22/06/2010

Graças a Deus pela testosterona? Confusão sobre masculinidade cristã

 Albert Mohler

godmen.jpg (12K) - Stine em uma conferência GodMen

A igreja cristã vive uma crise em relação aos homens. As estatísticas contam a estória. A igreja tem sido feminilizada em seu estilo e as virtudes masculinas tem sido depreciadas. O cristianismo - uma fé baseada em verdades pela qual bravos homens estavam dispostos a morrer - foi transformado em uma espiritualidade de mero sentimentalismo. Os homens estão saindo aos montes.

Em muitas igrejas protestantes liberais, os bancos estão repletos de mulheres, muitas delas de idade avançada. Os sermões são insípidos e maçantes. Ideologias feministas tomaram posse e o contexto é ideologicamente hostil ao cromossomo XY. Os homens ficam à distância e os meninos vêem que a igreja é algo que homens evitam.

Entre os evangélicos, o quadro é muitas vezes apenas ligeiramente mais saudável. Apesar de muitas (mas não todas) as linhagens ideológicas serem atenuadas ou combatidas, o clima de hostilidade às virtudes masculinas freqüentemente permanece. Mesmo entre os evangélicos, ministérios para homens muitas vezes parecem mais convites para brincar do que convites para levar a sério o desafio da masculinidade bíblica.

"A igreja tem sido feminilizada em seu estilo e as virtudes masculinas tem sido depreciadas."

Agora surge a reportagem no Los Angeles Times sobre os "GodMen" (Homens de Deus), um ministério que pretende apresentar os homens ao cristianismo rústico. No entanto, o movimento parece mais rústico do que cristão quando se trata de uma visão da masculinidade.

"Obrigado, Senhor, pela nossa testosterona!" Assim exclama Brad Stine, um tipo de "animador de auditório" que lidera o movimento GodMen. Como o times explica, "ele está aqui hoje como um evangelista, numa missão para construir um novo homem cristão - uma grosseria de cada vez."

Pois bem, eu não sei de algum homem que não seja grato pela testosterona, mas o que os homens cristãos precisam é de uma robusta e desafiadora teologia da masculinidade, não um festival profano de imaturidade adolescente. Se agradecer a Deus pela testosterona significa comportar-se como adolescentes exibicionistas, alguns homens adultos precisam dar as caras urgentemente.

O movimento está amplamente correto na sua identificação do cristianismo contemporâneo como feminilizado e feminino. O problema está na sua aparente adoção de uma distorção caricata da masculinidade como sendo a resposta.

"Que tal realmente fazer aquilo que os homens são chamados a fazer na Bíblia?"

O uso de grosserias pelo movimento GodMen pretensamente é usado para atrair os homens - mas para o quê? Os homens cantam canções sobre querer "minha testosterona elevada." Que tal realmente fazer aquilo que os homens são chamados a fazer na Bíblia?

Veja esta seção da reportagem do jornal:

Na verdade, os homens assumirem o controle é um grande tema do reavivamento GodMen. Naquela que ele espera seja a primeira de muitas dessas conferências, num armazém transformado em clube noturno no centro de Nashville, Stine pergunta aos homens: "Você está pronto para brandir sua espada e dizer, ‘OK, família, eu vou liderar vocês?' ". Ele também distribui uma lista de regras do homem de verdade destinada a sua mulher. N. º 1: "Aprenda a usar o assento da privada. Você já é uma garota crescida. Se está erguido, abaixe."

A esposa de Stine, Desiree, afirma que apóia a liderança masculina; para ela parece ser a ordem natural das coisas, ordenada por Deus. É como ela diz: "Quando a coisa aperta, eu gosto de saber que meu marido vai me defender." Mas alguns homens da conferência se metem em apuros ao estrear suas novas atitudes em casa.

Eric Miller, um operário da construção civil, admite que sua mulher não fica muito satisfeita quando ele saiu sozinho numa viagem para um acampamento alguns fins de semana depois da conferência GodMen, no último outono."Ela estava um pouco apreensiva, pois temos um bebê," ele relata. "Ela disse, 'Eu preciso da sua ajuda por aqui.' "Miller, 26 anos, recusou-se a ceder: "Eu devo ser o líder da família."

Ele tem certeza que sua mulher vai mudar de idéia assim que reconhecer que ele está moldando sua vida de acordo com a vida de Jesus, como um bom cristão deveria fazer. Só será necessária uma breve explicação, porque o Jesus que ele tem em mente é o tipo apresentado no cartaz de “procurado”: "confrontador e sarcástico quando necessário," Miller diz, e decidido a utilizar "quaisquer meios necessários para atingir seu objetivo."

"Verdadeira masculinidade está em fazer o que homens fazem, não em conversas sem fim sobre como é maravilhoso ser homem."

Esses caras são sérios? Um homem de verdade honra as mulheres - especialmente sua esposa. A verdadeira masculinidade é marcada pelo cavalheirismo e por princípios de respeito, não por grosseiras "regras para verdadeiros homens" que deveriam ser embaraçosas para todos os envolvidos.

E que dizer do homem que quer ser "o líder da família" deixando sua família de lado para tomar parte em um acampamento com “a rapazeada” quando a família precisa dele? Por acaso ele é um marido e pai ou um escoteiro?

Virilidade cristã não tem nada a ver com bater no peito e celebrar a testosterona - tem a ver com apresentar-se e fazer o que homens cristãos de verdade fazem. Verdadeira masculinidade é demonstrada no cumprimento dos papéis determinados a um homem como o de marido, pai, líder, servo, mestre, protetor e provedor. Verdadeira masculinidade está em fazer o que homens fazem, não em conversas sem fim sobre como é maravilhoso ser homem. Verdadeira masculinidade cristã é evidenciada em assumir liderança no lar e na igreja, e não em conversas fáceis e rudes sobre o uso que Jesus fazia de grosserias como quando chamou Herodes de "aquela raposa."

Em outras palavras, verdadeiros homens cristãos são aqueles que cresceram até serem homens, não aqueles que envergonham a igreja e confundem o Evangelho com exibições de mau comportamento adolescente. Esperemos que esse movimento amadureça antes que exploda.

fonte:  Graças a Deus pela testosterona? Confusão sobre masculinidade cristã