26/04/2010

A IGREJA QUE EU CONSTRUIRIA

 

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Na ocasião que este texto foi escrito Todd Hunter era diretor nacional das Igrejas Vineyard dos EUA.  Este artigo foi publicado na revista da Associação de Igrejas Vineyard,  “Cutting Edge, Vol. 3 No. 1 Early Summer 1999 e Vol. 3 No. 2 Fall 1999″.

Passaram mais de dez anos desde então, porém os ideais e expectativas para uma igreja relevante no século XXI permanecem inalteradas.

Boa leitura

A Vineyard do Século XXI

Todd Hunter

Em 21 de julho, 1999, na reunião de encerramento da Conferência Nacional de Pastores Vineyard, Todd Hunter fechou esta conferência com o tema “Para Onde Vamos, Daqui Para Frente?”, na medida em que a Vineyard entra em um novo milênio. Como a reação dos pastores, que participaram desta conferência, a esta mensagem, foi bem significativa, pensamos em editar grande parte da mesma, e torna-la disponível, para que o leitor possa, também, julgar por si mesmo, ao lê-la e receber o mesmo impacto dos participantes desta conferência.

Vinte anos atrás, sentado no jardim, na casa de John Wimber, sonhávamos sobre igrejas para uma geração “Baby Boom” (aqueles nascidos entre 1946 e 1964). Nós os chamávamos, então, de “Igrejas para a geração Rock ”. John me introduziu, ao que ele aprendeu como Consultor do Seminário Fuller, sobre “quebrar as barreiras de vidros embaçados” e como alcançar toda a minha geração para Cristo. Isto aconteceu quando tinha apenas 23 anos, e juntamente com Debbie, minha esposa, estávamos de mudança para Wheeling, West Virginia, onde iriamos fazer justamente aquilo que aprendemos com John, bem como plantar nossa primeira igreja por lá.

E a mesma energia intelectual e espiritual que sentia naquela época, para plantar igrejas, eu sinto agora, na medida em que tentamos contar a Historia de Cristo para uma nova geração, hoje. Grande parte desta energia é enraizada na visão que tive meses atrás, onde não vi nada, além de um enorme mar de pares de botas pretas “Doc Martens” passando por mim. Compreendam, que para mim, “Doc Martens” representam a geração “X” – (em média nascidos a partir de 1979 e entre 22 e 16 anos, e garanto que vocês jamais vão me ver usando um par de botas como estes). Na visão, eu não pude enxergar para onde eles estavam indo, apenas que estavam se movendo para algum lugar, na eternidade. Então, ouvi Deus falar para mim, do mesmo jeito que ele falou vinte anos atrás, dizendo: “Agora é seu trabalho, ajudar a Vineyard a aprender como fazer igrejas para um mundo pós-moderno”.

E gostaria de dizer a vocês – baseado no que sei – o que faria se Deus me deixasse começar uma igreja hoje. Algo que cativa meu coração, é saber que, da nossa observação como ministros de Cristo, a maior mudança social nos últimos trezentos anos, está a caminho e acontecendo agora – a mudança para a pós-modernidade. É excitante estar vivo neste momento, porque, do nosso ponto de vista, nós temos a responsabilidade e o privilégio de liderança no que é claramente um momento crucial na história da humanidade.

Sobre a Identidade-Própria da Vineyard:

Gostaria de chamar sua atenção, para o que considero ser um ponto chave sobre a identidade da Vineyard. Nos últimos vinte anos, temos ajudado no avanço de importantes correções no que diz respeito a atuação do Espírito Santo, na igreja evangélica. A legitimidade dos dons espirituais e a importância da adoração, raramente são questionados hoje. É bem difícil achar alguém, que esteja defendendo o cessacionismo. De certo modo, poderiamos dizer que estes temas já estão bem absorvidos e aceitos, e fazem parte do nosso dia-a-dia. Mas o nosso já antigo conceito dos últimos 15 anos “o melhor do evangelicalismo tradicional e o melhor do petencostalismo” já se tornou algo velho e sem sentido. Estes conceitos e estas distinções cada vez mais significam cada vez menos para a igreja, de maneira geral, porque Deus tem nos usado, como a outros, para desmontar as barreiras existentes entre as alas carismáticas e conservadoras, na igreja evangélica. Hoje, a pessoa comum, raramente percebe as diferenças existentes entre estes termos.

Mas, aqui está a pergunta: Para que fim Deus nos ajudou a mudar este paradigma? Com que propósito? O que apresento é que agora é o tempo para mudar nossa própria identidade. Jack Hayford falou algo de muita importância para nós. Falando sobre “odres novos”, ele disse, “O Novo não vem em pedaços”. É verdade. Com o que estamos nos confrontando em nossa sociedade e em nossas igrejas, requer mudanças integrais e não parciais. Portanto, posso dizer que, como lideres neste movimento, é tempo de ouvirmos a voz de Deus novamente. Esta é uma nova época.

Um de nossos problemas com nossa identidade atual, é que temos definido nossa identidade vis-a-vis com a igreja. Portanto, enquanto ser o “melhor dos dois mundos” foi uma percepção crucial da parte de John Wimber – o que tem acontecido em quase todos os movimentos na historia da igreja – é que no decorrer desses vintes anos, esta “valiosa correção” de Deus tem perdido valor nas mentes de muitos, como sendo apenas algo relacionado a uma estratégia de marketing. “O melhor dos dois mundos” tem sido a maneira eclesiástica de nos posicionarmos, ao nos contrastarmos com a “Calvary Chapel”, por assim se dizer, ou com “Toronto”, ou qualquer outro extremo da igreja do qual estejamos querendo nos distinguir. Existe muito pouco poder neste enfoque, o de deixar este conceito, relegado a um compartimento na nossa mente, apenas como uma diferenciação eclesiástica. E isto é fundamentalmente divisor. Nossa identidade precisa ser baseado em algo que é milhões de vezes mais profundo. Minha sugestão é que possamos definir nossa identidade, em cima de uma frase, que um dos membros do nosso conselho, mencionou em uma de nossas recentes reuniões. A frase vem de Karl Barth: “Sendo uma igreja para o beneficio do mundo”. E a maneira que encontro para definir “uma igreja para o benefício do mundo”, estaria contida na frase “Comunidades de Deus com Caráter Missionário”. Isto, de uma maneira geral, é para onde estamos caminhando.

Sobre ser uma Igreja “Godward” – Igreja Voltada Para Deus:

Quando penso em igrejas “Godward” – Igrejas Voltadas Para Deus – penso no Reino de Deus – Deus expressando seu domínio e reino, através da igreja pelo poder do Espírito Santo. Miroslav Volf escreveu um livro chamado “After Our Likeness: The Church as the Image of the Trinity” no qual ele menciona seu crescimento num vilarejo na Iugoslávia onde seu pai era um pastor Petencostal. Neste livro, ele menciona duas lições, que ele aprendeu, sobre a vida na igreja lá. Primeiro, “Não existe nenhuma igreja, sem o Reino de Deus. “Quando as janelas voltadas para o Reino de Deus são fechadas, as trevas vem sobre as igrejas e o ar torna-se difícil de respirar. Quando as janelas voltadas ao reino de Deus são abertas, o sopro-de-vida e a luz de Deus, dão às igrejas esperança renovada”. Ao que eu digo “Venha, Santo Espírito. Venha, Reino de Deus, em nossas igrejas e em nossos ministérios”. A segunda lição que Volf disse que aprendeu, foi isto: “Não tem reino de Deus, sem a igreja”. É somente através da igreja- na medida em que ela existe em obediência a Deus – é que ele realiza seu trabalho neste mundo.

Sobre ficar firmes nos sinais do Reino:

Há um ano atrás fui até a USC, para ter um almoço com Dallas Willard. Ao terminar, Dallas se voltou a mim, e na sua maneira gentil e quieta, disse: “Todd, minha preocupação com vocês, é que na história das idéias, os seguidores raramente entendem os lideres pioneiros”. Eu olhei para ele, talvez como os discípulos olharam para Jesus, e disseram: “Duras são estas palavras de se ouvir”. Eu sabia que o Dallas estava falando algo bem profundo, mas não estava “pegando a coisa”. Então falei: “O que???” E o Dallas respondeu, “Todd, você precisa ter certeza de que as igrejas Vineyard manterão os sinais do Espírito Santo e do reino de Deus visíveis, ou então as igrejas Vineyard jamais serão capazes de manter a fé para discipulado, evangelização, ou para qualquer outra coisa”.

E ele continuou dizendo outras coisas, que no meu caminho de volta, eu repassava em minha mente, e que foi o seguinte: “Todd, eu vou a igrejas todo o tempo onde a fome das pessoas por uma vida piedosa é extremamente alta, mas elas vivem em constante frustração, porque elas não possuem uma fé proporcional de que Deus realmente pode mudar o que e quem elas são – porque essas pessoas, jamais viram os sinais de Deus fazendo coisas. Se você quiser que seus pastores tenham fé para evangelização, e tenham fé para terem as vidas mudadas, você tem que manter os sinais do Espírito Santo bem visíveis”.

Isto é algo que nós pessoas “Seeker Sensitive” – líderes de igrejas sensíveis a quem busca à Deus, precisamos levar muito a serio. Tenho sido comprometido com evangelização minha vida toda e durante todo o meu ministério. A última igreja que pastoreei era bem “Seeker Sensitive” na sua orientação. E se pudesse começar tudo de novo, com certeza, continuaria a ser intencionalmente sensível para aqueles que não são seguidores de Jesus. Mas eu gostaria de faze-lo de uma maneira que assegurasse o sobrenatural . Isto é algo que jamais podemos perder de vista e de valor.

Sobre Repensar Evangelização:

Eu gostaria de “fazer/ser igreja” de tal maneira que não coloque nossa fé como algo bobo ou de baixo nivel, e que repetidamente possa contar nossa historia Cristã, que é bem distinta. Precisamos entender que quando dizemos conversão falamos sobre ajudar pessoas a passarem pelo processo de mudança de paradigmas – que conversão significa ensinar às pessoas, sem nenhuma vergonha disto, um novo vocabulário, contar a elas novas histórias, e permitir que elas experimentem as práticas distintivas de uma comunidade em particular. Precisamos lembrar que igreja é um grupo peculiar de pessoas que se auto-definem através de uma série de presuposições totalmente diferentes daquelas do mundo. Precisamos reconhecer que não estamos ajudando de maneira nenhuma, aqueles que estão buscando a Deus, quando tentamos explicar o Caminho de Cristo, numa linguagem que é primariamente terapeutica e gerencial.

Precisamos ajuda-los a aprender uma nova linguagem e uma nova maneira de enxergar o mundo.

Suponhamos que eu convide um amigo que não sabe nada de beisebol, para ir a um jogo importantíssimo da primeira divisão. Ao entrarmos no estádio, e ao assentar, ninguém espera que eu vá até lá embaixo, no campo, e peça para aqueles que estão jogando, que mudem as regras do jogo, para que meu amigo possa entender melhor e ter mais acesso ao jogo. Suponhamos que este meu amigo, seja da Inglaterra, e entenda somente sobre o jogo de “Cricket”. Você espera que eu vá lá e peça para os juizes mudarem as regras, para que o beisebol pareça mais com “Cricket”?. Não. De maneira nenhuma. Meu amigo veio, esperando experimentar e ver um jogo de beisebol – e é isso que ele espera que seja jogado. E como tal, ele se sentirá na obrigação de aprender sobre o jogo. E vamos esperar que os jogadores possam apresentar um bom jogo, interessante e competitivo, de tal maneira que aqueles que não conhecem nada sobre beisebol, possam se interessar e aprender um pouco mais sobre este jogo.

Uma das razões pelas quais estamos cada vez mais sem voz em nossa cultura, é que abaixamos o Cristianismo a um nível extremamente ridículo. Bom, talvez seja tempo de ensinar às pessoas, um novo vocabulário, a ouvir nova história, e a experimentar algumas práticas diferentes. E talvez seja tempo dos Cristãos viverem uma vida tão emocionante, tão desafiadora e tão interessante que as pessoas naturalmente queiram entender o que nos leva a viver do jeito que vivemos.

Aqui vai um pensamento, à medida em que seguimos em busca de uma igreja voltada para Deus: É o homem que está buscando a Deus, ou Deus que está buscando o homem? Talvez oque o homem esteja fazendo, é se escondendo de Deus, enquanto faz de conta que está buscando à Deus, mas o que ele de fato está fazendo, é buscando um deus “previsível e seguro”. E na medida em que abaixamos o nível do Cristianismo, nós acabamos por participar deste esquema, e nos tornamos revendedores de bens e serviços religiosos de tal maneira que possamos suprir as pretensas necessidades das pessoas. Pense sobre isto.

Sobre ser peregrinos numa terra estranha:

Uma igreja voltada para Deus nunca deve sentir intimidada ao ser empurrada para as margens da sociedade. Temos que chegar à conclusão, que é para aí que o Cristianismo está caminhando na sociedade Americana. E francamente, isto é bem animador para mim. Você pode não saber disto, mas – como entendo a historia da Igreja e do Novo Testamento – a igreja cresceu, teve seus melhores momentos, e grande beleza e poder, quando esteve nas margens da sociedade, e não quando comia das finas iguarias da mesa social do poder.

Isto significa que talvez, estejamos entrando numa época na qual a igreja possa estar vivendo e experimentando o seu melhor! Ao invés de estar indo atrás de grandes esquemas para obter poder, uma estratégia melhor pode ser: assuma seu lugar nas margens, seja cheia do poder do Espírito Santo, e faça aquilo que John Wesley disse – “acenda o fogo em você, vá até a sociedade, e deixe que eles vejam você se queimar“.

Agora seria um bom momento para cada um de nós estudar sobre como Israel se comportou durante o exílio. Isto daria um ótimo tema para um estudo bíblico, este ano, o ano 2000, e ensinar através do livro de Daniel – não escatologicamente, mas em como se comportar e agir, num ambiente rodeado e permeado de descrença e hostilidade. E aí, faça alguma leitura sobre Diáspora. Descubra o que a igreja fez, quando foi rejeitada e colocada para fora de Jerusalém, bem como o que foi dito para ela – que ela não tinha nenhuma parte com a sociedade de então. O que você vai descobrir, é que toda a vez em que a igreja deixou de receber qualquer tratamento preferencial ou posição privilegiada, Deus foi mais soberano. Penso que somos bem mal acostumados com as pressuposições sobre a Cristandade. Bem, esses dias acabaram. É melhor nos acostumarmos com este fato. É tempo para tornarmos o que Stanley Hauerwas e Will Williamson chamam de “Peregrinos Em Terra Estranha” – uma colônia aventureira no meio de uma sociedade de descrença. Sempre fui um aventureiro. Agora, estou querendo liderar um movimento de aventureiros, num mundo pós-moderno de descrentes.

Sobre ser uma igreja com Caráter Missionário – “Missional Church”:
O que quero dizer aqui, é que não somos apenas um “povo”. Somos um povo para o benefício do mundo. Adoro a frase que George Hunsberger e outros usam, que nós somos um povo enviado. Infelizmente, nós temos a tendência , como evangélicos, de compreender que somos “salvos de” e muito menos compreensão do que somos “salvos para”.

Nos desígnios de Deus, a igreja existe para as missões de Deus no mundo. Deus em si mesmo tem caráter missionário. A Trindade é bem compreendida nas suas atividades de chamar e enviar. A Igreja entende seu propósito e caráter missionário quando observa e imita o amor de Deus pelo mundo.

Logo, a igreja que eu construiria, levaria muito a sério “equipar os santos” como um ministério significativo. Como entendo, John Wesley é um grande exemplo de como liderar um povo de Deus e de caráter missionário. Ele conseguiu perfeitamente misturar comunidade e missão. Ele teve métodos explícitos para classes e sociedades onde as pessoas aprenderam a ser discípulos. Os Metodistas pioneiros também são famosos por sua pregação, pelo envio e circuitos de pregação. Eles são um belo exemplo do que significa ser “pedras vivas” ( Ipe 1:4-5), como Pedro chama os Cristãos.

Entretanto, às vezes, vejo em pastores que, psicologicamente, nós realmente, não queremos liderar “pedras vivas” , porque elas podem trazer problemas. Você está tentando construir uma parede, e as “pedras” são difíceis de controlar. Você assenta uma pedra, mas porque ela é bem viva e tem sua própria mente, ela começa a mover para cima e para baixo, na parede ideal que você está tentando construir.

O problema, meus amigos, são que pedras mortas, é a outra alternativa que temos. Essas você pode controlar. Mas essas não tem a vida do Espírito nelas. Wesley descobriu uma maneira de liberar estas pedras vivas, ao torna-las incrementalmente Cristãos maduros, de tal maneira que eles pudessem ser uma comunidade enviada, vivendo vitoriosamente e poderosamente na arena pública. A maioria desses pessoas, vieram a ser, os “pregadores dos circuitos”, porque Wesley bem sabia que eles tinham a sensibilidade e intuição necessária para alcançar o povo.

Portanto, a igreja que eu construiria, teria como alvo, ser uma comunidade “enviada”, um corpo de pessoas, enviados com uma missão. E isto significa que devemos ir bem fundo no mundo. Tragicamente, tenho descoberto que alguns de nossos pastores inverteram a ordem das coisas. Eles são do mundo, mas nunca estão no mundo. Precisamos ter a certeza de que não seremos intimidados pela marginalização e nem capturados pelas distrações que o mundo oferece.

Ao invés disso, Deus tem nos chamado para ser uma demonstração – um tira-gosto – do Reino de Deus, no meio do mundo real. Isto significa, que temos, não somente, uma mensagem para anunciar, mas temos que incorporar esta mensagem na nossa vida diária. Por isso, não podemos conceber a nós mesmos como sendo uma igreja “com” um programa de missões; nós temos que nos ver e entender como sendo, de fato, uma congregação missionária. Emil Brunner disse que “Missão é para igreja o que o queimar é para o fogo”.

Temos que reconhecer que, talvez agora, estamos numa situação de contextualização cultural muito mais difícil do que uma congregação tentando alcançar outros pelo mundo afora. A distinção entre Cristão-pagão é tão poderosa aqui, como qualquer coisa que a igreja se depara na Índia ou Ásia. É tempo de aprendermos a ser missionários. Missão jamais pode ser apenas o que a igreja “faz”. Missão é o que somos. A comunidade de Deus é fundamentalmente um encontro missionário com cada cidade, suburbio, bairro e vilarejos , neste universo.

Sobre verdadeira comunidade:

A igreja que construiria seria uma comunidade de Cristãos que leva o Evangelho tão a sério, a tal ponto de ordenar sua vida em função dele.

Infelizmente as estatísticas que tenho observado, (de George Barna, etc.) demonstram que existem poucas diferenças entre o mundo e os Cristãos, em se tratando de alugar filmes pornográficos, dar aos pobres, e divorcio, por exemplo. Se você tiver a oportunidade de ver estas estatísticas, verá que são bem deprimentes.

A nossa esperança é de sermos uma comunidade alternativa – uma que o mundo possa enxergar em nós, que realmente acreditamos tanto em Jesus, que atribuímos a ele, tamanha inteligência, tamanho merecimento e honra, que de fato, ordenamos nossas vidas, de modo a irmos nos tornando iguais a ele. Realmente, ser um povo peculiar, uma comunidade que intencionalmente vive debaixo do Reino de Deus, seria um argumento cativante para a História de Deus no mundo.

A igreja-comunidade que construiria não teria uma orientação denominacional. Não penso que expressões diferenciadas do Cristianismo sejam uma coisa ruim, mas os 400 anos de denominacionalismo que tem sido a força maior na criação e direção de uma mentalidade de consumidores Cristãos, que fazem você perder os cabelos ao tentar pastorea-los. A capacidade de escolha, tem sido explorada por centenas de anos. Em 1800 havia apenas 36 denominações nos Estados Unidos. Hoje, elas são mais de 400. O problema que tenho com a orientação denominacional, é que ela é uma reação para dentro com o foco derivado de uma reação negativa à outros. Como disse Leslie Newbigen, “denominacionalismo acaba sendo um tipo de secularismo – uma forma de religião privatizada“.

É tempo de redescobrir nossa unidade fundamental com o resto do Corpo de Cristo. Eu não acordo toda manhã, pensando, “Bem, eu não sou Toronto, não sou Kansas City, não sou Hank Hanegraaff ou John MacArthur ou Bill Hybels ou Rick Warren”. Esta não é minha orientação. Minha orientação, é: “Esses são meus irmãos, e estão fazendo o que eles entendem que é o melhor jeito de servir a Deus. Nós vemos os erros deles, eles vêem os nossos. Mas eles são nossos irmãos”. E o que digo a eles é que minha orientação é para Deus e para servir vocês, e nós reconhecemos nossa unidade fundamental bem antes de reconhecer nossas pequenas diferenças.

Sobre ser contra-cultura:

Gordon Fee disse: “A comunidade Cristã é chamada a manifestar uma ordem social alternativa da semelhança de Cristo, capacitada e autorizada pelo Espírito Santo para se manifestar”. A comunidade Cristã deveria ser, por definição, contra-cultura sem ser escapista. Vidas de sacrifício, humildade, simplicidade, auto-disciplina, e preferência aos outros ao invés de nós, nem sempre serão bem-vistas ou aceitas, ou tidas como coisa normal, pela sociedade popular. Mas a igreja de Jesus precisa desafiar as normas do mundo ao seu redor, não com cartazes do tipo “Deus odeia gays!” mas com vidas cheias de tanto amor e bondade que excedam qualquer entendimento, e que não façam nenhum sentido para o mundo à sua volta, isto, por sua vez, fará as pessoas perguntarem “O que é que faz vocês viverem desta maneira?”.

Porque o Cristianismo se espalhou tão rapidamente nos anos iniciais da igreja? Cada vez mais, vemos que os Cristãos não estavam preocupados em ter uma argumentação intelectual acima dos pagãos, mas uma vida bem melhor do que eles, e conseguiram isto. O relacionamento deles para com o mundo era pró-ativo ao invés de reacionário. Eles simplesmente fizeram de Jesus, seu Senhor, e rotineiramente, davam à aqueles que roubavam deles, amavam aqueles que os perseguiam, abençoavam aqueles que os amaldiçoavam, vivam humildemente, e deram suas vidas por outros. E foram observando estas comunidades de pessoas, que os de fora viram e compreenderam as Boas-Novas.

Portanto, as comunidades que queremos construir em nossas igrejas não devem ser baseadas no medo, ou viver com medo das trevas e do mundo imoral em que vivemos. Nem também nossas igrejas devem ser apenas ou meramente um “porto seguro”. Não, a igreja está bem no meio das ondas bravias da vida. É lá que Deus está também, você sabe. E é lá que devemos segui-lo.

Adicionalmente, a igreja que construiria, seria multicultural e multi-etnica. Isto é algo que os líderes da Associação de Igrejas Vineyard (AVC), estão pensando e orando demais. E é algo pelo que tenho orado e me preocupado desde que tenho pastoreado aqui, na Igreja de Anaheim, desde o final dos anos 80. Eu tenho sonhado constantemente em plantar igrejas Hispânicas. Bob Fulton, que é o Diretor do Consorcio Internacional de Igrejas Vineyard, tem feito e realizado coisas, nesta área, bem mais além do que eu seria capaz de fazer. Mas se vamos plantar igrejas hoje, eu faria intencionalmente, igrejas multi-etnicas, multiculturais e multi-geracionais.

Adicionalmente, a igreja que construiria, seria uma apaixonada comunidade de adoração. Adorar a Jesus é algo natural e não deve ser algo escondido. O mundo presta respeito a seus líderes, e acredito que eles não nos levarão a sério, se não levantarmos e elevarmos a Jesus. Precisamos lembrar que nossa diferenciação acontece e é poderosa, quando vivemos vitoriosamente.

Uma outra palavra sobre adoração. É claro e obvio que devemos manter nossa adoração íntima. Mas ela precisa ser inteligível. E sugeriria que nossa adoração fosse mais plena e centralizada em Deus de tal maneira que nossa adoração não seja apenas simples ou relacional, mas acima de tudo, transcendente. Onde é que uma consciência de mistério penetra nossas formas de adoração? O que dizer sobre o temor e a contemplação? Precisamos pensar e admitir o fato de que o meio – mesmo nas músicas e outras formas de adoração – não tem um valor neutro ou é inconseqüente.

Para onde vamos daqui?

Como, então, devemos começar? Na medida em que pensava sobre isto, nas semanas passadas, eu me lembrei de quando estava em um pequeno quarto de um hotel em Indianapolis, Indiana e supervisionava os pastores da região, anos atrás. Naquelas épocas, eu sempre ouvia fitas, lia livros ou frequentemente, dava um pulo até o Seminário Fuller, para participar de conferencias, e então, voltava para o Centro-Oeste, ajuntava um bando de pastores neste hotel pequeno, e dizia-lhes: “Agora vamos aprender juntos”.

Estou pronto para fazer isto de novo, por toda a América. Em qualquer lugar que você puder ajuntar pastores Vineyard, famintos para aprender como se tornarem comunidades com caráter missionário voltados para Deus para o benefício do mundo, estarei lá.

Nós podemos fazer isto juntos. Vocês, velhos e bem sucedidos – você já fez isto uma vez, você pode faze-lo de novo. Ajude a conduzir-nos na direção de nos tornarmos igrejas com caráter missionário voltada para Deus.

Vocês, velhos, e menos bem sucedidos – como vocês são sortudos – Agora estamos no limiar desde precipício desta grande oportunidade de mudança, e vocês tem uma nova chance. Pegue-a pra valer.

Vocês que são da minha idade ou mais velhos – me ajudem tornando-se pais e mentores, técnicos e co-aprendizes dos líderes mais novos. Estando imersos na era da informação, eles precisam de interpretes e avaliadores – pessoas que possam mostrar-lhes que as coisas não são livres de valores ou neutras. Eles precisam de pessoas que os ajudem a formar a informação que eles recebem, para filtra-la. Precisam de sabedoria.

E para cada pessoa jovem, digo isto, “Lidere”. Eu libero vocês em nome de Jesus- assim como Chuck Smith e John Wimber me liberaram quando tinha apenas 19 anos e era apenas um garoto. E digo mais a vocês, “Ensinem-nos o que vocês intuitivamente já sabem. “Meu compromisso com vocês, como irmão, é de estar lá, quando você cair ou tropeçar, para te ajudar a levantar e prosseguir”.

todd hunter

FONTE: | vineyard café || blog