17/03/2009

A FESTA DE BABETTE --- ONDE APRENDEMOS A SERVIR , A COMPARTILHAR E A NÃO SATANIZAR TUDO…

roses rosapbw melancia

Aproveitando meus últimos dias de férias, assisti ao filme A festa de Babette, indicado há um tempo por uma querida amiga.
No início, esperei por mais uma história de época em um país fora do grande centro cinematográfico de Hollywood, o que sempre me cativa. Mas pude viver emoções intensas e diferentes enquanto os minutos iam passando e Babette se preparava para oferecer seu banquete.
Duas filhas de um pastor protestante envelhecem seguindo a doutrina da caridade e da renúncia aos prazeres pessoais. Deixam grandes amores e realizações para trás, olhando em direção a um futuro no céu e preocupando-se em manter vivos os ensinamentos de seu pai em uma comunidade religiosa cada vez mais reduzida.
Babette é uma refugiada da guerra civil francesa que vai trabalhar para as irmãs por indicação de um antigo amigo em comum.
Há quatorze anos servindo a elas, Babette se vê beneficiada com um prêmio de loteria da França. Decide, então, oferecer um jantar francês para a congregação, por ocasião do centenário do pastor, morto há vários anos.
As irmãs concordam em aceitar a oferta, mas não imaginam o que fará Babette para a comemoração.
Ao verem sua chegada carregada de diferentes iguarias, como codornas, tartaruga, vinhos e champanhes, as irmãs reúnem a congregação para alertar os membros, a fim de que não se contaminem com um provável “banquete satânico”, ao que todos anuem.
Porém, a presença de um general à mesa faz a diferença durante o jantar. Enquanto os demais presentes se mantêm fiéis ao silêncio a respeito da comida, o general aprecia e elogia cada prato, cada bebida que é servida.
Aos poucos, os demais passam a apreciar mais aquele momento especial, esquecem antigas rixas, passam a adotar uma postura mais cordial, mais afável uns com os outros.
Após todos se despedirem, as irmãs vão agradecer a Babette pelo memorável banquete e provavelmente o último, pois agora, com o dinheiro ganho na loteria, ela certamente iria voltar a França.
Babette impressiona as irmãs ao contar que era chef de um famoso restaurante em Paris e que não iria embora, pois não havia ninguém a sua espera. Além disso, não tinha mais dinheiro.
Ela havia gasto todo seu prêmio com o jantar oferecido.
Ao longo de todo o filme, muitas são as citações bíblicas e palavras que remetem a busca pela pureza e focalização no céu, na obrigação de se servir a Deus e de não se buscar os prazeres do mundo. Porém, a atitude mais cristã apresentada foi o oferecimento de Babette, que usou todo seu dinheiro a fim de proporcionar um momento de prazer àquelas pessoas que não o tinham.
Ela parece encarnar o sacrifício de Cristo, que se doou por nós, para que pudéssemos desfrutar uma vida em abundância. Mas assim como muitos no filme, há pessoas que não conseguem enxergar as dádivas e buscam satanizar todo e qualquer prazer que se venha a ter na terra.
Assisti a esse filme com deleite, buscando lincá-lo com uma história da Bíblia que nos fala a respeito de um anfitrião que também ofereceu uma festa. Convidou várias pessoas da sociedade e todas tinham um motivo para não ir. Ao receber as respostas dos convidados, o anfitrião reenviou o mensageiro, agora, com o objetivo de convidar todos os párias, os que compareceram à festa oferecida.
Tanto no filme, quanto na passagem bíblica, a oferta de vida é feita a todos. A vida, a todo o momento, nos reserva alegrias e prazeres. Seja na primeira palavra pronunciada por um filho, num abraço fraterno de um amigo, no resultado de aprovação na escola, no sol que nasce todos os dias, num final de tarde cheio de promessas de descanso. A vida é incansável em sua tentativa de nos ver sorrir.
Recebemos todos os dias a oferta do banquete. Somos sempre convidados à mesa do Anfitrião. Cabe a nós, sempre, a decisão de participar ou não. Mas essa participação deve ser espontânea e aproveitada em cada detalhe. Sem medos, sem preconceitos, sem reprovações, somente gratidão.
À festa de Babette compareceram várias pessoas, a maioria disposta a não aproveitar aquele momento. Porém, aqueles que vinham de fora, de longe, como o general e seu cocheiro, que enquanto aguardava na cozinha, se deliciava com as iguarias ao mesmo tempo em que ajudava Babette, esses souberam reconhecer o valor de algo que era oferecido como o melhor, o tudo de alguém, e esse reconhecimento foi feito da forma mais correta possível: aproveitando e se deleitando com a oferta.
Que saibamos reconhecer os presentes de vida que todos os dias nos são dados. Que saibamos viver com o coração grato pelo que recebemos, sabendo que é o melhor que nos é oferecido.

FILME: A FESTA DE BABETTE

FONTE: BLOG DA ANE

POR: Ane de Mira

Lindo Testemunho - Fim da Vida

 menino

Todos os domingos à tarde, depois do culto da manhã na igreja, o pastor e seu filho de 11 anos saíam pela cidade e entregavam folhetos evangelísticos.

Numa tarde de domingo, quando chegou à hora do pastor e seu filho saírem pelas ruas com os folhetos, fazia muito frio lá fora e também chovia muito.

-'Ok, papai, estou pronto.'

O menino se agasalhou e disse:

-'Pronto para quê?'

E seu pai perguntou:

-'Pai, está na hora de juntarmos os nossos folhetos e sairmos. '

Disse o menino:

-'Filho, está muito frio lá fora e também está chovendo muito. '

Seu pai respondeu:

-'Mas, pai, as pessoas não vão para o inferno até mesmo em dias de chuva?'

O menino olhou para o pai surpreso e perguntou:

-'Filho, eu não vou sair nesse frio. '

Seu pai respondeu:

-'Pai, eu posso ir? Por favor!'

Triste, o menino perguntou:

-'Filho, você pode ir. Aqui estão os folhetos. Tome cuidado, filho. '

Seu pai hesitou por um momento e depois disse:

-'Obrigado, pai!'

Disse o menino:

Então ele saiu no meio daquela chuva. Este menino de onze anos caminhou pelas ruas da cidade de porta em porta entregando folhetos evangelísticos a todos que via.

Depois de caminhar por duas horas na chuva, ele estava todo molhado, mas faltava o último folheto. Ele parou na esquina e procurou por alguém para entregar o folheto, mas as ruas estavam totalmente desertas. Então ele se virou em direção à primeira casa que viu e caminhou pela calçada até a porta e tocou a campainha. Ele tocou a campainha, mas ninguém respondeu. Ele tocou de novo, mais uma vez, mas ninguém abriu a porta. Ele esperou, mas não houve resposta. Finalmente, este soldadinho de onze anos se virou para ir embora, mas algo o deteve. Mais uma vez, ele se virou para a porta, tocou a campainha e bateu na porta bem forte. Ele esperou, alguma coisa o fazia ficar ali na varanda. Ele tocou de novo e desta vez a porta se abriu bem devagar. De pé na porta estava uma senhora idosa com um olhar muito triste.

-'O que eu posso fazer por você, meu filho?'

Ela perguntou gentilmente:

Com olhos radiantes e um sorriso que iluminou o mundo dela....

-'Senhora, me perdoe se eu estou perturbando, mas eu só gostaria de dizer que JESUS A AMA MUITO e eu vim aqui para lhe entregar o meu último folheto que lhe dirá tudo sobre JESUS e seu grande AMOR. '

Disse o menino:

Então ele entregou o seu último folheto e se virou para ir embora. Ela o chamou e disse:

-'Obrigada, meu filho!!! E que Deus te abençoe!!!'

Disse a senhora:

Bem, na manhã do seguinte domingo na igreja, o Papai Pastor estava no púlpito. Quando o culto começou ele perguntou:

- 'Alguém tem um testemunho ou algo a dizer?'

Disse o pastor:

Lentamente, na última fila da igreja, uma senhora idosa se pôs de pé. Conforme ela começou a falar, um olhar glorioso transparecia em seu rosto.Bem, na manhã do seguinte domingo na igreja, o Papai Pastor estava no púlpito. Quando o culto começou ele perguntou:

- 'Ninguém me conhece nesta igreja. Eu nunca estive aqui. Vocês sabem antes do domingo passado eu não era cristã. Meu marido faleceu a algum tempo deixando-me totalmente sozinha neste mundo. No domingo passado, sendo um dia particularmente frio e chuvoso, eu tinha decidido no meu coração que eu chegaria ao fim da linha, eu não tinha mais esperança ou vontade de viver.

Então eu peguei uma corda e uma cadeira e subi as escadas para o sótão da minha casa. Eu amarrei a corda numa madeira no telhado, subi na cadeira e coloquei a outra ponta da corda em volta do meu pescoço. De pé naquela cadeira, tão só e de coração partido, eu estava a ponto de saltar, quando, de repente, o toque da campainha me assustou.

Eu pensei: -'Vou esperar um minuto e quem quer que seja irá embora. '

Eu esperei e esperei, mas a campainha era insistente; depois a pessoa que estava tocando também começou a bater bem forte. Eu pensei: -'Quem neste mundo pode ser? Ninguém toca a campainha da minha casa ou vem me visitar. '

Eu afrouxei a corda do meu pescoço e segui em direção à porta, enquanto a campainha soava cada vez mais alta.

Quando eu abri a porta e vi quem era, eu mal pude acreditar, pois na minha varanda estava o menino mais radiante e angelical que já vi em minha vida. O seu SORRISO, ah, eu nunca poderia descrevê-lo a vocês! As palavras que saíam da sua boca fizeram com que o meu coração que estava morto há muito tempo SALTASSE PARA A VIDA quando ele exclamou com voz de querubim:

-'Senhora, eu só vim aqui para dizer QUE JESUS A AMA MUITO. '

Então ele me entregou este folheto que eu agora tenho em minhas mãos. Conforme aquele anjinho desaparecia no frio e na chuva, eu fechei a porta e atenciosamente li cada palavra deste folheto. Então eu subi para o sótão para pegar a minha corda e a cadeira. Eu não iria precisar mais delas. Vocês vêem - eu agora sou uma FILHA FELIZ DO REI!!!

Já que o endereço da sua igreja estava no verso deste folheto, eu vim aqui pessoalmente para dizer OBRIGADO ao anjinho de Deus que no momento certo livrou a minha alma de uma eternidade no inferno. '

Disse a Senhora

Não havia quem não tivesse lágrimas nos olhos na igreja. E quando gritos de louvor e honra ao REI ecoaram por todo o edifício, o Papai Pastor desceu do púlpito e foi em direção a primeira fila onde o seu anjinho estava sentado. Ele tomou o seu filho nos braços e chorou copiosamente.

Provavelmente nenhuma igreja teve um momento tão glorioso como este e provavelmente este universo nunca viu um pai tão transbordante de amor e honra por causa do seu filho...

Exceto um. Este Pai também permitiu que o Seu Filho viesse a um mundo frio e tenebroso. Numa sexta-feira chamada santa, Jesus foi entregue na cruz por mim e você. Por trás daquela violenta provação, alguém estava lá, assistindo tudo. Por trás das surras e deboches, por trás das palavras cruéis e dos golpes alguém estava lá, ouvindo o coração do nosso Salvador e sentindo a sua agonia.

Ele recebeu o Seu Filho de volta com gozo indescritível, todo o céu gritou louvores e honra ao Rei, o Pai assentou o Seu Filho num trono acima de todo principado e potestade e lhe deu um nome que é acima de todo nome.

  • * Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e a tua casa. Atos 16:31.
  • * Bem aventurados são os olhos que vêem esta mensagem.
  • * Não deixe que ela se perca, leia-a de novo e passe-a adiante.

Lembre-se: a mensagem de Deus pode fazer a diferença na sua vida e de alguém próximo a você.

Escrito por Paulo Mori

FONTE: Lindo Testemunho - Fim da Vida

Pai, porque sempre estou errado?

 veinva

A difícil tarefa de ser um juiz no lar.
Os cristãos deveriam sempre ser possuidores de um sentimento preciso do certo e do errado. É verdade que muitos estão perdendo essa perspectiva de vida – afinal de contas, estamos na era da tolerância. No últimos tempos temos sido ensinados que não existem absolutos, que a nossa verdade não é, na realidade, a verdadeverdadeira. Consequentemente, temos que estar sempre procurando pela “verdade dos outros”. Observamos o surgimento de toda uma geração de cristãos diluídos e indiferentes, que não possuem convicções profundas sobre nada a não ser para a afirmação universal de que não deveríamos ter convicções.

Cresci sob um conjunto diferente de valores. Meus pais me ensinaram pela Bíblia, que existiam coisas que eram claramente certas e outras que eram igualmente erradas. Aprendi que isso se aplicava às atitudes também: algumas eram comandadas enquanto outras eram condenadas. Muitas vezes aprendendo por experiências dolorosas, verifiquei, adicionalmente, que a Bíblia também silenciava sobre algumas coisas. Nesses casos, o conceito do “certo” e do “errado” deveria ser discernido pela interpretação da época, do contexto cultural, e pela preocupação do nosso próprio testemunho, em vez de ser extraído de proposições diretas. Esses “certos” e “errados” também eram importantes, mas, considerando que tinham sido apreendidos subjetivamente, possuíam peso menor do que os direcionamentos objetivos da Palavra de Deus. Nesse caso, deveríamos sempre deixar campo para um constante e amoroso exame do ponto de vista das outras pessoas. Também aprendi a diferença existente entre trechos bíblicos históricos, descritivos, e as exortações doutrinárias, prescritivas. Assim pude me resguardar de cair em tantas armadilhas religiosas que presenciei nas vidas de algumas pessoas estranhas que, na providência de Deus, cruzaram o meu caminho.

Este sentimento, do certo e do errado, leva as pessoas a uma percepção aguçada e um amor todo especial pela justiça. Isso deveria fluir naturalmente da vida dos crentes: eles deveriam refletir, na extensão máxima possível do estágio de santificação em que se encontram, a justiça e a santidade de Deus. É impressionante que uma das características das pessoas sem Deus, ou dos apóstatas, é que eles são “infiéis nos contratos” (Rm 1.31 - Atualizada). Assim sendo, os crentes deveriam ser fiéis em seus acordos, prezar a sua palavra, odiar a mentira e amar a verdade. Eles deveriam se recusar a meramente contemplar e aceitar com calma, e com a assepsia da vida moderna, os maus-tratos, os espancamentos, os massacres daqueles que não têm para quem clamar, onde quer que isso esteja ocorrendo: quer nas ruas de São Paulo, quer nas colinas da Índia e do Paquistão, quer nas selvas da África. Os crentes deveriam se esforçar para serem exemplos e promotores da justiça, com suas ações e palavras, sem qualquer traço de orgulho, simplesmente pelo fato de que todos nós somos servos do Deus Todo-Poderoso, que é justiça. Talvez por isso sejamos chamados de “batalhadores da fé” (Judas 3), o que quer dizer que estamos envolvidos em uma constante batalha em qualquer lugar que o mal procurar se estabelecer como o padrão de conduta, contrariando os caminhos de Deus. Nunca deveríamos permitir, nas áreas colocadas por Deus sob nossa responsabilidade que a situação descrita em Isaías 5.20 venha a reocorrer. Antes, deveríamos estar fazendo coro com o profeta denunciando aqueles que “chamam o mal de bem; as trevas de luz e o doce de amargo”.

Somos chamados a demonstrar essas convicções e a defender o certo contra o errado em muitas frentes de batalha: em nossas escola, em nosso trabalho e até em nossa igreja ou nossa denominação. Ocorre que, talvez, em nenhum outro local esse dever seja mais difícil de cumprir do que no nosso próprio lar. Não estou falando dos casos onde a promoção ativa da injustiça está presente. Não estou considerando os casos de maridos que espancam as suas mulheres, que maltratam suas crianças, ou que negam a essas, o sustento material do qual necessitam. Não estou pensando sobre o abuso sexual de crianças ou sobre a exposição de material pornográfico no lar. Todas essas questões são violações claras aos padrões de Deus e sobre elas Ele abundantemente se pronunciou, em Sua Palavra. O julgamento sobrevirá sobre os violadores dos Seus mandamentos, tanto de forma temporal como eterna. A questão que estou considerando é quando nós, crentes sinceros e tementes a Deus, somos chamados a atuar como juizes no dia-a-dia do nosso lar, por membros de nossa própria família.

O tema pode parecer trivial, mas não é. A situação ocorre com mais freqüência do que nos apercebemos. Como pais e mães Deus nos colocou em uma posição de autoridade sobre nossos filhos. Nesse sentido, Ele espera que nós venhamos a ser os transmissores do conhecimento, aos nossos descendentes, sobre a Sua pessoa. Igualmente, Ele espera que venhamos a representá-lo, refletindo os Seus padrões de justiça (Deut 6.6-9; Sal 78.1-8). O abrigo e cuidado que fazem parte de nossas obrigações primárias, seguem em linhas paralelas ao sentimento de segurança e proteção que deveria estar presente na vida dos nossos filhos e filhas até que os mesmos venham a atingir a maturidade e passem a tomar suas próprias iniciativas baseadas em suas próprias convicções. Eles deveriam se sentir confortáveis e seguros em vir até nós para receber não apenas o ensino sadio, mas também para obter proteção e para a afirmação dos seus direitos. Os que procedem de um família numerosa, e até alguns de pequenas famílias, sabem muito bem que a harmonia perene é um ideal que está longe de ser alcançado, de forma contínua, no lar cristão. Existem lutas e disputas. O pecado cobra o seu pedágio e confisca a paz. Certamente somos chamados, em inúmeras ocasiões, para servir de mediador em brigas e para reatar relacionamentos feridos. Isso significa uma demanda à identificação do pecado: onde ocorreu, quem está demonstrando comportamento pecaminoso, quem tem a responsabilidade principal pelos acontecimentos, quem deve ser protegido e quem deve ser disciplinado. Raramente pensamos em nós mesmos nessa capacidade: como juízes, mas o chamado para sermos exatamente isso virá com mais freqüência do que gostaríamos que viesse. Se falharmos no tratamento dessas questões estaremos diminuindo a figura do pai ou da mãe aos olhos das crianças e estaremos prejudicando as lições que pretendemos transmitir. Independentemente das boas intenções, se a prática da paternidade não se enquadra nos padrões de Deus, as palavras pronunciadas perderão eficácia. Como alguém já disse: “o que você é soa tão alto que não posso ouvir o que você diz”.

Relacionamos abaixo algumas das razões da dificuldade no cumprimento dessa responsabilidade e porque falhamos tantas vezes como representantes de Deus e justos juízes em nossos lares:

1. O pecado não ocorre de forma isolada. Se fosse possível isolarmos rapidamente o pecado, com a possibilidade plena de identificar pecados específicos, nossa tarefa, como juízes, seria facilitada. Nesse sentido poderíamos lidar com o pecado e com o pecador de forma precisa e decisiva. Essa é uma condição muito rara, na vida real. O pecado tem a característica de se propagar rapidamente, contaminando circunstantes e circunstâncias bem além da ocorrência original. Na realidade, a Bíblia trata o pecado quase como se possuísse vida própria, utilizando termos tais como concepção e nascimento (Tiago 1.14,15). Nas ocorrências em nossos lares, a identificação de comportamento pecaminoso e a particularização deste em um único membro da família, é um exercício frustrante e, muitas vezes, impossível. Todos nós conhecemos muito bem a expressão; “foi ele quem começou!” Mas uma ação pecaminosa muitas vezes provoca uma reação pecaminosa. Nem sempre os valores cristãos e as diretrizes bíblicas têm o controle de nossas respostas antes que desabroche o pecado, especialmente na vida das crianças, com sua pouca maturidade cristã. Com freqüência vemos sobrevir um intenso remorso, logo a seguir, mas, nesse meio tempo, muito mal já pode ter sido feito. Nessas situações, perante uma situação caótica e generalizada de comportamento pecaminoso a saída mais rápida é agregar “quem começou” com “quem reagiu” e “cair matando” duramente a todos, com distribuição eqüitativa de punições. Mesmo reconhecendo que todo pecado é pecado, e todo ele é detestável a Deus, encontramos na Bíblia, uma escala de gravidade atribuída a diferentes pecados, com conseqüente diferenciação das punições aplicadas a esses. O antigo documento da igreja, a Confissão de Fé de Westminster, expressão da crença bíblica dos Presbiterianos, ao mesmo tempo em que reconhece que qualquer pecado se encontra em oposição à santidade divina e, assim, está. Sujeito à ira e julgamento de Deus (Cap. VI, Seção VI), também especifica que existe uma gradação de pecados (Perguntas 150 e 151, do Catecismo Maior). Estamos tentando desenvolver o nosso discernimento, nesse aspecto, ou estamos indiscriminadamente e uniformemente aplicando nossa própria versão distorcida de justiça?

2. Somos tardios no ouvir e rápidos no falar. Muitas vezes falamos cedo demais. Achamos que já sabemos a resposta e passamos a aplicar um “sermão”. Devíamos pensar no ouvir como uma “audiência”, no sentido jurídico do termo, ou seja, aquilo que se processa antes do julgamento. Nela o juiz ouve as questões preliminares dos casos que serão posteriormente julgados. Ela estabelece também o alicerce para que o julgamento seja bem sucedido. Ainda dentro deste item, freqüentemente deixamos de verificar que nossos filhos têm dificuldade em expressar os seus pensamentos de uma forma lógica inteligível. Nem sempre eles possuem o vocabulário exato e necessário a expressar os seus fatos e sentimentos. Alguma vezes, somos tragados pela impaciência. Muitas vezes dizemos: “Não quero ouvir nem mais uma palavra sobre este assunto!” quando o que seria necessário, na ocasião, eram exatamente aquelas palavras finais que pretendiam dizer. Muitas vezes somos a causa da frustração de nossos filhos, em suas tentativas de comunicação. Quando procedemos desta forma, passamos a julgar sem possuirmos os dados pertinentes e confundimos a aplicação de sermões de algibeira com a disciplina e orientação correta. Muitas vezes, nos encontramos falando sobre questões que não eram a origem ou o tema principal da disputa. Julgamentos severos demais, ou inteiramente errados, podem ser provocados por nossa impaciência. Esquecemo-nos de que Deus é “tardio em irar-se” e que a longanimidade (a habilidade de suportar um situação indesejável por um tempo prolongado) é um de seus atributos e fruto do Espírito (Gl 5.22) que deve estar presente em nossas vidas.

3. Em Nossa Busca Por Justiça Perdemos a Visão dos Direitos de Quem Está Certo. Esta poderia ser a posição do outro extremo. Se possuímos uma visão bíblica de nossos deveres, tememos promover injustiças. Muitas vezes, no afã de julgar corretamente, procuramos pesquisar com precisão todos os aspectos e todos os detalhes de uma questão, mas levamos essa tarefa com tanta intensidade que o lado inocente se torna culpado por pressão. “Está certo”, dizemos, “alguém fez algo contra você. Mas, possivelmente, você também fez algo de errado contra a outra pessoa que a fez reagir dessa forma”. Somos tão conscientes da universalidade do pecado que não queremos dar qualquer tipo de desculpa às nossas crianças. Semelhantemente, não queremos ser superprotetores. Essas atitudes procedem de uma compreensão correta da sociedade, em que vivemos, que desculpa os erros e pronuncia julgamentos impensados; que vê alguns como santos e outros como pecadores em função dos laços familiares e não sob os padrões de Deus. Ocorre que não temos nenhum tipo de aprovação da parte de Deus para fazer injustiça a quem está certo e para ser suave com o ofensor. Sempre me lembro do rei David – como ele corria para Deus e expunha o seu caso, suplicando a Deus que vindicasse o seu problema e que tomasse o seu lado contra os seus inimigos (Salmos 86.14-17; 140; 142.5,6; 143.1-9). Nossos filhos deveriam, igualmente, se achegarem a Deus com semelhante clamor e deveriam também esperar, de nossa parte, sabedoria suficiente para julgar corretamente, em amor. Temos que nos aperceber, sem encorajar o sentimento destrutivo de auto-justiça, que eles podem estar certos, que eles podem ter sido empurrados forçosamente a uma situação de litígio, que eles podem ter sido falsamente acusados, intimidados e oprimidos. Se não tivermos cuidado, podemos promover insegurança e transmitir às nossas crianças um sentimento permanente de incapacidade e falha – se quando surge um problema e elas se voltam a nós, sempre retrucamos que nunca estão certas, até quando elas estiverem. Algum filho seu já lhe perguntou; “Pai, por quê eu nunca estou certo?” Seus filhos têm a segurança, liberdade e conforto de se aproximarem de você e fazer uma pergunta dessas?

4. Descansamos Indevidamente no Tempo. “O tempo é o melhor remédio – ele se encarrega de resolver problemas”. Com freqüência falamos dessa forma e com isso empurramos para o lado a necessidade de uma urgente intervenção. Não existe nada que ajude melhor a injustiça do que a lenta justiça. No campo secular, a questão da lentidão dos processos judiciais, tem sido amplamente debatida, como sendo algo que causa intensa preocupação. A maioria dos criminosos, em função dessa lentidão, não são punidos rapidamente e outros, acusados falsamente, sofrem injustiça. Não existe qualquer justificativa em esperarmos que o tempo venha a consertar os problemas do nosso lar. A Bíblia não nos fornece qualquer base para a expectativa de que a inatividade, de nossa parte, venha a ser a solução de situações pecaminosas. Ela nos comanda, na realidade, até quando a atitude pecaminosa estiver presente no lado oposto, a tomar a iniciativa do contato para que o processo de correção e restauração possa ter o seu início e chegue a um término de sucesso ( Mateus 18.15-16). A disciplina tardia é tão deficiente quanto a ausência desta. Será que você está passando as suas responsabilidades ao “tempo”? Será que você está procurando o caminho mais fácil da ausência de confronto com o pecador e com o pecado, quando os preceitos de Deus demandam ação de sua parte?

Não existem passos rápidos à aquisição da sabedoria. Devemos estar sempre relembrando essas dificuldades e constantemente suplicando a Deus que Ele nos auxilie nessas horas de provação. Ao mesmo tempo, devemos ter a compreensão do mal imperceptível que podemos estar fazendo aos nossos filhos e às nossas famílias, quando deixamos de assumir o papel do juiz-no-lar, ou quando cumprimos de forma inadequada com essas responsabilidades. Com freqüência seremos nós, juízes imperfeitos, que teremos de nos achegar aos nossos queridos que prejudicamos com nossas falhas, clamando por misericórdia, dizendo “Sinto muito, me perdoe”, bem como ao nosso Perfeito Juiz, nosso Senhor Jesus Cristo, com idêntica súplica de perdão e de auxílio.

Examinando e Expondo a Palavra de Deus aos Nossos Dias:
Isaías 1:18-20 "Vinde, pois, e arrazoemos, diz o SENHOR; ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a lã. Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra. Mas, se recusardes e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse."
Atos 17:2-3 "Paulo, segundo o seu costume, foi procurá-los e, por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras, expondo e demonstrando ter sido necessário que o Cristo padecesse e ressurgisse dentre os mortos; e este, dizia ele, é o Cristo, Jesus, que eu vos anuncio."
Permissão é livremente concedida a todos que quiserem fazer uso dos estudos, artigos, palestras e sermões colocados neste site. Pedimos, tão somente, que indiquem a fonte e não modifiquem o seu conteúdo. Apreciaríamos, igualmente, a gentileza de um e-mail indicando qual o texto que está utilizando e com que finalidade (estudo pessoal, na igreja, postagem em outro site, impressão, etc.).

Por Solano Portela