado numa cadeira, junto a um pilar do templo do SENHOR.
10 Ela, pois, com amargura de alma, orou ao SENHOR e chorou abundantemente.
11 E votou um voto, dizendo: SENHOR dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, mas à tua serva deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha.
12 E sucedeu que, perseverando ela em orar perante o SENHOR, Eli fez atenção à sua boca,
13 porquanto Ana, no seu coração, falava, e só se moviam os seus lábios, porém não se ouvia a sua voz; pelo que Eli a teve por embriagada.
14 E disse-lhe Eli: Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho.
15 Porém Ana respondeu e disse: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR.
16 Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora.
17 Então, respondeu Eli e disse: Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste.
18 E disse ela: Ache a tua serva graça em teus olhos. Assim, a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste.
19 E levantaram-se de madrugada, e adoraram perante o SENHOR, e voltaram, e vieram à sua casa, a Ramá. Elcana conheceu a Ana, sua mulher, e o SENHOR se lembrou dela.
20 E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e teve um filho, e chamou o seu nome Samuel, porque, dizia ela, o tenho pedido ao SENHOR.
21 E subiu aquele homem Elcana, com toda a sua casa, a sacrificar ao SENHOR o sacrifício anual e a cumprir o seu voto.
22 Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para que apareça perante o SENHOR e lá fique para sempre.
23 E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer a teus olhos; fica até que o desmames; tão-somente confirme o SENHOR a sua palavra. Assim, ficou a mulher e deu leite a seu filho, até que o desmamou.
24 E, havendo-o desmamado, o levou consigo, com três bezerros e um efa de farinha e um odre de vinho, e o trouxe à Casa do SENHOR, a Siló. E era o menino ainda muito criança.
25 E degolaram um bezerro e assim trouxeram o menino a Eli.
26 E disse ela: Ah! Meu senhor, viva a tua alma, meu senhor; eu sou aquela mulher que aqui esteve contigo, para orar ao SENHOR.
27 Por este menino orava eu; e o SENHOR me concedeu a minha petição que eu lhe tinha pedido.
28 Pelo que também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver; pois ao SENHOR foi pedido. E ele adorou ali ao SENHOR.

Capítulo 2:
1 Então, orou Ana e disse: O meu coração exulta no SENHOR, o meu poder está exaltado no SENHOR; a minha boca se dilatou sobre os meus inimigos, porquanto me alegro na tua salvação.
2 Não há santo como é o SENHOR; porque não há outro fora de ti; e rocha nenhuma há como o nosso Deus.
3 Não multipliqueis palavras de altíssimas altivezas, nem saiam coisas árduas da vossa boca; porque o SENHOR é o Deus da sabedoria, e por ele são as obras pesadas na balança.
4 O arco dos fortes foi quebrado, e os que tropeçavam foram cingidos de força.
5 Os que antes eram fartos se alugaram por pão, mas agora cessaram os que eram famintos; até a estéril teve sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraqueceu.
6 O SENHOR é o que tira a vida e a dá; faz descer à sepultura e faz tornar a subir dela.
7 O SENHOR empobrece e enriquece; abaixa e também exalta.
8 Levanta o pobre do pó e, desde o esterco, exalta o necessitado, para o fazer assentar entre os príncipes, para o fazer herdar o trono de glória; porque do SENHOR são os alicerces da terra, e assentou sobre eles o mundo.
9 Os pés dos seus santos guardará, porém os ímpios ficarão mudos nas trevas; porque o homem não prevalecerá pela força.
10 Os que contendem com o SENHOR serão quebrantados; desde os céus, trovejará sobre eles; o SENHOR julgará as extremidades da terra, e dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.

1 Samuel capítulo 1 - 2:10

Samuel - nascimento

O coração de um missionário

 

Grande parte dos missionários (como nós também) procura passar para os irmãos e igrejas somente as bençãos, frutos da Fidelidade e Bondade de Deus, bem como das orações dos irmãos. Mas, em poucas vezes, os missionários sentem-se a vontade para abrirem seus corações e compartilharem também outros sentimentos, como tristezas e decepções.
     Existem vários motivos para que isso aconteça, mas quero analisar apenas alguns aspectos que partem de idéias erradas de irmãos e igrejas com relação a pessoa do missionário.
     Primeiro, alguns pensam que o missionário é um super-homem(ou super-mulher) e que caso ainda não seja deve ser, e como tal não tem necessidades emocionais, espirituais ou físicas. Expor os sentimentos do coração, na visão destes, é sinal de fraqueza ou falta de fé.
     Segundo, alguns pensam que o missionário é um pobre coitadinho, e o tratam como o assim fosse. Abrir o coração, na visão destes, é somente a confirmação de que um missionário é um pobre coitadinho da vida.
      Mas o que a Bíblia fala a respeito disso?! A Bíblia mostra de maneira muito clara que o missionário não é um super-homem (ou super-mulher) e nem um pobre coitadinho, mas sim um servo do Deus Vivo e Verdadeiro chamado e vocacionado por Deus para uma missão que Ele mesmo designou. É um embaixador de Deus! Mas, ainda assim um ser humano, com sentimentos e emoções como também foram muitos grandes servos de Deus na Bíblia.
     A Bíblia é um livro maravilhoso, e mostra não somente os grandes feitos de homens e mulheres usados por Deus mas também seus sentimentos e até falhas. Muitas vezes pensamos que eles foram pessoas especiais, super-homens e super-mulheres, mas na verdade não eram. Eram pessoas tão comuns como eu e você, e que fizeram grandes coisas pelo simples fato de obedecerem a Deus. Era Deus a sua fonte de fortaleza e sucesso! Mas, ainda assim tinham também suas fraquezas e falhas, frutos de sua natureza humana. A completa perfeição só alcançaremos nos céus (Ef 4:13).
     Dentre estes homens e mulheres que foram grandemente usados por Deus estão: Abraão, Elias, Paulo e muitos outros. Mas longe de serem super-heróis e eram homens a nossa semelhança, como está escrito a respeito de Elias e se aplica a todos outros. "Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto." (Tg 5:17,18).
     Elias é um exemplo que mesmo depois de grandes vitórias, podem acontecer momentos de decepção. Depois da grande vitória sobre os profetas de Baal, a rainha Jezabel intenta matar Elias e ele foge para o deserto e debaixo de uma árvore mostra-se decepcionado e pede a Deus para morrer.
     Mesmo Abraão, conhecido pela sua fé, demonstrou certa incredulidade quando descendo ao Egito disse que Sara era sua irmã, temendo que alguém o matasse por causa da beleza de sua esposa (Gn 12:11-13).
     Paulo, o grande apóstolo e que escreveu quase que a totalidade dos livros doutrinários do NT, teve os mesmos sentimentos que os atuais missionários e em diversas ocasiões abriu seu coração mostrando seus sentimentos, tão humanos quantos os nossos. São do apóstolo Paulo as seguintes palavras: "Que tenho grande tristeza e contínua dor no meu coração." (Rm 9:2); "Porque em muita tribulação e angústia do coração vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que vos entristecêsseis, mas para que conhecêsseis o amor que abundantemente vos tenho." (2 Co 2:4).
     Com estes exemplos não quero menosprezar a nenhum desses grandes homens de Deus, mas destacar que eles tinham os mesmos sentimentos que qualquer um de nós. Eles não só riam, mas também choraram; não só tiveram fé para realizarem grandes obras para Deus, como também em alguns momentos demonstraram certa incredulidade diante de algumas dificuldades; não só consolavam, mas também em alguns momentos precisavam do consolo. Eram homens como nós, com fraquezas e limitações, mas que ousaram confiar em Deus e obedecê-Lo, e é nisto que está o segredo de suas vidas.
     O próprio Jesus no Getsmane, poucas horas antes da crucificação abre seu coração para seus discípulos nos momentos que antecediam o calvário: "Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo." (Mt 26:38).
     Como estes grandes servos de Deus do passado, os missionários atuais também tem sentimentos e emoções. O missionário sente alegria quando as almas vem para Cristo, mas também sente tristeza quando apesar de todo esforço e sacrifício ele não vê as almas se convertendo; quando mesmo perseverando na semeadura ele não vê a semente caindo em terra boa; quando ansiando por cartas com palavras de apoio, incentivo e encorajamento dos irmãos e igrejas do seu país, estas não chegam e as poucas cartas quando chegam não trazem encorajamento e sim apenas pedidos de relatórios; quando apesar de terem deixado tudo por Cristo e para servir na obra missionária, algumas vezes, não são tratados com a dignidade que merecem e infelizmente são vistos por alguns como, alguém que tem de ficar a mendigar e a comer das milhas que caem dos grandes banquetes de certas igrejas que relegaram à obra missionária apenas o resto; além de muitas outras coisas que poderiam ser acrescidas aqui.
     Um outro problema na hora do missionário abrir seu coração, e porque talvez poucas pessoas realmente entenderão o que ele está sentido. Não é fácil para uma outra pessoa que não tenha experimentado as mesmas condições (ou próximas) entender muitas vezes os sentimentos e necessidades de um missionário. Seria algo parecido como tentar explicar uma dor de dente para alguém que nunca na vida sentiu dor de dentes. Dentre os muitos diferentes aspectos ou situações estão:
     * Solidão, principalmente em culturas totalmente diferentes (incluindo a língua) o que dá uma sensação para alguns de se estar perdido, como um peixe fora d'água;
* Saudade - num nível mais elevado da palavra e que pode envolver pessoas, lugares, língua e até comidas, dentre outras;
* Diferenças culturais - que vão além da maneira de vestir, mas também inclui a maneira de pensar e ver as coisas (cosmovisão) de uma maneira totalmente diferente ao que estamos acostumados.
* E muitos outras situações, que podem incluir: problemas financeiros, de saúde, burocráticos (Governo do país onde se está), etc.
     Estes são apenas alguns dos fatores que com certeza contribui para que muitos missionários não se sintam com liberdade para abrir seus corações, pois em muitas vezes ao invés do encorajamento o que recebem é incompreensões, desabafos e até repreensões. Infelizmente existem muitos bravos soldados feridos, e outros que estão carregando ressentimentos e amarguras em seus corações por não terem encontrado pessoas com que pudesse abrir seus corações, apenas ouvirem-nas... apenas as entenderem... apenas estar do lado... apenas ser amigo! Que remédio celestial!
     Algumas vezes fico pensando se o apóstolo Paulo teria sido o que foi sem o apoio, incentivo e encorajamento que recebeu de Barnabé (chamado filho da consolação ou encorajamento) no inicio de sua fé cristã. Um estudo mais profundo demonstra como foi importante, mais do que imaginemos a principio, a influência de Barnabé na vida e ministério de Paulo. Que Deus levante mais Barnabés, que tenham o coração disposto a ouvirem, entenderem, que estejam ao lado e que ministrem consolação e encorajamento para os missionários de hoje.
     Graças a Deus pelos Barnabés atuais, irmão e igrejas, que tem verdadeiramente sido usados por Deus para ministrar consolo e encorajamento para os missionários e com os quais os missionários podem abrir sem reserva seus corações.
     Particularmente, quero agradecer ao meu pastor, também amigo e companheiro, a todos amados irmãos em minha Igreja, a todas igrejas e irmãos que nos apóiam com tanto amor e carinho, bem como a todos os Semeadores Missionários com Paixão pelas Almas, por serem verdadeiros Barnabés para nós: para mim, para minha esposa e para meu filho. Nós amamos a todos vocês e queremos dizer que são realmente importantes para nossas vidas e ministério!
     "Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus." (Rm 15:5).

P.H.

FONTE: Ore pela India - Especial - O coração de um missionário

CARTA AO JOVEM VOCACIONADO

 

“Se é pra Te seguir e então matar aquela velha sede/ Se é pra Te servir e nunca mais cair na mesma rede/ Eu vou” – 5:50 AM, Resgate.

Amigo (a)
Escrevo esta carta após perceber que muitos vocacionados para o trabalho cristão escapam da corrente por inúmeros buracos no encanamento e não chegam, afinal, a desempenhar com integralidade sua vocação ministerial.
Talvez você seja um jovem vocacionado. Talvez você sinta o seu coração arder ao falar em missões, talvez você esteja numa Universidade e queira dedicar a sua vida e seus estudos para a causa do Reino. Você também pode ser um profissional e sinta que Deus o quer em outra direção, ou mesmo, talvez você seja um músico que queira dedicar seu talento para levar a igreja à adoração através de novos cânticos autorais. Se você ouve em seu coração o “segue-me” de Jesus, mas se encontra perdido, sem saber para onde ir, estas palavras são para você.
Estes não são conselhos práticos, pois a praticidade é ordinária e Deus costuma trabalhar com aqueles a quem chama de modo extraordinário. São 3 conselhos que, antes de ajudar você a seguir adiante, devem auxiliar a ser mais objetivo na oração.
Assim, para seguir o chamado de Cristo devemos:
Desprender: quando Cristo chamou os seus discípulos para que o seguissem, Ele estava indo para longe: longe de sonhos individuais, longe da realização das expectativas que a família e os outros colocaram sobre os discípulos, do conforto da terra e do lar, longe das riquezas e das alegrias fugazes. Ele estava chamando seus discípulos para perto de Si com exclusividade e isso exigia que os discípulos de desprendessem de tudo o que estivesse preso aos seus corações.
Seguir a Cristo significa deixar a sua terra, desprender-se de tudo para receber tudo de Deus. Quais os seus medos, quais as suas barreiras, o que o impede de fazer qualquer coisa, ir a qualquer lugar, sofrer qualquer tormento em nome dAquele que nos tirou das trevas e nos trouxe para a sua maravilhosa luz? Força e confiança em Deus nos amoldam a qualquer destes buracos.
Seguir a Deus é render-se e dizer: “tá legal Deus, topo qualquer parada!”.
Aprender: quando Cristo chamou os seus discípulos para que o seguissem, Ele os estava chamando para o discipulado. Ele os estava chamando para ficarem com os rostos sujos da poeira de seus pés, para Ele trabalhar o caráter deles. Ele está chamando você para o batismo com fogo: etapa doída, demorada, que custa caro e leva tempo, pois antes de nos convocar para o campo, Deus nos coloca no banco.
Reconhecer que devemos aprender só é possível pela humildade e paciência. A etapa do aprendizado é o tempo em que nossos rostos ficam tanto tempo expostos à Palavra de Deus que saímos de casa com o rosto iluminado. É o tempo de aprender a articular a Palavra de Deus. Para isso, há muitos cursos teológicos, institutos bíblicos, seminários, cursos por correspondência. É também um tempo para você conhecer mais sobre sua vocação, seja fazendo um curso universitário, um técnico; conhecer outros como você, seja missionários, músicos, advogados cristãos; conhecer as organizações que trabalham com o que você é chamado para fazer, ler revistas, livros etc. É o tempo para a formação de um servo de Deus.
Empreender: Depois que Jesus disse “siga-me”, Ele disse “ide por todo o mundo”, sem especificar local, generalizando com algo como “aonde precisarem de Mim”. A vocação nos faz ir para a terra que ainda Deus mostrará. O ir começa na disposição do seu coração e termina no avanço do Reino. O ir não é direção, mas movimento: pode ser voltar, pode ser ficar, mas deve-se fazer, empreender para a causa celestial, motivado em Cristo, capacitado pelo Espírito, para a Glória de Deus e avanço do Reino. A etapa do empreendimento já não é feita por garotos e garotas, mas por homens e mulheres de verdade, amadurecidos na Palavra, e o que eles ouvem já não é somente o “segue-me”, mas o revigorante e inspirador: vai nesta tua força, porventura não te enviei eu? Sê forte e corajoso. Porque quando Deus nos convida para segui-lo, Ele quer mudar o rumo da história.
Finalizo encorajando você a permanecer firme em sua vocação, certo de que é a melhor direção da vida, e convidando-o a orar por força e confiança para desprender-se de tudo o que não é Cristo; humildade e paciência para o tempo de aprendizado; e coragem para empreender na vocação.

Atenciosamente,
André Filipe, Aefe!

FONTE: OBS.TETRAs: Carta ao jovem vocacionado

Ron Kenoly