30/04/2010

O Governo Divino - Louis Berkhof

 


1. A NATUREZA DO GOVERNO DIVINO. Pode-se definir o governo divino como a contínua atividade de Deus pela qual ele rege todas as coisas ideologicamente afim de garantir a realização do propósito divino. Este governo não é uma simples parte da providência divina, mas, como no caso da preservação e da concorrência, é toda ela, agora, entretanto, considera sob o ponto de vista do fim para o qual Deus guia todas as coisas da criação, a saber, a glória do seu nome.

a. É o governo de Deus como o Rei do universo. Nos dias presentes muitos consideram a idéia de Deus como Rei uma noção antiquada do Antigo Testamento, e a querem substituir pela idéia neotestamentária de Deus como Pai. A idéia da soberania divina deve dar lugar à do amor divino. Julga-se que esta se harmoniza com a idéia progressiva de Deus na Escritura. Mas é um erro pensar que a revelação divina, conforme se eleva a níveis mais altos, tenciona fazer com que nos desapeguemos aos poucos da idéia de Deus como Rei e a substituamos pela idéia de Deus como Pai. Já vai contra isso a proeminência da idéia do reino de Deus nos ensinos de Jesus. E se se disser que isto envolve apenas a idéia de uma especial e limitada realeza de Deus, pode-se replicar que a idéia da paternidade de Deus nos evangelhos está sujeita às mesmas restrições e limitações. Jesus não ensina uma paternidade universal de Deus. Além disso, o Novo Testamento também ensina a realeza universal de Deus em passagens como Mt 11.25; At 17.24; lTm 1.17; 6.15; Ap 1.6; 19.6. Ele é igualmente Rei e Pai, e é a fonte de toda autoridade no céu e na terra, o Rei dos reis e Senhor dos senhores.

b. É um governo adaptado à natureza das criaturas que ele governa. No mundo físico ele estabeleceu as leis da natureza, e é por meio dessas leis que ele exerce o governo do universo físico. No mundo mental ele exerce o seu governo de forma mediata, por meio das propriedades e leis da mente, e imediatamente, pela direta operação do Espírito Santo. No governo e controle dos agentes morais ele faz uso de toda classe de influência moral, como as circunstâncias, os motivos, a instrução, a persuasão e o exemplo, mas também age diretamen¬te, pela operação pessoal do Espírito Santo no intelecto, na vontade e no coração.

2. A EXTENSÃO DESTE GOVERNO. A Escritura declara explicitamente que este governo divino é universal, SI 22.28,29; 103.17-19; Dn 4.34,35; lTm 6.15. É realmente a execução do seu propósito eterno, abrangendo todas as suas obras, desde o princípio, tudo que foi, é e será para sempre. Mas, embora geral, desce também a particularidades. As coisas de maior significação, Mt 10.29-31, aquilo que é aparentemente acidental, Pv 16.33, as boas ações dos homens, Fp 2.13, como também as suas más ações, At 14.16 - tudo está sob o governo e direção de Deus. Deus é o Rei de Israel, Is 33.22, mas ele também domina entre as nações, SI 47.9, nada pode escapar ao seu governo.

FONTE:  O CALVINISMO: O Governo Divino - Louis Berkhof

NOSSO AMOR A DEUS

 

Aqueles que precisam receber ordens para amar a Deus geralmente acreditam que a obediência envolve a exclusão de todos os outros amores, chegando ao extremo de odiarem o mundo, a carne e até a si. Por isso, encontramos entre os cristãos um número exagerado de pessoas que odeiam a vida, ansiosas por receberem ordens de amar a Deus de maneira frígida e estóica porque, em primeiro lugar, elas odeiam o mundo, a carne e a si mesmas.
Sempre houve, todavia, pessoas que nunca receberam ordens para amar a Deus, porque estavam perdidamente apaixonadas por ele. A base de sua ideologia é que todo amor, não obstante seu objeto esteja errado, é em essência amor de Deus; e esse amor de Deus deve, dada a natureza caída do homem, começar com o amor-próprio. O que há de errado com o amor próprio, portanto, não é o sentimento de amor, mas o objeto para qual o amor se volta.
Muitas vezes, como um corolário dessa visão, julga-se que todo o amor, até o mais sensual, é uma tentativa de descobrir o belo e o bom. O amor fracassa e com isso revela o objeto mais elevado para o qual o amor deveria voltar-se. Embora nem todos tenham a honestidade de Agostinho que lhes permita pedir “Faz-me casto, mas não já”, contudo, o dissoluto em recuperação tem mais probabilidade de aprender a amar a Deus do que o homem que pouco se preocupa com qualquer espécie de amor. Considerando a multidão de grandes homens que expressam esse estado de espírito alternativo, pensamos em Platão, Plotino, Agostinho, Bernardo de Claraval, Dante, Dostoievski e muitos outros.

Hiperatividade Cerebral!: Janeiro 2009