31/05/2008

BIOGRAFIAS:GUNNAR VINGREN

p>Nasceu no dia 8 de agosto de 1897, na cidade de Ostra Husby, Suécia. Seu pai era jardineiro, profissão que Vingren seguiu até os 19 anos. Foi criado num genuíno lar cristão. Logo aos 18 anos tornou-se sucessor de seu pai na Escola Dominical; naquele mesmo ano, o Senhor falou claro ao seu coração de que ele seria um missionário.

Em 1898, Vingren teve a oportunidade de participar de uma Escola Bíblica. Ao final daquele mês de estudos, já começou o trabalho missionário no interior de seu país. Em 1903 viajou para os Estados Unidos, e logo ingressou no Seminário Teológico Batista em Chicago. Em 1909, Deus o encheu de uma grande sede de buscar o batismo no Espírito Santo, o que não tardou a receber. Ao pregar esta verdade à igreja que pastoreava, começaram os problemas; a igreja se dividiu entre os que criam e os que não criam em sua pregação. Dirigiu-se, então, para South Bend, Indiana, onde a igreja recebeu com gozo as Boas Novas e se tornou uma igreja pentecostal com 20 batizados no Espírito Santo no primeiro verão.
Numa reunião de oração, um dos irmãos presentes foi revelado que Gunnar Vingren serviria ao Senhor no Pará, que mais tarde ele descobriu que era um estado no norte do Brasil. Numa outra reunião como aquela, seu futuro companheiro, Daniel Berg, que conhecera numa conferência em Chicago, foi chamado para acompanhá-lo ao Brasil. Depois disto, não demorou muito para que a ida ao campo se tornasse uma realidade. Seus últimos dias na América foram de provas, atestando de que Deus é quem os chamava para a obra. Finalmente, partiram do porto de Nova Iorque com destino a Belém do Pará no dia 5 de novembro de 1910.
No dia 19 de novembro desembarcaram em terras brasileiras. Com certa dificuldade, sobretudo porque não falavam a língua nativa, chegaram até a casa de um pastor batista que lhes ofereceu hospedagem, um corredor escuro no porão da casa e sem janelas. Para aprenderem o português, Daniel trabalhava numa fundição durante o dia, enquanto Gunnar estudava, e à noite, então, ele compartilhava o que tinha aprendido. Apesar da pobreza, da simplicidade da alimentação, das doenças, calor e mosquitos, a chama do Evangelho os enchiam cada vez mais de gozo, atenuando assim as provas naturais.
Depois de seis meses, Vingren foi convidado para dirigir um culto de oração. Sem receio, ensinou-os acerca das operações do Espírito Santo e da cura divina. Durante aquela semana, nas reuniões de oração nos lares, o Senhor curou a senhora Celina Albuquerque de uma doença incurável e dias depois a batizou com Espírito Santo e com fogo, sendo então a primeira pessoa brasileira a receber a promessa. Na semana seguinte, o pastor da igreja entrou de surpresa num daqueles cultos; depois de declarar várias acusações, insinuando que eles ensinavam falsas doutrinas, provocou uma divisão na igreja que findou na exclusão dos missionários e mais dezoito membros que os apoiaram testificando a verdade. Então, em 18 de junho de 1911 estes formaram a primeira Assembléia de Deus.
O trabalho missionário não se reteve, avançando de cidade em cidade, onde o Evangelho era pregado e os sinais os seguiam. Sofriam muitas perseguições, sobretudo pelos católicos que eram ensinados que a Bíblia dos protestantes era falsa e se lida os levaria ao inferno; que Maria e os santos eram os intercessores junto a Jesus; que aqueles que não seguissem o catolicismo iriam para o inferno, e outros. Apesar das dificuldades, onde passavam o Senhor curava, salvava, batizava com o Espírito Santo e manifestava Seu poder através dos dons, sinais e maravilhas. Desta forma, o número de cristãos crescia cada dia mais. Contemplavam, também, o fim daqueles que se levantavam contra a obra, pois era o próprio Deus Quem lhes dava a recompensa. Nos primeiros quatro anos de trabalho foram 384 pessoas batizadas nas águas e 276 no Espírito Santo, na igreja de Belém do Pará.
Depois de cinco anos em terras brasileiras, Vingren foi à Suécia, onde por três meses pôde compartilhar as maravilhas que Deus operara no Brasil. Pouco antes de seu regresso, encontrou-se com uma irmã enfermeira chamada Frida Strandberg que também tinha chamada para o Brasil. Mais tarde eles se casaram em Belém do Pará.
No desejo de que todo o Brasil recebesse a mensagem, foram enviados missionários a Alagoas, Pernambuco, e ele com sua família foram para o sul, iniciando no Rio de Janeiro, depois Santa Catarina e outras cidades no estado de São Paulo. Após outra série de viagens, voltou alguns anos depois para residir permanentemente no Rio de Janeiro. Assim como no Pará, a obra pentecostal no Rio de Janeiro crescia exponencialmente. Vingren participava ali na edição do jornal “Mensageiros da Paz”, além de seu trabalho como pastor e evangelista.
De 5 à 10 de setembro de 1930 houve uma importante conferência nacional dos obreiros pentecostais em Natal. A principal decisão foi de que a obra missionária na região norte estaria sendo dirigida exclusivamente por obreiros nacionais. Os anos seguintes foram de grande expansão da obra, sobretudo no Rio de Janeiro. Foi o precursor das Assembléias de Deus Madureira, no Brasil. Daniel Berg, das Assembléias de Deus do Belém. No dia 15 de agosto de 1932, o pastor Gunnar Vingren e sua família despediam-se das igrejas do Rio de Janeiro, e do Brasil, e voltaram à Suécia.
Já nos últimos anos que viveu no Brasil, Gunnar Vingren vinha tendo alguns problemas de saúde que pioraram bastante depois de chegar à Suécia. No dia 29 de junho de 1933 ele entrou no descanso eterno, mostrando através de suas palavras, o grande amor que tinha pelos irmãos brasileiros. Sua partida, descrita detalhadamente numa carta enviada por sua esposa ao Brasil, foi uma linda experiência para a família, que sentia claramente a glória de Deus; e sem dúvida para o servo do Senhor, Gunnar Vingren que, sentindo grande gozo e alegria foi recebido na eternidade.

30/05/2008

MINHAS ILUSTRAÇÕES

 

O que o Perdão Pode Fazer por Você
Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano. Sl. 32.1 e 2.

Dois dias antes do Natal,Dona Antônia e seu esposo receberam um telefonema dizendo-lhes que seu filho único, de 18 anos de idade, havia sido ferido num grave acidente. A pessoa os instruía a procurar com urgência um hospital de clínicas. Quando chegaram ao hospital, um neurocirurgião lhes deu a triste notícia: seu filho já estava morto.
No dia seguinte, na delegacia, o casal Morris ficou sabendo que o motorista irresponsável, envolvido no acidente, havia sofrido apenas ferimentos leves. Detectou-se que o motorista estava embriagado, o nível de álcool em seu sangue estava três vezes acima do limite legal. Ele foi acusado como assassino, mas depois de confessar-se culpado a acusação foi reduzida para homicídio culposo. Meses mais tarde, foi sentenciado a apenas cinco anos de sursis com a estipulação de que, se violasse a sentença, teria de cumprir uma pena de dez anos na prisão. Dizer que o casal que perdera seu único filho ficou revoltado com uma sentença tão branda, é dizer pouco.
Mais tarde, numa reunião de mães para protestar contra o ato de dirigir sob a influência do álcool, Dona Antônia, a mãe do rapaz morto, ouviu o motorista contar que, ao saber da morte daquele jovem, ele não conseguira parar de chorar. Alguns dias mais tarde, entretanto, ele foi apanhado bebendo e levado para cumprir sua pena de dez anos.
Apesar das emoções contraditórias, Antônia, uma cristã, começou a visitar o motorista na penitenciária. Um dia, enquanto conversavam, ele implorou o perdão daquela mãe.
- Eu lhe perdôo - respondeu Antônia .E disse-lhe mais: ... gostaria muito que você me perdoasse por eu tê-lo odiado tanto.
- Ah, Dona Antônia, é claro - disse o motorista chorando.
Numa visita posterior, ele contou a Antônia que queria muito parar de beber, mas não conseguia. Ela lhe garantiu que ele poderia, com a ajuda de Deus. E ele conseguiu!
Passados seis meses desta conversa, o motorista foi batizado. Mais tarde, ficou em liberdade condicional. O casal que havia perdido seu único filho começou a levá-lo para seu lar e a tratá-lo como filho. Aquele motorista era órfão, e bebia por que nunca tivera uma família para amar e ser amado. Dona Antônia disse que, depois disso, começou a sentir a paz que só Deus pode dar. O motorista? Hoje é alguém diferente!
Isso somente pode acontecer quando perdoamos --- e somos perdoados. Experimente!

BIOGRAFIAS: DANIEL BERG


 

Daniel Berg nasceu em Vargon, na Suécia, num lar genuinamente cristão. Cedo na vida, aos 17 anos, fez sua primeira viagem para os Estados Unidos, em 1902; isto porque a Suécia passava por uma crise financeira muito séria. Ao final de oito anos voltou de passagem à Suécia.
Nesta ocasião, ao visitar a casa de seu melhor amigo, soube que ele era agora um pregador do Evangelho numa cidade próxima. Ao chegar em sua igreja ouviu pela primeira vez sobre o batismo no Espírito Santo. Depois do culto conversaram bastante sobre esta doutrina, o que fez com que Daniel Berg saísse dali convicto, e buscando o seu batismo no Espírito Santo. Ainda no caminho de volta para a América ele recebeu o batismo e decidiu dedicar a sua vida inteiramente ao Senhor.
Durante uma conferência em Chicago, ele conheceu seu futuro companheiro nas missões, o sueco Gunnar Vingren, que acabara de se formar num Instituto Bíblico e era desejoso de ser um missionário. Ambos, cheios do poder pentecostal, passaram a buscar do Senhor o Seu direcionamento para suas vidas. Certo dia, o dono da casa que Gunnar Vingren morava teve um sonho e viu o nome Pará, e foi-lhe revelado que seria uma orientação para aqueles jovens. Logo descobriram que Deus os chamava para o Brasil. Apesar do pouco entusiasmo da igreja, e de nenhuma promessa de ajuda financeira, ambos foram separados para serem missionários no Brasil, cheios de convicção da parte de Deus.

A última e grande confirmação da parte de Deus foi quando o Senhor pediu a Vingren que desse 90 dólares, exatamente o valor que eles tinham para a viagem, para um jornal pentecostal. Eles, em obediência, o fizeram. Porém, extraordinariamente, o Senhor devolveu-lhes o exato montante, usando um irmão em outra cidade, que foi revelado por Deus para tal. Berg e Vingren partiram para o Brasil no dia 5 de Novembro de 1910. Durante a viagem eles já puderam experimentar um pouquinho o que seria o seu campo, e ali mesmo a primeira alma foi ganha para Jesus, desde que eles foram separados como missionários. Então, no dia 19 do mesmo mês chegaram à cidade de Belém do Pará.

Primeiramente eles ficaram hospedados no porão de uma Igreja Batista, cujo pastor era americano. Logo começaram a dirigir cultos, para ajudar aquele pastor, e sempre que sentiam de falar sobre a manifestação do Espírito Santo para aqueles dias, o faziam sem constrangimento. Mesmo sendo um assunto novo para aqueles irmãos, eles se interessavam cada vez mais, o que decorreu no grande aumento da assiduidade nos cultos e constantes visitas aos missionários. Enquanto isso, Berg começou a trabalhar na fundição, para sustentá-los, enquanto Vingren estudava português para ensinar a Daniel Berg à noite.

A pobreza, e principalmente as doenças, era uma constante naquele lugar, sobretudo a lepra e a febre amarela. Com isso, os irmãos freqüentavam cada vez mais o porão onde viviam Berg e Vingren, em busca de oração e conhecimento da Palavra. Ali o Senhor começou a batizar com o Espírito Santo e a curar muitos enfermos. Num daqueles cultos improvisados, entrou de surpresa o pastor da igreja, que foi cordialmente convidado a participar do culto. Recusando o convite, passou a declarar uma série de acusações com relação às falsas doutrinas ensinadas pelos missionários. Esperando contar com o apoio dos que ali estavam, aconteceu o contrário: um diácono, dos membros mais antigos, se levantou e defendeu com testemunhos reais de que o batismo no Espírito Santo e a cura divina é para a atualidade. Neste dia então, Berg, Vingren e mais 18 irmãos foram expulsos daquela igreja e formaram a primeira Assembléia de Deus, que a princípio se reunia na casa da irmã Celina Albuquerque, a primeira cristã batizada no Espírito Santo em terras brasileiras.
Logo depois começou a circular pela cidade um panfleto, da parte daquele pastor batista, alertando a população contra os ensinamentos dos missionários, citando inclusive as passagens bíblicas por eles usadas. O que parecia prejudicial, tornou-se num grande impulso para a propagação das verdades bíblicas, pois aqueles que os liam, ao conferir com as escrituras, passavam a crer e buscavam a igreja, que crescia cada vez mais. Dias depois, chega a primeira remessa de Bíblias e Novos Testamentos em português, o que leva Daniel Berg a se dedicar exclusivamente à venda das literaturas e pregação do Evangelho.

Quando a Palavra de Deus já havia sido distribuída em toda Belém, Berg sentiu da parte de Deus em seguir rumo à Bragança e fazer na marcha para o interior o mesmo trabalho, para o qual era vocacionado. A tarefa não era fácil; os dois maiores inimigos eram o analfabetismo e o catolicismo herdado da colonização portuguesa. Naqueles pequenos vilarejos, o padre era a maior autoridade e todos os moradores já haviam sido advertidos quanto à pregação de Daniel Berg, e temiam a leitura da Bíblia, pois a igreja os proibia.

Apesar disto, o jovem continuava a bater nas portas, a ler trechos bíblicos e a orar pelos enfermos. As portas se abriam aos poucos, e o Senhor operava sempre com milagres e maravilhas. Em pouco tempo já havia vinte novas igrejas entre Belém e Bragança. O próximo passo foi a caminho das selvas. O contato inicial foi difícil, e a primeira família se converteu num velório quando Daniel leu sobre a ressurreição ao lado do corpo inerte da mãe. Estes se tornaram evangelistas e contribuíram para a formação de uma grande igreja ali. Sofreram fortes perseguições por parte dos policiais, pois o delegado estava comprometido politicamente com a igreja católica. Por fim o nome do Senhor foi glorificado pelas vitórias dos cristãos. Berg só saiu dali quando a igreja já havia amadurecido e estava caminhando por seus próprios pés.

O passo decorrente foi sua chegada às ilhas; nesta altura os maiores inimigos eram os naturais. A travessia em barcos precários tornava o acesso muito perigoso, pois além da embarcação, havia as piranhas e os jacarés. As grandes distâncias, as horas perdidas e o esforço com os remos, junto ao grande aumento do trabalho, tornou-o quase impossível. Após um acidente sofrido por Daniel, numa daquelas pequenas embarcações, sentiu de Deus de comprar um grande barco a velas, o que fez com a ajuda da igreja de Belém. Com o barco "Boas Novas" o atendimento era mais proveitoso e em maior extensão.

Assim fez Daniel Berg em todo o país, de norte a sul. Há relatos de sua obra nos solos mais difíceis desta terra. Quem com ele caminhou citou que ele mal dormia, vivia intercendo. Falava pouco e era dirigido unicamente por Deus. Jamais viu obstáculos à obra. Andava em lombos de cavalo, a pé, comia o que se lhe servisse: macacos, raízes, frutos exóticos. Jamais reclamava e era sempre agradecido por estar no Brasil

Daniel Berg passou para o Senhor em 1963, e mesmo enfermo num hospital, saía de uma à outra enfermaria entregando literatura e orando pelos que se entregavam a Jesus.

Um exemplo de servo bom e fiel. Seu trabalho deu origem, juntamente com Gunnar Vingren, às assembléias de Deus no Brasil

29/05/2008

BIOGRAFIAS: WILLIAM CAREY


 

Filho de Edmundo e Elizabeth Carey, William Carey nasceu numa humilde cabana em agosto de 1761, na pequena vila de Paulerspury, em Northamptonshire, na Inglaterra. Em Piddington, aos 14 anos, William aprendeu a arte de sapateiro.

Apesar de nascer em um lar anglicano, sua primeira identificação com a fé genuína foi através de seu companheiro de trabalho, John Warr, filho de um desertor da Igreja Estatal. Em 1779, aos 18 anos, nasceu de novo, quando ainda estava identificado com a igreja oficial da Inglaterra, e uniu-se a uma pequena igreja batista. Logo começou a se preparar para pregar. Estudou diversas línguas e, como resultado dominava perfeitamente o latim, grego, hebraico, italiano, francês e holandês, além de diversas ciências. Assim, aos poucos, entendeu que o mundo era bem maior do que as Ilhas Britânicas e sentiu no fundo de sua alma, como todo o cristão verdadeiro sente, a perdição da humanidade sem um Salvador.
Em junho de 1781 casou-se com a jovem Dorothy Placket, com a qual teve cinco filhos. Antes, em 1775, fora impactado pelo avivamento trazido pelas mensagens de John Wesley e George Whitefield. Apesar de ter sido batizado quando criança, William Carey sentia a necessidade de confessar sua fé publicamente. Sendo assim, foi batizado nas águas em 5 de outubro de 1783, pelo pastor John Ryland. Em 1787 foi consagrado e começou a pregar sobre a necessidade missionária no mundo, e não somente na Inglaterra. Como os membros de sua congregação eram pobres, Carey teve necessidade de continuar trabalhando para ganhar o seu sustento.

Na sua pequena oficina pendurou um mapa-múndi feito pelas suas próprias mãos. Neste mapa, ele incluíra todas as informações disponíveis: população, flora, fauna, características dos povos, etc. Enquanto trabalhava, olhava para o mapa, e orava muito, sonhava bastante e agia com seus joelhos, na intercessão por pessoas que jamais vira. Era assim que a chamada de Deus ardia, e crescia em seu coração. A denominação a qual Carey pertencia achava-se em grande decadência espiritual. E isso é demonstrado pelo fato de que quando quis introduzir o assunto de missões numa sessão de ministros, foi repreendido pelo venerável presidente John Ryland, que lhe disse: "Jovem assente-se. Quando Deus resolver converter os pagãos, fá-lo-á sem a sua e a minha ajuda." Mas Carey sabia que era necessário que alguém pregasse, e continuou a sua propaganda pró-missões estrangeiras, e tomando Isaías 54.2 como texto, pregava sobre o tema: "Quem espera grandes coisas de Deus tem de fazer grandes coisas para Deus”.

Como resultado de sua persistência na oração, um grupo de doze pastores batistas, reunidos na casa da Irmã Wallis formou a Sociedade Missionária Batista, no dia 2 de outubro de 1792. Carey se ofereceu para ser o primeiro missionário enviado ao campo. Através do testemunho do Dr. Thomas, um missionário e médico que trabalhara por vários anos em Bengali, na Índia, William Carey recebe assim, a confirmação de sua chamada no dia 10 de janeiro de 1793.
Mas, apesar de Carey ter certeza de sua chamada, sua esposa recusou-se a deixar a Inglaterra. Isto muito entristeceu seu coração. Mas ficou decidido, no entanto, que seu filho mais velho, Félix, o acompanharia à Índia. Além disso, outro problema que parecia insolúvel, era a proibição de qualquer missionário na Índia. Sob tais circunstâncias era inútil pedir licença para entrar, mas, mesmo assim, conseguiram embarcar sem o documento no dia 4 de abril de 1793. Ao esperar na ilha de Wright por outro navio que os levaria à Índia, o comandante recusou-se a levá-los sem a permissão necessária. Com lágrimas nos olhos e o coração apertado, William Carey e seu filho viram o navio partir. A jornada missionária para a Índia parecia terminar ali. Porém, Deus tinha tudo sob controle...

Ao regressar à Londres, a sociedade missionária conseguiu arrecadar dinheiro e comprar as passagens em um navio dinamarquês. Uma vez mais, Carey rogou à sua esposa que o acompanhasse. Ela ainda persistia na recusa e ao despedir-se pela segunda vez disse: "Se eu possuísse o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio de levar-te e os nossos filhos comigo; mas o sentido do meu dever sobrepuja todas as outras considerações. Não posso voltar atrás sem incorrer em culpar a minha alma."
Ao se preparar para partir, um dos amigos que iria viajar com Carey, Dr. Thomas, voltou e conversou com Dorothy, esposa de William Carey, e milagrosamente ela decidiu acompanhá-lo. Que alegria não foi para ele ver sua esposa e filhos com as malas prontas a lhe acompanhar. Agora ele compreendia a razão de não ter viajado no primeiro navio.
Deus comoveu o coração do comandante do navio, que permitiu que a família viajasse de graça. Finalmente, no dia 13 de junho de 1793, a bordo do navio Kron Princesa Maria, William Carey deixou a Inglaterra e nunca mais voltou, partindo para a Índia com sua família, onde, em condições dificílimas e de oposição, trabalhou durante 41 anos. Durante sua viagem aprendeu o bengali, e, ao desembarcar, já se comunicava com o povo. Carey é o exemplo de um missionário que está sempre disposto a aprender, pois o seu alvo são as almas, e, por elas, todos os esforços valem a pena.
William Carey não foi dotado de inteligência superior e nem de qualquer outro dom que deslumbrasse os homens. Entretanto, um traço marcante de seu caráter era a persistência, a coragem e a vontade imensa de terminar tudo o que iniciava. Este era o segredo do êxito da sua vida. Apesar de não haver recebido educação formal em sua mocidade, Carey chegou a ser um dos homens mais eruditos do mundo, no que diz respeito ao conhecimento do sânscrito e de outras línguas orientais. Suas gramáticas e dicionários, nestas línguas, são usados até os dias de hoje.
Dois missionários se juntaram à William Carey em 1799, William Ward e Joshua Marshman. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000 alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários, organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários, escola para meninas, e o jornal na língua Bengali. Além disso, William Carey foi responsável pela erradicação do costume "suttee", segundo o qual queimava-se a viúva (viva), juntamente com o corpo do marido defunto numa fogueira; várias modificações na agricultura; a fundação da Sociedade de Agricultura e Horticultura na Índia em 1820; a primeira imprensa, fábrica de papel e motor à vapor na Índia; e a tradução da Bíblia em sânscrito, bengali, marati, telegu e nos idiomas dos siques. Em 1800, William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao Evangelho.
Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão, encontraram a única versão que esse povo entendia, na língua pushtoo, feita em Sarampore por Carey.
Durante mais de trinta anos, William Carey foi professor de línguas orientais no Colégio de Fort Williams. Fundou, também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização daquele país. Os seus esforços inspiraram a fundação de outras missões, dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1795; a Associação Missionária da Holanda, em 1797; a Associação Missionária Americana, em 1810; e a União Missionária Batista Americana, em 1814.
Na manhã de 9 de Junho de 1834, a Índia disse adeus ao grande Pai das Missões, e os Céus disseram bem-vindo a um servo fiel! Carey morreu com 73 anos, respeitado em todo o mundo, como o pai de um grande movimento missionário. Quando chegou à Índia, os ingleses negaram-lhe permissão para desembarcar. Ao morrer, porém, o governo mandou içar as bandeiras a meia-haste em honra a um herói que fizera mais para a Índia do que todos os generais britânicos. Grande foi a contribuição de William Carey para o Reino de Deus, e temos certeza de que grande será o seu galardão

28/05/2008

MINHAS ILUSTRAÇÕES


 

Na cidade de São Paulo, numa noite fria e escura de inverno, próximo a uma esquina por onde passavam várias pessoas, um garotinho vendia balas a fim de conseguir alguns trocados. Mas o frio estava intenso e as pessoas já não paravam mais quando ele as chamava.

Sem conseguir vender mais nenhuma bala, ele sentou na escada em frente a uma loja e ficou observando o movimento das pessoas.

Sem que ele percebesse, um policial se aproximou. "Está perdido, filho?" O garoto meneou a cabeça.

"Só estou pensando onde vou passar a noite hoje... normalmente durmo em minha caixa de papelão, perto do correio, mas hoje o frio está terrível.. O senhor sabe me dizer se há algum lugar onde eu possa passar esta noite?"

O policial mirou-o por uns instantes e coçou a cabeça, pensativo.

"Se você descer por esta rua", disse ele apontando o polegar na direção de uma rua, à esquerda, "lá embaixo vai encontrar um casarão branco, chegando lá, bata na porta e quando atenderem apenas diga 'João 3:16'.

Assim fez o garoto.

Desceu a rua estreita e quando chegou em frente ao casarão branco, subiu os degraus da escada e bateu na porta. Quem atendeu foi uma mulher idosa, de feição bondosa. "João 3:16", disse ele, sem entender direito.

"Entre, meu filho". A voz era meiga e agradável. Assim que ele entrou, foi conduzido por ela até a cozinha onde havia uma cadeira de balanço antiga, bem ao lado de um velho fogão de lenha acesso.

"Sente-se, filho, e espere um instantinho, tá?" O garoto se sentou e, enquanto observava a velha e bondosa mulher se afastar, pensou consigo mesmo:

"João 3:16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que aquece a um garoto com frio".

Pouco tempo depois a mulher voltou. "Você está com fome?", perguntou ela.

"Estou um pouquinho, sim... há dois dias não como nada e meu estômago já começa a roncar..." A mulher então o levou até a sala de jantar,onde havia uma mesa repleta de comida. Rapidamente o garoto sentou-se à mesa e começou a comer; comeu de tudo, até não agüentar mais. Então ele pensou consigo mesmo: "João 3:16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que mata a fome de um garoto faminto".

Depois a bondosa senhora o levou ao andar superior, onde se encontrava um quartinho com uma banheira cheia de água quente. O garoto só esperou que a mulher se afastasse e então rapidamente se despiu e tomou um belo banho, como há muito tempo não fazia. Enquanto esfregava a bucha pelo corpo pensou consigo mesmo: "João 3:16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que torna limpo um garoto que há muito tempo estava sujo. Cerca de meia hora depois a velha e bondosa mulher voltou e levou o garoto até um quarto onde havia uma cama de madeira, antiga, mas grande e confortável. Ela o abraçou, deu-lhe um beijo na testa e, após deitá-lo na cama, desligou a luz e saiu. Ele se virou para o canto e ficou imóvel, observando a garoa que caía do outro lado do vidro da janela. E ali, confortável como nunca, ele pensou consigo mesmo: "João 3:16... Eu não entendo o que isso significa, mas sei que dá repouso a um garoto cansado".

No outro dia, de manhã, a bondosa senhora preparou uma bela e farta mesa e o convidou para o café da manhã. Quando o garoto terminou de comer, ela o levou até a cadeira de balanço, próximo ao fogão de lenha. Depois seguiu até uma prateleira e apanhou um livro grande, de capa escura. Era uma Bíblia. Ela voltou, sentou-se numa outra cadeira, próximo ao garoto e olhou dentro dos olhos dele, de maneira doce e amigável.

"Você entende João 3:16, filho?"

"Não, senhora... eu não entendo... A primeira vez que ouvi isso foi ontem à noite... um policial que falou...".

Ela concordou com a cabeça, abriu a Bíblia em João 3:16 e começou a explicar sobre Jesus. E ali, aquecido junto ao velho fogão de lenha, o garoto entregou o coração e a vida a Jesus. E enquanto lágrimas de felicidade deixavam seus olhos e rolavam face à baixo, ele pensou consigo mesmo: "João 3:16... ainda não entendo muito bem o que isso significa, mas agora sei que isso faz um garoto perdido se sentir realmente seguro". Eu tenho de confessar uma coisa, eu também não entendo como Deus pôde mandar Seu Filho para morrer por nós e também não entendo como Jesus concordou com tal coisa. Eu não compreendo a agonia do Pai e de todos os anjos no Céu enquanto viam Jesus sofrer e morrer por nós. Eu não entendo esse imenso amor que Jesus teve por nós, ao ponto de ser crucificado na cruz. Eu não entendo muito bem, mas estou certo que isso faz a vida valer a pena!!!

Pois Deus amou o mundo de tal maneira, que deu Seu único Filho para que todo aquele que nEle crê, não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16).

Deus não mandou Jesus para condenar o mundo, mas sim para salvá-lo.

Aquele que crer em Jesus não será condenado, mas terá a vida eterna!

FRASES PARA MEDITAR IV


A doutrina do acaso é a bíblia dos tolos. Anônimo

A oração é a asa com que a alma voa para o céu, e a meditação, os olhos com que vemos a Deus. Ambrósio

Agradecimentos de coração precisam ser dados a Deus: não da boca para fora, mas do fundo do coração. John Trapp

Quando procuramos honras, desviamo-nos de Jesus. Hugh of St. Victor

Nunca se una a alguém que recuse se unir a Cristo. Anônimo

O céu é um lugar preparado para pessoas preparadas. Anônimo

Jamais vi o Espírito de Deus atuar onde o povo do Senhor está dividido. D. L. Moody

OUTRO EVANGELHO


Por Arthur W. Pink

 

Satanás não é um inovador, mas um imitador. Deus tem seu Filho unigênito - o Senhor Jesus? Tal qual Satanás tem "o filho da perdição" (II Tessalonicenses 2:3). Há uma Santa Trindade? Há de igual modo uma trindade do mal (Apocalipse 20:10). Lemos sobre os "filhos de Deus"? Do mesmo modo lemos também sobre "os filhos do maligno" (Mateus 13:38). Deus opera nestes que foram citados de modo a determinar e fazer a Sua vontade? Então somos informados que Satanás é "o espírito que agora opera nos filhos da desobediência" (Efésios 2:2). Há o "mistério da piedade" (I Timóteo 3:16)? Há também o "mistério da injustiça" (II Tessalonicenses 2:7). Aprendemos que Deus através de Seus anjos "assinala" os Seus servos nas suas testas (Apocalipse 7:3)? Assim também aprendemos que Satanás através de seus agentes assinala nas testas os seus devotos (Apocalipse 13:16). É-nos dito que "o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus" (I Coríntios 2:10)? Então Satanás também provê suas "coisas profundas" (grego de Apocalipse 2:24). Cristo faz milagres? De igual modo Satanás também pode fazê-los (II Tessalonicenses 2:9). Cristo está sentando sobre um trono? Também Satanás o está (Apocalipse 2:13). Cristo tem uma Igreja? Então Satanás tem a sua "sinagoga" (Apocalipse 2:9). Cristo é a Luz do mundo? Então o próprio Satanás "se transfigura em anjo de luz" (II Coríntios 11:14). Cristo designou "apóstolos"? Então Satanás tem seus apóstolos também (II Coríntios 11:13). E isto nos leva a considerar o "Evangelho de Satanás".

Satanás é o maior dos falsificadores. O Diabo está agora ocupado em trabalhar no mesmo campo no qual o Senhor semeou a boa semente. Ele está buscando evitar o crescimento do trigo através de outra planta, o joio, o qual é muito próximo do trigo em aparência. Em uma frase: por meio da falsificação ele está buscando neutralizar a Obra de Cristo. Por essa razão, como Cristo tem um Evangelho, Satanás tem um evangelho também; sendo este uma astuta falsificação do primeiro. O evangelho de Satanás se parece tão proximamente com aquele que ele imita, que multidões de não salvos são enganadas por ele.

É a este evangelho de Satanás que o apóstolo se referia quando disse aos Gálatas: "Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho; O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo" (Gálatas 1:6-7). Este falso evangelho estava sendo proclamado já nos dias do apóstolo, e a mais terrível maldição foi proclamada sobre aqueles que o pregam. O apóstolo continua: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema".

Com o auxílio de Deus, nos esforçaremos agora para expor, ou melhor, para desmascarar este falso evangelho:

O evangelho de Satanás não é um sistema de princípios revolucionários, nem ainda é um programa de anarquia. Ele não promove a luta e a guerra, mas objetiva a paz e a unidade. Ele não busca colocar a mãe contra sua filha, nem o pai contra seu filho, mas busca nutrir o espírito de fraternidade, por meio do qual a raça humana deve ser considerada como uma grande "irmandade". Ele não procura deprimir o homem natural, mas aperfeiçoá-lo e erguê-lo. Ele advoga a educação e a cultura e apela para "o melhor que está em nosso interior" - Ele objetiva fazer deste mundo uma habitação tão confortável e apropriada, que a ausência de Cristo não seria sentida, e Deus não seria necessário. Ele se esforça para deixar o homem tão ocupado com este mundo, que não tem tempo ou disposição para pensar no mundo que está por vir. Ele propaga os princípios do auto-sacrifício, da caridade, e da boa-vontade, e nos ensina a viver para o bem dos outros, e a sermos gentis para com todos. Ele tem um forte apelo para a mente carnal, e é popular com as massas, porque deixa de lado o fato gravíssimo de que, por natureza, o homem é uma criatura caída, apartada da vida com Deus, e morta em ofensas e pecados, e que sua única esperança reside em nascer novamente.

Contradizendo o Evangelho de Cristo, o evangelho de Satanás ensina a salvação pelas obras. Ele inculca a justificação diante de Deus em termos de méritos humanos. Sua frase sacramental é "Seja bom e faça o bem"; mas ele deixa de reconhecer que lá na carne não reside nenhuma boa coisa. Ele anuncia a salvação pelo caráter, o que inverte a ordem da Palavra de Deus - o caráter como fruto da salvação. São muitas as suas várias ramificações e organizações: Temperança, Movimentos de Restauração, Ligas Socialistas Cristãs, Sociedades de Cultura Ética, Congresso da Paz1 estão todos empenhados (talvez inconscientemente) em proclamar o evangelho de Satanás - a salvação pelas obras. O cartão da seguridade social substitui Cristo; pureza social substitui regeneração individual, e, política e filosofia substituem doutrina e santidade. A melhoria do velho homem é considerada mais prática que a criação de um novo homem em Cristo Jesus; enquanto a paz universal é buscada sem que haja a intervenção e o retorno do Príncipe da Paz.

Os apóstolos de Satanás não são taberneiros e traficantes de escravas brancas, mas são em sua maioria ministros do evangelho ordenados. Milhares dos que ocupam nossos modernos púlpitos não estão mais engajados em apresentar os fundamentos da Fé Cristã, mas têm se desviado da Verdade e têm dado ouvidos às fábulas. Ao invés de magnificar a enormidade do pecado e estabelecer suas eternas conseqüências, o minimizam ao declarar que o pecado é meramente ignorância ou ausência do bem. Ao invés de alertar seus ouvintes para "escaparem da ira futura", fazem de Deus um mentiroso ao declarar que Ele é por demais amoroso e misericordioso para enviar quaisquer de Suas próprias criaturas ao tormento eterno. Ao invés de declarar que "sem derramamento de sangue não há remissão", eles meramente apresentam Cristo como o grande Exemplo e exortam seus ouvintes a "seguir os Seus passos". Deles é preciso que seja dito: "Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus" (Romanos 10:3). A mensagem deles pode soar muito plausível e seu objetivo parecer muito louvável, mas, ainda sobre eles nós lemos: - "Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras" (II Coríntios 11:13-15).

Somando-se ao fato de que hoje centenas de igrejas estão sem um líder que fielmente declare todo o conselho de Deus e apresente Seu meio de salvação, também temos que encarar o fato de que a maioria das pessoas nestas igrejas está muito distante de conseguir descobrir a verdade por si mesma. O culto doméstico, onde uma porção da Palavra de Deus era costumeiramente lida diariamente, é agora, mesmo nos lares de Cristãos professos, basicamente uma coisa do passado. A Bíblia não é exposta no púlpito e não é lida no banco da igreja. As demandas desta era agitada são tão numerosas, que multidões têm pouco tempo, e ainda menos disposição, para fazer uma preparação para o encontro com Deus. Por essa razão, a maioria, aqueles que são negligentes o bastante para não pesquisarem por si mesmos, são deixados à mercê dos homens a quem pagam para pesquisar por eles; muitos dos quais traem a verdade deles, por estudar e expor problemas sociais e econômicos ao invés dos Oráculos de Deus.

Em Provérbios 14:12 lemos: "Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte". Este "caminho" que termina em "morte" é a Ilusão do Diabo - o evangelho de Satanás - um caminho de salvação através da realização humana. É um caminho que "parece direito", o qual, é preciso que se diga, é apresentado de um modo tão plausível que ganha a simpatia do homem natural; é pregado de forma tão habilidosa e atrativa, que se torna recomendável à inteligência dos seus ouvintes. Por incorporar a si mesmo terminologia religiosa, algumas vezes apela para a Bíblia como seu suporte (sempre que isto se ajusta aos seus propósitos), mantém diante dos homens ideais elevados, e é proclamado por pessoas que têm graduação em nossas instituições teológicas, e incontáveis multidões são atraídas e enganadas por ele.

O sucesso de um falsificador de moedas depende em grande medida de quão proximamente a falsificação lembra o artigo genuíno. A heresia não é uma total negação da verdade, mas sim, uma deturpação dela. Por isto é que uma meia verdade é sempre mais perigosa que uma completa mentira. É por isso que quando o Pai da Mentira assume o púlpito, não é seu costume claramente negar as verdades fundamentais do Cristianismo, antes ele tacitamente as reconhece, e então procede de modo a lhes dar uma interpretação errônea e uma falsa aplicação. Por exemplo, ele não seria tão tolo de orgulhosamente anunciar sua descrença em um Deus pessoal; ele dá a Sua existência como certa, e então apresenta uma falsa descrição da Sua natureza. Ele anuncia que Deus é o Pai espiritual de todos os homens, que as Escrituras claramente nos dizem que nós somos: "filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus" (Gálatas 3:26), e que "a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus" (João 1:12). E mais adiante, ele declara que Deus é por demais misericordioso para em algum momento enviar qualquer membro da raça humana no Inferno, mesmo havendo o próprio Deus dito que: "aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo" (Apocalipse 20:15). Novamente, Satanás não seria tão tolo, a ponto de ignorar a figura central da história humana - o Senhor Jesus Cristo; ao contrário, seu evangelho O reconhece como sendo o melhor homem que já viveu. A atenção é então levada para os Seus feitos de compaixão e para as Suas obras de misericórdia, para a beleza de Seu caráter e a sublimidade de Seu ensino. Sua vida é elogiada, mas Sua morte vicária é ignorada, a importantíssima obra reconciliadora da cruz não é mencionada, enquanto Sua triunfante e corpórea ressurreição dos mortos é considerada como uma crendice de uma época de muita superstição. É um evangelho sem sangue, e apresenta um Cristo sem cruz, que é recebido não como Deus manifesto em carne, mas meramente como o Homem Ideal.

Em II Coríntios 4:3 temos uma passagem que derrama muita luz sobre o nosso presente tema. Lá nos é dito que: "se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século [Satanás] cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus". Ele cega as mentes dos não crentes ao esconder a luz do Evangelho de Cristo, e faz isto substituindo-o pelo seu próprio evangelho. Apropriadamente ele é chamado de "o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo" (Apocalipse 12:9). Em meramente apelar para "o melhor que está no homem", e ao simplesmente exortá-lo a "seguir uma vida de retidão" ele está criando uma plataforma genérica sobre a qual pessoas com qualquer matiz de opinião podem se unir e proclamar uma mensagem comum.

Novamente citando Provérbios 14:12 - "Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte". Tem sido dito com considerável grau de verdade que o caminho para o Inferno está pavimentado com boas intenções. Haverá muitos no Lago de Fogo que recomendaram suas vidas com boas intenções, decisões honestas e ideais elevados - aqueles que foram justos em seus procedimentos, corretos em suas transações e caridosos em todos os seus caminhos; homens que se orgulharam da sua integridade, mas que buscaram justificar a si mesmos diante de Deus por sua própria justiça; homens que foram morais, misericordiosos e generosos, mas que nunca viram a si mesmos como culpados, perdidos, pecadores merecedores do inferno, necessitados de um Salvador. Este é o caminho que "parece direito". Este é o caminho que recomenda a si mesmo à mente carnal e se faz atraente às multidões de iludidos dos dias atuais. A Ilusão do Diabo é que nós podemos ser salvos por nossas próprias obras, e justificados por nossos próprios feitos; enquanto que, Deus nos diz em Sua Palavra: "pela graça sois salvos, por meio da fé... Não vem das obras, para que ninguém se glorie". E também: "Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou..."

Há alguns anos atrás, conheci um homem que era um pregador leigo e um entusiasmado "obreiro Cristão". Por mais de sete anos este amigo esteve engajado na pregação pública e em atividades religiosas, mas com base em certas expressões e frases que usava, eu duvidava que este amigo fosse um homem renascido. Quando começamos a questioná-lo, descobrimos que ele foi muito mal instruído nas Escrituras e tinha somente uma vaga concepção da Obra de Cristo pelos pecadores. Por um tempo procuramos apresentar-lhe o caminho da salvação, de uma maneira simples e impessoal, e a encorajar nosso amigo a estudar a Palavra por Ele mesmo, na esperança de que se ele estivesse ainda sem a salvação, Deus se agradaria em revelar o Salvador de que necessitava.

Uma noite, para nossa alegria, aquele que tinha pregado o Evangelho (?) por tantos anos, confessou que havia encontrado a Cristo na noite anterior. Ele admitiu (para usar suas próprias palavras) que estava apresentando um "Cristo ideal", mas não o Cristo da Cruz. Acredito que haja milhares como este pregador, os quais, talvez, tenham crescido na Escola Dominical, foram instruídos sobre o nascimento, a vida, e os ensinos de Jesus Cristo, crêem na historicidade de Sua pessoa, intermitentemente se esforçam para praticar Seus preceitos, e pensam que isto é tudo o que é necessário para a sua salvação. Frequentemente, estas pessoas quando atingem a maturidade vão para o mundo, e se deparam com o ataque dos ateístas e infiéis, e lhes é dito que uma pessoa tal qual Jesus de Nazaré nunca viveu. Mas, as impressões dos dias da mocidade não são facilmente apagadas, e eles permanecem firmes em sua declaração de que "crêem em Jesus Cristo". Apesar disso, quando sua fé é examinada, muito frequentemente descobre-se que ainda que creiam em muitas coisas sobre Jesus Cristo, eles de fato não crêem Nele. Crêem com seu intelecto que tal pessoa viveu (e, porque crêem desta forma imaginam, então, que estão salvos), mas nunca baixaram as armas em sua luta contra Ele, rendendo-se a Ele, nem verdadeiramente creram com seu coração Nele.

A simples aceitação de uma doutrina ortodoxa sobre a pessoa de Cristo, sem o coração ter sido ganho por Ele, e a vida ter sido devotada a Ele, é outra etapa deste caminho "que ao homem parece direito", mas que cujo fim "são os caminhos da morte", ou, em outras palavras, é outro aspecto do evangelho de Satanás.

E agora, onde você está? Você está no caminho "que parece direito", mas que termina em morte; ou, está no Caminho Estreito que conduz à vida? Você realmente abandonou o Caminho Espaçoso que conduz à perdição? Tem o amor de Cristo criado, em seu coração, aversão e horror a tudo o que Lhe desagrada? Você está desejoso de que Ele possa "reinar sobre" você? (Lucas 19:14) Você está confiando inteiramente na justiça e no sangue de Cristo para a sua aceitação junto a Deus?

Aqueles que estão confiando em uma forma exterior de religiosidade, tal qual o batismo ou a "crisma" (confirmação), aqueles que são religiosos porque isto é considerado como uma marca de respeitabilidade; aqueles que freqüentam alguma Igreja ou Congregação porque está na moda fazer isto; e, aqueles que se unem a algumas Denominações porque supõem que este seja um passo que os capacitará a se tornarem Cristãos, estão no caminho que "termina em morte" - morte espiritual e eterna. Mesmo sendo puros os nossos motivos, mesmo sendo nobres as nossas intenções, mesmo sendo bem intencionados os nossos propósitos, mesmo sendo sinceros os nossos esforços, Deus não nos reconhecerá como Seus filhos, até que aceitemos o Seu Filho.

Uma forma ainda mais ilusória do Evangelho de Satanás está levando os pregadores a apresentar o sacrifício reconciliador de Cristo, e então dizer à sua audiência que tudo o que Deus requer deles é que "creiam" no Seu Filho. Por meio disto milhares de almas impenitentes são iludidas, e passam a pensar que foram salvas. Mas Cristo disse: "se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis" (Lucas 13:3). "Arrepender-se" é odiar o pecado, entristecer-se por causa dele, e desviar-se dele. É o resultado do Espírito tornando o coração contrito diante de Deus. Nada, exceto um coração quebrantado pode crer de modo salvífico no Senhor Jesus Cristo.

Mais uma vez, milhares estão sendo enganados, ao serem levados a supor que "aceitaram a Cristo" como seu "Salvador pessoal", sem primeiro O terem recebido como seu SENHOR. O Filho de Deus não veio aqui para salvar Seu povo nos seus pecados, mas "dos seus pecados" (Mateus 1:21). Para ser salvo dos pecados, é preciso deixar de ignorar e de tentar despistar a autoridade de Deus, é abandonar o curso de vida de acordo com a própria vontade e a satisfação pessoal, é "deixar o nosso caminho" (Isaías 55:7). É nos render à autoridade de Deus, nos entregar ao Seu domínio, e ceder a nós mesmos para que sejamos controlados por Ele. Aquele que nunca tomou o jugo de Cristo sobre si, que não busca verdadeira e diligentemente agradá-Lo em todos os detalhes da vida, e ainda supõe que está "confiado na Obra Consumada de Cristo" está iludido pelo Diabo.

No sétimo capítulo de Mateus há duas passagens que nos mostram os resultados aproximados do Evangelho de Cristo e da falsificação de Satanás. Primeiro, nos versos 13-14: "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem". Depois, nos versos 22-23: "Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos [pregamos] nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade". Sim, meu caro leitor, é possível trabalhar em nome de Cristo, ou mesmo pregar em seu nome, e também o mundo nos conhecer, e a Igreja nos conhecer, e ainda assim sermos desconhecidos ao Senhor! Quão necessário é então descobrir onde nós estamos; examinar a nós mesmos e ver se nós estamos na fé; medir a nós mesmos pela Palavra de Deus e ver se estamos sendo enganados por nosso astuto Inimigo, descobrir se estamos construindo nossa casa sobre a areia, ou se ela está erigida sobre a Rocha que é Jesus Cristo.

Que o Espírito Santo examine nossos corações, quebrante nossa vontade, destrua a nossa inimizade contra Deus, opere em nós um arrependimento profundo e verdadeiro, e fixe nosso olhar no Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

CASAMENTO GAY


Por Vincent Cheung

 

Casamento “gay”, certamente, significa casamento feliz [Nota do tradutor: no inglês, a palavra gay pode significar alegre]. Contudo, o debate que está acontecendo quase debaixo da rua de onde estou digitando esta mensagem, é sobre casamento homossexual. Talvez no futuro eu escreva sobre o homossexualismo com detalhes, seja num livro ou num artigo.

Aqui explicarei somente a direção geral do meu pensamento sobre este assunto. Até mesmo muitos cristãos que são contra o casamento homossexual, são ávidos em insistir que eles não querem discriminar os homossexuais e, portanto, eles não têm problemas com a “união civil”. Mas eu não faço esta concessão tão prontamente.

Sodomia tem sido uma ofensa criminosa em alguns Estados. Alguns de vocês provavelmente ouviram como policiais capturaram dois homens homossexuais no ato de sodomia no Texas, e lhes acusaram de sodomia. Os homens foram absolvidos porque a corte disse que a lei não deveria interferir em atos pessoais e consensuais entre adultos. Eu não estou familiarizado com os detalhes do caso, mas os detalhes não são importantes –– meu ponto é que o homossexualismo é tecnicamente ainda um crime em alguns lugares, e dizer que o homossexualismo deveria ser considerado um crime não seria inteiramente novidade.

O Antigo Testamento considera o homossexualismo não somente como uma ofensa criminosa, mas também como uma ofensa capital, merecedora de morte. Eu concordo com esta categorização e com esta punição, e há pelos menos uns poucos outros teólogos que também concordam com isto. Isto é apenas dizer que estamos de acordo com a Bíblia sobre o assunto. Assim, os cristãos não deveriam discutir tão apressadamente o casamento e a união civil entre homossexuais. O que eu quero discutir com o incrédulo é, em primeiro lugar, o porquê o homossexualismo não é um crime.

É porque ele é um ato ou um relacionamento entre dois adultos em consentimento? Primeiro, o que é um adulto? O Estado define arbitrariamente o adulto, de forma que uma pessoa de 17 anos de idade não conta. Segundo, por que o ato ou o relacionamento é permitido, se for entre adultos em consentimento? Isto é, antes de mais nada, por que a premissa é verdadeira? Terceiro, visto que todos os argumentos devem, no final das contas, escalar ao nível pressuposicional, devo perguntar finalmente se o ato ou relacionamento tem ou não o consentimento de Deus.

É porque o ato ou relacionamento não fere ninguém? Primeiro, qual é a definição de “ferir”? Se eu disser que o homossexualismo me causa nojo e tira o meu apetite, e, assim, que perco uma degustação perfeitamente deliciosa das coxas de galinha que minha esposa preparou para mim, isto não conta? Por que ou por que não? Ele me “fere” num sentido, não fere? Se ele rouba meu apetite, desperdiça o tempo da minha esposa e desaponta as coxas de galinhas que esperaram tanto tempo no forno, e tudo isto não conta como um “ferir”, então, sobre que tipo de ferir vocês estão falando? Eles devem definir e então defender a definição. Segundo, por que o ato ou o relacionamento deveria ser permitido, conquanto que ele não “fira” alguém? O que faz disto o padrão? E, este é o único padrão de moralidade, ou este é o único assunto para se determinar se o homossexualismo é certo ou errado? Por que ou por que não? Nós poderíamos continuar e continuar, mas como em qualquer outro assunto, o incrédulo não pode dar um só passo além do que lhe permitimos, visto que ele não tem justificativa para nenhum dos passos em seu processo de raciocínio.

Novamente, minha posição não é apenas que os homossexuais não devem se casar, mas que o homossexualismo é um crime, assim como o assassinato ou roubo, de forma que mesmo antes de considerar a união civil, devemos considerar o punir ou não aos homossexuais, com as possíveis punições, abrangendo desde a prisão à execução. Moralmente falando, a união civil e o casamento não deveriam nem sequer aparecer na lista de opções. Mesmo que a moralidade bíblica não requerisse castigo ou execução para o homossexualismo, certamente nenhum cristão deveria argumentar que os homossexuais têm o direito de ter união civil. Mas parece que a maioria dos cristãos não está suficientemente incomodada ou desgostosa com o homossexualismo.

Assim, por que o homossexualismo não é um crime? Por quê? Se eu permitir que a Bíblia defina o que é um crime e o que não é um crime, então, como eu posso não definir o homossexualismo como um crime? Mas, uma vez que alguém perguntar o porquê devo me submeter à definição da Bíblia, então, devemos ir além de uma confrontação sobre o homossexualismo somente, e entrar numa confrontação pressuposicional concernente às nossas diferentes cosmovisões. Assim, um debate ainda mais fundamental e produtivo poderá começar, e é um debate que podemos e devemos ganhar sempre.

Assim como em outros assuntos relacionados à apologética, os cristãos tendem a conceder muito terreno antes de traçar a linha delimitatória e permanecer firme. Assim, vigiem a si mesmos quando conversarem com incrédulos. Não conceda terreno nem permita premissas que você não tenha que conceder ou permitir. Embora as leis da nação possam não mudar para refletir o padrão bíblico, quando diz respeito a debates intelectuais sobre o assunto, não precisamos abrir mão de nada.

Vincent Cheung é o presidente da Reformation Ministries International [Ministério Reformado Internacional]. Autor de mais de vinte livros e centenas de palestras sobre uma vasta gama de tópicos na teologia, filosofia, apologética e espiritualidade.

Casamento Gay - Vincent Cheung

26/05/2008

FRASES PARA MEDITAR III


Nenhum homem tem uma cruz de veludo. John Flavel

Avivamento não é a tampa explodindo, mas o fundo caindo. Darrel Bridge

Não há melhor exercício para o coração do que abaixar-se e levantar os outros. John Andrew Holmer

Arrependimento e fé são irmãos gêmeos. Anônimo

O amor é o oxigênio do reino dos céus. Juan Carlos Ortiz

Água e religião paradas congelam mais depressa. Anõnimo

25/05/2008

MINHAS ILUSTRAÇÕES


 

No Líbano, há muitos anos atrás, construíram um hospital missionário com tudo o que existia de mais moderno. Mas apesar de haver muitos doentes naquela região, nenhum deles aparecia para submeter-se a qualquer tratamento médico. É que os inimigos do Evangelho tinham espalhado a notícia de que os doentes que entrassem ali sairiam mortos.
Certa manhã, um dos médicos viu um cachorrinho com uma perna quebrada na porta de entrada do hospital e o levou para o ambulatório, para ser socorrido. O cão foi muito bem tratado e ficou completamente curado, dias depois.
A notícia logo se espalhou na cidade, e aqueles que antes tinham se deixado influenciar pelos boatos caluniosos, começaram a pensar:

--- Ora, um médico que é tão bom para cuidar da saúde de um animal, também deve sê-lo para cuidar de nós.

Não demorou muitos dias, e os pacientes começaram a aparecer para serem tratados. O melhor de tudo, porém, é que quando saíam só falavam bem do hospital, como também dos médicos e das enfermeiras. E assim levavam uma semente do Evangelho, do trabalho dos servos de Deus, e, de quebra, a saúde restaurada.
Antes de dar alguma notícia a respeito de alguém ou de alguma coisa, no reino de Deus, veja primeiro se a história passa por estes três crivos:

1. Você tem certeza de que os fatos são verdadeiros?
2. Ainda que o sejam, será uma bênção contá-los?
3. Além do mais, é necessário que sejam divulgados?

Caso não passe por esses três crivos, nenhum comentário a respeito de alguém ou de alguma coisa jamais deverá ser feito por qualquer filho de Deus, a menos que ele queira cair na condenação do diabo, o pai da mentira, da calúnia e das difamações. O crente difamador é um servo de Deus a serviço do diabo. Não é sem motivo que a Escritura os condene severamente.
"... O difamador separa os maiores amigos". Pv 16.28.

O CHAMADO EFICAZ


Por Charles Haddoun Spurgeon

Quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa (Lucas 19:5).

Não obstante nosso firme convencimento de que vocês, em geral, estão bem instruídos nas doutrinas do Evangelho eterno, em nossas conversações com jovens convertidos nos damos conta de quão absolutamente necessário é repassar nossas primeiras lições, e afirmar e demonstrar repetidamente essas doutrinas que se encontram na base da nossa santa religião. Portanto, nossos amigos, a quem a grandiosa doutrina do chamado eficaz foi ensinada há muito tempo atrás, compreenderão que, visto que eu prego de maneira muito simples nesta manhã, o sermão está dirigido àqueles que são jovens no temor do Senhor, para que entendam melhor este grandioso ponto de partida de Deus no coração, o chamado eficaz dos homens, por meio do Espírito Santo.

Vou usar o caso de Zaqueu como uma grande ilustração da doutrina do chamado eficaz. Vocês recordarão a história. Zaqueu tinha a curiosidade de ver ao maravilhoso Homem Jesus Cristo, o qual estava colocando o mundo de cabeça para baixo, e causando uma imensa excitação nas mentes dos homens. Algumas vezes nos parece que a curiosidade não é algo bom, e afirmamos que é pecado vir à casa de Deus motivado por curiosidade; não estou muito seguro que devamos aventurar uma afirmação dessa natureza. O motivo não é pecaminoso, ainda que, certamente, não seja virtuoso; contudo, freqüentemente tem sido comprovado que a curiosidade é uma das melhores aliadas da graça.

Zaqueu, movido por este motivo, desejava ver a Cristo; porém dois obstáculos se interpunham no caminho: o primeiro, havia uma multidão tão grande de pessoas que ele não podia se aproximar do Salvador; e o segundo, ele era tão excessivamente baixo de estatura que não tinha a menor esperança de poder ver-Lhe por sobre as cabeças das outras pessoas. Que fez, então? Fez o mesmo que alguns garotos estavam fazendo --- pois os garotos daquela época eram, sem dúvida, iguais aos garotos no tempo presente --- que se empoleiraram nos ramos das árvores para ver a Jesus, enquanto Ele passava.

Embora Zaqueu fosse um homem velho, sobe numa árvore e ali se acomoda no meio dos garotos. Os meninos estavam muito temerosos deste velho publicano severo, temido também pelos próprios pais deles, para poderem derrubá-lo ao solo com um empurrão ou causar-lhe qualquer tipo de inconveniência.

Olhem-no ali. Com que ansiedade espia para baixo, para ver quem é Cristo; pois o Salvador não possuía nenhuma distinção pomposa; na frente dEle não caminhava nenhum sacristão, levando uma maça de prata; não levava em Suas mãos nenhum bastão de ouro: não estava vestido em nenhum traje de pontífice; de fato, ia vestido como todos os que Lhe rodeavam. Possuía uma túnica igual a de qualquer camponês comum, feita de uma só peça, de cima a baixo; e Zaqueu tinha dificuldade em distingui-Lo.

Contudo, antes que Zaqueu tivesse visto a Cristo, Cristo havia fixado Seus olhos em Zaqueu, e detendo-Se debaixo da árvore, Ele olha para cima, e lhe diz: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa. Zaqueu desce rapidamente; Cristo vai a sua casa; Zaqueu se converte num seguidor de Cristo, e entra no Reino dos Céus.


1.
Agora, em primeiro lugar, o chamado eficaz é uma verdade muito graciosa. Vocês podem deduzir isto do fato de que Zaqueu era um personagem que suporíamos ser o último a ser salvo. Ele pertencia a uma cidade má (Jericó), uma cidade que havia recebido uma maldição, e ninguém suspeitaria que alguém poderia sair de Jericó para ser salvo. Foi perto de Jericó que aquele homem caiu nas mãos de ladrões; confiamos que Zaqueu não participou daquele assalto; porém, há quem, além de ser publicano, pode ser ladrão também. Nós também podemos esperar convertidos de St. Giles, ou dos bairros mais baixos de Londres, dos piores e mais vis esconderijos da infâmia, assim como de Jericó naqueles dias.

Ah! meus irmãos, não importa de onde vocês tenham saído; podem vir de uma das ruas mais sujas, um dos piores bairros marginalizados de Londres, porém, se a graça eficaz vos chama, é um chamado eficaz que não faz nenhuma distinção de lugares.

Zaqueu tinha também uma ocupação extremamente má, e provavelmente enganava ao povo para se enriquecer. Na verdade, quando Cristo foi a sua casa, se desatou um murmúrio universal, pois tinha ido para ser hóspede de um homem que era um pecador. Porém, irmãos, a graça não faz distinção alguma, a graça não respeita às pessoas, mas Deus chama a quem quer, e Ele chamou a este homem, o pior dos publicanos, na pior das cidades, envolvido na pior das ocupações. Além do mais, Zaqueu era um dos candidatos menos prováveis para ser salvo, pois era rico. Na verdade, tanto os ricos como os pobres são bem-vindos; ninguém tem a menor escusa para desesperar devido a sua condição; contudo, é um fato que não são muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos os que são chamados, mas Deus escolheu os pobres deste mundo, ricos na fé. Porém, a graça não faz nenhuma distinção aqui.

Ao rico Zaqueu é ordenado que desça da árvore; e ele desce, e é salvo. Sempre penso que uma das grandes mostras de condescendência de Deus é que Ele olhe para baixo, para os homens; porém lhes direi que houve uma maior condescendência que essa, quando Cristo olhou para cima, para ver a Zaqueu. Que Deus se digne de olhar para baixo, para Suas criaturas: isso é misericórdia; porém, que Cristo Se humilhe de tal maneira que tenha que olhar para cima, para uma de Suas criaturas, isso revela uma misericórdia maior.

Ah! Muitos de vocês têm subido na árvore de suas próprias boas obras, e se empoleirado nos ramos de suas santas ações, e confiado no livre-arbítrio das pobres criaturas, ou descansado em alguma máxima mundana; contudo, Jesus Cristo eleva Seus olhos para olhar para pecadores orgulhosos, e os convida a descer. Desce, diz Ele, pois me convém ficar hoje em tua casa. Se Zaqueu tivesse sido um homem de mente humilde, sentado junto ao caminho, ou aos pés de Cristo, então, ainda assim deveríamos admirar a misericórdia de Cristo; porém, vemo-lo num lugar elevado, e Cristo olha para cima, para ele, e lhe ordena que desça.


2.
Continuando, dizemos que foi um chamado pessoal. Na árvore também estavam uns garotos, juntamente com Zaqueu, porém, não havia a menor dúvida acerca da pessoa que foi chamada. Foi Zaqueu, desce depressa. A Escritura menciona outros chamados. É dito especialmente: Porque muitos são chamados, e poucos escolhidos. Observem que esse não é o chamado eficaz ao que se referia o apóstolo, quando disse: E aos que chamou, a estes também justificou. Esse é um chamado geral que muitos homens, ou melhor, todos os homens recusam, a menos que venha acompanhado do chamado pessoal, particular, que nos faz cristãos. Vocês mesmos podem dar testemunho que foi o chamado pessoal que lhes trouxe ao Salvador. Talvez foi algum sermão que lhes conduziu a sentir que vocês eram, sem dúvida, uma das pessoas à quem era dirigido. O texto talvez foi Tu és Deus que me vê; e o ministro pôs uma ênfase especial na palavra me, de tal forma que pensaste que o olho de Deus estava posto sobre ti; e antes que terminasse o sermão, pensaste que viste a Deus abrindo os livros para te condenar, e teu coração sussurrou: Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de modo que eu não o veja? diz o SENHOR. Talvez estavas empoleirado numa janela, ou de pé, junto à multidão, no corredor; porém, tiveste a sólida convicção de que o sermão foi pregado para ti, e para ninguém mais. Deus não chama a Seu povo em multidões, mas um a um. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, lhe disse, em hebraico: Raboni (que quer dizer Mestre)!. Jesus viu a Pedro e a João pescando no lago, e lhes disse: Segue-me. Ele viu a Mateus sentado na coletoria e lhe disse: Levanta-te e segue-me, e Mateus assim o fez.

Quando o Espírito Santo vem a algum homem, a flecha de Deus penetra em seu coração: ela não arranha somente seu capacete, ou deixa um pequeno sinal em sua armadura, mas penetra por entre as juntas dos arreios e chega ao mais profundo da alma. Vocês têm sentido, queridos amigos, esse chamado pessoal? Recordam quando uma voz lhes disse: Levanta-te, Ele te chama? Podem recordar quando há algum tempo atrás disseram: Senhor meu, Deus meu? Quando vocês sabiam que o Espírito estava operando em vocês, e disseram: Senhor, eu venho a Ti, pois sei que Tu me chamas? Eu poderia chamar vocês por toda uma eternidade sem nenhum resultado, mas se Deus chama a alguém, haverá mais eficácia por meio de Seu chamado pessoal a uma pessoa do que meu chamado geral a uma multidão.


3.
Em terceiro lugar, é um chamado apressador. Zaqueu, desce depressa. O pecador, quando é chamado mediante um ministério ordinário, replica: Amanhã. Escuta um sermão poderoso e diz: Vou voltar-me para Deus em tal dia. As lágrimas rolam em sua face, porém são logo limpas. Alguma bondade aparece, porém, como a nuvem matutina, é dissipada pelo sol da tentação. Disse: Eu prometo solenemente converter-me num homem reformado daqui em diante. Depois de gozar uma vez mais de meu amado pecado, vou renunciar a meus desejos e decidir-me por Deus. Ah! esse é somente o chamado de um ministro, e não serve para nada.

Dizem que o caminho para o inferno está pavimentado com boas-intenções. Estas boas-intenções são geradas por chamados gerais. O caminho para a perdição está cheio de ramos de árvores sobre as quais os homens estavam sentados, pois freqüentemente eles arrancam os ramos das árvores, mas, eles mesmos, não descem. A palha colocada diante da porta de um enfermo amortiza o ruído das rodas das carruagens. Assim também há alguns que enchem seu caminho de promessas de arrependimento, e assim avançam mais facilmente e sem ruído à perdição.

Porém, o chamado de Deus não é um chamado para amanhã: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. A graça de Deus sempre chega com prontidão; e se vocês são atraídos por Deus, então vão correr após dEle, e não estarão falando de esperar. O amanhã não está escrito no almanaque do tempo. Amanhã está escrito no calendário de Satanás, e em nenhuma outra parte. O amanhã é uma rocha esbranquiçada pelos ossos dos marinheiros que naufragaram nela; é o farol dos destruidores, que brilha na costa, atraindo os pobres barcos a sua destruição. O amanhã é a taça na qual o néscio finge encontrar o pé do arco-íris, porém que ninguém nunca encontrou. O amanhã é a ilha flutuante de Loch Lomond, que ninguém jamais viu. O amanhã é um sonho. O amanhã é um engano. Amanhã, ah!, amanhã pode ser que abras teus olhos no inferno, no meios dos tormentos.

Aquele relógio diz: hoje; todas as coisas clamam hoje; e o Espírito Santo se une a estas coisas e diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. Pecadores, sentem agora a necessidade de buscar ao Salvador? Estão aspirando uma oração? Estão dizendo: 'Agora ou nunca! Devo ser salvo agora!'? Se estão assim, então espero que seja um chamado eficaz, pois Cristo, quando faz um chamado eficaz, diz: Zaqueu, desce depressa.

4.
Trata-se de um chamado que humilha. Zaqueu, desce depressa. Muitas vezes os ministros têm chamado os homens ao arrependimento com um chamado que os deixa orgulhosos, que os exalta em sua própria estima, e que os leva a dizer: Posso voltar-me a Deus quando quiser; e posso fazê-lo sem a influência do Espírito Santo. Eles têm sido chamados a subir, e não a descer. Deus sempre humilha a um pecador. Acaso não posso recordar quando Deus me disse para descer? Um dos primeiros passos que tive que dar foi descer imediatamente de minhas próprias obras; e oh!, que tremenda queda foi essa! Logo descansei sobre minha própria suficiência, e Cristo disse: Desce! Derrubei-te de tuas boas obras, e agora te derrubo de tua própria suficiência. Tive outra queda, e estava seguro de ter tocado o fundo, porém Cristo disse desce!, e me fez descer mais ainda, todavia, a um ponto onde eu ainda sentia que era salvável. Desce, Senhor! Desce ainda mais!. E desci até que tive que soltar todos os ramos da árvore das minhas esperanças, cheio de desespero: e então disse, eu não posso fazer nada; estou perdido.

As águas envolveram minha cabeça e fui privado da luz do dia e pensei que era um estranho no meio da nação de Israel. Desce ainda mais, senhor! Tu és demasiadamente orgulhoso para ser salvo. Então fui abatido ainda mais, até ver minha corrupção, minha maldade e minha podridão. Desce, diz Deus, quando Ele quer salvar.

Agora, pecadores orgulhosos, ser orgulhoso não lhes serve de nada, nem tampouco o se agarrar à árvores; Cristo lhes pede que desçam. Oh, tu, que moras com a águia na rocha escarpada, tens que descer de tua elevação; tu, por meio da graça, cairás, ou de outra maneira cairás um dia sob a vingança. Ele derribou do seu trono os poderosos, e exaltou os humildes.


5.
Continuando, é um chamado afetuoso. Pois me convém ficar hoje em tua casa. Vocês podem imaginar quão facilmente o rosto da multidão mudou! Eles consideravam a Cristo o mais santo e o melhor dos homens, e estavam prontos para fazê-lo rei. Porém Ele disse: Me convém ficar hoje em tua casa. Havia um pobre judeu que tinha estado dentro da casa de Zaqueu; ele tinha sido repreendido, como se diz na linguagem popular quando as pessoas são levadas ante a justiça, e este homem recordava que tipo de casa era essa de Zaqueu; ele recordava como foi levado ali, e seus conceitos dessa casa eram parecidos aos que uma mosca teria acerca de um ninho de aranhas, após ter escapado. Havia outro homem que tinha sido destituído de quase todas as suas propriedades; e a idéia que ele tinha acerca de ir à casa de Zaqueu era como entrar na cova de leões. Como, diziam eles, “este santo varão entrará nessa cova, onde nós, pobres infelizes, fomos roubados e maltratados? Já era suficientemente mal que Cristo se dirigisse a Zaqueu na árvore, porém, quão tremenda era a idéia de ir à sua casa!”.

Todos eles murmuravam, dizendo que Ele se hospedara com homem pecador. Bom, eu sei o que alguns de seus discípulos pensaram: eles pensaram que era algo muito imprudente; poderia prejudicar a Sua reputação, e ofender ao povo. Pensaram que teria podido ir à noite para ver a este homem, como Nicodemus, e dar-lhe uma audiência quando ninguém O veria; porém, reconhecer publicamente a um homem assim, era o ato mais imprudente que Ele poderia fazer.

Porém, por que Cristo fez o que fez? Porque queria fazer a Zaqueu um chamado afetuoso. “Não irei e permanecerei na entrada de sua casa, nem olharei o interior através de tua janela, mas entrarei em tua casa; essa mesma casa onde o pranto das viúvas tem chegado a teus ouvidos, sem que tu o ouvisse; vou a tua sala, onde o lamento dos órfãos nunca moveu tua compaixão; vou ali, onde tu, como um leão faminto, tens devorado a tua presa; vou ali, onde tu tens manchado a tua casa e a feito infame; vou ao lugar onde os gritos têm se elevado ao céu, arrancados das bocas de todos aqueles a quem tens oprimido; vou entrar em tua casa para te abençoar”. Oh! Quanto afeto havia nisso!

Pobre pecador, meu Senhor é um Senhor mui afetuoso. Ele quer ir à tua casa. Que tipo de casa tens? Uma casa que tens feito miserável com tuas bebedeiras? Uma casa que tem sido poluída com tua impureza? Uma casa que tem sido desonrada com tuas maldições e blasfêmias? Uma casa onde manejas negócios sujos, dos quais estarias feliz de se livrar. Cristo diz: Quero ir a tua casa. Eu conheço certas casas que uma vez foram guaridas do pecado, mas que agora Cristo vem a cada manhã; o marido e a mulher que antes discutiam e brigavam, agora dobram seus joelhos unidos em oração. Alguns dos meus ouvintes escassamente terão uma hora para comer, mas eles devem ter uma para orar e ler as Escrituras. Cristo vem a eles.

Ali onde as paredes estavam emplastadas de quadros lascivos e frívolos, agora está colocado um almanaque cristão; na cômoda há uma Bíblia; e ainda que a casa tenha somente um aposento, se um anjo entrar e Deus perguntar: O que vistes nessa casa?, o anjo responderia: “Vi bons móveis, pois há uma Bíblia ali; livros religiosos em abundância; os quadros com imundícias foram destruídos e queimados; e já não há cartas de baralho no armário desse homem; Cristo entrou em sua casa”.

Oh, que bênção que possamos ter nosso Deus em casa, assim como os romanos tinham os seus falsos deuses! Nosso Deus é o Deus da família. Ele vem para habitar com o Seu povo; Ele ama as tendas de Jacó. Agora, pobre pecador maltrapilho, tu que vives nas guaridas mais imundas de Londres, se estás me lendo hoje, Jesus te diz: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.


6.
Além do mais, não foi somente um chamado afetuoso, mas um chamado permanente também. Pois me convém ficar hoje em tua casa. Um chamado comum é mais ou menos assim: “Hoje entrarei em tua casa por uma porta, e sairei por outra”. O chamado geral que o Evangelho dá a todos os homens é um chamado que opera sobre eles durante um tempo, e depois desaparece; porém, o chamado salvador é um chamado permanente. Quando Cristo fala, não diz: Zaqueu, desce depressa, pois só vim fazer uma visita rápida; mas, me convém ficar em tua casa; venho para me sentar, e comer e beber contigo; venho me alimentar contigo; é necessário que fique hoje em tua casa. Ah!, diz alguém, é difícil dizer quantas vezes tenho ficado impressionado, senhor, tenho freqüentemente tido uma série de solenes convicções, e pensei que era realmente salvo, porém tudo se desvaneceu; como num sonho, quando alguém desperta, tudo que se sonhou desaparece, assim sucedeu comigo. Ah! Porém, pobre alma, não te desesperes. Sentes os esforços da graça todo-poderosa em teu coração, mandando-lhe que te arrependas hoje? Se tu o fazes, será um chamado permanente. Se Jesus está operando em tua alma, Ele virá e permanecerá em teu coração, e te consagrará para Ele eternamente. Ele diz: “Virei e morarei contigo para sempre. Virei e direi:

dizes tu, isso é o que necessito; necessito de um chamado permanente, algo que perdure; eu não quero uma religião que se desbote, mas uma religião de cores perduráveis”. Pois bem, Cristo faz esse tipo de chamado. Seus ministros não podem fazê-lo; porém, quando Cristo fala, Ele fala com poder, e diz: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa.


7.
Há mais uma coisa, contudo, que não posso esquecer, e é que foi um chamado necessário. Vamos ler a passagem novamente: Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa. Não era algo que poderia fazer, ou não fazer; mas era um chamado necessário. A salvação de um pecador é para Deus um assunto tão necessário, como o cumprimento de Seu pacto de que a chuva não voltará a criar um dilúvio no mundo. A salvação de cada filho comprado com o sangue é algo necessário por três razões; é necessário porque é a promessa de Deus. É necessário que os filhos de Deus sejam salvos. Alguns teólogos pensam que é muito errado colocar uma ênfase na palavra “devam”, especialmente nessa passagem que diz: “E era-lhe necessário passar por Samaria”. “Bem”, dizem eles, “era-lhe necessário passar por Samaria, pois não tinha outra alternativa, e, portanto, se viu forçado a ir por esse caminho”. Sim, senhores, nós respondemos, sem dúvida; porém, poderia ter ido por outro caminho. A providência estabeleceu que era-lhe necessário passar por Samaria, e que Samaria ficaria na rota que Ele tinha escolhido. “E era-lhe necessário passar por Samaria”.

A providência guiou aos homens para que edificassem Samaria diretamente no caminho, e a graça moveu ao Salvador para que fosse nessa direção. Não foi: “Zaqueu, desce depressa, pois poderia ficar hoje em tua casa”, mas “me convém” [NT: “é necessário”, em algumas traduções]. O Salvador sentiu uma forte necessidade. Uma necessidade tão inescapável como a morte de cada homem, uma necessidade tão rígida como a necessidade de que o sol nos ilumine de dia e a lua de noite, e uma necessidade tão grande como a de que todos os filhos de Deus comprados com sangue deverão ser salvos. “Me convém ficar hoje em tua casa”.

E oh!, quando o Senhor chega a este ponto, que deve e que quer, que coisa tão grande é esta para o pecador! Em outras ocasiões perguntávamos: “Deixá-lo-ei sequer entrar? Há um estranho à porta; está batendo agora; já bateu antes; deixá-lo-ei entrar?”. Porém, agora é: “Me convém ficar hoje em tua casa”. Não houve nenhuma chamada à porta, senão que a porta se desintegrou em pequenos átomos e Ele entrou: “Devo fazê-lo, quero fazê-lo e o farei; não me importa teus protestos, tua vileza, nem tua incredulidade; devo fazê-lo e quero fazê-lo, é necessário que fique em tua casa”.

“Ah”, diz alguém, “eu não creio que Deus me leve a crer como tu crês, ou a me tornar um cristão, de forma alguma.”. Ah!, porém se somente diz: “me convém ficar hoje em tua casa”, não poderás apresentar nenhuma resistência. Há alguns de vocês que desprezariam a própria idéia de ser um religioso hipócrita; “Como, senhor? Acaso você supõe que eu posso me converter num de seus religiosos?”. Não, meu amigo, eu não o suponho; eu o sei com toda certeza. Se Deus diz “devo fazê-lo”, não poderá haver nenhuma oposição. Quando Ele diz “devo”, assim se fará.

Vou-lhes contar uma anedota para demonstrar isto. “Um pai estava a ponto de enviar seu filho à universidade; porém, como conhecia a influência a qual estaria exposto, tinha uma profunda e ansiosa preocupação pelo bem-estar espiritual e eterno de seu filho favorito. Temendo que os princípios da fé cristã, que o pai havia se esforçado para inculcar na mente de seu filho, fossem rudemente atacados, porém também confiando na eficácia dessa palavra que é viva e poderosa, lhe comprou, sem que o filho soubesse, um elegante volume da Bíblia, e o colocou no fundo do baú.

O jovem começou sua carreira universitária. As bases de uma piedosa educação logo foram quebradas, e o jovem passou da especulação às dúvidas, e das dúvidas passou a negar a realidade da religião. Depois de se converter, em sua própria estima, em alguém mais sábio que o seu pai, descobriu um dia com grande surpresa e indignação, enquanto inspecionava seu baú, o depósito sagrado. Retirou-o dali e enquanto deliberava acerca do que faria com o livro, determinou que o usaria como papel descartável, com o qual limparia a navalha ao se barbear. De acordo com isto, cada vez que ia fazer a barba, arrancava uma página ou duas do santo livro, e as usava até que quase metade do livro já tinha sido destruído. Porém, enquanto levava a cabo este ultraje contra o livro sagrado, fixava os olhos em algum texto de vez em quando, que penetrava como a ponta aguda de uma flecha em seu coração. Ao cabo de um tempo, escutou um sermão, que lhe revelou o seu próprio caráter, e como se encontrava debaixo da ira de Deus, e se gravou em sua mente a impressão que ele tinha recebido da última página arrancada do bendito, ainda que insultado, volume. Se houvesse mundos a sua disposição, os teria dado com todo prazer, se isso lhe houvesse servido para desfazer o que havia feito. Finalmente encontrou o perdão aos pés da cruz. As folhas que tinha arrancado do volume sagrado trouxeram cura à sua alma; pois essas folhas o levaram a descansar na misericórdia de Deus, que é suficiente para o principal dos pecadores”.

Digo-lhes que não há um réprobo caminhando pelas ruas e contaminando o ar com suas blasfêmias, e nenhuma criatura quase tão depravada como o próprio Satanás, que não possa, se for um filho da vida, ser alcançado pela misericórdia. E se Deus diz: “Me convém ficar hoje em tua casa”, então, certamente o fará. Tu, meu querido ouvinte, sentes, neste exato momento, algo em tua mente que parece te dizer que resististes ao Evangelho durante muito tempo, porém que hoje já não podes resistir mais? Sei que sentes que uma mão mui forte te agarrou, e ouves uma voz que diz: “Pecador, é necessário que fique em tua casa; freqüentemente tens me desprezado, freqüentemente tens rido de mim, freqüentemente tens cuspido ao rosto da misericórdia, freqüentemente tens blasfemado do meu Nome, porém pecador, devo ficar em tua casa; ontem fechaste a porta na cara do missionário, queimaste o livro que te deu, ristes do ministro, amaldiçoastes a casa de Deus, profanastes o dia do Senhor; mas, pecador, Eu devo ficar em tua casa, e ficarei!”.

“Como, Senhor?”, respondes, “Ficar em minha casa? Ela está coberta de iniqüidade. Ficar em minha casa? Não há nem uma sala, nem uma mesa que não gritem contra mim. Ficar em minha casa? As vigas, as colunas e o piso levantariam e Te diriam que não sou digno de beijar a orla do Teu vestido. Como, Senhor? Ficar em minha casa?”. “Sim”, Ele diz, “devo fazê-lo; há uma necessidade mui poderosa; meu poderoso amor me constrange, e, quer me deixes entrar ou não, estou decidido a fazer o que quero, e tu me deixarás entrar”.

Não te surpreende isto, pobre pecador temeroso; tu, que pensavas que o dia da misericórdia já tinha passado, e que a campainha da destruição já tinha soado nos funerais de tua morte? Oh! não te surpreende isto, que Cristo não somente está te pedindo que venhas a Ele, mas que Ele mesmo está Se convidando à tua mesa, e ainda mais, quando tu quiser rejeitá-Lo, amavelmente diz: “É necessário, tenho que entrar”?

Pense somente em Cristo, caminhando após um pecador, clamando após ele, rogando ao pecador que O permita salvá-lo; e isso é exatamente o que Jesus faz com os Seus eleitos. O pecador foge dEle, porém a graça imerecida o persegue dizendo: “Pecador, vem a Cristo”; e se nossos corações estão fechados, Cristo põe Sua mão na porta, e se não O recebemos, mas O rechaçamos com frieza, Ele diz: “É necessário, devo entrar”; Ele chora sobre nós até que Suas lágrimas nos ganhem; Ele chama após nós até que Sua voz prevaleça; e finalmente, na hora que Ele determinou, entra em nosso coração, e ali mora.“Me convém ficar hoje em tua casa”, disse Jesus.

8. E agora, por último, esse chamado foi um chamado eficaz, pois vemos os frutos que produziu. A porta de Zaqueu foi aberta; sua mesa foi servida; seu coração era generoso; suas mãos foram lavadas; sua consciência foi aliviada; sua alma estava gozosa. “Senhor”, disse ele, “eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado”. E Zaqueu despoja de outra parte de seus bens.

Ah! Zaqueu, tu irás à cama esta noite sendo muitíssimo mais pobre de como o eras esta manhã (porém, infinitamente mais rico também), pobre, muito pobre, em bens deste mundo, comparado ao que tinhas quando subiste a esse sicômoro; porém mais rico (infinitamente mais rico) em tesouros celestiais. Pecador, nisto saberemos se Deus te chama: se Ele chama, será um chamado eficaz; não um chamado que tu escutas e logo esqueces. Mas um chamado que produz boas obras. Se Deus te chamou esta manhã, cairá ao chão teu cálice de bêbado, e se elevarão tuas orações; se Deus te chamou esta manhã, todas as persianas de tua loja estarão fechadas, e porás um letreiro que diz: “Esta casa está fechada no dia do Senhor, e nunca voltará a estar aberta neste dia”. Amanhã haverá esses e aqueles divertimentos mundanos, porém, se Deus te chamou, não irás. E se roubaste a alguém (e quem sabe se não há um ladrão entre os meus ouvintes?), se Deus te chama, restituirás ao roubado; abandonarás tudo para poder seguir a Deus de todo o seu coração.

Não cremos que um homem tenha se convertido, a menos que renuncie aos erros de seus caminhos; a menos que, de maneira prática, chegue ao conhecimento que o próprio Cristo é Senhor de sua consciência e que Sua lei é a sua delícia. “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”. E Zaqueu desceu depressa e O recebeu cheio de gozo. “E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se em alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado. E disse-lhe Jesus: Hoje, veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.

Agora, uma ou duas lições. Uma lição para o orgulho. Desçam, corações orgulhosos, desçam! A misericórdia corre nos vales, porém não sobe aos picos das montanhas. Desçam, desçam, espíritos altivos! “Porque ele abate os que habitam em lugares sublimes, e a cidade exaltada humilhará até ao chão, e a derribará até ao pó”. E logo a constrói outra vez. Além do mais, uma lição para ti, pobre alma desesperada: me dá gosto ver-te na casa de Deus nesta manhã; é um bom sinal. Não me importa para que vieste. Talvez ouviste que há um tipo estranho que prega aqui. Não te preocupes por isso. Tu és tão estranho quanto ele. É necessário que haja homens estranhos para que possam reunir aos outros homens estranhos.

Agora, eu tenho uma multidão de pessoas congregadas aqui; e se me permitem usar uma figura de linguagem, eu poderia compará-los a um grande montão de cinzas entremescladas com limalhas de aço. Porém, se meu sermão tem o apoio da graça divina, servirá como um tipo de imã: não atrairá às cinzas; elas ficarão onde estão; porém, terá a capacidade de atrair às limalhas de aço. Tenho ali a um Zaqueu; ali acima está uma Maria, e a um João ali embaixo, a Sara, ou a William, ou a Tomé. Ali estão (os escolhidos de Deus) as limalhas de aço no meio da congregação de cinzas, e o meu Evangelho, o Evangelho do Deus bendito, como um grandioso imã, os extrai das cinzas. Ali vem, ali vem. Por quê? Porque existiu um poder magnético entre o Evangelho e os seus corações.

Ah!, pobre pecador, vem a Jesus, crê em Seu amor, confia em Sua misericórdia. Se tu tens o desejo de vir, se estás abrindo caminho entre as cinzas para vir a Cristo, então, é porque Cristo está te chamando. Oh! todos vocês que se reconhecem como pecadores, seja homem, mulher, ou criança, sim, vocês pequeninos (porque Deus tem me dado muitos de vocês, para que sejam minha recompensa), sentem-se pecadores? Então, creiam em Jesus e serão salvos. Tu tens vindo aqui por pura curiosidade, muitos de vocês. Oh! que vocês sejam encontrados e salvos. Preocupo-me por vocês, para que não se afundem no fogo do inferno. Oh! escutem a Cristo, enquanto Ele lhes fala. Cristo diz, “desce”, nesta manhã.

Vão para casa e humilhem-se diante de Deus: vão e confessem suas iniqüidades com as quais tem pecado contra Ele; vão para casa e digam a Ele que estão na miséria e na ruína sem Sua graça soberana; e logo olhem para Ele, pois tenham a certeza que Ele olhou para vocês primeiro. Tu podes dizer: “Oh, senhor! Eu quero verdadeiramente ser salvo, porém temo que Ele não queira me salvar”. Alto lá! Alto lá! Basta! Sabes que isso é uma blasfêmia parcial? Quase. Se não fosses um ignorante, eu te diria que é uma blasfêmia parcial. Não podes olhar para Cristo antes que Ele tenha olhado para ti. Se queres ser salvo, é porque Ele pôs em ti esse desejo. Crê no Senhor Jesus Cristo, e recebe o batismo e serás salvo. Confia que o Espírito Santo esta te chamando. Jovem que estás aí em cima, tu também que estás na janela, desce depressa! Desce! Ancião que estás sentando neste banco, desce. Comerciante que estás naquele corredor, desce depressa. Dama e jovem que não conhecem a Cristo, oh, que Ele olhe para vocês. Avó anciã, escute este chamado de graça imerecida; e tu, jovem rapaz, Cristo pode estar olhando para ti (confio que Ele está) e te dizendo: “desce depressa, pois me convém ficar hoje em tua casa”.