01/09/2009

DEUS E O SOFRIMENTO HUMANO

 

R.C. Sproul

No âmago da mensagem do livro de Jó, acha-se a sabedoria que responde à questão a respeito de como Deus se envolve no problema do sofrimento humano. Em cada geração, surgem protestos, dizendo: “Se Deus é bom, não deveria haver dor, sofrimento e morte neste mundo”. Com este protesto contra as coisas ruins que acontecem a pessoas boas, tem havido tentativas de criar um meio de calcular o sofrimento, pelo qual se pressupõe que o limite da aflição de uma pessoa é diretamente proporcional ao grau de culpa que ela possui ou pecados que comete.
No livro de Jó, o personagem é descrito como um homem justo; de fato, o mais justo que havia em toda a terra. Mas Satanás afirma que esse homem é justo somente porque recebe bênçãos de Deus. Deus o cercou e o abençoou acima de todos os mortais; e, como resultado disso, Satanás acusa Jó de servir a Deus somente por causa da generosa compensação que recebe de seu Criador.
Da parte do Maligno, surge o desafio para que Deus remova a proteção e veja que Jó começará a amaldiçoá-Lo. À medida que a história se desenrola, os sofrimentos de Jó aumentam rapidamente, de mal a pior. Seus sofrimentos se tornam tão intensos, que ele se vê assentado em cinzas, amaldiçoando o dia de seu nascimento e clamando com dores incessantes. O seu sofrimento é tão profundo, que até sua esposa o aconselha a amaldiçoar a Deus, para que morresse e ficasse livre de sua agonia. Na continuação da história, desdobram-se os conselhos que os amigos de Jó lhe deram — Elifaz, Bildade e Zofar. O testemunho deles mostra quão vazia e superficial era a sua lealdade a Jó e quão presunçosos eles eram em presumir que o sofrimento indescritível de Jó tinha de fundamentar-se numa degeneração radical do seu caráter.
Eliú fez discursos que traziam consigo alguns elementos da sabedoria bíblica. Todavia, a sabedoria final encontrada neste livro não provém dos amigos de Jó, nem de Eliú, e sim do próprio Deus. Quando Jó exige uma resposta de Deus, Este lhe responde com esta repreensão: “Quem é este que escurece os meus desígnios com palavras sem conhecimento? Cinge, pois, os lombos como homem, pois eu te perguntarei, e tu me farás saber” (Jó 38.2, 3). O que resulta desta repreensão é o mais vigoroso questionamento já feito pelo Criador a um ser humano. A princípio, pode parecer que Deus estava pressionando Jó, visto que Ele diz: “Onde estavas tu, quando eu lançava os fundamentos da terra?” (v. 4) Deus levanta uma pergunta após outra e, com suas perguntas, reitera a inferioridade e subordinação de Jó. Deus continua a fazer perguntas a respeito da habilidade de Jó em fazer coisas que lhe eram impossíveis, mas que Ele podia fazer. Por último, Jó confessa que isso era maravilhoso demais. Ele disse: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (42.5-6).
Neste drama, é digno observar que Deus não fala diretamente a Jó. Ele não diz: “Jó, a razão por que você está sofrendo é esta ou aquela”. Pelo contrário, no mistério deste profundo sofrimento, Deus responde a Jó revelando-se a Si mesmo. Esta é a sabedoria que responde à questão do sofrimento — a resposta não é por que tenho de sofrer deste modo particular, nesta época e circunstância específicas, e sim em que repousa a minha esperança em meio ao sofrimento.
A resposta a essa questão provém claramente da sabedoria do livro de Jó: o temor do Senhor, o respeito e a reverência diante de Deus, é o princípio da sabedoria. Quando estamos desnorteados e confusos por coisas que não entendemos neste mundo, não devemos buscar respostas específicas para questões específicas, e sim buscar conhecer a Deus em sua santidade, em sua justiça e em sua misericórdia. Esta é a sabedoria de Deus que se acha no livro de Jó.
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Fonte: Ortodoxia

VIA: Genizah

Ignorância: um mal herdado?

 Ignorância

Pra começar a semana a equipe do IChTUS Gate preparou uma série de posts com o objetivo de desmistificar velhos conceitos que andam por aí e que muitas vezes são tidos como “verdades absolutas”. Entenda:

Desde que eu me converti tenho visto e ouvido experiências (minhas e de outros) que tem tirado as escamas dos meus olhos e me feito crescer no entendimento da Palavra.

Há algum tempo atrás, por exemplo, eu achava que se eu ouvisse uma música secular estaria cometendo um pecado gravíssimo aos olhos de Deus. Achava também que se  deixasse de orar antes de dormir e que se eu não orasse “de joelhos” estaria também desagradando a Deus.

Com o passar do tempo, porém, descobri na Palavra algo que mudou minha vida e minha postura diante da religião e da religiosidade pra sempre:

Descobri que eu tenho liberdade em Cristo para ser eu mesma, ainda que pecadora, pois foi Ele mesmo quem me aceitou assim, e que melhor ainda: Foi Ele mesmo, Cristo, que conquistou essa LIBERDADE NA CRUZ POR MIM:

“Para a liberdade foi que Cristo nos libertou.” Gálatas 5.1ª

É comum encontrarmos pessoas, ainda hoje, que dizem: “Eu nasci assim, cresci assim e vou morrer assim!” São os chamados crentes-gabriela (qualquer semelhança é mera coincidência :-) ).

Pessoas que pensam dessa forma assumem uma postura intransigente e inflexível diante de opiniões diferentes. Costumam tapar os ouvidos às novas idéias e nunca se dispõem a questionar suas opiniões. Esse tipo de atitude além de prendê-los em sua pseudo-razão/inteligência, ainda os impede de crescer na graça e no conhecimento, como é da vontade do Pai.

A palavra de Deus, desde sempre, nos orienta a analisar “TUDO” e reter somente aquilo que é bom para nós, ou seja, aquilo que edifica (1Ts 5.21). Só que infelizmente, muitos crentes se prendem a rótulos e modismos ao invés de questionarem o real sentido das coisas. Não estou julgando ninguém, pelo contrário, o objetivo deste e de futuros posts é de TENTAR analisar e desmistificar, com base na Palavra, alguns mitos e paradigmas do mundo evangélico, e esclarecê-los a você, caso queira.

Bom, você deve estar se perguntando o significado desse título, não é? Será que a gente herda a ignorância?

O conceito de se herdar a ignorância vem da própria palavra herdar. É aquela idéia de que alguma coisa é passada de pai pra filho ou de uma pessoa pra outra numa ordem descendente. Dessa forma, herdar a ignorância se dá quando alguém toma uma idéia/pensamento que não é seu e o defende como se fosse, ainda que não o entenda.

Exemplo: Você, como eu, com certeza deve conhecer algum crente que ainda insiste em dizer que algumas manifestações como rock, samba, hip-hop,  dança gospel, entre outras, são coisas do diabo. Mas, quando questionados a respeito nunca apresentam um argumento próprio; sempre “soltam” aquela máxima: “Porque no meu tempo não era assim.” Ou: “Fulano disse que é assim”, e esse “fulano” na maioria das vezes recebe crédito mesmo que seus frutos não sejam bons (porque afinal "é homem de Deus").

NADA CONTRA  gostarmos e defendermos ideias que não são nossas. TUDO CONTRA defender e divulgar uma ideia que foi aceita sem questionamento. Sejamos como os crentes de Beréia. (Atos 17.10-11)

Se não questionarmos à luz da Palavra o que ouvimos por aí, seremos, como exortou Paulo, meninos inconstantes levados por qualquer vento de doutrina. (Ef. 4.14)

Há hoje no meio evangélico uma gama de cristãos que sobem ao monte, fazem jejum de 140 dias, vão a dezenas de campanhas do tipo: "Destronando Satanás (aqui a semelhança é proposital, :-) )"; "As sete chaves da vitória"; "Vencendo os dardos inflamados do inimigo"; "Sete semanas do poder", entre outras. Enfim, há sempre uma preocupação exacerbada com o diabo como se ele fosse o nosso maior problema.

A bíblia declara explicitamente em Oséias 4.6 que o nosso maior problema é a ignorância, ou seja, o não conhecer a Palavra.

Por isso, quando leio a bíblia e, principalmente, quando olho o atual estado da igreja, tenho uma ligeira sensação de que essa ignorância vem sendo herdada sem questionamento, sem resistência.

Espero que essa série de posts, venha esclarecer e chamar a atenção ao que é principal na nossa caminhada: o conhecimento da Palavra, sem a qual não existe vida espiritual equilibrada.

Até o próximo post.

Abraços!

Confira os outros posts da série: “Ignorância, um mal herdado?”

FONTE: Ignorância: um mal herdado? « IChTUS Gate – Ministério de Jovens