29/01/2010

O naturalista e o missionário: Charles Darwin e Robert Kalley

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Artigo extraído da revista Ultimato, nº 261, nov-dez/1999

“Em 1809 nasceram duas crianças especiais no Reino Unido; uma em Shrewsbury, na Inglaterra, e outra em Mount Florida, na Escócia. A primeira chamava-se Charles e a segunda, Robert. Este era 7 meses mais novo que aquele. Charles era filho de uma família muito culta e Robert, de uma família muito rica.

Os dois rapazes talvez nunca tenham se encontrado. Ambos, porém, foram estudar medicina na Escócia no mesmo ano, em 1825, obviamente com a mesma idade (16 anos), Charles na Universidade de Edimburgo e Robert na Universidade de Glasgow. Logo depois de formados, ambos fizeram longas viagens em navio a vela no exercício de suas profissões, Charles, como naturalista, e Robert, como médico de bordo. O primeiro embarcou no Beagle pouco antes de completar 23 anos e deu uma volta ao mundo: atravessou o Atlântico, contornou os dois lados da América do Sul, atravessou o Pacífico, passou pela Oceania, atravessou o Índico, contornou o Sul da África, atravessou outra vez o Atlântico e retornou à Inglaterra. A viagem durou quase 5 anos (dezembro de 1831 a outubro de 1836). Robert embarcou no Upton Castle com 20 anos incompletos e foi até Bombaim, na Índia. Os dois ficaram impressionados com algumas cenas chocantes que viram durante a viagem. Charles ficou chocado com a situação social dos nativos da Austrália e Nova Zelândia, transformados em escravos pelos próprios colonizadores europeus. E Robert, com as aberrações sociais da Índia. Tanto um como o outro se casaram em 1838, com 29 anos; Charles, com Emma, e Robert, com Margareth.

Não obstante tanta coincidência, os dois britânicos eram religiosamente diferentes. Depois de abandonar o curso de medicina (tinha pavor das cirurgias), Charles matriculou-se na Universidade de Cambridge para estudar a Bíblia e tornar-se clérigo (1828). Não tinha, então, a menor dúvida quanto à verdade absoluta e literal de cada verso das Escrituras Sagradas. Já Robert foi se desfazendo da bagagem religiosa recebida no lar (a família desejava muito que ele estudasse teologia e se fizesse pastor) até se tornar ateu. Passou a ter aversão e repugnância às leis do Criador, o que o deixava mais em liberdade para satisfazer todos os desejos que lhe viessem ao coração, sem temer as conseqüências e penalidades.

Aconteceu, porém, que os dois moços experimentaram mudanças religiosas na década de 1830, quando tinham vinte e poucos anos. Charles desistiu da carreira eclesiástica, formou-se em artes e tornou-se agnóstico. Robert renunciou a sua incredulidade e passou a ter profundo respeito por Deus. O que levou Charles a abandonar a fé foram as suas pesquisas científicas. O que levou Robert a abraçar a fé foi o testemunho de uma paciente muito enferma e muito pobre que enfrentava com incrível serenidade o sofrimento e a morte (1835).

A partir dessas diferentes experiências revolucionárias, Charles e Robert tornaram-se notáveis, cada um em sua área. O primeiro tornou-se cientista. O segundo tornou-se médico-missionário. O trabalho de Charles levou muita gente a desacreditar da autoridade das Sagradas Escrituras. O trabalho de Robert levou muita gente a gostar de ler a Bíblia e de praticar suas normas de fé e conduta.

Quando Robert se converteu, Charles estava ainda a bordo do Beagle. Quando Charles publicou, em 1839, o seu primeiro livro — Relatório de pesquisas em história natural e geologia dos países visitados durante a viagem ao redor do mundo no Beagle — Robert foi ordenado pastor presbiteriano [1] em Londres. Ambos estavam, então, com 30 anos.

Depois de sua longa viagem, Charles se dedicou à pesquisa e aos livros, quase todo o tempo em Down, no condado de Kent. Teve cinco filhos. Depois de sua conversão, Robert estudou teologia e se tornou missionário-médico na Ilha da Madeira (1838-46) e no Brasil (1855-76). Casado duas vezes, nunca teve filhos.

Charles morreu em abril de 1882 com a idade de 73 anos. Robert morreu 6 anos depois, em janeiro de 1888, com 79. O primeiro está sepultado na Abadia de Westminster, em Londres, e o segundo, no modesto Dean Cemitery, em Edimburgo.

O nome completo do naturalista é Charles Darwin. O nome completo do missionário-médico é Robert Reid Kalley. O primeiro é mais conhecido por sua teoria da evolução, que causou uma revolução na ciência biológica, mediante a publicação de seu mais importante livro Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural, há 140 anos. O segundo é mais conhecido por ser o primeiro missionário protestante a se radicar no Brasil, dando origem a duas denominações brasileiras: Igreja Evangélica Congregacional do Brasil [2] e Igreja Cristã Evangélica do Brasil.

Segundo o testemunho do Duque de Argyle, Charles Darwin nunca se livrou de certos conflitos íntimos, mesmo com a leitura da Bíblia e as orações da esposa, que era cristã”.

Posts relacionados: - Charles Darwin se converteu? - A propósito dos  200 anos de Robert Kalley

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[1] Kalley, apesar de ser membro da Igreja da Escócia (Presbiteriana), não foi ordenado pastor presbiteriano. Ele foi ordenado por um grupo de pastores de diferentes denominações em Londres a fim de poder exercer plenamente o ministério que já vinha realizando na ilha da Madeira (Portugal). Sua ordenação por parte desses pastores o deixaram sem vínculos denominacionais.

[2] O nome correto da denominação é União das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil

CategoriasOutros Tags:Charles, criação, criacionismo, Cristianismo, Darwin, Deus fé, evolução, evolucionismo, igreja congregacional, Kalley, missionário, Reid, RobertFONTE:  O naturalista e o missionário: Charles Darwin e Robert Kalley « Anderson Paz

A MENINA E O MAR

 

Conta uma lenda que, muito antigamente, no tempo quando nem existia televisão ainda. Quando viajar era de trem e para poucos, e a vida era ganha com muita dificuldade. Era um tempo onde as crianças brincavam de jogar bola de gude nas calçadas de barro, empinar pipa e pique-pega. A vida passava tão lentamente que crescer durava uma eternidade. Telefone e farmácia se escrevia com "ph" e para ligar para uma pessoa, em outra cidade, era preciso pedir à telefonista, que se conhecia pelo nome, para completar a chamada.
Havia uma pequena menina que morava no interior, numa cidadezinha cujo nome, até hoje, nem consta nos mapas. Um lugar no meio do nada, longe de tudo, na verdade, chamar de "cidade" poderia ser considerado um exagero. Estava mais para um pedaço de estrada, com um pequeno conglomerado de casas humildes que eram utilizadas como armazéns, bares e uma pequena pousada para quem passava por ali de viagem. Mas tudo bem. Deixa como está! Vamos chamar de cidade assim mesmo.
Esta menina observava os viajantes chegarem à sua casa e falar sobre os lugares por onde passavam, contavam histórias da cidade grande, mas havia algo que sempre a deixou intrigada. Eles falavam de uma coisa chamada "mar". Para uma menina acostumada com a poeira da estrada de chão e a sequidão do sertão, onde água, quando tinha, só na torneira ou na bica. Tentar conceber a imagem de um lugar cheio de água que cobria todo o horizonte, até onde os olhos podiam alcançar, era um misto de curiosidade, incredulidade e temor.
Aos poucos, dentro daquele pequeno universo, a pequena menina foi crescendo. Um dia brincar de boneca já não era tão interessante e a vida naquele bucólico vilarejo ficava chata demais com o passar dos dias. Seu único desejo era poder sair daquele lugar para conhecer o tal do mar. Ela sempre ouviu falar sobre o barulho que ele fazia quando quebrava suas ondas nas rochas, de como conseguia engolir embarcações gigantescas e até mesmo o sol todos os dias. Ela ouvia histórias dos tesouros que o mar escondia e dos peixes que poderiam ser maiores do que a sua própria casa. A menina ficava curiosa, tentando imaginar como as pessoas conseguiam atravessar de um país para outro através das suas águas. Era uma imagem grande demais para sua pequena mente alcançar, mas mesmo assim ela se apaixonava cada vez mais por aquele sentimento. Chegava até sonhar com o que poderia ser o mar ou, pelo menos, com o que ela achava que seria o mar.
Seu aniversário de 15 anos se aproximava e ela pediu ao pai para não fazer festa. Queria uma viagem de presente. Naquela época, uma moça fazer 15 anos, era um acontecimento com porte de desfile de feriado nacional com honras militares. Mas ela estava disposta a abrir mão daquele momento tão esperado por sua família, para realizar o grande sonho de sua vida. Conhecer o mar.
O pai não teve outra escolha, a não ser cumprir o desejo da filha. Afinal eles nunca haviam viajado para tão longe juntos, e era justo realizar o único pedido da pequena filha que estava virando moça.
Viagem preparada, passagens compradas no guichê da estação de trem. Teve até bandinha para se despedir da menina no dia do seu aniversário. Era uma longa jornada até chegar no litoral, mas a menina nem prestava atenção nas paisagens que iam aparecendo na janela do trem.
— Pai, você já viu o mar?
Perguntava a menina, tentado tirar o máximo de informações do pai para construir sua própria imagem do mar. E ele tentava descrever como podia, hora rindo, hora impaciente com a quantidade de perguntas sobre o mar.
A viagem levaria uns dois dias, mas ela não se importava, valia o sacrifício para ter o sonho realizado.
Chegando o grande dia, já estavam se aproximando do litoral. A menina eufórica nem quis passar no hotel, foi primeiro para a praia. A primeira lágrima escorreu dos olhos dela. Era lindo o que via, nada do que ela imaginou era tão grande e estonteante como o que ela estava vendo e presenciando naquele momento.
— Pai, eu posso chegar perto dele?
Perguntou a menina, ao pai, sem conseguir segurar as lágrimas misturadas com o sorriso mais radiante que ele já tinha visto nela. Antes que ele respondesse, ela já corria pela areia da praia tirando os sapatos.
Ela só queria chegar perto o suficiente para descobrir se a água era tão salgada e gelada quanto falavam. Ela já começava a sentir a areia molhada na sola dos pés e de repente, a euforia se misturou com um medo que ela nunca havia sentido antes. Todas as histórias que ela já tinha ouvido sobre o mar, até então, começaram a vir à sua mente ao mesmo tempo. A violência do barulho das ondas quebrando na areia a segurou por um momento até que, calmamente, a sobra de água de uma onda avançou pela areia e cobriu seus pés lentamente. Ela levou um susto, quis fugir, mas aqueles poucos segundos se eternizaram e a paralisaram enquanto a água escorria novamente para o mar fazendo cócegas na sola dos pés da menina.
O medo aos poucos se transformou em confiança e a menina tentou chegar mais perto do mar e o mar também se aproximava dela com ondas cada vez mais fortes. Ela teria que escolher entre não provar o mar ou molhar o único vestido que tinha ganho de aniversário. Até que, sem esperar, de repente, uma grande onda a cobriu e a molhou por completo. Pronto, já não havia mais o que escolher, a surpresa da onda a fez se entregar por definitivo àquela nova experiência.
A menina finalmente encontrou o mar e o mar a encontrou também.
Em nossas vidas também é assim: Nos relacionamos com Deus da mesma forma que esta menina se relacionava com o mar. Vivemos na sequidão e expectativa de encontrar um Deus que, às vezes, só conhecemos de ouvir falar. Ouvimos o testemunho de terceiros sobre suas experiências com a regeneração, cura e perdão experimentados em Deus. Nada do que imaginamos pode chegar perto do que Ele realmente é e significa mas, muitas vezes, quando temos a oportunidade de prová-lo e conhecê-lo de fato, temos medo de molhar nossa aparência. Perdemos, então, a oportunidade de vivenciar este poder de Deus em nossas vidas. Para experimentá-Lo precisamos nos envolver profundamente.
Conhecer Deus por inteiro é a maior experiência que alguém pode desejar e alcançar em toda a sua vida. Nada se compara ao seu poder e glória, nenhum oceano consegue ser maior ou mais profundo que o amor e perdão nEle encontrados para cada um de nós.
Buscá-lo, pode ser uma longa jornada, mas quando nos encontramos com a plenitude de Sua Glória não conseguimos deixar de tocá-lo ou ser tocados por Ele. Quando encontramos Deus, ao mesmo tempo somos achados por Ele. Algumas vezes somos pegos de surpresa por Deus e depois disto não há mais como voltar atrás.
Um dia, até mesmo o mar se rendeu à Palavra Viva de seu Criador. Quem tem poder para criar e dar ordens ao mar, tem poder para trazer abundância de água a qualquer deserto. Mais que o mar, quem o criou deseja transformar a sequidão do pecado e da morte em abundância de água viva de graça e misericórdia. Permita, hoje, que a onda do amor de Deus inunde sua alma e lhe traga vida.
O Deus que pairava sobre as águas te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!
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Postado por Pablo Massolar às 10:25 3 comentários

FONTE:  onfeitaria Cristã