07/03/2009

A IGREJA PERFEITINHA…

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Há muitos anos um grande amigo me emprestou um livro que me abençoou muito e que continuo voltando para suas palavras de tempos em tempos em minha jornada pastoral, buscando servir a Deus e Sua Igreja. Trata-se de Comunidade: Lugar do Perdão e da Festa. Abaixo estão algumas linhas onde Jean Vanier fala sobre a busca da comunidade ideal, perfeita.

Não devemos ir em busca da comunidade ideal. Trata-se de amar aqueles que Deus pôs ao nosso lado, hoje. Eles são o sinal da presença de Deus entre nós.
Talvez preferíssemos pessoas diferentes, mais alegres e mais inteligentes. Mas são estas que Deus nos deu e que escolheu para nós. É com elas que devemos criar a unidade e viver a aliança. Escolhemos sempre nossos amigos, mas não escolhemos nossos irmãos e irmãs: eles nos são dados. Assim é na comunidade.
Fico cada vez mais impressionado ao ver pessoas insatisfeitas na comunidade. Quando vivem em comunidades pequenas, gostariam de comunidades grandes, nas quais se é mais ajudado, há mais atividades comunitárias, onde se celebram liturgias mais belas e mais bem preparadas. Quando vivem em comunidades grandes, sonham com as pequenas, que lhes parecem ideais. Os que têm muito trabalho sonham com longos momentos de oração; os que têm muito tempo para si mesmos, parece que se aborrecem. Então, procuram desesperadamente uma atividade que dê sentido à própria vida.
Não é verdade que todos nós sonhamos com essa comunidade ideal, perfeita, em que estaríamos plenamente em paz, em perfeita harmonia, tendo encontrado o equilíbrio entre exterioridade e interioridade, na qual tudo seria alegria?
É difícil fazer com que as pessoas compreendam que o ideal não existe, que o equilíbrio pessoal e essa harmonia sonhada só chegam depois de anos e anos de luta e sofrimento, e que, mesmo assim, são passageiros, são apenas momentos de graça e de paz.
Não percam tempo buscando a comunidade perfeita. Vivam plenamente na sua comunidade, hoje. Parem de ver os defeitos que ela tem; olhem antes para os seus próprios defeitos e saibam que vocês são perdoados e que podem, por sua vez, perdoar os outros e entrar, hoje, nesta conversão do amor.

Será que não deveríamos pensar a ekklesia da mesma maneira que o texto acima? Não seria uma contradição buscar uma igreja perfeita quando estamos anunciando que a igreja é o lugar onde é proibido a entrada de pessoas perfeitas (usando as palavras do livro de John Burke)? Igreja são pessoas; se pessoas são imperfeitas, como podemos esperar que a igreja seja perfeita? Será que não estamos usando de desculpas para encobrir nosso ego e fugir da realidade que o problema verdadeiro pode estar dentro nós? Nós somos a comunidade, nós somos a igreja; será que os defeitos que enxergamos não são, na realidade, um reflexo de nós mesmos?

O fato é que precisamos desesperadamente aprender a amar…

Rev. Baggio

Fonte: Blog do revBaggio

SOBRE CARISMAS, NOVENAS, CAMPANHAS E… MISTIFICAÇÕES

woman 


É preciso desenvolver todo esse lado da beleza dos carismas, da graça, dos dons; estarmos abertos para isso, praticarmos isso. Mas sem prescindirmos do intelecto: um carismatismo pensante, um carismatismo inteligente.
O nosso problema é que alguns dos nossos carismatismos são burros.
É preciso praticar um carismatismo que pense, que não anule o raciocínio, e que não beire o misticismo. Que não seja mágico, que não seja supersticioso, que não seja da mantra.
Por exemplo, o Salmo 91 virou uma mantra no nosso meio: é um salmo mágico. É melhor do que o 143, é melhor do que o 145. Demônio, basta abrir a Bíblia no salmo 91 e ele foge. Todo mundo deixa aberto na sala de estar - porque demônio se afugenta do salmo 91. Alguns até colocam a Bíblia aberta debaixo do travesseiro para dormirem melhor - é um ‘calmante editorial’.
Isso é mágica! Não há nenhuma diferença entre fazer isso e botar palhinha atrás da porta quando chove, cobrir espelho e jogar pingo de vela em bacia com água, para ver se forma o nome do noivo.
Quantas igrejas evangélicas, hoje em dia têm novena? Há muitas! E é uma estratégia para ganhar dinheiro, não é para curar ninguém não. É porque o indivíduo só é curado quando vai nove [ou sete] vezes; cada vez que ele vai, deixa uma ofertinha…
Enfim, é preciso tomar cuidado para que o nosso carismatismo não se transforme num misticismo mágico, muito parecido com o catolicismo popular, contra o qual nos insurgimos.

ESCRITO PELO REV. CAIO FÁBIO

FONTE: Blog do revBaggio