30/01/2009

AMAI O PRÓXIMO LEITOR COMO A TI MESMO

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Fé e MBA para não deixar nenhum brasileiro sem o Verbo
Em 26 de novembro, Daniel Zimmermann recebeu uma missão divina e, como tal, árdua e hercúlea. O funcionário da filial curitibana da Sociedade Bíblica do Brasil, a SBB, deveria largar tudo, carregar uma caminhonete com Bíblias antigas, novas e Testamentos afins, e tomar a BR-476 rumo ao norte de Santa Catarina. Uma viagem como qualquer outra, não fosse o fato de que, há dias, a região vinha sendo castigada por um dilúvio.
Nas cidades inundadas de Blumenau, Timbó, Gaspar, Indaial e Jaraguá do Sul, Zimmermann realizou o que sua organização chama de Ação Social para Situações Emergenciais – ou seja, “distribuir materiais bíblicos a vítimas de calamidades”. O secretário de Comunicação e Ação Social da SBB, Erní Seibert, explicou a primazia do Verbo sobre os antibióticos: “Eles tinham comida, tinham roupa, tinham remédio. Trouxemos o que estava faltando: esperança.”
Ecumênica e sem fins lucrativos, a Sociedade Bíblica Brasileira foi criada no Rio de Janeiro, em 1948, para “traduzir, produzir e distribuir a Bíblia, um bem de valor inestimável, que deve ser disponibilizado a todas as pessoas a preço e linguagem acessíveis”. A organização integra um grupo de 147 entidades assemelhadas, as Sociedades Bíblicas Unidas, cujo modelo inspirador é Mary Jones, uma menina galesa que, em 1800, depois de economizar por seis anos o seu pouco dinheiro, percorreu descalça 40 quilômetros para comprar uma Bíblia. Para que nenhum brasileiro precisasse fazer o mesmo, a SBB se pôs em marcha.
A Sociedade possui o maior parque gráfico de escrituras sagradas do mundo – a Gráfica da Bíblia, em Barueri, e a Encadernadora da Bíblia, em Santana do Parnaíba (ambos municípios da Grande São Paulo). Por ano, são 5 milhões e meio de livros distribuídos no Brasil e outros 2 milhões e meio exportados, em línguas que incluem o árabe, espanhol, francês, grego, inglês, latim e inúmeros idiomas africanos. É um “case de sucesso”, como se diz em marketing, um exemplo de ecumenismo e liberalidade em relação aos trendsetters, no caso, padres e pastores.
Desde sua fundação, a Sociedade Bíblica mantém um diálogo vigoroso com todas as ramificações da cristandade brasileira, tendo porta aberta em qualquer templo ou igreja. “Não há restrição para quem quiser fazer parte da nossa diretoria, basta ser cristão”, afirma Seibert. A sede da entidade, vizinha à gráfica em Barueri, reflete o princípio inclusivo: as paredes são nuas, sem imagens, santos ou mesmo crucifixos. “Nosso objetivo é ser a neutralidade”, explica o secretário de Comunicação.
Singrando céus pacíficos, a SBB consegue avançar sem incorrer nas tardanças de eventuais atritos teológicos. Em 2000, lançou a Bíblia com “Nova Tradução na Linguagem de Hoje”, conhecida no meio como NTLH. Foi elaborada por uma comissão de tradutores e teólogos preocupados em trazer a Palavra do Senhor para perto do idioma brasileiro. “Filho pródigo” transformou-se em “filho perdido”; “Não matarás”, em “Não mate”; e o basilar “Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem” em “Pai, perdoa essa gente! Eles não sabem o que estão fazendo”. No começo, muitos desdenharam, mas pouco a pouco a novidade foi sendo adotada pelas igrejas neopentecostais, e chegou a gerar um spin-off católico, a Bíblia Fácil. Hoje, a edição NTLH é aquela cujas vendas mais crescem.
Vencida a batalha da língua, passou-se à segmentação. “Antigamente, se dizia que Bíblia podia ter capa de qualquer cor, desde que fosse preta”, diz Seibert, chistoso. “E o pior é que não vendia mesmo, nem as de cor vinho.” Velhos tempos. Hoje, entre a tradução erudita e tradicional de João Ferreira de Almeida (“revista e corrigida” ou “revista e atualizada”) e a NTLH, pólos opostos da imensa gama de Sagradas Escrituras oferecidas pela Sociedade, existem edições econômicas, populares, de estudo, para jovens, crianças, para a família, para o adolescente e para a adolescente, impressas em letras grandes, letras gigantes, letras gigantes com as palavras de Jesus em vermelho, com ou sem tabela de pesos, moedas e medidas, mapas em preto-e-branco, mapas coloridos, índice digital, com capas fechadas a zíper ou velcro, brilhantes ou opacas, de camurça bege, camurça marrom, couro ou couro sintético. A Bíblia da Mulher vem em dois tons de rosa diferentes e a Bíblia das Descobertas, para crianças, não sonega as profecias apocalípticas de são João, mas as faz conviver com passatempos e desenhos de grande mansidão.
Seibert é gaúcho, pastor luterano, doutor em teologia, com MBA em marketing pela Universidade de São Paulo. Não se tem notícia de eventuais dotes mediúnicos de Max Weber, mas é difícil não pensar que o sociólogo alemão tinha Seibert em mente quando juntou, na mesma frase, a ética protestante e o espírito do capitalismo.

FONTE:PavaBlog

29/01/2009

A HISTÓRIA DO BEIJO E AS RELIGIÕES

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Por:  João Flávio Martinez

Introdução

O primeiro beijo dado foi o sutil Sopro Vital do Criador; que com amor, através da Respiração Divina, nos deu o Sublime Beijo criando nossas almas e nossas vidas (Gn. 2:7).
Na Suméria (região da antiga Mesopotâmia, hoje Ásia), as pessoas costumavam enviar beijos para os céus, endereçados aos deuses. Na Antigüidade, o beijo materno, de mãe para filho, era bem comum. Entre gregos e romanos, era observado entre todos os membros de uma família e entre amigos bastante íntimos ou entre guerreiros no retorno de um combate, muitas vezes, com conotação erótica. Os gregos, aliás, adoravam beijar. No entanto foram os romanos que o difundiram. Para explanar sobre o beijo, o latim tem três palavras distintas: osculum, beijo na face; basium, beijo na boca; e saevium, beijo leve e com ternura. Beijo na boca, entre cidadãos da mesma classe social, era uma saudação praticada pelos persas. Heródoto, no século 5 a.C., listou todos os tipos de beijos e seus significados entre persas e árabes.
Na Idade Média, séculos 12 e 13, a saudação entre religiosos cristãos tornou-se o beijo de paz, que simbolizava a caridade e unia os cristãos durante a missa. O beijo de paz também era utilizado pela Igreja nas cerimônias de ordenação, na recepção de noviços, na missa etc. Neste mesmo período da história, a Igreja Católica proibiu o beijo caso este tivesse alguma conotação libidinosa. O beijo, afirmavam os religiosos, não tinha de ter ligação com o prazer sexual. Os fiéis passaram a beijar o osculatório e somente os clérigos mantiveram o costume do beijo nos lábios para as cerimônias.
O beijo na boca passou também a representar uma espécie de contrato entre o senhor feudal e o seu vassalo. Era algo como "dou minha palavra". Os burgueses adotaram o beijo na face como sinal de saudação; os nobres usavam o beijo na boca para o mesmo fim.
Somente no século 17 que os homens deram fim ao beijo na boca, o substituíram, então, pelo abraço cerimonial. Paralelamente, os religiosos substituíram o beijo na boca pelo beijo nos pés, o beijo nas mãos, chegando ao aperto de mão e ao abraço da paz.
No século 19, o surgimento do Romantismo, que dava ênfase ao individualismo, lirismo, sensibilidade e fantasias, com o predomínio da poesia sobre a razão, favoreceu aos ardentes romances e tórridas paixões. Conseqüentemente, os beijos ganharam tremendo espaço e popularidade. Com o feminismo, a mulher, muito mais liberada, não tem mais vergonha de expor seus desejos. A literatura oriunda desta época, os filmes produzidos em Hollywood (quem não se lembra da cena protagonizada por Vivian Leigh e Clark Gable em "...E o Vento Levou"?, mudou hábitos tradicionais de vários povos. Entre os negros, amarelos, povos árabes e indianos, entre os quais o beijo não fazia parte dos costumes. (Adaptado do site: http://www.an.com.br/2001/abr/12/0ane.htm)

Uma Abordagem Teológica do Beijo:
Segundo a Bíblia:
Modo de saudação usado no Oriente desde os tempos patriarcais (século XVIII a.C.), entre pessoas do mesmo sexo, e em casos especiais, entre pessoas de sexo diferentes. Os pais e as mães beijavam os filhos e pessoas da mesma família, cf. Gênesis 31:28 e 55; 48:10; II Livro de Samuel 14:33. Os filhos beijavam os pais; cf. Gênesis 27:26. Irmãos e irmãs beijavam-se mutuamente – cf. Cantares 8:1. Do mesmo modo faziam outros membros da família; Gênesis 29:11. Amigos e camaradas beijavam-se reciprocamente – cf. I Livro de Samuel 20:41. Nos tempos de Jesus Cristo, os convidados a um banquete eram beijados à entrada da casa – cf. Lucas 7:45. Era assim que os antigos cristãos se saudavam – cf. Romanos 16:16, como símbolo de fraternidade cristã. O beijo parecia não ter conotação maliciosa e era encarado como um cumprimento corriqueiro entre as pessoas e uma expressão de amor fraternal. O beijo de Judas, o beijo da traição, tornou-se tanto mais vil e odioso devido ao fato de um ato de amor fraternal ter sido usado como ato de deslealdade – cf. Mateus 26:49. O beijo era um sinal de respeito, beijavam-se os pés dos reis em sinal de grande honra, ou de humildade e sujeição – cf. Salmos 2:12. A mesma idéia se ligava aos idólatras que beijavam seus ídolos – cf. I Livro de Reis 19:18. Era uso atirar beijos com a mão depois de haver beijado – cf. Jó 31:27. (Adaptado do Dicionário Bíblico de J. Davis, Editora Juerp, 15ª Edição de 1989).

O Beijo na Concepção Islâmica:

O comentário que se segue foi feito pelo líder islâmico Samir El-Hayek tradutor do Alcorão para o português. Ele comenta sobre o beijo:
“Nós muçulmanos nos beijamos. Beijamos nossos amigos e irmãos... Não na Boca! Nem a própria mulher a gente costuma beijar na boca. Beijamos no rosto, na testa. É a nossa cultura. O beijo na boca é invenção do cinema hollywoodiano, que continua ganhando muito dinheiro com isso”.

Adaptado do site:
www.pucsp.br/rever/rv2_2002/i_rodvan.htm ).

O Beijo na Concepção Católica:

Bem, como já vimos acima, o beijo amoroso foi proibido pela Igreja Católica na Idade Média e em nossas pesquisas não conseguimos a informação se esse decreto foi extinto ou não. Entretanto, a Igreja Católica Romana tem no beijo uma maneira de referência e adoração; beijam-se as imagens e abascantos, beija-se a mão do clérigo, o padre beija o altar, o Papa por várias vezes beijou o solo onde foi peregrinar, beija-se após fazer o sinal da cruz, beija-se o irmão de fé em sinal de amor cristão... Enfim, poderíamos dizer que o beijo compõe o culto e os rituais do catolicismo.

O Beijo nas religiões Orientais:

Para as religiões Orientais, o beijo é um ato muito íntimo, jamais realizado em público. É algo reservado e que dificilmente será motivo de vexatório.

O Beijo na Ótica Protestante Evangélica:

A Bíblia mostra que os irmãos se saudavam com um beijo no rosto em sinal de cordialidade e cumprimento (Rm.16:16). Era um costume da época, como o nosso hoje, de saudar uns aos outros com um aperto de mão. O ósculo não é colocado como uma doutrina ou ensinamento, mas apenas como um gesto de cordialidade que deveria e deve haver entre os irmãos. Em nossas igrejas o povo é livre para saudar, não frisamos o ósculo pelo fato da inconveniência. A Bíblia nos ensina a evitar a aparência do mal (I Ts.5:22). Na nossa sociedade, homem beijando homem é um tanto desconfortável, sendo considerada uma prática libidinosa. Não queremos causar escândalos a ninguém (Rm.14:13) e por isso evitamos a prática do ósculo. O beijo no culto evangélico não é usado como no caso do catolicismo.
No casamento, na intimidade do casal evangélico, não há restrição no ato do beijo na boca. Entretanto, no caso do namoro, todo cuidado se faz necessário, pois a fornicação é um pecado segundo a Bíblia (Ap. 21:8). O beijo caloroso demais entre o casal de namorados pode sair da esfera de carinho e se tornar carícia, por isso a necessidade de se ter os devidos cuidados. No meio evangélico, geralmente, existe um conselheiro que acompanha o casal de namorados e fornecendo-lhes as devidas orientações e precauções que devem ser aplicadas no dia a dia.

FONTE: MinistérioCACP - A História do Beijo e as Religiões

A RELEVÂNCIA DOS CREDOS HISTÓRICOS

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Por:  João Flávio Martinez

Por que um artigo dessa natureza? Se o leitor for a uma livraria procurar algo a respeito do assunto em nossa língua, provavelmente não irá encontrar muita coisa. É incomum achar essa matéria na literatura evangélica, mesmo em inglês. Essa é, em parte, a razão deste artigo. Contudo, não é a única, como se poderá observar no decorrer destas notas.
Em tempos de tanta confusão teológica por que passa a igreja cristã neste final do século XX, não é aconselhável professar o cristianismo sem afirmar com clareza aquilo em que se crê. A igreja de Cristo sempre foi uma igreja confessante, porque a genuinidade da nossa fé tem que ser evidenciada naquilo em que cremos e confessamos. Temos que ter a ousadia de afirmar clara e abertamente e, de preferência, de forma escrita, as coisas em que cremos. Reconheço que vivemos numa era que rejeita a noção credal ou confessional, mas esta posição tem que ser repensada. Tantas são as heresias e as tentativas de assalto à fé genuína que tornam-se necessárias a formulação e a confissão daquilo em que cremos, para que a igreja, na sua inteireza, não venha a ficar perdida, lançada de um lado para outro por quaisquer ventos de doutrina.
Em todas as épocas os crentes foram chamados a expressar a sua fé de uma forma confessional. É importante nos lembrarmos de que não é necessária a adesão a um credo para que uma pessoa se torne cristã, mas, uma vez cristã, a pessoa tem que confessar a sua fé. Essa confissão é, em algum grau, um credo.
I. A Definição de Credo e Confissão
Philip Schaff diz que "um credo, regra de fé ou símbolo é uma confissão de fé para uso público, ou uma forma de palavras colocadas com autoridade... que são consideradas como necessárias para a salvação, ou, ao menos, para o bem-estar da igreja cristã."1 Esta definição parece contradizer a sentença do parágrafo anterior, mas obviamente devemos entender que Schaff está falando da necessidade de confissão antes que da necessidade da elaboração escrita de um credo.
Um credo é uma elaboração científica daquilo que cremos com base na Escritura Sagrada. "Um credo ou regra de fé é uma afirmação concisa daquilo que alguém deve crer a fim de ser um cristão."2 Se alguém se confessa cristão, tem que possuir um conjunto de verdades devidamente elaboradas em que professa crer. É necessário que o cristão confesse a sua fé de forma que outros venham a saber em que ele crê. É uma insensatez professar fé em Cristo sem saber o conteúdo do que se confessa.
Paul Wooley definiu credo como "uma série de afirmações conectadas que são cridas como verdadeiras e que são derivadas de fontes de informação tais como os registros dos acontecimentos na história."3
A definição de uma confissão não difere basicamente da de um credo, senão na forma. Uma confissão contém mais ou menos os mesmos elementos de um credo, mas de forma bem mais elaborada, com detalhes que um credo não possui, por ser mais conciso. Uma confissão aborda mais assuntos do que um credo, e os apresenta de forma mais sistemática. Um credo sempre começa como credo ou credemus ("eu creio" ou "nós cremos"), enquanto que as confissões geralmente não possuem essa característica.
II. A Importância da Historicidade da Fé
Os credos são extremamente importantes para os cristãos que vivem no limiar do terceiro milênio, porque estes não são essencialmente diferentes dos crentes que viveram nos primeiros séculos da era cristã. Para os cristãos da era patrística, os credos foram absolutamente necessários para a definição teológica e para a vida cristã prática. A nossa fé tem que possuir raízes históricas, e os credos nos ajudam a entendê-las. Por exemplo, o Credo Apostólico dá-nos informações sobre quem foi Jesus Cristo. Ali se diz que ele nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, ressurgindo dos mortos ao terceiro dia. Esses todos são dados históricos. Eles são uma afirmação de nossa fé histórica. Se a redenção trazida por Cristo não é um fato histórico, como alguns teólogos contemporâneos chegaram a afirmar, então nós não somos realmente redimidos.
Se a queda no Éden não foi um fato histórico, então não existe corrupção nem culpa. Se negamos a historicidade do Éden haveremos de negar a historicidade da redenção em Cristo e a autoridade do próprio Cristo, que creu nas afirmações do Gênesis. É absolutamente essencial que levemos em conta as raízes históricas de nossa fé.
Na mente de uma porção de teólogos e de cristãos individuais, as coisas mencionadas acima são meras idéias, não fatos. Se o pecado humano é uma mera idéia, é não um fato, a salvação que se diz ter sido trazida por Cristo também o é. Mas a escravidão ao pecado é algo tão real que ninguém pode negar, nem mesmo os homens mais ímpios, e a redenção trazida por Cristo é uma realidade histórica em nossa vida pessoal, e é absolutamente inegável. Que o digam os que foram alcançados por ela! Por essa razão, precisamos confessá-la.
Se a nossa fé não tem raízes históricas, ela perde o seu fundamento. Uma fé sem essas raízes é docética, isto é, solta no espaço, sem qualquer ligação com o real, e nada tem a ver conosco. Os credos e as confissões sempre nos situaram historicamente com respeito a pessoas e eventos, especialmente os relacionados com Jesus Cristo, o Senhor e Redentor. Deus, que é eterno e a-histórico, fez com que seu Filho se tornasse um personagem da história para poder ser um de nós, um membro de nossa raça, a fim de que pudesse realizar a obra da redenção em nosso favor. Por essa razão, a Escritura sempre nos situa no tempo e na história (falando, por exemplo, de Belém no tempo de Herodes), e os credos fazem exatamente o mesmo.
Portanto, os credos e confissões da igreja cristã sempre nos reportam às origens e ao desenvolvimento histórico de nossa fé. Como já vimos anteriormente, primeiro vieram os credos, expressões resumidas da fé cristã. Posteriormente, vieram as confissões, que foram expressões mais elaboradas, sendo ambos, credos e confissões, resultado direto das controvérsias vigentes na época em que foram preparados. Nenhum de nós pode dizer, em sã consciência, da falta de importância dos credos e confissões nos tempos modernos, embora o tempo presente nos convide a isso. É um tempo de anti-dogmatismo e de aversão a afirmações confessionais. No entanto, os genuínos cristãos sempre se importaram com a historicidade da sua fé. Nisso também não sejamos diferentes daqueles com quem queremos ser parecidos!
III. A Origem Eclesiástica dos Credos e Confissões
Os credos tiveram a sua origem nos primeiros séculos da igreja cristã, especialmente quando das controvérsias dos séculos IV e V. O primeiro credo conhecido historicamente foi o chamado Credo Apostólico, que provavelmente tenha sido formulado no segundo século, mas sofreu algumas alterações até o século VI, quando algumas coisas lhe foram acrescentadas. Não conhecemos a sua verdadeira origem, nem quem foram os seus autores.
Há outros credos na história da igreja dos quais sabemos bastante, embora o espaço aqui não nos permita dizer muito sobre eles. No ano 325, cerca de 300 bispos formularam um credo no Concílio de Nicéia, na Ásia Menor, que tratou das controvérsias cristológicas relacionadas à trindade e condenou as heresias de Ário. Depois houve o Credo de Constantinopla (381), elaborado por 150 bispos, que é popularmente conhecido como o "Credo Niceno" simplesmente por refletir o ensino de Nicéia. Todavia, ele vai além dos ensinos de Nicéia, pois afirma a plena divindade do Espírito Santo. O Credo de Calcedônia (451) trata especificamente das duas naturezas de Jesus Cristo, sobre as quais a igreja pouco acrescentou posteriormente, em virtude da precisão das suas idéias. Além desses primeiros credos, vários outros apareceram posteriormente, expressando a fé da igreja e dando-lhe um norte teológico para fazer face às heresias.
Somente bem mais tarde, na época da Reforma, é que apareceram as confissões de fé, que trataram da doutrina cristã de um modo bem mais elaborado que os credos. Inicialmente surgiu a Confissão de Augsburgo (1530), de tradição luterana. Depois vieram as de cunho calvinista: a Segunda Confissão Helvética (1566), a Confissão Escocesa (1560) e a Confissão de Fé de Westminster (1646), que foi a última das grandes confissões e certamente a que veio a apresentar as definições mais precisas da doutrina reformada. Houve outras confissões de menor importância histórica, além dos catecismos que formaram a base doutrinária das igrejas, especialmente as de cunho luterano e calvinista.
IV. A Origem Escriturística dos Credos
O cristianismo é a única grande religião do mundo que tem esboçado o conteúdo de sua fé na forma de credos. Um credo não é a Palavra de Deus aos homens, mas é composto de palavras de homens a respeito de Deus, uma resposta humana à revelação divina. Uma afirmação credal é a primeira elaboração de teologia feita pelos cristãos. Todavia, os credos não precisam ser necessariamente escritos, pois nos começos do cristianismo a fé era expressa oralmente aos catecúmenos ou professada por eles no batismo, muito antes de eles serem colocados em forma escrita.
O começo das formulações confessionais está evidenciado nas afirmações proto-credais das páginas do Novo Testamento. O eminente historiador Schaff disse que "os credos nunca precedem a fé, mas a pressupõem."4 A fé elaborada pela igreja é apenas uma exteriorização daquilo que os cristãos crêem no coração. Se crêem com o coração, disse Paulo, eles têm que confessar com a boca (Rm 10.9-10). Schaff diz ainda que os credos "emanam da vida interior da igreja, independentemente da ocasião externa... Em um certo sentido pode se dizer que a igreja cristã nunca ficou sem um credo."5
Parece que as formulações doutrinárias já eram comuns no tempo dos apóstolos. O gérmen dos credos está afirmado nos escritos apostólicos. Judas, por exemplo, faz referência direta a algum tipo de formulação existente no seu tempo. Ele fala da "fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (v. 3). Essa fé é o conjunto de verdades reveladas que estavam de alguma forma sistematizadas e eram aceitas pelos crentes de então. No v. 20 Judas fala da edificação dos crentes na fé santíssima, o que pressupõe a existência de uma formulação pré-credal. Em contraste com as doutrinas errôneas ensinadas no seu tempo (1 Tm 1.3; 6.3), Paulo fala a Timóteo (e a Tito) a respeito da "sã doutrina" (1 Tm 1.10; 4.6; 2 Tm 4.3; Tt 2.1), que ele devia ensinar (2 Tm 4.2-3) e pela qual deveria zelar (1 Tm 4.16; 6.1). A pregação da "palavra fiel" deve ser "segundo a doutrina" (Tt 1.9), e a doutrina deve ser "ornada" pelo proceder dos crentes (Tt 2.10).
No período apostólico já havia algumas doutrinas elaboradas que o escritor aos Hebreus chama de "princípios elementares da doutrina de Cristo" (ver Hb 6.1-3). Ele também expressa a sua preocupação com a entrada de "doutrinas várias e estranhas" no seio das igrejas (Hb 13.9), que exigiam a definição da verdadeira doutrina. Portanto, nos tempos do Novo Testamento já se via a grande importância de se crer corretamente, isto é, a importância de permanecer na doutrina ensinada por Cristo (ver 2 Jo 8-11).
Os escritores bíblicos usam outros sinônimos para doutrina nos seus escritos: fé (Gl 1.23; Fp 1.27; Cl 2.7; 1 Tm 1.19-20; Tt 1.13; Judas 3); tradição, significando a verdade passada adiante (1 Co 11.2,23; 15.3; 2 Ts 2.15); padrão das sãs palavras (2 Tm 1.13); bom depósito (1 Tm 6.20; 2 Tm 1.14); a palavra que vos foi evangelizada (1 Pe 1.25). Essas doutrinas já eram elaboradas, embora não exaustivamente e, de alguma forma, confessadas publicamente pelos crentes do Novo Testamento.
Contudo, a essa altura, não se pode falar que havia credos formalmente elaborados na igreja do Novo Testamento, mas a idéia de um credo já estava perfeitamente a caminho. Segundo Bruce Demarest, "Paulo em Rm 10.9-10 esboça três elementos essenciais de uma confissão que salva: crença na divindade de Cristo, sua morte expiatória, e sua ressurreição."6
Mesmo não havendo uma elaboração propositada, podemos perceber os fragmentos de um credo em alguns escritos do Novo Testamento, especialmente os elementos relacionados com a obra redentora de Jesus Cristo:
Antes de tudo vos entreguei o que também recebi:
Que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras,
Que foi sepultado,
Que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.
E apareceu a Cefas,
E, depois, aos doze.
Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos de uma só vez....
Depois foi visto por Tiago,
E, então, por todos os apóstolos,
E, finalmente, por mim... (1 Co 15.3-8)
Parece-nos que este texto revela algum propósito de catequese ou pregação. Kelly justifica tal possibilidade dizendo que este sumário "dá a essência da mensagem cristã numa forma concentrada."7 (Ver outros exemplos similares em Rm 1.3-5; 8.34; 1 Co 8.6; 1 Tm 3.16; 1 Pe 3.18-22.)
Um texto que fala de uma espécie de credo-confissão está patente em 1 Tm 6.13-14. Provavelmente essa confissão preparava as pessoas para o batismo. Um texto semelhante é 2 Tm 4.1 (ver também Rm 4.24).
Esses exemplos não devem ser considerados credos no sentido usual do termo, mas parecem indicar a presença dos elementos de um credo. Philip Schaff estava absolutamente certo quando afirmou que "num certo sentido, a Igreja Cristã nunca existiu sem um credo."8
V. A Necessidade dos Credos e Confissões
As Igrejas Reformadas sempre primaram pela elaboração de credos e confissões. É característica das mesmas serem confessionais. Com base nas afirmações confessionais da Escritura, as Igrejas Reformadas viram a necessidade de possuírem uma identidade teológica. E há algumas razões que tornam necessária a formulação de um credo:
A. A Natureza da Igreja
A igreja de Cristo não é simplesmente uma reunião de pessoas que coincidentemente pensam a mesma coisa. Elas devem pensar basicamente as mesmas coisas porque para elas existe um só padrão de referência que é a Santa Escritura. A igreja de Cristo sempre foi confessante, porque a fé do coração deve ser expressa em proposições, em termos lúcidos, de forma que todos possam saber claramente em que a igreja crê.
Um credo deve ser a expressão exterior daquilo que a igreja crê interiormente. Ele é o produto da reflexão da igreja sobre a revelação divina. "Quanto mais rica for a reflexão da igreja, mais pleno e mais profundo torna-se o tom de sua confissão."9 Um credo ou confissão sempre deve expressar o labor da igreja sob a orientação do Espírito Santo.
Todavia, houve uma outra razão para a elaboração dos credos e confissões na história da igreja:
B. O Ataque de Outras Tradições Religiosas
Onde quer que a igreja professe abertamente a sua fé, ela irá encontrar oposição. Quando mais definida em sua teologia, mais oposição a igreja receberá. É importante observar que foi nos períodos de maior confrontação que a igreja mais produziu em termos de credos e confissões. Qual é a razão por que a igreja contemporânea não tem sido perseguida e atacada? É porque ela tem deixado de ser definida teologicamente. Historicamente, todas as vezes em que a igreja enfrentou oposição, ela se definiu. Certamente, a igreja contemporânea haverá de enfrentar discriminação quando tiver definido os seus rumos teológicos de maneira inequívoca. Será que a igreja contemporânea está disposta a pagar esse preço?
Os credos e as confissões mostram que a igreja tem definições a fazer e rumos a seguir. A verdadeira igreja de Cristo tem que possuir um norte teológico a ser seguido; ela não pode permanecer neutra nas questões espirituais, éticas e morais. Ela tem que ser confessional para poder combater os inimigos teológicos. Do contrário, ficará desnorteada.
Uma outra razão que torna necessária a existência de credos e confissões na atualidade é:
C. O Espírito do Tempo Presente
Vivemos num tempo muito diferente do período da Reforma, quando as confissões foram formuladas. Havia então muitos inimigos da fé protestante, mas agora a situação é absolutamente diferente. Os protestantes não são tratados da mesma forma, e ninguém os tem atacado como aconteceu no passado. Contudo, essa situação não dispensa a necessidade de credos e confissões, pois é exatamente num tempo como o de hoje, de indefinição teológica, que se faz necessária a afirmação da verdade de forma objetiva. O ambiente teológico atual é o de um pluralismo onde as pessoas fogem de verdades objetivamente afirmadas.
A Escritura tem sido abordada por óticas diferentes, que geralmente são chamadas de cosmovisões. Ela tem sido interpretada por pessoas que possuem cosmovisões muito diversas, que ocasionam entendimentos bastante diferentes dos mesmos textos. A fé reformada é uma tentativa justa e consistente de interpretar a Escritura de acordo com a própria Escritura. Portanto, ao encerrar-se o século XX, as Igrejas Reformadas têm que fazer jus à sua história e reafirmar veementemente a fé que uma vez por todas nos foi entregue, da forma em que está interpretada pelos símbolos reformados de fé.
Uma outra razão que torna absolutamente necessária a afirmação objetiva da nossa fé é:
D. O Experiencialismo Vigente em Nossos Dias
O subjetivismo de nossa geração obriga a igreja a voltar aos padrões confessionais. Muitos evangélicos estão embarcando num experiencialismo desenfreado, onde os sentimentos têm sido a medida de todas as coisas, assim como no Iluminismo a razão tornou-se a medida de todas as coisas. Muitos ministros têm desprezado a verdade da Escritura e preferido as experiências místicas, que têm se tornado a sua "regra de fé." O resultado disso é que a igreja evangélica no mundo tornou-se uma Babel teológica, onde ninguém consegue falar a mesma língua, porque não existe padrão objetivo de verdade em que se possa confiar.
No cristianismo atual não há paradigmas confiáveis. A ênfase está na subjetividade das opiniões que controlam todo o arcabouço teológico de muitos líderes espirituais, os quais, com muita facilidade e maestria, controlam a mente e os sentimentos de "seus fiéis." É patente a necessidade dos credos nos dias de hoje, para que tenhamos um paradigma confiável baseado na totalidade da Palavra de Deus.
Há mais uma razão a evidenciar a necessidade da reafirmação dos credos e confissões. Trata-se de um problema específico de nossa geração:
E. A Influência do Pluralismo Religioso
A presente geração anda tateando às cegas, sem saber onde apoiar-se. Tem sido ensinado nas escolas e, o que é mais desconcertante, em muitas igrejas da Europa, dos Estados Unidos e em algumas aqui do Brasil, que as religiões não-cristãs são caminhos alternativos para Deus. Jesus não é o único modo de chegar-se a Deus. Alguns cristãos admitem que Jesus é até o melhor, mas não o único. Por causa dessa filosofia religiosa, a verdade que foi pregada até o período pré-moderno não é mais a única. Não existe uma verdade na qual as pessoas possam confiar, porque elas têm sido ensinadas que ninguém possui a verdade, e sim que as verdades dependem do ponto de vista de cada um. Há uma variedade de verdades, dependendo do gosto do freguês. E, como não possuem discernimento espiritual, as pessoas andam desnorteadas.
Este tempo é de grande urgência para a igreja cristã, que pode e deve assumir posições teológicas e ético-morais a fim de poder ser uma bússola para as pessoas desorientadas. O tempo presente exige dos genuínos cristãos uma fé seguramente formulada e confessada, a fim de que seja o único caminho de salvação, um guia seguro para o céu, pois aponta a única verdade que é Jesus, e tudo o que ele disse e fez por pecadores perdidos.
Há uma última razão que torna necessária a reafirmação dos credos e confissões em nossos dias. Talvez esta seja a mais importante de todas, porque tem uma conotação positiva:
F. A Pureza da Doutrina
Escrevendo à igreja de Filipos, Paulo disse de maneira inequívoca que os irmãos deviam "lutar juntos pela fé evangélica" (Fp 1.27). Essa fé mencionada por Paulo era o conjunto de verdades que os crentes haviam recebido dos apóstolos e que deviam preservar até mesmo ao custo de suas próprias vidas. Esse espírito de união na luta pela fé deveria unir todos os cristãos. Estes é que deveriam preservar a pureza da doutrina. Se os cristãos genuínos não fizerem isto, eles põem a perder todo o seu fundamento teológico.
A mesma idéia teve Judas, provavelmente o irmão do Senhor, quando escreveu aos seus leitores, exortando-os a batalharem "diligentemente pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos" (v. 3). É responsabilidade nossa defender a fé, mas como defendê-la se não a temos afirmada e confessada? A Escritura tem que ser entendida da maneira mais clara possível e este entendimento tem que ser afirmado confessionalmente, a fim de mostrarmos ao mundo aquilo em que cremos, sendo homens e mulheres teologicamente definidos. Além disso, Judas diz que essa batalha tem que ser diligente, mostrando todo o nosso esforço na preservação da pureza da doutrina. Na época em que Judas escreveu, o Novo Testamento ainda não havia sido reunido canônicamente. As verdades eram conhecidas dos crentes de um modo verbal. Só um pouco mais tarde é que as cartas foram colecionadas. Judas, portanto, referia-se aos conceitos doutrinários que os crentes haviam recebido dos apóstolos e pelos quais deveriam batalhar diligentemente. Eles não deviam permitir que a fé fosse deturpada, como alguns costumavam fazer (2 Pe 3.16). A pureza da doutrina é uma questão prioritária e fundamental em todas as épocas, especialmente quando ela se encontra debaixo de tantos ataques.
Não há como preservar a pureza da doutrina de Deus se ela não for devidamente escrita e confessada.
VI. Os Principais Propósitos na Formulação dos Credos
Originalmente os credos foram elaborados para serem úteis à vida da igreja. Eles eram a confissão daquilo que estava no coração dos crentes; serviam para que os crentes se tornassem conhecidos na sociedade como seguidores de Jesus Cristo; e serviam também para conduzir outras pessoas a ele pela influência do seu testemunho.
Mas, poderíamos dizer de forma mais elaborada que:
A. Jesus Sempre quis que os Homens Fizessem uma Confissão Daquilo em que Criam
Sempre houve a necessidade de se confessar aquilo em que se crê (Mt 10.32-33; Rm 10.9-10). Segundo Mt 16.15, Jesus perguntou aos seus discípulos: "Mas vós quem dizeis que eu sou?" Ele queria que os seus discípulos afirmassem sua posição com relação à sua pessoa. Todos nós temos que confessar Jesus, quem ele é, o que ele fez. Talvez a primeira formulação de uma doutrina ou dogma cristão esteja relacionada com a resposta de Pedro: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo." Obviamente, esta confissão de Pedro foi, posteriormente, expandida e melhor articulada.
A confissão é um elemento essencial da fé. Este princípio fundamental não pode ser negado, segundo a ensino do Novo Testamento. Melanchton, uma das mentes mais brilhantes do tempo da Reforma, disse: "Nenhuma fé é firme se não é mostrada em confissão."10 Não existe uma fé em Cristo que não se expresse em uma formulação doutrinária ou dogmática. "Uma fé sem dogma, sem confissão, está continuamente em perigo de não mais saber o que realmente crê e, portanto, em perigo de cair ao nível de uma mera religiosidade."11
B. Na Igreja Apostólica os Crentes Começaram a Orar ao Senhor Exaltado
Este é um fato que não pode ser ignorado. Mas qual é a dificuldade, alguém perguntaria. De forma correta, cria-se que as orações deviam ser dirigidas somente a Deus. Se eles estavam orando a Jesus Cristo, eles teriam que começar a elaborar uma formulação doutrinária que justificasse aquela sua atitude de oração. Logo, a questão do relacionamento entre Deus e Jesus Cristo tinha que ser estabelecida. Não havia outra forma de tratar o problema. Algum tempo mais tarde começaram as formulações credais oriundas das controvérsias sobre a doutrina da trindade e dos problemas cristológicos. Obviamente, as elaborações mais sofisticadas foram posteriores, somente nos séculos IV e V, nos primeiros concílios ecumênicos. Não é de se estranhar, portanto, que os primeiros dogmas a serem formulados na igreja cristã tenham sido o da trindade e o das duas naturezas de Cristo. Também não foi acidente que, logo em seguida, aparecessem problemas de antropologia, com as doutrinas do pecado e da graça sendo esclarecidas na igreja ocidental nas lutas que Agostinho teve com Pelágio.
C. O Aparecimento de Crenças Estranhas Levou à Necessária Formulação dos Credos, para que a Genuína Fé Cristã fosse Distinguida das Heresias que Apareciam
Com freqüência os credos tinham que ser elaborados para explicar melhor a formulação doutrinária já existente na igreja. Em todos os tempos a formulação de doutrinas revelou uma preocupação séria da igreja com algum ponto fundamental da fé. Todas as doutrinas apareceram para explicar problemas de importância fundamental para a vida da igreja, tanto sobre o entendimento como sobre o conteúdo da fé. Era a melhor maneira de educar e catequizar a igreja — que estava em franco crescimento — a respeito das verdades cristãs mais importantes.
VII. Os Credos e Confissões São o Resultado de Uma Experimentação?
Se considerarmos que tais documentos são formulados cientificamente, então temos que admitir que revelam o resultado de uma experimentação. Neles os teólogos trabalham arduamente para chegarem a uma conclusão bem elaborada que reflita a interpretação correta das Escrituras, após analisarem as várias interpretações disponíveis no decurso da história da igreja e na averiguação das interpretações correntes.
Qual deve ser a fonte última de pesquisas para os credos e confissões cristãos? Obviamente, é a Escritura Sagrada. Ela é a fonte básica para a formulação dos credos, assim como a natureza é a fonte básica para as outras formulações científicas. A Escritura deve ser a fonte de toda pesquisa porque ela é uma revelação singular de Deus.
Uma outra questão surge na mente das pessoas: os credos devem ter como fonte única a Escritura, ou a experiência cristã também deve contribuir para a formulação dos mesmos? Wooley diz que
a experiência de fato lança luz sobre a Bíblia, mas uma ou a outra deve ter a prioridade. Se a Bíblia é apenas um registro da experiência humana, então a questão está resolvida. A fonte básica é a experiência. Mas se as reivindicações da Bíblia devem ser aceitas, ela é um livro que contém um registro singular, totalmente distintivo, da verdade dada por Deus. Em outras palavras, não há nada mais igual a ela. Se isto é verdade, a Bíblia é a fonte definitiva. Neste ponto, a escolha tem que ser feita. O cristão diz que ela tem que ser feita com a assistência de Deus.12
Qual é o significado da Bíblia? O que a Bíblia realmente quer dizer a nós? Os credos e confissões são uma tentativa de responder a estas perguntas de forma sistemática, porque a Bíblia não é um compêndio sistematizado de doutrinas. Quando da formulação de tais documentos, os estudiosos trabalham científicamente para produzir aquilo que crêem ser expressão da verdade de Deus, com base nas informações que possuem. O investigador da Escritura
começa por tentar descobrir o que autor humano tinha em mente quando escreveu, o que ele estava tentando dizer. Mas o investigador não pode parar aí se ele crê que a Bíblia é a revelação, ou mesmo um meio de revelação. O investigador também tenta descobrir o que Deus pretendeu que o texto significasse para o leitor de então, e para o leitor de agora.13
Wooley diz ainda que os estudiosos da Escritura devem usar outras ferramentas que os ajudem na sua interpretação e que, conseqüentemente, ajudem na formulação dos credos e confissões:
Uma das ferramentas usadas na descoberta do significado da Escritura é a história daquilo que as pessoas pensaram sobre ela. A história usa com um propósito didático a evidência do que aconteceu aos homens no passado. A história de como os homens formularam os credos, por que assim o fizeram, qual a utilidade que os credos têm tido na prática, e qual a sua real utilidade, é de extrema importância na avaliação de nossa situação presente.14
Portanto, quando estiverem reafirmando as verdades credais e confessionais, os cristãos deste final de século devem levar em conta a fonte autorizada que é a Escritura e as fontes secundárias de pesquisa, que estão na experiência dos homens verificada na história da igreja.
VIII. São os Credos uma Imposição da Igreja sobre os seus Membros?
Muitos cristãos de hoje não aceitam as formulações doutrinárias estabelecidas pelo simples fato de pensarem que são uma imposição das autoridades da igreja sobre eles.
De fato, dentro da Igreja Católica Romana a idéia de "dogma" tem alguma ligação com imposição. Todos os católicos têm que aceitar as formulações infalíveis da igreja15, sem qualquer possibilidade de questionamento ou posterior alteração.
Roma reivindica infalibilidade para todos os pronunciamentos do magistério da igreja. Cristo fundou a igreja e ordenou que ela deveria ser a guardiã infalível e intérprete da verdade... Inspirados pelo Espírito de Deus, os concílios da igreja não podem errar. Justiniano I (morto em 565) considerou os ensinos dos quatro concílios ecumênicos da igreja como Palavra de Deus e seus cânones como leis do império. Gregório, o Grande (morto em 604), colocou os decretos dos primeiros quatro concílios em pé de igualdade com os quatro evangelhos. O catolicismo medieval, na plenitude da sua exuberância, elevou os credos acima da Bíblia... Por esta razão, a perspectiva de Roma é que as antigas formulações dos credos contêm verdades reveladas imediatamente por Deus e, assim, são dotadas de autoridade para todas as épocas.16
Os protestantes têm uma atitude diferente com relação aos credos e confissões. Embora eles considerem o Credo dos Apóstolos e os decretos dos quatro concílios ecumênicos em consonância com a Escritura, esta última é a única regra de fé e prática para a igreja. Os dogmas e as confissões sempre têm que estar sujeitos à Escritura. Devem ser testados à luz da Escritura e sua interpretação deve estar sempre em consonância com a mesma. Quando isto acontece, então pode-se dizer que as doutrinas dos credos e das confissões são uma expressão de um correto entendimento das Escrituras e devem ser aceitas pela igreja.
Os protestantes sempre reconheceram concílios fiéis e concílios infiéis. Portanto, alguns expressaram-se corretamente e outros não, em matéria de fé. É exatamente esse o pensamento da Confissão de Fé de Westminster.
Todos os sínodos e concílios, desde os tempos dos apóstolos, quer gerais quer particulares, podem errar, e muitos têm errado; eles, portanto, não devem constituir regra de fé e prática, mas podem ser usados como auxílio em uma e outra coisa (Confissão de Fé de Westminster, XXXI, 3).
Para que os cristãos aceitem os credos e confissões, estes têm que refletir o pensamento da Escritura e têm que ser julgados pela própria Escritura. Se isto acontecer, os credos nunca serão uma imposição da igreja, mas os crentes terão o dever de aceitá-los.
IX. A Possibilidade de Revisão dos Credos
Um credo ou confissão, pelo menos dentro da teologia reformada, não é um sistema de doutrina absolutamente fechado que não possa ser alterado com o desenvolvimento sério dos estudos sobre uma determinada matéria. Wooley diz que "os credos existem para o propósito de aplicação e deveriam ser frutíferos para experimentação e teste posteriores, e sujeitos a constante mudança e revisão."17
É importante observar que a teologia reformada não é um sistema hermeticamente fechado ou irreformável. Não possuímos um credo sacrossanto, que nenhum concílio possa alterar. A teologia reformada sempre se desenvolveu, desde a Reforma Protestante do Século XVI. Quanto mais os teólogos refletem sobre a revelação divina da Escritura, mais eles podem aprender com ela. A teologia reformada permite a revisão dos credos para que se melhore a formulação das doutrinas.
Um padrão de fé não pode ser mudado sem um exame acuradíssimo das Escrituras. Toda e qualquer alteração tem que possuir uma base escriturística justificável. A idéia de reformar os credos e confissões não é algo simples, nem deve ser tratada levianamente. "A revisão de uma confissão é sempre possível, mas tal revisão é proveitosa somente se a própria igreja estiver num plano espiritual elevado e for capaz de inteligentemente descobrir com precisão, nas Escrituras, as expressões da sua fé."18
Embora a teologia reformada não seja irreformável, por causa da sua solidez ela não tem sido alterada em sua história. As gerações presentes têm que possuir um elo de ligação com as gerações passadas. Esses elos nunca podem ser quebrados. O que cremos hoje tem que refletir a fé dos nossos antepassados. Devemos diferir deles naquilo em que eles não foram absolutamente justos com o ensino geral das Santas Escrituras, mas onde estiveram certos, devemos seguir com eles. O que foi verdade no passado, deve ser verdade para o povo de Deus no presente.
A verdade de Deus conforme revelada na Escritura nunca muda. O entendimento da Escritura é que pode ser melhorado. Nesse sentido, a fé reformada se desenvolve.
X. As Razões para a Depreciação dos Credos
Vivemos numa época anti-dogmática e muitos crentes querem que a igreja viva sem um corpo de doutrinas. Eles dizem que somente a Bíblia é necessária. Eles querem saber somente de Jesus Cristo, e não de doutrinas, o que é uma grande insensatez. Como pode haver amor a Cristo e à sua Palavra sem haver amor pela sã doutrina ensinada de maneira inequívoca na Escritura?
Contudo, há algumas razões para esse comportamento da igreja contemporânea:
A. O Subjetivismo Radical do Iluminismo e do Pós-Modernismo
Uma razão para esse comportamento pode sem depreendida do fato de que desde o período do Iluminismo apareceu dentro da igreja um subjetivismo radical que levou a uma depreciação dos credos. No período pós-iluminista, com Schleiermacher, Kierkegaard e toda a tradição existencialista, creu-se que a realidade de Deus não podia ser objetivamente conceptualizada. A verdade tinha que ser alcançada pela exploração do caráter intrínseco da existência humana. O teólogo católico Karl Rahner insiste que "o conteúdo da fé não é visto como um número vasto e quase incalculável de proposições que, coletiva e diversamente, estão garantidas pela autoridade formal de um Deus que se revela."19 Segundo Rahner, a verdade é subjetiva, não objetiva.
B. A Aridez do Protestantismo Escolástico
A segunda razão para a depreciação dos credos e confissões pode ser vista na aridez do protestantismo escolástico dos séculos XVII e XVIII, com sua tonalidade racionalista, que enfatizava as formulações confessionais esvaziadas de verdadeira piedade cristã. Essa aridez resultou no aparecimento do Pietismo, que rejeitou quase todas as formulações doutrinárias. Mais recentemente, como resultado da aridez ortodoxa dentro do catolicismo, começou-se a enfatizar a ortopraxia ao invés da ortodoxia. Demarest diz que "os modernos católicos progressistas tais como Schillebeeckx, Dulles and Küng insistem que o que vale não é um credo cristão, mas os atos concretos dos cristãos."20
Por causa da ênfase extremada nos credos e confissões do protestantismo escolástico e da aridez com que ensinavam as doutrinas, sofremos ainda hoje algumas consequências. Todas as igrejas que são confessionais levam sobre si o estigma de "ortodoxia morta." Num certo sentido isto tem sido verdadeiro. Várias igrejas confessionais têm perdido historicamente o gosto pela evangelização, pelo testemunho cristão e pela vibração com o evangelho de Cristo. Por essa razão, o evangelicalismo moderno tem apelado mais para a religião prática e para a experiência individual do que para confissões de fé objetivamente afirmadas.
Esse erro comportamental do passado não é justificativa para abandonar-se os credos. É perfeitamente possível afirmá-los e confessá-los e ainda assim possuir ardor pela evangelização, missões e comunhão pessoal com Deus, pois eles próprios ensinam estas coisas.
C. O Relativismo Cultural
Uma terceira razão para a depreciação dos credos e confissões está relacionada com o problema do relativismo cultural. O pós-modernismo foi o grande beneficiado com o relativismo cultural, mas nos seus resultados ele não foi diferente do Iluminismo. Apenas mudou a metodologia. Ele retirou a verdade afirmada objetivamente e colocou a verdade na subjetividade do indivíduo. O pós-modernismo democratizou a verdade, fazendo com que ela fosse propriedade de cada indivíduo, e não uma verdade afirmada objetivamente, como está na Escritura, por exemplo. A cosmovisão individual determina a verdade.
Alguns críticos dizem que "as crenças e formulações do passado são inevitavelmente condicionadas pela cultura da época que as produziu."21 Os credos e confissões são sempre a expressão cultural de um povo, numa determinada época. Portanto, aquilo que foi válido para aquela época, não o é para a nossa presente geração.
Como consequência, alguns pensamentos são vigentes na igreja moderna:
a) Freqüentemente se diz que alguém pode ser um cristão bom e sincero sem ter suas doutrinas formuladas sistematicamente. Isto tem sido o produto de um pietismo que sempre procurou o seu cristianismo na vida prática, sem a crença necessária em dogmas para ser cristão. Alguns ainda pensam que doutrinas são meras palavras, que não têm qualquer aplicação prática.
b) Tem-se dito que as doutrinas são o produto de uma época particular com as suas características próprias, como o tempo da Reforma. Naquela época as doutrinas eram necessárias por causa das controvérsias religiosas. Mas a situação daquele período não mais se repetiu. Ele foi singular.
c) Tem-se dito que as doutrinas mudam quando comparadas com a Bíblia. "Nós temos que ficar com o que não muda." Isso é verdade quando as doutrinas não tem um fundamento correto. Por exemplo: os Reformadores alteraram aquilo que era crido no período medieval. Por quê? Porque algumas doutrinas medievais não expressavam o conteúdo geral das Escrituras. Foi exatamente o princípio da Sola Scriptura que alterou o que estava estabelecido. Mas as doutrinas não são algo que necessariamente se altera. A mutabilidade das mesmas está relacionada com a sua fidelidade ou não à Escritura.
XI. A Autoridade dos Credos e Confissões
Modernamente tem havido duas atitudes para com os credos e confissões: uma de divinização e a outra de rejeição dos mesmos. Uma atitude sábia está em evitar esses dois extremos.
Classicamente falando há duas posições com respeito aos credos e confissões, expressas em frases latinas: norma normata, que deve ser preferida a norma normans.
A expressão norma normans ("uma regra que regula") reflete a posição católica romana. Ela expressa a idéia de que a autoridade dos antigos credos é absoluta e infalível. Os credos antigos eram considerados Palavra de Deus.
A expressão norma normata ("uma regra que é regulada") reflete a posição protestante. Observe-se que o credo é uma regra, uma norma. Os credos sempre refletiram a consciência doutrinária e religiosa das gerações da igreja cristã. Eles são de uma importância enorme para a igreja contemporânea, pois expressam aquilo que os nossos antigos creram. E tem que haver uma identidade de fé que nos une a todos, cristãos de todas as épocas. Mas temos que observar também que o credo é não somente uma norma, mas uma norma que é regulada. Como o credo é uma formulação humana, ele tem que estar submisso (regulado) à Escritura, a regra infalível e suprema de fé e prática. A Escritura, sim, é norma normans, isto é, ela é divina e absoluta, e tem a finalidade de regular os credos, que são uma autoridade secundária e derivada. Em última análise, os credos e confissões devem sempre ser testados e regulados pela Palavra de Deus.
Os Padrões de Fé de Westminster, por exemplo, não são norma normans, mas norma normata, não uma regra com norma intrínsica, mas uma regra derivada da fé. Eles são um produto humano, totalmente subordinado à Palavra de Deus. A Escritura possui uma autoridade intrínseca, e não a igreja ou os seus credos. Tanto a igreja como os seus padrões de fé devem ser julgados pela norma normans, que é a Escritura.
Vivemos num tempo de indefinição teológica e doutrinária por causa do abandono dos credos e confissões. O retorno aos credos e confissões é absolutamente necessário para que essa indefinição termine. Contudo, a aceitação de proposições confessionais deve levar a uma vida prática, sadia, cheia de amor pela Palavra de Deus e santo temor e reverência pelo seu autor e inspirador.
XII. A Necessidade da Volta aos Credos e Confissões
Essa volta é absolutamente necessária porque precisamos rejeitar a subjetividade daquilo que tem sido ensinado nas universidades e em alguns seminários evangélicos. O retorno aos credos precisa incluir a rejeição do subjetivismo moderno que tem negligenciado a verdade como é revelada objetivamente. Temos que afirmar as verdades de Deus que estão objetivamente reveladas nas Escrituras Sagradas.
Essa volta aos credos deve ser uma resposta à ênfase exclusiva na ortopraxia. Demarest diz que "a única garantia de uma ortopraxia bíblica responsável é uma ortodoxia bíblica autêntica, tal como a fé que temos enraizada nos credos. Não há nenhuma integridade de vida à parte de uma integridade de crença.22
Essa volta aos credos deve ser uma resposta à idéia do relativismo cultural. O que é verdade espiritual uma vez, sempre o será. A verdade não está condicionada a um tempo ou época. A verdade de Deus é para sempre. Aquilo que se considerou verdade numa época e depois caiu, não é expressão da verdade. Por essa razão os credos não são infalíveis. Eles podem ser aperfeiçoados e melhorados.
XIII. A Importância da Subscrição dos Credos e Confissões
Nos dias em que vivemos, por causa do baixo nível ético de crentes e de ministros da Palavra que prometem verbalmente fidelidade aos padrões doutrinários mas logo se afastam deles por uma questão de conveniência teológica, precisamos subscrever um conjunto de doutrinas que expressem a nossa fé. Essa atitude significa nadar contra a correnteza. Por causa do pluralismo vigente em nossos dias, as pessoas têm reservas até mesmo quanto à idéia de subscrever uma formulação teológica.
Contudo, esta época é extremamente apropriada para que mostremos a nossa definição teológica, assinando documentos de fidelidade ao que professamos crer. Segue abaixo uma sugestão do que os oficiais e ministros das igrejas confessionais deveriam assinar:
Nós, abaixo assinados, sinceramente e de boa consciência, declaramos que, por esta subscrição, estamos firmemente persuadidos de que todos os pontos contidos em nossos símbolos de fé reformados, elaborados pelos nossos antepassados espirituais, refletem com fidelidade, por sua interpretação, os ensinos da Palavra de Deus.
Prometemos, assim, ensinar com toda a diligência as doutrinas afirmadas em nossos símbolos de fé, sem que as contradigamos direta ou indiretamente, quer por pregação pública ou pelos nossos escritos.
Declaramos, além disso, que não somente rejeitamos os erros que militam contra essas doutrinas, mas estamos dispostos a refutar e a contradizer os ataques à sã doutrina, para que a conservemos pura, e a igreja seja livre de cair em heresia.
A subscrição de padrões doutrinários deveria ser exigida por seminários e concílios da igreja, os subscritores ficando passíveis de ser submetidos ao juízo das autoridades eclesiásticas caso sigam um padrão diferente daquilo que subscreveram. Contudo, uma pessoa não deve ficar para sempre presa ao que assinou, no caso de não mais concordar com o que subscreveu anteriormente. O subscritor tem o direito de ter as suas dificuldades doutrinárias, e pode querer o reexame das doutrinas afirmadas. Uma saída para essa situação está prevista na fórmula de subscrição sugerida:
Se, porventura, tivermos quaisquer dificuldades ou sentimentos diferentes com respeito ao que subscrevemos, prometemos não ensinar sobre eles nem pública nem particularmente, seja por pregação ou por escritos, até que tenhamos primeiro revelado tais dificuldades aos concílios competentes, e sejam essas dificuldades e sentimentos devidamente examinados por eles, estando nós dispostos a aceitar o juízo desses concílios, ficando sob penalidade, em caso de recusa, de sermos suspensos de nosso ofício.23
Creio firmemente que muitos oficiais das igrejas confessionais teriam dificuldade em assinar um documento como o sugerido acima, porque o tempo presente dificulta essa atitude. Infelizmente, a igreja sempre tem se defrontado com a falta de seriedade de alguns de seus ministros ordenados, numa atitude não condizente com a ética cristã. Juram e não cumprem o juramento feito ao tempo da sua ordenação. Como agravante, as dificuldades individuais de ministros e professores de seminários não têm feito com que esses problemas e sentimentos opostos aos padrões confessionais cheguem aos concílios superiores. Eles preferem ignorar os problemas que vêem e fecham os olhos aos padrões doutrinários violados por muitos colegas, em nome do "amor." Em nome desse mesmo "amor de coleguismo," permitem que a verdade de Deus seja sacrificada. É uma pena que as coisas sejam assim.
Todavia, eu conclamo os meus colegas de presbiterato, sejam eles docentes ou regentes, a assumirem uma postura de lealdade àquilo que cremos ser uma exposição fiel das verdades da Escritura Sagrada. Somente assim, haveremos de livrar a igreja que amamos das ameaças teológicas que a rodeiam. Que Deus assim nos ajude!
English Abstract
The article argues for the present relevance of creeds and confessions. After showing the biblical origin and historical development of creedal and confessional statements, Campos emphasizes their great importance for the church at the end of the twentieth century. Then, he deals with the reasons why creeds and confessions are not appreciated by the contemporary church. Such reasons are historical, cultural, philosophic and theological. As a response to this undervaluation of the creeds and confessions, the author stresses their continuing validity and the consequent need for their reappropriation. He admits that creeds and confessions can be perfected, but always in accordance with the norma normans (Scripture), since they are not unchangeable like Roman Catholic dogmas. Additionally, Campos acknowledges that, in order for Christians not to fall in the error of post-modernist subjective truth, they should have creeds and confessions not only as norma normata (a rule that is ruled), but they also should meet the challenge of subscribing to them, so that everyone will know the truths they embrace.
__________________________
Notas
1 Philip Schaff, The Creeds of Christendom (Grand Rapids: Baker, 1990 ), vol. 1, 3. (Minha tradução).
2 Bruce A. Demarest, "Christendom’s Creeds: Their Relevance in the Modern Word," Journal of the Evangelical Theological Society 21 (December 1978), 345.
3 Paul Wooley, "What is a Creed For? Some Answers from History," em Scripture and Confession, ed. John H. Skilton (Phillipsburg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co., 1973), 96.
4 Schaff, The Creeds of Christendom, 5.
5 Ibid.
6 Demarest, "Christendom’s Creeds," 345.
7 J. N. D. Kelly, Early Christian Creeds (New York: Longman, 1972), 17.
8 Philip Schaff, The Creeds of Christendom (New York, 1919), l.5.
9 Philip Hughes, ed. geral, The Encyclopedia of Christianity, "Confessions and Creeds" (Marshalton, Delaware: The National Foundation for Christian Education, 1972), vol. 3, 89.
10 Philip Melanchton, Apology of the Augsburg Confession, IV, 385, em Thedore G. Tappert, ed., The Book of Concord (Philadelphia: Fortress Press, 1959), 166.
11 Bernhard Lohse, A Short History of Christian Doctrine (Philadelphia: Fortress Press, 1989), 10.
12 Wooley, "What is a Creed For?," 97.
13 Ibid.
14 Ibid.
15 Obviamente, nos dias de hoje nem todos os católicos, sejam eles teólogos ou não, aceitam a infalibilidade dos dogmas como foi crido em tempos passados. Otto Karrer enfatizou que "os dogmas da Igreja Católica Romana devem ser entendidos e apreciados com referência ao período do desenvolvimento dos mesmos. Infalibilidade significa que uma certa explicação é apropriada e livre de erro na sua resposta a certas questões condicionadas historicamente" (Lohse, Short History of Christian Doctrine, 13).
16 Demarest, "Christendom’s Creeds," 347.
17 Ibid., 97.
18 Hughes, The Encyclopedia of Christianity, "Confessions and Creeds," vol. 3, 90.
19 Karl Rahner, Belief Today (New York, 1967), 71.
20 Demarest, "Christendom’s Creeds," 353.
21 Ibid.
22 Ibid.
23 Esta sugestão de fórmula de subscrição é parcialmente retirada daquela seguida pelos ministros da Igreja Cristã Reformada dos Estados Unidos, que está inserida no Psalter Hymnal, 71.
http://www.thirdmill.org/portuguese/teologia.asp


fonte: MinistérioCACP - A relevâncias dos credos históricos

27/01/2009

COMO DISCIPULAR EX-ADEPTOS DE SEITAS?

 roda 

Desilusão, angústia, perda da confiança em si próprio, medo de voltar ao estilo de vida anterior ao do envolvimento com a seita, tensão, incertezas, crises de identidade, falta de rumo, etc. Estas são as companhias constantes de quem abandona uma seita herética. Muitos se descrevem como "arrasados, mutilados"; outros, muito tempo após terem deixado o grupo, ainda permanecem nesse estado. Alguns partem para novas experiências religiosas em busca da "única igreja verdadeira", vão de igreja em igreja,  e colecionam decepções seguidas de  mais decepções. Ainda existem aqueles que tentam recuperar o tempo perdido e passam a dispensar maior atenção ás relações familiares, ao emprego, aos estudos, enquanto deixam Deus de fora de suas vidas. A Dra. Margaret Thatcher Singer, como resultado de uma pesquisa intensa feita com 3 000 mil ex-sectaristas observou entre eles: "casos significantes de depressão, solidão, ansiedade, baixa auto-estima, superdependência, confusão mental, inabilidade para se concentrar, psicoses"(1).
Isso tudo é conseqüência de se ter estado associado a uma seita destrutiva, que abusa emocional e espiritualmente do indivíduo. Steve Hassan, autor de "Combatendo o Controle Mental das Seitas"(2) , faz uma lista de quatro marcas básicas do controle mental exercido pelas seitas:

O CONTROLE EMOCIONAL

A chave deste controle está no temor e na culpa, também chamado de "inculcação" de fobias . O membro da seita desenvolve a paranóia de que Satanás esta à espreita para caçar-lhe se em qualquer momento questionar a organização religiosa ou, por alguma razão, a abandone, ...Ele e sua família morreriam de forma horrível se  se afastarem dela.

O CONTROLE DE CONDUTA

É reforçado aos membros toda  a classe de regras peculiares, normas sobre vestimentas e outras coisas não especificadas na Palavra de Deus. Novos modelos de comportamento são apresentados, como as visitas de porta em porta, a assistência a várias reuniões semanais, novas atitudes para com os dissidentes e, na seqüência, o ensinam que ele é perseguido por suas crenças.

O CONTROLE DE PENSAMENTO

Emprega-se uma linguagem carregada de termos peculiares do grupo, tais como: novo sistema, teocrático, organização de Deus, a verdade, apóstatas. Tudo é branco ou negro; a entidade é boa e todas as demais são do Diabo.
Existem respostas para todas as suas perguntas, pois assim o membro não necessita pensar por sua própria conta.

O CONTROLE DE INFORMAÇÃO

Aos membros é proibido qualquer acesso á informação crítica sobre o movimento. O membro sempre está ocupado lendo suas próprias literaturas e assistindo às reuniões. Dentro da estrutura piramidal do movimento existem diversos níveis de conhecimento. Também são escondidas as  informações dos que estão fora, de maneira que eles tenham publicamente uma imagem benigna. Muitos, por desconhecerem este aspecto das seitas acham que os ex-sectaristas sofrem inteiramente de problemas espirituais e nada mais. Pessoas que fizeram parte de uma seita têm problemas e necessidades especiais. Umas das dificuldades é que encontram má compreensão e invariavelmente estigma  na comunidade evangélica. Os apologistas Ronald M. Enroth e J. Gordon Melton, lançaram um grande desafio em um de seus excelentes livros: "Nós desafiamos os cristãos para estenderem companheirismo e amizade para esta nova minoria: os ex-sectaristas"(3). A grande maioria daqueles que saem de uma seita sofrem enormes privações. Isso implica no fato  de que temos o dever moral de ajudá-los, não somente levando-os a Jesus Cristo, mas dando-lhes assistência no que for necessário para que reestruturem suas vidas. Nos últimos anos houve um crescente avanço da apologética em nosso País.Vários livros foram lançados expondo os erros religiosos e defendendo magistralmente a verdade, porém a igreja cristã permanece apática na sua compreensão dos efeitos danosos que o envolvimento com grupos pseudos-cristãos traz ao indivíduo e à sociedade como um todo. Sem contar  com aqueles que chegam feridos em nossas igrejas e permanecem com várias seqüelas por causa de seu anterior envolvimento sectário. Eles carecem de um envolvimento intenso e relacional com cristãos maduros que os orientem não somente a abandonarem os falsos ensinos, reaprender as verdades bíblicas, e essencialmente --- o amor incondicional do Salvador.
Em junho de 1980 cristãos de vários países se reuniram em Pattaya, Tailândia, sob o patrocínio da Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial com o intuito de tratarem de questões pertinentes a obra de evangelização mundial. Um dos temas pulsantes desse congresso foi a "Mini Consulta para a Evangelização de Místicos e Sectaristas"(4). Na ocasião foram dadas preciosas instruções sobre o aconselhamento de pessoas que fizeram parte de uma seita. Seguem abaixo algumas sugestões (com adaptações) apresentadas naquele encontro que são vitais  para aqueles que desejam ajudar um ex-sectarista:
"Acompanhamento: Freqüentemente, os que abandonam uma seita religiosa são muito desconfiados e assustados. Eles precisam  muito de segurança e  compreensão. Ele precisa ser abordado com gentileza, amor e respeito. O grupo ao qual ele fazia parte anteriormente,  assim como seus líderes, não deveriam ser escarnecidos ou atacados. Isso provocaria uma atitude defensiva. É essencial descobrir por que ele (ou ela) se uniram ao grupo. Pode haver muitas razões. Estimule-os a falarem sobre isso. O calor e a aceitação pessoal, por um lado, e o espírito de oração no intuito de triunfar no conflito espiritual, por outro lado ,são os fatores –chaves de sucesso nesta empreitada. São mais importante que a lógica e a argumentação(5).
Entretanto , é necessário ter um bom conhecimento dos ensinamentos do grupo, e ser capaz de questioná-los polidamente, porém ,com firmeza, com base na Palavra de Deus. Pode ser importante insistir várias vezes sobre alguns pontos simples, quando o  ex-sectarista se mostrar confuso. Mas, cuidado para não manipular ou fazer ameaças! Enquanto oramos e alimentamos a esperança de que ele possa estar desenvolvendo a cada dia seu relacionamento com Jesus Cristo, precisamos tomar cuidado para não tirarmos vantagem de seu estado de confusão mental. Nossa primeira responsabilidade é encorajá-los e ajudá-los a entender tudo que passou e a libertarem-se dos traumas oriundos de suas anteriores experiências religiosas. Do contrário, estaremos sendo culpados de violar sua personalidade, exatamente como fez o grupo aliciante. A tarefa de assumir a "paternidade espiritual" (o cuidado) pode ser extremamente exigente. Requer tempo, paciência, recursos emocionais e energia espiritual. É preciso lutar em oração! Incentive-os na leitura da Bíblia (Hebreus 4:12). Ponha-os em contato com outros que tenham a  mesma história religiosa e que experimentaram a Graça irresistível de Deus em suas vidas."


Pode-se levar meses  --- ou até anos ---  para a recuperação total de um ex-sectarista. Porém, é extremamente gratificante ver cada dia o progresso deles crescer em  fé,   em amabilidade, misericórdia e fidelidade de Deus em suas vidas. (Êxodo 34:6), entendendo assim que a Graça de Deus é suficiente para a cura de feridas e traumas passados.

NOTAS
1 - "Coming Out the Cults", Psychology Today, Aug.1984, p.27.
2 - "Combatting Cult Mind Control, (Park Street Press, 1988).
3 - "Why Cults Succed Where the Church Fails - Elgin. III: Brethren Press,1985, pg. 98, 99
4 - O relatório completo sobre esta "mini consulta" foi editado no Brasil em 1984, com o título de: "O Desafio das Novas Religiões" (Ed. ABU e Visão Mundial)
5 - Harold L. Busséll em seu excelente "Unholy Devotion" ( 1983, Zondervan Corporation) diz que a maioria das pessoas são atraídas pelas seitas por fatores psicossociológicos não tanto pela doutrina.

Fonte: MinistérioCACP - Como discipular ex-adeptos de seitas

A APOLOGÉTICA E OS CORAÇÕES CORRETOS

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“Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vossos corações, estando sempre preparados (...) com mansidão e temor” (1 Pedro 3:15-16)
Quando ministramos na área de apologética, nós o fazemos como discípulos de Jesus, e, portanto, da maneira como Ele o faria. Isso significa, primeiramente, que nós o fazemos para ajudar pessoas, especialmente àqueles que querem ser ajudados. Apologética é um ministério de ajuda.
No contexto de 1 Pedro 3:8-17 os discípulos estavam sendo perseguidos por sua dedicação em promover a bondade. De acordo com o que Jesus os tinha ensinado, tal perseguição deveria ser fonte de regozijo. Essa atitude fazia com que os observavam a questionassem como os discípulos podiam estar esperançosos e alegres em tais circunstâncias. Num mundo irado, desesperançado e triste, essa questão era inevitável.

A exortação de Pedro

Por isso, Pedro exortou os discípulos a estarem “sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência” (vv. 15-16), ou seja, consciência que se tem por se ter feito o que é correto.
Nossa apologética, assim, é feita como um ato de amor fraternal, sendo “prudentes como as serpentes e símplices como as pombas” (Mateus 10:16). A sabedoria da serpente está em ser oportuna, baseada em observação vigilante. A pomba, por sua vez, é incapaz de falsidade ou de enganar alguém. Assim devemos ser.
Amar àqueles com os quais lidamos será necessário para que os compreendamos corretamente e para que evitemos manipulá-los, ao mesmo tempo que desejamos e oramos intensamente para que reconheçam que Jesus Cristo é o Senhor do cosmos.
O amor também nos purificará de todo mero desejo de vitória, como também de toda presunção intelectual ou desdém para com as opiniões e habilidades dos outros. O evangelista para Cristo é caracterizado pela humildade (Colossenses 3:12; Atos 20:19; 1 Pedro 5:5), principalmente intelectual – um conceito vital do Novo Testamento que a palavra humildade por si só não expressa totalmente.
Deste modo, a chamada ao ministério de apologética não é para forçar pessoas relutantes à submissão intelectual, mas uma chamada na qual servimos aos necessitados, e, freqüentemente, àqueles que são escravos de seu próprio orgulho e presunção intelectual, muitas vezes reforçada pelo ambiente social.
Em segundo lugar, nós fazemos o trabalho de apologética como servos incansáveis da verdade. Jesus disse que Ele veio “ao mundo a fim de dar testemunho da verdade” (João 18:37), e Ele é chamado “a testemunha fiel e verdadeira” (Apocalipse 3:14).
É por isso que temos “temor” quando ministramos. A verdade revela a realidade, e a realidade pode ser descrita como aquilo com o qual nós humanos nos deparamos quando estamos errados. Quando ocorre tal colisão, sempre perdemos.
Enganos com relação à vida, às coisas de Deus e à alma humana são assunto seriíssimos, mortais. É por isso que o trabalho de apologética é tão importante. Falamos “a verdade em amor” (Efésios 4:15). Falamos com toda a clareza e racionalidade que podemos demonstrar, ao mesmo tempo contando com o Espírito da verdade (João 16:13) para realizar aquilo que está muito além de nossas habilidades limitadas.

O ponto comum de referência

A verdade é o ponto de referência que compartilhamos com todos os seres humanos. Ninguém pode viver sem a verdade. Ainda que possamos discordar em pontos específicos, a fidelidade à verdade – seja ela qual for – permite que nós nos relacionemos com qualquer pessoa como honestos companheiros de investigação. Nossa atitude, portanto, não é de divisão, mas de agregação. Estamos aqui para aprender, e não somente ensinar.
Assim, sempre que for possível – ainda que por vezes, devido aos outros, não seja – nós “respondemos” numa atmosfera de investigação mútua, motivada pelo amor generoso. Ainda que possamos ser firmes em nossas convicções, não nos tornamos arrogantes, desdenhosos, hostis ou defensivos.
Por sabermos que o próprio Jesus não agiria assim, temos que reconhecer que não podemos ajudar pessoas de uma maneira arrogante. Ele não tinha necessidade disso, e nós também não. Em apologética, como em tudo, ele é nosso modelo e Mestre. Nossa confiança reside totalmente nele. Esse é o lugar especial que damos a Ele em nossos corações – a maneira com a qual “santificamos a Cristo como Senhor em nossos corações” – no ministério crucial de apologética.
Fonte:
Dallas Willard, Ph.D., é professor de filosofia na Universidade da Califórnia do Sul (University of Southern California) e autor de vários textos filosóficos, além de livros sobre apologética e sobre discipulado cristão.
MinistérioCACP - Apologética e corações corretos

26/01/2009

BÍBLIA SALVA A VIDA DE CABELEIREIRO

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Intervenção Divina. Assim o cabeleireiro N.G.C., 45 anos, classificou o ocorrido a ele, na noite desta quinta-feira (8), em Jacaraípe. Baleado na altura do coração, ele só não foi morto porque a bala ficou encravada na Bíblia que ele levava junto ao peito, no bolso da camisa.
Pode ser apenas coincidência, mas a bala parou justamente no Segundo Livro de Reis, no capítulo 1, entre os versículos 14 e 16. O texto fala da falta de fé em Deus do rei de Israel, que doente, mandara emissários fazer consultas a um deus pagão.
"É uma coisa para se pensar bastante a respeito", disse o cabeleireiro, que afirmou ser muito religioso. "Esta é a segunda vez que a Bíblia me salva. A primeira foi quando eu conhecia a Palavra. Agora, acontece isso", disse.
Segundo a vítima - que está em processo litigioso de separação -, o crime não se caracterizou como um assalto. "Eu estava com R$ 800,00 na carteira, com relógio e outros objetos. Não pediram nada. Já chegaram querendo me matar mesmo", falou.
O cabeleireiro disse que saiu de casa às 19h40, para conversar com um sobrinho numa igreja perto da casa dele. "Não o encontrei. Então fui até o comércio dele, que também estava fechado. Quando retornava, percebi, já no bairro Manguinhos, que estava sendo seguido por outro carro, um Gol branco", disse a vítima.
Quando colocou o carro na garagem e foi fechar o portão, N.G.C. foi abordado por um dos ocupantes do carro, já de arma na mão. "Quando vi, fui em direção a ele, para tentar impedir que atirasse. Mas ele disparou, me acertou de raspão na testa. Caí e ele atirou de novo, no peito", finalizou.
N.G.C. foi socorrido e levado para o Hospital Metropolitano, onde foi medicado e liberado logo a seguir. Ele disse que não conhecia o atirador. O caso será investigado pela Delegacia de Jacaraípe

Fonte: gazeta online

24/01/2009

SALMO 23 - Versão 2009

SUBINDOAMONTE

O meu Pastor é  o verdadeiro Deus,  e nada me faltará
Tudo o que eu preciso Ele proverá
O meu Pastor é  o verdadeiro Deus,  Ele me protegerá
Em verdes campos, junto às águas
Me fará descansar
Restaura sempre a  minha alma
Guia os meus passos
Pelos Seus caminhos
Por Seu grande amor
Não temerei se no vale escuro eu andar
Protegido serei, junto a mim Ele estará
O Seu amor e o Seu bem me valerão
Para sempre, em meu viver
Até aquele Dia em que habitarei
Para todo o sempre com o meu Pastor
Prepara-me uma mesa
Na presença de inimigos
Meu cálice transborda
Tenho consolo e unção
Não temerei se no vale escuro eu  tiver de andar
Protegido serei, junto a mim Ele estará
O Seu amor e o Seu bem me valerão
Para sempre em meu viver
Até aquele dia em que habitarei
Para todo o sempre com o meu Pastor
O meu Deus
O meu Pastor é Deus

AMANDO AO PRÓXIMO

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Mas é precisamente aqui, durante a dor, a pobreza ou a fraqueza que o Dançarino convida-nos a levantar e a dar os primeiros passos. É dentro do nosso sofrimento, e nunca fora dele, que Jesus entra em nossa tristeza, toma-nos pela mão, puxa-nos gentilmente fazendo-nos ficar de pé e convida-nos a dançar. E descobrimos o caminho da oração, como o salmista; converteste o meu pranto em dança (Salmos 30:11), porque, no âmago da nossa tristeza encontramos a graça de Deus.

E, enquanto dançamos, percebemos que não precisamos ficar confinados ao diminuto espaço da nossa tristeza, mas podemos sair dali. Paramos de centralizar nossa vida em nós mesmos. Chamamos outros para dançarem conosco a dança maior. Aprendemos a dar espaço aos outros, e principalmente ao “Outro gracioso” que está em nosso meio. E quando nos fazemos presentes para Deus e Seu povo, nossa vida enriquece-se ainda mais. E constatamos que o mundo é nossa pista de dança. Nosso passo torna-se mais leve e ligeiro, porque Deus está chamando outros a dançarem também.
Henry Nouwen, em Transformando Meu Pranto em Dança.

 

23/01/2009

OS MAIORES ERROS QUE DESTROEM UM NAMORO OU UM CASAMENTO

FONTE: acidezmental

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Eu tive um casamento que não deu certo, e isso me ajudou a compreender melhor os relacionamentos. Aprendi  quais eram os pecados mortais dos namoros e casamentos, como reconhecê-los e evitá-los.
Aqui listo os 7 principais:


1. Ressentimento.
Esse é um veneno que começa pequeno (“Ele não substitui o rolo de papel higiênico” ou “Ela não lava o prato depois de comer”) e vai crescendo até ficar enorme. Ressentimento é perigoso porque geralmente fica abaixo do nosso radar, de modo que não percebemos que estamos ressentidos, e nosso parceiro não entende que há algo errado. Se você já se pegou tendo ressentimento, precisa endereçá-lo rapidamente, antes que fique pior. Corte-o pela raiz enquanto ainda é pequeno. Há duas boas maneiras de lidar com ressentimento. A primeira: respire fundo e simplesmente deixe o sentimento ir embora - aceite seu parceiro como ele é, incluindo as falhas (ninguém é perfeito). A segunda: fale com seu parceiro sobre isso, se não dá para aceitar, e tente vir com uma solução que funcione para ambos (não só para você). Tente falar sem confrontar e sim de um jeito que expresse como você se sente sem ser acusatório.

2. Ciúmes.
É difícil controlar o ciúme se você o sente, eu sei. Ele parece acontecer por si mesmo, fora do nosso controle. De qualquer forma, o ciúme - assim como o ressentimento - é um veneno para a relação. Um pequeno ciúme tudo bem, mas quando chega a um certo nível de necessidade de controlar o seu parceiro, ele se transforma em brigas desnecessárias, que deixam ambos infelizes. Se você tem problemas com ciúmes (como eu já tive), em vez de tentar controlá-lo, é importante que você examine e faça um acordo com a raiz do problema, a insegurança. Essa insegurança pode estar ligada a sua infância (como abandono dos pais, por exemplo), num relacionamento anterior em que você se feriu, ou em incidentes passados do seu relacionamento.

3. Expectativas não realistas.
Frequentemente nós temos uma idéia de como nosso parceiro deveria ser. Nós esperamos que sejam limpos, ponderados, que sempre pensem na gente primeiro, que nos surpreenda, nos suporte, que sejam sempre sorridentes, que trabalhem duro e não sejam preguiçosos. Não necessariamente essas expectativas, mas quase sempre temos expectativas para nossos parceiros. Ter alguma expectativa é bom - nós deveríamos esperar que nosso parceiro seja confiável, por exemplo. Mas alguma vezes, sem perceber, nós criamos expectativas muito altas para acontecer. Nosso parceiro não é perfeito - ninguém é. Não podemos esperar que eles sejam carinhosos e amorosos a cada minuto de cada dia - todo mundo muda de humor. Não podemos esperar que eles sempre pensem na gente, já que eles obviamente vão também pensar neles ou em outros alguma hora. Não podemos esperar que eles sejam exatamente como nós somos, já que cada um é cada um. Expectativas muito altas levam a desapontamento e frustração, especialmente se não comunicamos ao outro essa expectativa. Como podemos esperar que nosso parceiro atinja essas expectativas se eles nem sabem sobre elas? O remédio é baixar nossas expectativas - deixar nossos parceiros serem eles mesmos, e aceitá-los e amá-los por isso. As expectativas básicas que nós mantivermos devem ser comunicadas claramente.

4. Não ter tempo.
Esse é um problema de casais que têm filhos, mas também de outros casais que são pegos pelo trabalho, hobbies, amigos e famílias ou outras paixões. Casais que não passam tempo sozinho juntos criam um abismo entre si. E embora passar tempo junto quando você está com filhos, amigos ou família seja bom, é importante também passar algum tempo juntos e sozinhos. Não consegue achar tempo com todas as coisas que estão acontecendo - trabalho, filhos e outras coisas? Crie tempo. É sério, crie tempo. Isso pode ser feito. Eu faço isso - simplesmente tenho certeza de que essas horas com meu parceiro é uma prioridade, e eu adio qualquer coisa para ter esse tempo. Contrate uma babá, cancele alguns compromissos, adie o trabalho por um dia, e saia com ele. Não precisa ser uma saída cara - algum tempo na natureza, fazendo exercícios juntos, assistindo a um filme e tendo um jantar a dois, todas são boas opções. E quando vocês estiverem juntos, faça um esforço para se conectarem, não apenas estarem juntos.

5. Falta de comunicação.
Esse pecado afeta todos os outros nesta lista - ele foi dito muitas vezes antes, mas é verdade:  a boa comunicação é fundamental para um bom relacionamento. Se você tem ressentimento,  deve conversar sobre isso em vez de deixar o ressentimento crescer. Se você é ciumento, você deve abrir o jogo e ser honesto ao expor sua insegurança. Se você tem expectativas, deve dizê-las ao seu parceiro. Se existem problemas, você deve dizer e trabalhar para solucioná-los. Comunicação não quer dizer apenas falar ou brigar - a boa comunicação é honesta sem ser acusatória. Comunique seus sentimentos - frustrações, desculpas, medos, tristezas, alegrias - em vez de criticar. Comunique um desejo para trabalhar em uma solução que funcione para ambos, um compromisso, em vez de uma necessidade de fazer o outro mudar. E comunique mais do que apenas problemas - comunique também as boas coisas.

6. Não demonstrar gratidão.
Algumas vezes não existem problemas reais em um relacionamento, como ressentimentos, ciúmes ou expectativas altas, mas há também a não-expressão de coisas boas relativas ao seu parceiro. Essa falta de gratidão e apreciação é tão ruim quanto os demais problemas, porque sem elas seu parceiro vai sentir que você está com ele por compaixão. Toda pessoa quer ser apreciada pelo que faz. E apesar de você poder ter alguns problemas com o que  o seu parceiro faz, você deveria também notar que  o seu parceiro também faz coisas boas. Ele lava os pratos, ou cozinha algo que você gosta? Ele lhe ajuda ou dá suporte ao seu trabalho? Tire um tempo para dizer obrigado, dê-lhe um beijo e um abraço. Essas pequenas atitudes podem levar a um excelente caminho.

7. Falta de afeto.
Similarmente, tudo o mais pode estar indo bem, incluindo a expressão de gratidão, mas se não existe afeto entre os parceiros então há um sério problema. Com efeito, o relacionamento está indo em direção a um amor platônico. Isso pode ser melhor do que muitos relacionamento com problemas sérios, mas não é uma coisa boa. o afeto é importante - todo mundo precisa de um pouco, especialmente vindo de quem amamos. Tire um tempo, todo santo dia, para dar atenção ao seu parceiro. Faça festa quando ele ou ela chegar em casa do trabalho, dê um grande abraço. Acorde-o com um beijo apaixonado (quem liga pra o hálito!). Dê-lhe um beijo no pescoço. Massageie suas costas enquanto ele vê TV. Sorria sempre.

8. Pecado bônus: Teimosia.
Essa não estava na lista original, mas só pensei nela justo agora e não podia deixar de fora. Todo relacionamento terá problemas e discussões - mas é importante que você aprenda a resolvê-los depois de baixar a guarda um pouco. Infelizmente, muitos de nós são tão teimosos até para falar sobre. Talvez nós sempre queremos estar certos. Talvez nós nunca queremos admitir que cometemos um erro. Talvez nós não gostemos de pedir desculpas. Talvez nós não gostemos de nos comprometer. Eu já fiz todas essas coisas - mas aprendi depois de todos esses anos que isso é apenas criancice. Quando eu me pego sendo teimoso atualmente, tento superar essa infantilidade e deixar o meu eu de lado e pedir desculpas. Falamos sobre o problema e tentamos solucioná-lo. Não tenha medo de ser o primeiro a pedir desculpas. Depois deixe isso no passado e siga para as boas coisas.

Exercite seu cristianismo. Compreenda. Ame. E tente ser alguém melhor,  a cada dia que passa. Quando casamos sob a direção de Deus, suportamos todas as coisas. AS

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O homem vê o rosto, Deus o coração; o homem considera as ações, Deus pesa as intenções. Thomas Kempis

21/01/2009

SOBRE A VULNERABILIDADE DOS CRENTES

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O cenário da igreja evangélica parece não ter conserto. Parece que quando penso que chegamos no fundo do poço sou surpreendido com mais alguns metros para descer na lama. É lamentável a tragédia ocorrida no templo da Renascer, mas, é tão triste quanto qualquer outra tragédia.
Talvez os "crentes" sintam uma estranheza ou uma sensação diversa por estarem acostumados a "livramentos" e "milagres". Muitos acostumados - ou programados - a pensar que são "cabeça" e não "cauda", são abalados com um evento como esse que testemunhamos.
Suas mentes moldadas nessa teologia da imunidade entram em "parafuso" quando são despertos para a realidade. Que realidade? Que o Sol brilha para justos e injustos e a tempestade alcança tanto estes como aqueles.
Então onde está, de fato, a diferença para nós cristãos? A diferença não está na manipulação da realidade... nem no mover do "espiritual" em nosso favor no sentido de nos tornar blindados aos infortúnios da vida. O diferencial está - ou deveria - em nossos corações, em nosso caráter como servos e discípulos de Cristo. Que como tais, podem tudo Naquele que os fortalecem. De maneira que, são capazes de suportar pela fé a pobreza, o sofrimento, a tragédia, a injustiça e a escassez... e na mesma Força são capazes de permanecer fortes e fiéis na riqueza, na alegria, no conforto, na justiça e na abundância!
Nota-se então, que o que nos diferencia dos que não são de Cristo, não é como inferimos na realidade, nos eventos aleatórios ou no mundo ao nosso redor, mas como estes nos afetam ou não ao ponto de fazer emergir a transformação que o Evangelho deve produzir em nós.
O acidente com a Renascer só nos mostra que somos tão vulneráveis quanto todos. E que são em momentos assim que devemos florescer Cristo dentro de nós em humildade e oração

Thiago Medanha

FONTE: PAVABLOG

19/01/2009

O QUE NÓS TEMOS QUE APRENDER COM A “TROCA DE FAMÍLIA”…


Você já assistiu ao "Troca de Família", na Record? Não? Então deveria gastar um tempo para ver e aprender algo que todos nós cristãos deveríamos saber de cor e salteado!
Basicamente o programa consiste em trocar as mães de famílias bem diferentes durante uma semana. O mais legal é que eles fazem essa troca com pessoas as mais diferentes  possíveis! São mães do norte trocadas por mães do sul; mães pobres que vão para famílias ricas; mães de comunidades hippies que vão para o centro urbano e por aí vai. Como não poderia de ser, logo o pessoal começa a se estranhar. Alguns se saem bem, mas geralmente uma das mães arma o maior barraco e os relacionamentos desandam. As mães que se saem melhor são aquelas que aprendem a conviver com a diversidade, e numa lição de extrema tolerância e humildade convivem com pessoas totalmente diferentes das que elas estão acostumadas.
Qual a lição para nós, cristãos? Todas! A começar pela capacidade que deveríamos ter de saber conviver com as diferenças sem impor o nosso modo de vida. Sim, a palavra aqui é tolerância! Podem me chamar de liberal ou seja o que for, mas tenho visto que as pessoas que mais amam "as pessoas" nesse mundo são justamente aquelas que são desprovidas de preconceito e arrogância. O problema é que aprendemos a confundir o pecado com o pecador, e aí o molho azeda. As pessoas são diferentes, elas comem diferente, se vestem diferente. Elas adoram deuses diferentes. E nós, Cristãos, o que devemos fazer nesse mundo tão "mix", diferente? Devemos fazer aquilo que é simples e eficaz: amar as pessoas. Tenham elas tatuagens, sejam travestidas, fumem, sejam gays, sejam prostitutas, desdentadas, fedidas, falem palavrão ou leiam a Bíblia... pessoas existem para serem amadas!
Penso que temos muuuuuuuuito a aprender com Jesus Cristo, embora levemos o nome de "cristãos". Ele sabia discernir o "pecado" do "pecador". Nós confundimos tudo isso. Vivemos pregando que Deus ama o pecador, mas se aborrece do pecado e fazemos justamente o contrário.
Não precisamos estar no "Troca de Família" para passarmos vergonha. Já estamos dando vexame há muito tempo em rede "celestial". Eu preciso me despir dos meus preconceitos (que são muitos!) e aprender a aceitar as pessoas como elas são, para construir pontes de relacionamentos a fim de conseguir ser uma boa influência com o meu cristianismo. Como eu tenho lidado com os tão diferentes e asqueirosos que me rodeiam? Tenho até medo de responder...

FONTE: ELETROACÚSTICO

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