11/11/2009

A GRAÇA BARATA E A GRAÇA PRECIOSA

 4086687478_8a55634777_m

por Ed René Kivitz

Nascido em Breslau, na Alemanha, em 4 de fevereiro de 1906, Dietrich Bonhoeffer foi teólogo, pastor luterano e um dos mentores e signatários da Declaração de Bremen, quando, em 1934, diversos pastores luteranos e reformados formaram a Bekennende Kirche (Igreja Confessante), rejeitando desafiadoramente o nazismo: "Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador".

Seus últimos dois anos foram vividos na Prisão Preventiva do Exército em Tegel, até que, em 9 de abril de 1945, pouco tempo depois do suicídio de Adolf Hitler e apenas três semanas antes que as tropas aliadas libertassem o campo, foi enforcado em virtude de seu engajamento na resistência anti-nazista.

Em sua obra mais famosa, escrita no período de ascensão do nazismo, intitulada "Discipulado", Bonhoeffer desenvolve o conceito de "graça barata e graça preciosa", uma das mais belas páginas da teologia protestante. Eis um pequenino trecho:

"A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.

A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quando tem; a pérola preciosa, a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens para adquiri-la; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, o qual, ao ouvi-lo, o discípulo larga as suas redes e o segue.

A graça preciosa é o evangelho que há que se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater.

A graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao homem, e é graça por, assim, dar-lhe a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por tê-la sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho - "fostes comprados por preço" - e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós. A graça preciosa é a encarnação de Deus.

A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e é graça como palavra viva, a palavra de Deus que ele próprio pronuncia de acordo com seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado. A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ´O meu jugo é suave e o meu fardo é leve´ são expressão da graça ... A graça e o discipulado permanecem indissoluvelmente ligados".

fONTE:    irmaos.com - Ariovaldo Ramos e Ed René Kivitz - Missão Integral

Dica do Pavarini via Twitter

INCÓGNITA HUMANA

 

O ser humano gera em mim um tremendo fascínio. E o que mais me atrai é sua complexidade – exatamente o que gera um efeito totalmente inverso em muitas pessoas.
Essa atração é o que me torna um estudante do comportamento humano – um amador, diga-se de passagem. Não quero pra mim a pecha de pretensioso ou arrogante. Aliás, a fim de tranquilizar os críticos de plantão, as análises que faço servem para minha exclusiva satisfação.
Gosto de observar, mesmo quando não gosto do que vejo. As belezas e as tristezas do homem pintam um quadro dramático nas paredes da história, uma pintura sempre inacabada desenhada em cada canto onde haja uma alma vivente que se torna, ainda que involuntariamente, um agente da história.
Diante deste ser tão complexo, grande tolice é proferir julgamentos sem considerar todos os seus aspectos. É necessário reconhecer e respeitar o fato de que o homem possui aspectos biológicos, psíquicos, sociais e espirituais.
Resolver os problemas da vida como se o humano fosse apenas uma equação matemática é tentativa totalmente inócua. Se somos uma equação, certamente o somos com uma variedade sem fim de incógnitas e variáveis.
Não se trata de relativismo. Apenas devemos nos atentar que não possuímos a previsibilidade das máquinas (e hoje até elas não são tão previsíveis assim). Somos sangue e carne, mente e coração, somos incrivelmente grandes – ao ponto de ser convidados pelo próprio Deus para tecer a rede da história juntamente com Ele.
Somos também fragilmente pequenos, ao passo que muitas vezes não conseguimos dominar nem mesmo a nós próprios, possuídos pela gana doentia de dominar o mundo e tudo o que nele há.
Nunca cessaremos de observar o bicho homem. Com todas as suas idiossincrasias, ele nos fornece uma quantidade de material para estudo que levaria a eternidade para ser exaurido em avaliação.
Certamente não somos meramente animais, há algo de divino em nós e está revelado nessa complexidade – ainda que rejeitada pelos céticos. Há em nós, em nossa estrutura engenhosa (física e espiritual) os traços de que somos um projeto maravilhoso que se “autonomizou” e perdeu a direção.
Somos nós, preservadores e destruidores, geradores e aniquiladores de nossa própria espécie... somos o que há para ser admirado com exaltação, e repreendido com pena e compaixão. Somos um enigma que somente Deus pode decifrar e compreender em plenitude.

onte:    Visão Integral