12/03/2010

A manhã em que eu ouvi a voz de Deus

 

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John Piper

"Enquanto eu orava e meditava, de repente aconteceu. Deus disse, "Venha e veja o que eu fiz." Não havia a menor dúvida em minha mente de que estas eram mesmo palavras de Deus."

Deixem-me falar-lhes sobre uma experiência das mais maravilhosas que eu tive na manhã de segunda-feira, 19 de março de 2007, pouco depois das seis da manhã. Deus falou de verdade comigo. Não há nenhuma dúvida de que era Deus. Eu ouvi as palavras em minha cabeça com a mesma clareza com que a memória de uma conversa passa pela consciência. As palavras eram em inglês, mas elas tinham sobre si uma absoluta auto-autenticação da verdade. Eu estou certo sem a menor sombra de dúvida de que Deus ainda fala hoje.

Eu não conseguia dormir por alguma razão. Eu estava em Shalom House no norte de Minnesota em um retiro de casais. Eram aproximadamente cinco e trinta da manhã. Fiquei lá deitado decidindo se eu deveria me levantar ou esperar até que pegasse no sono novamente. Por Sua misericórdia, Deus me tirou da cama. Estava ainda muito escuro, mas eu consegui achar minha roupa, vesti-me, peguei minha pasta, e saí suavemente do quarto sem acordar Nöel [esposa de John Piper – N.T.]. Na sala principal lá embaixo, estava tudo absolutamente tranqüilo. Ninguém mais parecia estar acordado. Assim eu me sentei em um sofá num canto para orar.

Enquanto eu orava e meditava, de repente aconteceu. Deus disse, "Venha e veja o que eu fiz." Não havia a menor dúvida em minha mente de que estas eram mesmo palavras de Deus. Naquele mesmo instante. Naquele mesmo lugar no século vinte e um, no ano 2007, Deus estava falando comigo com autoridade absoluta e realidade auto-evidenciada. Eu parei para tentar entender a dimensão do que estava acontecendo. Havia uma doçura naquilo tudo. O tempo parecia ter pouca importância. Deus estava próximo. Ele estava me vendo. Ele tinha algo a dizer para mim. Quando Deus se aproxima, a pressa deixa de existir. O tempo pára.

Eu queria saber o que ele quis dizer com "Venha e veja". Ele me levaria a algum lugar, como fez com Paulo levando-o ao céu para ver aquilo que não pode ser descrito? Será que “ver” significava que eu teria uma visão de alguma grande obra de Deus que ninguém jamais havia visto? Não estou certo de quanto tempo decorreu entre a palavra inicial de Deus, "Venha e veja o que eu fiz", e as palavras seguintes. Não importa. Eu estava sendo envolvido no amor da comunicação pessoal com Ele. O Deus do universo estava falando comigo.

Então ele disse, tão claramente quanto qualquer palavra que alguma vez tenha entrado em minha mente: "Fiz coisas tremendas para com os filhos dos homens!". Meu coração acelerou, "Sim, Senhor! Tu és tremendo em todas as tuas obras. Sim, para com todos os homens quer eles percebam isto ou não. Sim! E agora? O que mais me mostrarás?"

As palavras vieram novamente. Tão claramente quanto antes, mas cada vez mais específicas: "Converti o mar em terra seca; atravessaram o rio a pé; ali, eles se alegraram em Mim”. De repente percebi que Deus estava me levando de volta milhares de anos no tempo, até a época em que ele secou o Mar Vermelho e o Rio Jordão. Eu estava sendo transportado na história, pela palavra dEle, até essas grandes obras. Era isso que Ele queria dizer quando disse "Venha e veja". Ele estava me conduzindo ao passado pelas Suas palavras até essas duas gloriosas obras que ele fez diante de crianças e homens. Estas eram as "coisas tremendas" a que Ele havia se referido. O próprio Deus estava narrando as poderosas obras de Deus. Ele estava fazendo isso para mim. Ele fazia isto com palavras que estavam ressoando em minha própria mente.

Então me cobriu uma maravilhosa reverência. Uma palpável paz desceu sobre mim. Este era um momento santo e um lugar santo do mundo ali no norte de Minnesota. O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz. Enquanto eu me maravilhava do Seu poder para secar o mar e o rio, ele falou novamente: "Os meus olhos vigiam as nações, não se exaltem os rebeldes."

Isso era empolgante. Era muito sério. Era quase uma repreensão. No mínimo uma advertência. Ele poderia da mesma forma ter me arrastado pelo colarinho, me erguido do chão com uma mão, e ter dito, com uma mistura incomparável de ferocidade e amor, "Nunca, nunca, nunca te exaltes a ti mesmo. Nunca te rebeles contra mim."

Eu sentei, olhando para o vazio. Minha mente estava cheia da glória universal de Deus. "Meus olhos vigiam as nações." Ele tinha dito isto para mim. Não era só que ele tinha dito. Sim, isso já seria glorioso. Mas ele tinha dito isto para mim. As próprias palavras de Deus estavam em minha cabeça. Elas estavam lá em minha cabeça da mesma maneira que as palavras que eu estou escrevendo neste momento estão na minha cabeça. Elas foram ouvidas tão claramente quanto se neste momento eu recordasse que minha esposa havia dito, "Desça para jantar assim que estiver pronto." Eu sei que aquelas são palavras da minha esposa. E eu sei que estas são palavras de Deus.

"O Deus Todo-Poderoso tinha descido e estava me dando a quietude, a abertura e a disposição de ouvir a Sua voz."

Pense nisso. Maravilhe-se com isso. Trema diante disso. O Deus cujos olhos vigiam as nações, como algumas pessoas vigiam o gado ou o mercados de ações ou locais de construção - esse Deus ainda fala no século vinte e um. Eu ouvi as próprias palavras dEle. Ele falou pessoalmente comigo.

Que efeito teve isso sobre mim? Encheu-me de um senso renovado da realidade de Deus. Assegurou-me mais profundamente de que ele age na história e no nosso tempo. Fortaleceu minha fé de que ele é por mim e cuida de mim e usará o seu poder universal para tomar conta de mim. Por que mais ele viria e me contaria essas coisas?

Aumentou meu amor pela Bíblia como a verdadeira palavra de Deus, porque foi pela Bíblia que eu ouvi estas palavras divinas, e através da Bíblia eu tenho experiências como estas quase diariamente. O próprio Deus do universo fala em cada página à minha mente – e à sua mente também. Nós ouvimos as Suas próprias palavras. Deus mesmo multiplicou as Suas obras e Seus pensamentos maravilhosos para nós; ninguém pode se comparar a ele! Eu quisera anunciá-los e deles falar, mas são mais do que se pode contar. (Salmo 40:5).

E, melhor de tudo, eles estão disponíveis a todos. Se você quiser ouvir as mesmas palavras que eu ouvi no sofá no norte de Minnesota, leia o Salmo 66:5-7. Foi ali que eu as ouvi. Quão preciosa é a Bíblia. É a própria palavra de Deus. Nela Deus fala em pleno século vinte e um. Ela é a própria voz de Deus. Por esta voz, Ele fala com verdade absoluta e força pessoal. Por esta voz, Ele revela a Sua transcendente beleza. Por esta voz, Ele revela os segredos mais profundos de nossos corações. Nenhuma voz pode em qualquer lugar e a qualquer tempo ir tão fundo ou erguer-se tão alto ou levar tão longe quanto a voz de Deus que nós ouvimos na Bíblia.

É uma grande maravilha que Deus ainda fale hoje através da Bíblia com maior força, maior glória, maior certeza, maior doçura, maior esperança, maior orientação, maior poder transformador e maior verdade cristocêntrica do que pode ser ouvida de qualquer voz em qualquer alma humana no planeta fora da Bíblia.

É por isso que fiquei triste com o artigo “My Conversation with God” (“Minha Conversa com Deus” – N.T.) na Christianity Today (Cristianismo Hoje – N.T.) deste mês. Escrito por um professor anônimo de uma "conhecida Universidade Cristã", conta a sua experiência de ouvir Deus. O que Deus disse era que ele deveria dar todos os royalties de um novo livro para pagar os estudos de um estudante necessitado. O que me deixa triste sobre o artigo não é que não é verdade ou que não aconteceu. O que me entristece é que realmente dá a impressão de que a comunicação extra-bíblica com Deus é infinitamente maravilhosa e fortalecedora da fé. O tempo todo, a supremamente gloriosa comunicação do Deus vivo que pessoalmente e poderosamente e transformadoramente explode todos os dias no coração receptivo através da Bíblia é ignorada em absoluto silêncio.

Tenho certeza que esse professor de teologia não quis dizer isso deste modo, mas o que ele disse de fato foi: "Durante anos ensinei que Deus ainda fala hoje, mas não pude testemunhar isso pessoalmente. Eu só posso fazer isso agora de forma anônima, por razões que eu espero fiquem claras" (ênfase acrescentada por Piper). Certamente ele não quer dizer o que ele parece inferir – que somente quando a pessoa ouve uma voz extra-bíblica como, "O dinheiro não é seu", você pode testemunhar pessoalmente que Deus ainda fala. Seguramente ele não pretende depreciar a voz de Deus na Bíblia que fala neste mesmo dia com poder, verdade, sabedoria, glória, alegria, esperança, maravilha e utilidade, dez mil vezes mais decisivamente que qualquer coisa que possamos ouvir fora da Bíblia.

Eu me aflijo com o que está sendo comunicado aqui. A grande necessidade de nosso tempo é que as pessoas experimentem a realidade viva de Deus ouvindo a Sua Palavra pessoalmente e de forma transformadora nas Escrituras. Algo está inacreditavelmente errado quando as palavras que nós ouvimos fora da Bíblia são mais poderosas e mais influentes para nós do que a Palavra inspirada de Deus. Clamemos com o salmista: "Inclina-me o coração aos teus testemunhos (Salmo 119:36)". "Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei (Salmo 119:18)". Que sejam iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e conheçais o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus (Efésios 1:18; 3:19). Ó Deus, não nos deixes sermos tão surdos à tua Palavra e tão indiferentes à Sua inefável excelência evidencial a ponto de celebramos coisas menores como mais emocionantes, e até mesmo considerarmos esse maravilhar-se completamente fora de lugar merecedor de ser impresso em uma revista de circulação nacional.

Ainda ouvindo a Sua voz na Bíblia,

Pastor John

Fonte: Extraído de Desiring God Ministries

Tradução: centurio

Fale conosco: mail@bomcaminho.com.

A manhã em que eu ouvi a voz de Deus

O "Eis-me aqui" é pessoal

 

Autor: Pr. Lauro Mandira

O momento histórico que a nação de Israel vivia não era dos melhores. O bom Rei Uzias havia morrido e a nação entrava numa crise política, social e religiosa. As possibilidades de um soerguimento se esgotavam, mas não a esperança do profeta Isaías. Quando tudo parecia tenebroso, ele foi ao templo para orar e acalmar o seu coração. Ali teve uma grande surpresa. Embora o trono de Israel estivesse vazio aos olhos humanos, o Rei dos Reis estava assentado num trono alto e sublime. Deus nunca se afastou da nação de Israel; ela é que se afastara do Senhor.

No templo o profeta teve uma experiência tremenda: numa visão ele viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e os serafins glorificavam a Deus dizendo “Santo, Santo, Santo”. Isaías viu a fumaça do altar dos sacrifícios encher o templo e sentiu-se ainda mais diminuído diante de tanta glória. Foi nesse momento, de tanta sensibilidade e comunhão com o Pai, que ele foi chamado e comissionado para uma grande missão.

O profeta não teve outra saída a não ser responder com todas as suas forças: Eis-me aqui.

É essa a mesma sensação que também sentimos. Quanto mais perto de Deus e mais íntima a nossa comunhão com Ele, maior a visão do mundo ao nosso redor. Mas, também, quando damos uma resposta como a de Isaías a Deus, tão pessoal, precisamos ter consciência de algumas coisas.

Eis me aqui para quê?

Já aceitamos grandes desafios de Deus. Ao longo de nossa caminhada cristã aceitamos muitos desafios; porém, muitas vezes não atentamos para a dimensão da tarefa que recebemos e, por isso, falhamos ou desanimamos.

O caso de Isaías foi diferente. Ele atendeu ao desafio de Deus, talvez sem saber a dimensão do trabalho, mas estava tão deslumbrado e fortalecido com a presença do Senhor que respondeu com disposição e fé: Eis-me aqui.

A missão dele era ir ao seu próprio povo e pregar a mensagem. Não era uma mensagem para mudança de vida, mas para confirmação da dureza do seu coração. As pessoas ouviam, mas não entendiam; viam, mas não enxergavam.

Também somos enviados para gente assim. Contudo, a nossa missão não é mudá-las, porque isso é obra do Espírito Santo, mas cumprir os propósitos de Cristo de ir ao mundo e anunciar as boas novas do Evangelho a toda criatura, “quer ouçam ou quer deixem de ouvir” (Ez 2.5). A sensação é que perdemos o nosso tempo, mas para Deus nós estamos cumprindo a missão, quer eles ouçam ou não.

Eis-me aqui por quê?

Talvez você pense que outros podem ir e fazer melhor do que você. No entanto, cada crente tem uma missão a cumprir no Reino de Deus. O seu trabalho ninguém pode fazer; é tarefa sua, seja ela pequena ou grande. O apóstolo Paulo diz que Deus “deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas e outros para pastores e doutores” (Efésios 4.11). O objetivo maior é o aperfeiçoamento dos santos, contudo a tarefa depende do desempenho de cada um dentro do propósito estabelecido por Ele.

Quantas outras funções existem na igreja hoje? Mesmo que não tenhamos nenhuma função formal, é importante saber que quando Deus nos chama tem um projeto, e nós fazemos parte dele.

Mesmo que as tarefas sejam aparentemente pesadas demais, o Deus que nos chama também nos capacita.

Se Deus está falando ao coração de um servo, é preciso responder, como fez o profeta Isaías. O privilégio da resposta é pessoal.

O momento de dizer
“Eis-me aqui”

Eu tinha apenas treze anos quando dei essa resposta a Deus. Foi o momento que Ele falou comigo claramente e começou um processo em minha vida que mudou os meus planos.

Com Isaías esse processo começou no momento que ele viu, com os olhos da fé, o Deus Todo-Poderoso.

Então, chego à conclusão de que a resposta vai depender da sensibilidade espiritual de cada um. Quando
alguém comparece diante do Pai para adorá-Lo com um coração sincero e derrama a alma aos pés do Senhor, ou quando se está disposto a ouvir e obedecer a Ele, então é possível ouvi-Lo e responder com fé: eis-me aqui.

Fonte: Revista Promotor da JMM - Junta de Missões Mundiais, campanha 2009.