24/02/2010

NÃO VIRE A PÁGINA. FECHE O LIVRO.

 sunset no mar morto

Fernando Khoury

"Esquecendo-me das coisas que para trás ficaram e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus."

(Filipenses 3.13)

Quando a gente menos espera, vem a vida e nos surpreende. Sim, é verdade. Os planos que você demorou tanto para construir e aqueles sonhos que você achou que tivessem começado a se realizar podem ruir de uma hora pra outra, num piscar de olhos. As perguntas que você demorou tanto para responder não importam mais, pois novas perguntas – ainda sem resposta – surgiram.

O que era só estabilidade torna-se instável. O que era seguro, inseguro. O que até então era uma rocha inabalável vira areia levada pelo vento. E o farol que até então te guiava e iluminava seu caminho, se apaga. Na escuridão, tudo parece ter se perdido. Quando tudo fica escuro, você mesmo se sente perdido.

A vida é assim: momentos de tristeza interrompidos por breves momentos de alegria. Mas isso não quer dizer que não se possa ser feliz. Pelo contrário, a verdadeira felicidade está justamente nesses momentos que a vida lhe reserva – sejam eles de tristeza ou de alegria. Como diz Johnny Welch, "aprendi que todo mundo quer viver no cume da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa". É verdade. A felicidade genuína está na forma de caminhar pelos percalços que a vida te impõe, não importando se você chegou ou não ao destino planejado.

Por exemplo: se tem uma coisa que a vida me ensinou, mais de uma vez, foi a dar adeus – seja por morte física, seja por morte emocional – para pessoas que aprendi a amar. Pode até não parecer, mas ser obrigado a dar adeus para alguém que você ama, contra sua própria vontade, é uma das piores dores que a alma humana pode sentir.

Contudo, não é o fato de eu ter passado por um momento de dor como esse que a minha vida não possa ser feliz. Ela pode! Isto só é possível porque a felicidade deve estar na forma de olhar, e não no que se olha. Só por essa razão é que a felicidade é capaz de existir também nos momentos de tristeza.

Nesses momentos de escuridão, uma boa coisa a se fazer é mudar. Mudar a direção, mudar os planos, mudar as idéias. Abrir outras portas, trocar de música preferida, deixar de ser quem era e descobrir dentro de si um “novo eu”, melhor que o de outrora. A mudança é essencial para quem quer sair do mistério da escuridão apto a enxergar a luz novamente. "Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia; e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado para sempre, à margem de nós mesmos..." (Fernando Pessoa).

Na vida, temos que aprender a não deixar de regar algumas pétalas da rosa pelos simples fato de ter sentido a dor de um de seus pequeninos espinhos. Como dizia Shakespeare, "não é digno de saborear o mel aquele que se afasta da colméia por medo das picadas das abelhas". Devemos ser dignos de saborear o mel; devemos ser dignos de sentir o aroma da rosa, ainda que tenhamos medo – no futuro – de que a dor possa vir a fazer brotar uma lágrima de nossos olhos. Pois o objetivo da lágrima é lavar os nossos olhos para tirar o cisco que nos impede de enxergar o brilho das novas oportunidades que nascem todo dia ao nosso redor.

Lembre-se: a vida pode trazer perdas, mas traz também novas oportunidades! Portas fechadas são portas abertas para novos horizontes. Por isso, aprenda a recomeçar. Às vezes não basta virar a página; é preciso fechar o livro e começar a escrever uma nova história. Quem não aprendeu a recomeçar, não aprendeu a viver. Quem não aprendeu a escrever uma nova história, apenas passou pela vida – não viveu. Quanto a mim? Fechei o livro e comecei a escrever uma nova história. Estou aprendendo a viver!

P.S.: Se você ainda não conseguiu fechar o livro, escreva pelo menos um novo final.

FONTE: telier das Ideias: :: Não vire a página. Feche o livro! ::

Um passo de cada vez...

 

Essa foto sempre me emociona...

Eu estava lá, embora, você não me veja nela, mas eu estava lá.

Não sei se isso acontece com você, mas sempre que abro algum álbum de fotos, faço uma viagem que raramente me dou o prazer de fazer...

Alguns retratos me fazem rir; outros, me fazem chorar...

É engraçado, como cada um deles têm uma história pra contar e não é qualquer história, não é folclore, histórias de fadas... são reais, verdadeiras. Fazem parte do passado e ainda são tão presentes...

Estávamos no Haiti em março de 2001, eu, Raudson e Silvana, Eliézer (Pato) e Claudinha (Ovelha), André e Érica, Darci, Gizele, Rafa e Cristiano. Ops, a Bia e a Jú também (as nossas crianças)...

Trabalhamos por 08 meses na América Central: Cuba, Rep. Dominicana, Haiti, Guatemala, Nicaragua, Panamá e passamos por El Salvador...

Mas, de todas as fotos tiradas... essa pra mim é a que me emociona mais...

Os olhos transmitiam profunda curiosidade sobre quem eram os branquelos que estavam ali, diante deles...

Os sorrisos não eram roubados, era dado à nós gratuitamente...

Apresentávamos as nossas danças e dramas e ali ficavam, não se moviam. Seus olhos brilhavam e o sorriso nos recompensava o esforço que fazíamos debaixo daquele sol ardente e daquele chão, outrora vermelho, outrora cinza...

Nunca vi tanta gente aglomerada e sedenta por esperança! Todo sacrifício era válido!

Crianças e adolescentes no pátio, no telhado, perto do "palco" ou a distância, todos ali, sem se mexer, querendo ouvir mais, querendo nos tocar, sentir nosso cheiro, tocar na pele branca tão rara de se ver...

Já se passaram 08 anos e parece que foi ontem, que vi um garotinho na ponta dos pés tentando sentir o meu perfume; uma menina tocando em meus cabelos e encantada por estarem macios; adolescentes me cercando rindo por eu ser tão branca...

Estávamos ali para presenteá-los com o amor de Deus, mal eu sabia que quem estava recebendo o maior presente, era eu mesma...

Não foram fáceis os 08 meses de viagem. Os desafios não davam trégua. Longe de casa, longe da família e amigos...

Quantas lágrimas...

Quantos milagres...

Todos os retratos trazem a sua história, porém, nenhuma foto me proporcionou tantas saudades, quanto essa. Talvez, porque eu tive a convicção de que as coisas mais simples que realizamos se tornam grandiosas demais pra se perderem no tempo.

Obrigada, Jesus!

Deus nos abençoe...

P.S. pra quem quer conhecer melhor o Ceifa: http://www.blogger.com/www.ceifa.jocum.org.br

Esta matéria foi postada em novembro de 2009, dois meses antes da tragédia ocorrida no Haiti. Oremos pelos nossos irmãos, missionários e amigos que estão lá!

Fonte:  Um passo de cada vez...