10/06/2010

Abrindo o coração francamente. De novo!

 foto blog servos

David e Cleonice Botelho

Queridos amigos,

Nós não estamos conformados com o atual quadro missionário brasileiro, na realidade, estamos indignados. Vocês poderiam perguntar: “por que?” Por favor, leiam abaixo a resposta  para essa pergunta.

No final dos anos 80, havia um crescimento anual de 12.8% no envio de missionários, mas no meio desta década esse crescimento apresentou uma redução drástica para 3.5% ao ano, segundo dados da Sepal. Os resultados dessa redução brusca começam a refletir significativamente na maioria das agências missionárias.

Nas conversas com líderes dessas organizações o que ouvimos de um modo geral é que, nunca na história de missões, as agências missionárias receberam um número tão pequeno de candidatos. Isto leva muitos ao desânimo, pois o custo aumenta muito quando o treinamento é feito com poucos candidatos. Por isto, algumas agências já não fazem treinamento há algum tempo.

Contudo, entendemos que outros líderes que estão à frente de algumas associações acham um exagero, e somos vistos como alarmistas diante desse caos. Ora, o que temos procurado é mostrar apenas a realidade.

Nosso objetivo é trabalharmos juntos para tentar mudar esta realidade que temos diante de nós.

Economia brasileira ascendente ainda não é a resposta

Acreditamos piamente que precisamos de profetas para nos despertar e nos levar a amar a obra missionária transcultural, principalmente aos povos menos evangelizados da terra, ou seja, os que nunca ouviram a mensagem das Boas Novas, nem ao menos uma vez. Esta mensagem é o Evangelho do Reino que deverá e será pregado a todas as gentes, como proclamou nosso Senhor Jesus.

Sim, os que nunca ouviram o Evangelho do Reino precisam ouví-lo pelo menos uma vez. Oswald Smith, pastor da Igreja dos Povos em Toronto - Canadá no século passado, cuja igreja sustentava centenas de missionários perguntou e sua pergunta deve ecoar ainda hoje em nossos ouvidos e corações:

“Por que uma pessoa tem o direito de ouvir o Evangelho duas vezes, enquanto outras nunca ouviram sequer uma vez?”.

Como igreja no Brasil não podemos, de maneira nenhuma, nos queixar da falta de recursos financeiros. Em 2002 o salário mínimo correspondia a 75 dólares, e hoje ele corresponde a aproximadamente 280 dólares, um crescimento de 3,7 vezes. Nessa hipótese, proporcionalmente o envio de obreiros aos povos da Janela 10-40 poderia ter aumentado em mais de três vezes.

Em pouco mais de duas décadas o Brasil se tornou uma das maiores economias do mundo e a igreja evangélica cresceu cerca de quatro vezes em tamanho. E o número de missionários enviados?

Os pastores e a leitura das Escrituras

A Sociedade Bíblica Ibero-Americana patrocinou uma pesquisa em profundidade durante seis meses, na cidade de São Paulo, com centenas de pastores e líderes evangélicos de várias denominações, que espontaneamente, participaram de entrevistas e responderam a um questionário específico.

Ao final da tabulação dessa pesquisa concluiu-se que 51% destes pastores e líderes ainda não haviam lido totalmente – ao menos uma vez – qualquer versão das Sagradas Escrituras.

Se a maioria dos pastores nunca leu uma vez sequer o manual de ensino, o guia sagrado, como pode entender e amar a obra missionária transcultural?

Como pode compreender a questão do recrutamento, treinamento e envio de missionários?

Como podem entender a importância de sustentar adequadamente aqueles que se prontificam a ir aos lugares mais inóspitos e esquecidos da terra?

Será que conhecem o Evangelho do Reino? Será que percebem que não poderão crer os milhões e milhões que nunca ouviram a Palavra do Senhor?

Compartilhamos olhando os números a nossa frente. São técnicos, racionais, práticos e criteriosos, porém são a “balança” para avaliarmos se estamos alcançando o alvo ou não.

É importante acertar o alvo?

O apóstolo Paulo, registrou no capítulo 15, verso 22, do livro de Romanos que entre Jerusalém e Albânia já não tinha mais trabalho para fazer, pois já tinham alcançado toda a região com o Evangelho. Por que? Porque haviam trabalhado arduamente para levar a Palavra do Senhor a todos os seus habitantes.

Isto nos faz lembrar de dois casos práticos:

“O marinheiro que não sabe para onde vai qualquer porto que aportar está bem.”

O outro sobre certo atirador que causava certa admiração aqueles que viam a precisão de seus tiros: todos acertavam o alvo.

Certo admirador quis surpreendê-lo. Levantou bem cedo e foi observar o atirador. E escondido viu que ele atirava nas árvores e depois circundava o local acertado para fazer parecer que havia acertado o alvo.

Quantas vezes agimos da mesma maneira e acreditamos que estamos acertando o alvo!

É que estamos exportando o modelo brasileiro de missões para toda a América Latina usando o exemplo de nossas igrejas e organizações missionárias. Infelizmente, de fato, não estamos alcançando o objetivo de levar as boas novas aos não alcançados, não completamos a tarefa. Exportar o quê? E o que dizer dos missionários enviados que sem treinamento levam apenas a religião cristã para os povos e, por desconhecerem, não pregam o Evangelho do Reino?

O desafio brasileiro

Somente no Brasil temos mais de 150 tribos indígenas sem nenhum obreiro.

Como podemos tomar conhecimento disto sem suspirar diante da realidade de que possuímos aproximadamente 300.000 igrejas evangélicas em nossa pátria?  Mais de 99% delas não possui sequer um missionário transcultural. E a esmagadora maioria não sustenta nem sequer um missionário para povo algum.

Somos a terceira maior igreja no mundo!

Convivemos com as notícias de um exemplo clássico brasileiro: o grave problema do infanticídio entre os povos indígenas. E daí? A maioria das igrejas indiferentemente nem perguntam.

Que alegria no meio deste deserto de indiferença poder ouvir pelo menos uma voz que tem se levantado para combater este grande mal.

Marcia Suzuki está à frente da ATINI que produziu o documentário Hakani mesmo tendo sofrido e ainda sofre uma grande oposição de vários políticos liberais que crêem que não se deve mudar tal quadro, porque entendem que infanticídio entre índios é assunto antropológico. Para Deus é assunto que a Cruz de Seu Filho resolveu. Jesus morreu por todos os povos indígenas e eles precisam saber disto. Será que a igreja brasileira não sabe?

Temos que interceder por uma abertura para que estes povos sejam alcançados. A FUNAI não tem permitido a entrada de obreiros. Devemos lembrar que não existem portas fechadas para o Senhor quando oramos especificamente.

Vou repetir: Mais de 99% das igrejas no Brasil não possui um missionário transcultural sequer. E a cada dia deparamo-nos com uma grande e crescente dificuldade de recrutar um missionário transcultural no meio evangélico. Quando um candidato se apresenta, o maior desafio torna-se a obtenção dos recursos, não só para o treinamento apropriado, mas, também, para o envio e acompanhamento no campo. Suas igrejas não se envolvem, e seus líderes apenas lamentam quando, não poucas vezes, perde esse membro, decepcionado pela falta de apoio para seu projeto missionário.

Cooperação x Competição

Por outro lado, quando deveríamos ver as agências missionárias se unindo para lutar contra o inimigo comum, temos visto várias agências desesperadas competindo por obreiros e buscando os mesmos em outras organizações que deveriam ser parceiras. Algumas agências denominacionais conservadoras estão buscando obreiros pentecostais treinados devido à grande carência de obreiros preparados.

Modismos brasileiros

Como brasileiros apreciamos os modismos tais como: músicas e danças contemplativas, teologia da prosperidade, quebra de maldição hereditária, celebridades gospel e outros movimentos, implantados em nossas igrejas. Estes modismos têm drenado todos os recursos econômicos, tempo e pessoas. Pouquíssimo tem sobrado para a obra missionária. Fato é que infelizmente estes movimentos nunca vêm acompanhados de uma visão de alcançar os menos evangelizados da terra com a Palavra do Senhor. Como poderia se tudo é voltado para nosso próprio conforto, sucesso, riqueza e bem estar?

A realidade pobre é que a média de investimento por crente na obra missionária transcultural é de apenas R$ 1.30 por ano. 

Todas estas tremendas aberrações precisam parar. Precisamos urgentemente de um avivamento missionário que inflame nossas vidas e sopre para longe a apatia, indiferença, comodismo, egoísmo, avareza e incredulidade. Que expulse esta letargia espiritual.

O remanescente precisa se contrapor com uma nova atitude! Como os nobres bereanos que eram pensadores, questionadores, que checavam os ensinos paulinos com as Sagradas Escrituras. Por isto foram elogiados pelo doutor Lucas, escritor de Atos. De fato, foram elogiados pelo próprio Espírito Santo. É preciso analisar pela Palavra se toda esta teologia, prática de igreja, etc realmente confere com as Escrituras. No coração de Deus pulsa alcançar os perdidos em toda a Terra. E que igreja é esta que diz que prega e crê na Palavra, porém não a pratica. Principalmente no que diz respeito a fazer discípulos de todas as nações.

Preletores dos Congressos missionários

Há um elitismo quando alguns acadêmicos são os escolhidos para trazerem as reflexões em nossos congressos. Alguns deles são pastores, mas as igrejas que pastoreiam não têm um programa missionário transcultural. Outros chegam a criticar alguns projetos missionários sem ter nenhuma experiência missionária.  São apenas teóricos alienados da realidade missionária.

São poucos os congressos missionários pentecostais que falam dos desafios missionários e grande parte dos preletores não tem idéia dos desafios dos povos muçulmanos, budistas, hindus, tribais e do grande desafio das milhares de línguas que nada têm da Palavra de Deus, além da importância do treinamento específico, da logística e estratégia necessárias e do cuidado missionário.

Convém lembrar que os verdadeiros avivamentos sempre eram acompanhados por uma grande visão missionária.

Indiferença de alguns

A indiferença é tão grande que há muitos casos de missionários que compartilham nas igrejas seu trabalho e visão. São levantadas ofertas para o sustento dos missionários e estas não são entregues a eles ou somente uma pequena parte lhes é entregue. Mentira. Furto descarado. Misericórdia, Senhor Jesus!

O mesmo ocorreu no tempo de Neemias quando os quinhões deixaram de ser dado aos obreiros da casa do Senhor e cada um deles fugiu para os seus campos.

Então a voz de Neemias ecoou: - “porque se abandonou a obra de Deus?”.

Como resultado da voz profética do líder, a nação de Israel foi desafiada a trazer de volta os dízimos dos cereais. Então os celeiros se encheram e como resultado os obreiros voltaram para trabalhar na casa do Senhor.

Há um pensamento, quase generalizado, onde se estereotipa o missionário como um “ET” que deve ir para o campo sem o apoio ou a retaguarda. É como o caso de Urias que foi enviado por Davi para o “Front da batalha”. Sim, Davi que estava em pecado! Davi pediu para tirar a retaguarda de Urias e o resultado foi a morte de um inocente.

Se algo não for feito a tempo para levantar os recursos dos obreiros deste século 21 veremos a morte da visão missionária transcultural nesta nação, como tem ocorrido em vários países do hemisfério norte.

Estamos cometendo o pecado da omissão. Não é isto que Tiago disse? Aquele que sabe fazer o bem e não o faz está pecando?

Exemplo do remanescente a ser imitado

A Segunda Igreja Batista de Itapeva – Mauá – periferia de São Paulo, com aproximadamente 160 membros investe no sustento de três missionários. Enviou recentemente seis candidatos para o treinamento do Projeto Uniasia, inclusive o próprio filho do pastor.

O coração desse pastor ainda continua apaixonado pelo Senhor e pela extensão de Sua obra até os confins da terra.

Se cada igreja no Brasil enviar somente um obreiro para treinamento para ser enviado aos povos não alcançados iremos ver uma revolução missionária no mundo.

O que devemos fazer para reverter à situação?

Algo precisa ser feito. E de um modo diferente conforme disse Einstein: “É loucura esperar resultados diferentes se continuamos fazendo a mesma coisa”.

O que dizer de empresas e negócios que poderão ser levantados para gerarem recursos para a Obra? O que dizer de levantar homens de negócios para abrirem empresas em alguns destes países não alcançados para empregarem missionários brasileiros competentes que possam gerar seu sustento enquanto fazem discípulos nestas nações?

Isto nos faz lembrar da famosa frase de Martin Luther King Jr, pastor batista americano que viveu que nos anos 60 e foi preso mais de 120 vezes. Ele via os negros sofrendo um preconceito racial terrível onde não podiam estudar nas mesmas escolas, andar nos mesmos ônibus, comprarem nas mesmas lojas e freqüentarem os restaurantes dos brancos.

Ele disse: “Esperar que Deus faça tudo enquanto nós não fazemos nada. Isto não é fé é superstição”.

Somente unidos poderemos mudar o quadro

Entendemos que é hora de unir as forças. Criar uma sinergia entre as igrejas missionárias e as organizações missionárias.

Há algumas décadas atrás a extinta revista Cruzeiro possuía uma página, sobre a direção de Péricles, onde o personagem era o “Amigo da Onça”.

Nessa página havia um quadro que mostrava dois cavalos no meio de um curral, amarrados um ao outro com uma corda bem curta. Nos cantos havia grama, mas cada um queria comer no seu canto, e eram limitados pelo tamanho da corda.

No quadro seguinte mostrava os dois lado a lado comendo juntos num dos cantos e no último quadro, também lado a lado, os dois comendo no outro canto.

A moral da história é que a unidade permite que ambos possam comer.

Associamos isto com o quadro atual. Devemos nos unir para mobilizar, recrutar, treinar, enviar, sustentar e acompanhar o remanescente. Juntos podemos despertar os que estão inertes, omissos e indiferentes a causa de alcançar os esquecidos e negligenciados pela igreja no mundo.

O Senhor nos entregou a tarefa de fazer discípulos de todos os povos. Desde o momento que Ele disse isto já se passaram dois milênios. E muita terra ainda há para se conquistar.

O grande desafio global:

- Há 24.000 povos no mundo e ainda faltam 6800 para serem alcançados.

- Há 6.909 línguas no mundo e 2.432 delas não têm nem uma porção da Bíblia.

- 85.000 pessoas morrem a cada dia sem nunca terem ouvido nada de Cristo.

- 500 milhões de chineses  nunca ouviram nem o nome de Cristo.

- Das 600 mil cidades e vilas da Índia 500 mil delas não possui sequer um obreiro cristão.

- Há somente um missionário para atender a 380 mil muçulmanos.

A oração específica pode mudar o quadro

É claro que a resposta está na oração por obreiros para os povos não alcançados e pelas nações, pois Ele é o dono dos obreiros e das nações.

A Bíblia nos ensina a rogar ao Senhor da Seara por obreiros e a pedir nações por herança.

Temos orado por homens. Entre os não alcançados há duas mulheres missionárias para um homem missionário. É cômico pensar que os homens possam estar orando assim: - Eis me aqui, envia minha irmã.

Somente um grande avivamento espiritual e uma volta a Palavra de Deus é que fará com que pastores e igrejas peguem a visão missionária mundial.

Nós temos produzido literatura e vídeos para municiar os intercessores a orar com sabedoria por obreiros, recursos e oração para os lugares menos alcançados da terra. Acabamos de disponibilizar cinco documentários de muçulmanos que tiveram sonhos e visões com Jesus e se converteram. Eles não só encorajam os crentes, mas também são usados para evangelizar, pois ao final de cada documentário há um convite para tomar uma decisão ao lado de Cristo – ver o site: www.agoraleia.com

O nosso desafio vem da Ásia

No final de 2008 recebemos um desafio no Congresso Brasileiro de Missões realizado em Águas de Lindóia. Ao orarmos sobre este desafio entendemos que era clamor vindo do Senhor. Respondemos com o “sim” para levantar em 2.010 um contingente de 120 jovens para serem treinados para a Ásia.

Avaliando a atual realidade brasileira e para alcançarmos o objetivo do projeto Uniasia, nos prontificamos a receber os candidatos com apenas um terço do sustento necessário. Para cobrir os dois terços restantes, nos comprometemos a levantar juntos esses recursos em mobilizações. 

Louvamos a Deus pela parceria ampla que foi feita com um grupo da Ásia. É uma região com a maior população do planeta, com a maioria dos povos menos alcançados pelo Evangelho, com a maior quantidade de línguas sem sequer um versículo da Bíblia traduzido. É o centro dos três maiores blocos religiosos, depois do cristianismo: islamismo, budismo e hinduísmo.

No final do ano passado, enviamos para aquela região a equipe de logística e estratégia, composta de oito pessoas... Um pequeno, mas decisivo começo.

Neste início de ano recebemos 40 jovens de diversos estados e denominações diferentes. Alguns deles com cursos universitários e cursos bíblicos: um deles com curso bíblico, cursando o quinto semestre de direito, o quarto semestre de pedagogia, além de que tinha um emprego - primeiro lugar no concurso nacional do IBGE. Ele viu neste projeto uma oportunidade para ser um tradutor bíblico.

Ainda continuamos mobilizando arduamente em diversos estados brasileiros para levantar mais obreiros para a Ásia...

Recebemos os candidatos com um Salário Mínimo (R$ 510,00) mensalmente e estamos trabalhando juntos com os candidatos, pastores e internacionalmente, para levantar os outros dois salários durante o treinamento.

O projeto é de sete anos. Os candidatos passam dois anos na América Latina e país de língua inglesa. Os cinco anos restantes em universidades da Ásia.

O Uniasia proporcionará ao candidato a oportunidade de ter uma formação bíblica, Missiológica, transcultural, além de formação universitária no exterior e aprendizado da língua inglesa, espanhola e de uma língua asiática e a graduação universitária na Ásia.

Queremos convidá-lo agora para se unir conosco e ajudar a mudar este quadro nacional e global,  na esperança de vermos o nome de Jesus ser conhecido, enaltecido, glorificado e adorado entre todos os povos, línguas, raças e tribos da terra.

Clamando por misericórdia, sabedoria e Graça do Senhor para fazer a vontade do Mestre.

David e Cleonice Botelho

Horizontes América Latina

Diretor

Contato (uniasia@mhorizontes.org.br)

Para investir no Projeto Uniásia: Missão Horizontes - Bradesco: Agência 1020 e Conta 3111-9

Convite:

Neste final de Junho e Julho vamos ter vários professores de várias universidades do exterior vindo a Monte Verde para ministrarem seis matérias: Apologética Cristã para o Islã; Fundar Igrejas em Contexto Islâmico; Quem é Alá; Ministério aos Muçulmanos e Seus Desafios,e abrimos para interessados.

fonte:  Veredas Missionárias: Abrindo o coração francamente. De novo!

A Parada Comparada

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Luiz Sayão

Nos últimos anos a sociedade tem percebido uma crescente visibilidade do movimento gay. Um dos sinais mais marcantes do movimento de raízes estrangeiras é o que tem sido chamado de Parada Gay. Tais manifestações públicas que gastam o meu e o seu dinheiro, pois recursos do estado são gastos em função da passeata, já se tornaram rotina. Em São Paulo, recentemente, foi divulgado que quase três milhões de pessoas participaram do evento. É difícil imaginar que quase 30% da cidade estivesse presente ali. Sem falar do fato de que a Avenida Paulista tem um movimento diário normal de um milhão de pessoas! O que nos surpreende é o tom exageradamente positivo dos meios de comunicação.
A pergunta que surge diante de tal visibilidade é simples: Qual é a razão disso? Qual é a função ou a razão de ser de tal parada? Confesso que não entendo! Isso me faz lembrar da história de uma imigrante chinesa que chegou ao Brasil há cerca de quarenta anos. Ela foi levada a uma festa junina e, sem saber do que se tratava, viu um casal dançando quadrilha com as roupas esfarrapadas. Sem entender o que se passava, a moça estrangeira pensou que aquilo era um casamento. Assustada, imaginou: “Que país mais estranho! Nunca vi uma noiva tão feia!” Sou obrigado a expressar minha consternação: Essa parada é uma grande charada! Não dá para entender nada!

É claro que já posso ouvir os argumentos de muitos: “A parada é uma celebração da diversidade. É a valorização da opção diversificada.” Mas minha mente prossegue apurada, sem entender a parada! Interpretá-la já é uma parada! Se a parada fosse um movimento em favor da diversidade sexual, por exemplo, teria sido muito diferente. Eu esperaria ver um “grupo de polígamos”, um “grupo de mulheres adeptas da poliandria”, “um grupo de castos”, “um grupo de casais heterossexuais que fizeram bodas de ouro” (são minoria hoje), “um grupo de sacerdotes católicos virgens” (é uma opção sexual). E ainda poderíamos imaginar o grupo dos divorciados, dos monogâmicos restritos, dos pansexuais e até dos zoófilos! Não é assim com a parada; a parada é monotônica. Não tem nada de diversidade. É uma parada separada! Não propõe a inclusão dos diferentes!

Ao contemplar algumas poucas cenas da referida parada, pude ver pela televisão cenas que, pela lei, seriam censuradas. A liberdade exagerada dos participantes torna inútil até mesmo o conceito de atentado ao pudor. Será que em vez de diversidade, a parada procura celebrar o sexo, à semelhança dos antigos gregos e romanos!? Mas por que gastar dinheiro público com isso? Se a questão é sexualidade, não deveria ser diversificada? Democraticamente votada? A verdade é que a parada, em outros temposcensurada, parece aos mais velhos um tanto tarada. Algumas das suas cenas públicas, em tempos antigos, custariam algumasvaradas, pois seus participantes numa euforia de tourada deixariam a multidão corada.

Pode ser, porém, que a parada tenha outro significado. Poderia tratar-se da celebração de um grupo rejeitado pela sociedade, que nasceu assim e precisa ser incluído. O foco da discussão seria essencialmente genético. No entanto, mais uma vez, creio que aparada precisa ser comparada. Essa parada parece um tanto murada, sem dar espaços às multidões de gente discriminada! Entre muitas possibilidades podemos destacar os obesos, os portadores de deficiência e as minorias raciais! Para minha surpresa, aparada não contemplou muita gente que precisaria ser curada, socialmente amparada. Mais uma vez, preciso dizer que a parada nada teve de dourada, pois permaneceu intencionalmente separada.

Diante do discurso solo da parada, que optou por ser separada e até mesmo murada, é preciso dar uma boa reparada. Afinal, o que o movimento da parada quer e exige! A preocupação de grande parte da sociedade civil com o movimento hoje não tem nada a ver com a sexualidade dos seus participantes. O problema está na convivência dos mesmos com grupos diferentes! Avaliemos a situação.

O movimento gay, que deve ser separado dos diversos indivíduos que convivem com a homossexualidade, parece pretender ampliar sua voz solo e calar todos os que pensam diferentemente de seus adeptos. Imagine o argumento pró-gay aplicado a outros grupos: vejamos o caso das pessoas obesas. Podemos argumentar que algumas são assim por opção e outras por razões genéticas. Mas imagine o que seria se nunca mais se pudesse questionar a obesidade? Imagine se ensinássemos a quem tem tendência a obesidade a desenvolvê-la sem aceitar quaisquer críticas! Por que um homossexual é melhor do que um obeso? A homossexualidade não pode tornar-se uma obrigação. Ficamos assustados quando vemos religiosos presos em alguns países por interpretarem a homossexualidade de modo diferente. Em Massachussets (EUA), crianças participam de aulas que induzem à homossexualidade, e tudo com dinheiro público! O narcisismo do movimento desconsidera outras opiniões e valores. Caminhamos na direção de um lobbyque quer punir quem pensa diferente. É o fim da liberdade de expressão! Creio que não demora o tempo quando um homossexual que deseja despertar “seu lado heterossexual” e “reprimir sua homossexualidade” seja punido pela lei!

O problema mais sério é que o movimento gay parece pretender que os homossexuais sejam cidadãos com direitos especiais, acima dos demais mortais. Além do fato de que não há dúvida de que se isso se confirmar, muita gente “se dirá homossexual” só para ter vantagens. Um exemplo prático é o caso da aposentadoria no Brasil! Imagine se um homossexual masculino consegue aposentar-se cinco anos antes (privilégio feminino no Brasil)! Estou certo de que “muitos malandros tupiniquins” farão de tudo para conseguir “seus direitos”.

Diante do fato do movimento gay não ter sequer considerado o respeito aos judeus ortodoxos de Jerusalém recentemente, a comunidade religiosa deve mobilizar-se, pois, em breve, padres, rabinos, monges e pastores serão presos por lerem textos bíblicos em seus cultos. Até a Bíblia corre o risco de ser confiscada.

Nossa sociedade democrática e pluralizada precisa respeitar os limites dos outros. O movimento gay, ainda que discordemos de seus pressupostos e práticas, tem o direito de agir como entender em seus limites, mas jamais poderá impor uma ditadura intolerante para outras pessoas. Tanto o gay como o religioso tem valor por serem pessoas, e não por suas particularidades. A verdade é que o movimento da parada pode ser uma grande furada, pois cheira a atitude revoltada. Se o movimento da parada murada quiser transformar nosso povo em gente azarada, com sua liberdade refreada, está na hora de propormos uma virada.

Não se esqueça de dar uma boa comparada entre as idéias do movimento com a Palavra que deixa a vida de quem a recebe plenamente sarada: “Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade.” (Tg 2.1)

FONTE: Blog Fiel » A Parada Comparada