31/07/2010

NOSSA FINITUDE DE CADA DIA

 

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Somos seres finitos. Mas, finitos em quê? Será que a morte é o nosso único fim? Será que só percebemos a finitude quando um parente ou amigo próximo morre?

Não, é certo que a finitude  nos ronda em qualquer ato que possamos realizar. Somos seres finitos a cada segundo em nossas vidas. Se pensarmos na finitude em um sentido amplo, ela significa toda nossa limitação e fragilidade. E em um sentido restrito ela seria pré – condição de nossa liberdade de escolha.

Cada escolha dá fim a outras tantas, e isto nos angustia. Cada projeto que faço põe fim a tantos outros, pois as possibilidades são infinitas.  Isto é uma tremenda crueldade: a escolha é finita e as possibilidades de escolhas são infinitas. Ora, temos que há todo momento pensar se fizemos a melhor escolha em detrimento (fim) de tantas outras. Para cada escolha há infinitas outras que não escolhemos. Isto é muita responsabilidade!  Melhor pensarmos na finitude só na hora da morte. E enquanto ela não chega, vamos deixando que o acaso ou o destino escolha por nós. Aí, quando menos agente espera ela (a morte) bate a porta. Nos desesperamos pelas escolhas que não fizemos, pelas que poderíamos ter feito, e por aquelas que fizemos. Um caos total, onde queremos ganhar o tempo perdido, aproveitar o que nos resta. Se é diante de nossa própria morte isto se dá em relação a nós mesmos, se diante da morte do outro isto se passa  na relação que temos com ele.

A morte é um aviso de que há fim implícito em tudo que fazemos. E isto não deve ser entendido com uma visão pessimista, mas sim com uma visão otimizada de cada escolha que estaremos por fazer. A morte, segundo Heidegger, se repete em cada situação de escolha. Para ele, assumir a morte como possibilidade presente a cada instante, é o mais responsável passo na busca de uma existência autêntica e criativa. Mais do que finitos, somos livres para escolher, com toda angústia inerente a este processo. Quando escolhemos de forma consciente do que estamos perdendo e ganhando e para quê estamos escolhendo, somos sujeitos de nossa existência. E, então poderemos morrer e deixar morrer, dizendo que foram feitas as melhores escolhas até aquele momento.

HENRI NOUWEN

FONTE: || vineyard café || blog

30/07/2010

SOBRE O PECADO E A DOR…DOS OUTROS -Rubinho Pirola

 

Sempre tivemos, como comunidade cristã, problemas com o pecado. Sobretudo dos outros.

Se por um lado, há uma tendência farisaica de enxergamos logo o que está errado na vida do próximo e, com isso, fazermos de imediato uma plástica moral do retrato que fazemos de nós mesmos, tornando-nos mais santos que aquele que caiu. Num ato contínuo e sequente, no nosso julgar, expô-mo-lo à execração pública, com toda a impiedade que seria própria de quem nunca erraria, nunca tropeçaria.

De outro lado, há uma igual tendência para o espanto, sem que o implicado, seja ajudado na sua falha e, vez por outra, varremos pra debaixo do tapete a caca toda e voltamos-lhe o rosto, deixando-o à mercê da vida, de Deus ou de outros que, sem o saber, possam "desembrulhar"o pacote que, covardemente e por omissão (à nossa responsabilidade solidária e misericordiosa), abandonamos.

Nos assustamos com a catástrofe católico romana, da pedofilia de sacerdotes que, ao invés de serem tratados, foram (e parecem que continuam a ser) empurrados de um lado a outro abandonados (e às suas vítimas) a própria sorte, mas em muitas das nossas paróquias evangélicas, protestantes reformadas ou não, vimos esse vergonhoso hábito acontecer.

Por anos, vimos pastores carregando problemas morais sérios serem transferidos de presbitério, de igrejas... sem que tivessem eles o tratamento adequado (descobri que uma denominação brasileira, por anos, enviou a Portugal, onde vivo, obreiros seus que haviam caído, como que num degredo contemporâneo, sem tratamento, sem acompanhamento, nada).

No campo missionário, vi já vários obreiros, abandonados à mercê de si mesmos e de suas maleitas ao invés de serem tratados com seriedade e, acima de tudo com misericórdia, para a sua reabilitação.

Assim, sem tratamento, uma constipação vira resfriado, que vira uma pneumonia, que vira septicemia, que vira defunto...

Entre coisa e outra, nesse ou naquele campo da cristandade, continuamos a tratar os escândalos quando esses já fedem, antes de, percebendo alguma fraqueza no meu companheiro de caminho, oferecermos-nos como agentes de cura (ou de encaminhamento para ela). Aliás, sempre achei que escândalo seja somente o cheiro da podridão de um peixe que já morreu há muito.

Quem sabe, na nossa pobre e quase sempre superficial comunhão e partilha do fardo de vivermos as nossas lutas, não estejamos nós, todos nós, permitindo que doentes, enfermos ou somente fracos, não estejam livres ladeira-abaixo sem o braço solidário e misericordioso?

Mesmo com o nosso choro por tantas vítimas dessa gente doente, precisamos com urgência, que nós e as nossas comunidades ofereçam a atmosfera e a liberdade que permita a todos, partilharem não só os seus entusiasmos, mas as suas dificuldades. E praticar o ministério da admoestração e não o do juízo. Como disse o meu amigo Alan Brizotti: "Quando o choro vem antes do juízo, ele sara".

Se não tivermos esse lugar, seguro e amoroso da comunhão, que outro lugar podemos nós obter amparo e ajuda para a nossa saúde?

Como já afirmou um outro amigo e pastor, Ariovaldo Ramos, constatando tristemente que, "as igrejas têm-se tornado no pior dos hospitais, onde os doentes sequer podem compartilhar sobre as suas doenças", precisamos urgente e honestamente nos avaliar.

Temo que possamos todos nos distrair (e, mesmo divertir) com essa tragédia de Roma e, perdermos as oportunidades de chorar pela solidão dos que sofrem, à mercê dos seus demônios interiores sem ter quem, sem os julgar e atirar ao inferno, ofereçam-se como instrumento de cura e reabilitação, antes dos escândalos acontecerem.

" Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros para que sareis". Tg 5:16


"Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor"Ef 4:2

fonte:  Rubinho

28/07/2010

O caminho à paz do homem comum

 

sermão pregado por Spurgeon, publicado pela Shedd Pulicações


"Saindo Jesus dali, dois cegos o seguiram, clamando: 'Filho de Davi, tem misericórdia de nós!' Entrando ele em casa, os cegos se aproximaram, e ele lhes perguntou: 'Vocês crêem que eu sou capaz de fazer isso?' Eles responderam: 'Sim, Senhor!' E ele, tocando nos olhos deles, disse: 'Que lhes seja feito segundo a fé que vocês têm!' E a visão deles foi restaurada. Então Jesus os advertiu severamente: 'Cuidem para que ninguém saiba disso' " (Mateus 9.27-30).

Não estou para fazer uma exposição desse incidente, nem para tirar ilustrações dele, mas só quero dirigir a sua atenção a um único aspecto dele, que é a sua extrema simplicidade. Existem outros casos de cegos, e temos vários incidentes ligados com eles, tais como, em um caso, o fazer barro, e o envio do paciente para se lavar no tanque de Siloé, e assim por diante. Mas aqui, a cura é extremamente simples: os homens estão cegos, clamam a Jesus, aproximam-se, confessam a sua fé, e recebem de imediato a vista. Em muitos outros casos de milagres operados por Cristo, havia circunstâncias de dificuldade; em certo caso, um homem foi descido através de um buraco no telhado, tendo sido levado para lá por quatro homens; em um segundo caso, uma mulher vem por trás dele na multidão apertada, e, com grande esforço, toca na fímbria das suas vestes; lemos a respeito de outro, que já estivera morto fazia quatro dias, e parecia haver nítida impossibilidade para ele chegar a sair do túmulo; mas no presente caso tudo acontece com singeleza. Aqui temos cegos, conscientes da sua cegueira, confiantes de que Cristo pode lhes restaurar a vista, clamam a ele, chegam até ele, crêem que ele pode lhes abrir os olhos, e recebem imediatamente a vista.

Vocês percebem que houve, no caso deles, os seguintes elementos singelos:--a consciência da cegueira, o desejo pela vista; depois, a oração, e depois, a vinda até Cristo e, ainda, uma confissão aberta da fé, e em seguida, a cura. A questão se acha bem resumida. Não há pormenores, nenhum aspecto de cuidados e delicadezas que porventura sugerissem a ansiedade: o acontecido é da pura singeleza, e este é o único aspecto que me deterá na presente ocasião.

Existem casos de conversão tão simples como o presente caso da abertura dos olhos dos cegos; e não devemos duvidar da realidade da obra da graça neles, só por causa da ausência de incidentes singulares e de pormenores notáveis. Não devemos supor que uma conversão é uma obra menos genuína do Espírito Santo, porque é extremamente singela. Que o Espírito Santo abençoe a nossa meditação.

I. Para tornar esse nosso estudo útil a muitos, começarei notando, em primeiro lugar, que é um fato indubitável que muitas pessoas ficam bastante perturbadas ao chegar a Cristo.

É fato que devemos reconhecer, que nem todos vêm a Cristo tão prontamente como esses cegos. Existem casos registrados nas biografias--existem muitas que nos são conhecidas, e talvez nossos próprios casos estejam entre eles--em que vir a Cristo era questão de luta, de esforço, de decepção, de longa espera e, finalmente, de um tipo de desespero que nos obrigou a vir. Vocês devem ter lido a descrição de John Bunyan de como os peregrinos chegavam à porta estreita. Como vocês se lembram, Evangelista lhes indicava uma luz e uma porta, e seguiram por aquele caminho a convite dele. Contei a vocês, algumas vezes, a história de um jovem em Edimburgo, que estava muito ansioso para falar com outras pessoas a respeito da alma delas; de modo que, certa manhã, dirigiu-se a uma velha vendedora de peixes em Mussellburgh, e ele começou dizendo a ela: "Aqui está você com seu fardo". "Sim", disse ela. Ele lhe perguntou: "Você já sentiu um fardo espiritual?". "Sim", disse ela, descansando um pouco, "senti o fardo espiritual há muitos anos, antes de você ter nascido, e me livrei dele, também; mas não fui lidar com o assunto da mesma maneira que o 'Peregrino' de Bunyan".

Nosso jovem amigo ficou grandemente surpreso ao ouvi-la dizer assim, imaginava que ela devesse estar gravemente enganada, e por isso, pediu que ela explicasse. "Não", disse ela, "quando senti preocupação no tocante à minha alma, escutei um verdadeiro ministro do evangelho, que me mandou olhar para a cruz de Cristo, e ali perdi meu fardo de pecado. Não fui escutar um daqueles pregadores de água com leite, como o Evangelista de Bunyan". Nosso jovem amigo perguntou a ela: "Como você chega a essa conclusão?". "É porque, aquele Evangelista, ao encontrar aquele homem que carregava um fardo nas costas, disse-lhe: 'Você vê aquela porta estreita?'. 'Não', disse ele, 'não a vejo'. 'Você vê aquela luz?'. 'Acho que sim'. Ora, homem", disse ela, "ele não deveria ter falado a respeito de portas estreitas ou de luzes, mas deveria ter dito: 'Você vê Jesus Cristo pendurado na cruz? Olhe para ele, e seu fardo cairá do seu ombro'. Mandou o homem pelo caminho errado ao mandá-lo procurar a porta estreita, e não lhe fez muito bem com isso, porque tinha a probabilidade de afogar no pântano do desânimo antes de chegar ali. Posso lhe dizer que olhei de imediato para a cruz, e meu fardo sumiu". "O que?", disse esse jovem, "você nunca passou pelo pântano do desânimo?". "Ah", disse ela, "muitas vezes, mais do que quero contar.

Mas logo de início escutei o pregador dizer: 'Olhe para Cristo', e olhei para Cristo. Já passei pelo pântano do desânimo depois disso; mas posso lhe dizer, senhor, que é muito mais fácil passar por aquele pântano sem fardo, do que com o fardo amarrado nas costas". E é assim mesmo. Bem-aventurados aqueles cujos olhos se fixam única e exclusivamente no Crucificado. Quanto mais velho fico, tanta mais certeza tenho disso, que devemos acabar com o próprio-eu em todas as suas formas e ver somente a Jesus, se quisermos ter paz. John Bunyan estava enganado? Certamente não; descrevia as coisas como são. A senhora idosa estava errada? Não, ela estava com toda a razão: descrevia as coisas como devem ser, do modo que eu desejaria que sempre fossem. No entanto, a experiência nem sempre é o que deveria ser, e boa parte da experiência dos cristãos não é experiência cristã. É um fato que lamento, mas mesmo assim, deve reconhecer que grande número de pessoas, antes de chegar à cruz e perder o fardo, vão contornando por uma caminhada interminável, experimentando um plano e outro, mas com sucesso muito limitado, afinal, em vez de chegarem imediatamente a Cristo, assim como estão, confiando nele e achando imediatamente a luz e a vida. Como é, pois, que algumas pessoas demoram tanto em chegarem até Cristo?

Respondo, primeiramente, que em alguns casos se trata de ignorância. Talvez não exista outro assunto a respeito do qual as pessoas sejam tão ignorantes, tanto quanto do evangelho. Ele não é pregado em centenas de lugares? Sim, ele o é, graças a Deus! E ilustrado em livros sem fim; mas, apesar disso, não é dessa forma que chegam até ele; nem ouvindo, nem lendo, poderão descobrir o evangelho por si mesmos. É necessário o ensino do Espírito Santo, senão, as pessoas permanecem na ignorância quanto a essa simplicidade -- simplicidade da salvação mediante a fé. As pessoas estão no escuro, e não sabem o caminho; e por isso correm para cá e para lá, e não raro procuram um Salvador que esteja disposto a abençoá-las de imediato. Clamam: "Quem dera eu soubesse onde achá-lo!", ao passo que, se tão-somente compreendessem a verdade, perceberiam que a salvação está bem perto delas: "na sua boca e no seu coração". E se quiserem crer no Senhor Jesus, de coração e com a boca o fizerem e confessarem Cristo, serão salvas de imediato.

Em muitos casos, também, os homens sofrem o empecilho do preconceito. As pessoas são ensinadas a crer que a salvação deve ser por meio de cerimônias; e caso se vejam obrigadas a sair dessa posição, ainda concluem que, certamente dependerá, em certo sentido, das suas boas obras. Muitas pessoas aprenderam um evangelho do tipo meio a meio, parcialmente pela lei, e parcialmente pela graça, e ficam em uma névoa espessa no tocante à salvação. Sabem que a redenção tem alguma coisa que ver com Cristo, mas com elas se trata de uma mistura total; não conseguem enxergar bem que se trata de Cristo inteiramente, ou de nenhum Cristo. Têm alguma idéia de ser salvos pela graça, mas ainda não enxergam que a salvação deve ser totalmente pela graça; não conseguem enxergar que, para a salvação ser pela graça, deve ser recebida pela graça e não mediante as obras da lei, nem pelas artes dos sacerdotes, nem por quaisquer ritos e cerimônias. Tendo sido ensinadas, desde a infância, que decerto há alguma coisa para realizarem por conta, demoram muito tempo antes de chegarem à plena luz clara e bendita da Palavra, onde o filho de Deus vê Cristo e acha a liberdade. "Creia e viva" é uma expressão estrangeira para a alma persuadida de que suas obras devem em certa medida, conquistar a vida eterna.

Com muitas pessoas, na realidade, o empecilho se acha na instrução totalmente errônea. O ensino por demais comum hoje em dia é muito perigoso. O culto não faz distinção entre santos e pecadores--entre crentes e ímpios. Determinadas orações são proferidas todos os dias para crentes e ímpios igualmente--roupas prontas, feitas para servir para todos, sem servir para ninguém. Essas orações, por belíssimas e grandiosas que sejam, não são adequadas para os crentes, nem para os ímpios, pois ensinam as pessoas a ter o conceito e a ilusão de estar em algum ponto entre salvas e perdidas--não realmente perdidas, por certo, mas ainda não bem santificadas -- estão no meio, são híbridos de raças mistas -- do tipo dos samaritanos que temem ao Senhor e servem a outros deuses, e que esperam ser salvos mediante o amálgama de graça e de obras. É difícil levar as pessoas à graça e à fé somente; estão desejosas de ficar em pé, mantendo um dos pés no mar, e o outro na terra. Boa parte do ensino serve para sustentar nelas a idéia de que há algo no homem, e algo a ser feito por ele, e assim não ficam sabendo, na própria alma, que devem ser salvas por Cristo, e não por si mesmas.

Além disso, há o orgulho natural do coração humano. Não gostamos de ser salvos por caridade, queremos fazer nossa contribuição. Ficamos encurralados; somos forçados cada vez mais longe da autoconfiança, mas ainda agarramo-nos com unhas e dentes, se não conseguimos nos segurar por outros meios. Terrivelmente desesperados, confiamos em nós mesmos. Mesmo com os cílios queremos nos agarrar a algo parecido com a autoconfiança: não abriremos mão da confiança carnal se for possível mantê-la. Então vai entrando, com o orgulho, a oposição a Deus; pois o coração humano não ama a Deus, e muitas vezes demonstra sua oposição por meio da rejeição a Deus no tocante ao plano da salvação. A inimizade da parte do coração não renovado não é demonstrada, em todos os casos, por pecados flagrantes, por serem muitos, pela própria educação; foram ensinados a serem morais, mas odeiam o plano da graça de Deus, apenas pela graça somente, e é nesta questão que seu fel de amargura começa a operar. Como se contorcem no assento da igreja, se o ministro pregar a soberania divina; odeiam este texto: "Terei misericórdia de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão" (Rm 9.15). Falam a respeito dos direitos dos homens caídos, e a respeito de serem todos tratados igualmente; e quando se trata da soberania de Deus, e de Deus manifestar sua graça em conformidade com sua vontade absoluta, não agüentam tal coisa. Se for para tolerar a Deus, não será no trono; se for para reconhecer a existência de Deus, não o tratarão como Rei dos reis e Senhor dos senhores que age segundo a própria vontade, e quem tem o direito de perdoar a quem ele acolhe, e de deixar os culpados, se assim lhe agradar, para perecerem na culpa de rejeição ao Salvador. Ah, o coração humano não ama a Deus como Deus, como ele é revelado nas Escrituras, mas cria um deus para si mesmo, e exclama: "Eis aí, ó Israel, os seus deuses" (Êx 32.8).

Em alguns casos, a dificuldade do coração em chegar a Cristo surge de uma singularidade de conformação mental, e tais casos devem ser considerados exceções, e não regras. Agora, vejamos, por exemplo, o caso de John Bunyan, ao qual já referimos. Se você ler Grace Abounding [Graça abundante], descobrirá que, durante cinco anos ou mais, ele sofria do mais tremendo desespero,--tentado por Satanás, pelo próprio eu, sempre levantando dificuldades contra si mesmo; e custou-lhe muitíssimo tempo antes de conseguir chegar até a cruz e achar paz. Por outro lado, caro amigo, é muito improvável que você ou eu viremos a ser um John Bunyan. Poderemos ser funileiros, mas nunca poderemos escrever O peregrino. Poderemos imitá-lo na sua pobreza, mas não teremos a probabilidade de ser um gênio como ele: um homem com tamanha imaginação, cheio de sonhos maravilhosos, não nasce todos os dias, e quando surge alguém assim, sua herança cerebral não é, de forma nenhuma, uma conquista no sentido de uma vida tranqüila. Depois de a imaginação de Bunyan ter sido purificada, suas obras produzidas passaram a ser vistas nas alegorias maravilhosas; mas enquanto ele ainda não fora renovado e reconciliado com Deus, com mente semelhante, formada de modo tão estranho e destituída de toda a cultura, tendo sido ele mesmo criado na sociedade mais grosseira, a herança recebida foi pavorosa.

A imaginação maravilhosa poderia lhe ter causado desgraças impensáveis se não tivesse sido controlado pelo Espírito divino. Você estranha que, ao chegar à luz do dia, os olhos cobertos de trevas tão densas que mal podiam suportar a luz, o homem considerasse as trevas mais escuras à medida que a luz começou a brilhar sobre ele? Bunyan era incomparável; não a regra, mas a exceção. Ora, você, caro amigo, pode ser uma pessoa estranha. É muito provável que você o seja; e eu posso sentir comiseração por você, pois eu mesmo sou bastante estranho; mas não defina uma regra no sentido de todas as demais pessoas deverem forçosamente ser estranhas também. Caso aconteça que você e eu, andemos por caminhos irregulares, não pensemos que todas as pessoas devam seguir nosso mau exemplo. Devemos nos sentir muito gratos por que a mente de algumas pessoas são menos retorcidas e enodadas que a nossa, e não estabeleçamos nossa experiência como padrão para outras pessoas. Sem dúvida, dificuldades poderão surgir com base em uma qualidade mental extraordinária com a qual Deus pode ter dotado alguns, ou de uma depressão de espírito natural para outras pessoas, e estas podem deixar tais pessoas estranhas enquanto viverem.

Além disso, existem os impedidos de vir a Cristo mediante os notáveis ataques de Satanás. Você se lembra da história do menino que o pai quis levar até Jesus, mas "quando o menino vinha vindo, o demônio o lançou por terra, em convulsão" (Lc 9.42)? O espírito maligno sabia que seu tempo seria curto, que em breve seria expulso da sua vítima, e por isso, lançou o menino por terra, em um ataque de epilepsia, deixando-o semimorto. E assim faz Satanás com muitos homens. Ataca-os com toda a brutalidade de sua natureza demoníaca, e descarrega neles sua maldade, porque teme que estão para escapar do seu serviço, não podendo mais tiranizá-los. Como diz Watts:

"Ele atormenta a quem não consegue devorar,

e isso com júbilo malicioso".

Ora, se alguns chegam a Cristo, e ao Diabo não é permitido atacá-los, se alguns chegam a Cristo, e nada há de estranho na sua experiência, se alguns chegam a Cristo, e o orgulho e a oposição foram conquistados na sua natureza, se alguns chegam a Cristo, e não são ignorantes, mas bem instruídos, e facilmente enxergam a luz, regozijemo-nos que assim acontece. É a respeito de tais pessoas que estou para falar um pouco mais prolongadamente.

II. Admite-se como fato indubitável que muitas pessoas têm grande dificuldade em vir a Cristo; mas agora, em segundo lugar, isso não é essencial, de modo algum, para alguém chegar real e salvificamente ao Senhor Jesus Cristo. Menciono isso porque já conheci cristãos aflitos de coração porque receiam ter chegado a Jesus por demais facilmente. Têm quase imaginado, ao relembrar o passado, ser possível que sequer tenham sido realmente convertidos, porque sua conversão não foi acompanhada de tamanha agonia e tormento mentais aos quais outros se referem.

Eu gostaria de observar, em primeiro lugar, que é muito difícil entender que sentimentos de desespero possam ser essenciais para a salvação. Examinemos o caso, por alguns momentos. Seria possível a incredulidade ajudar a alma a chegar à fé? Não é certo que a angústia experimentada por muitos antes de chegarem a Cristo surge do fato da sua incredulidade? Não confiam--dizem que não conseguem confiar--, e assim são como o mar perturbado que não sossega. Sua mente é jogada para cá e para lá, e dolorosamente atormentada pela incredulidade; esse é um alicerce para a santa confiança em Cristo? Para mim, pareceria a coisa mais estranha no mundo inteiro, se a incredulidade fosse o preparativo para a fé. Como seria possível que semear o terreno com cardos o deixasse mais bem preparado para os bons grãos de trigo? O fogo e a espada ajudam na prosperidade nacional? O veneno mortífero é uma ajuda para a saúde? Não compreendo isso. Parece-me muito melhor a alma crer imediatamente na Palavra de Deus, e esta seria provavelmente uma obra mais genuína quando a alma, convicta do pecado, aceita o Salvador.

É esse o caminho da salvação que Deus oferece, e ele exige que eu realmente confie no seu Filho amado, que morreu a favor de pecadores. Percebo que Cristo é digno de confiança, pois ele é o Filho de Deus, de modo que seu sacrifício forçosamente deve ter a capacidade de remover meu pecado; percebo, também, que ele entregou sua vida a favor do seu povo, no lugar deste, e em vez deste, e por isso confio nele de todo o meu coração. Deus me manda confiar nele, e realmente confio nele sem mais questionamento. Se Jesus Cristo satisfaz as exigências de Deus, certamente me satisfaz a mim; e, sem fazer mais perguntas, venho a ele e me confio às mãos dele. Esse tipo de ação não parece ter em si tudo o que possa ser necessário? Será possível que o desespero violento e gritante possa ajudar a alcançar uma fé salvífica? Não consigo enxergar assim. Não consigo pensar assim. Alguns já foram acossados pelos pensamentos mais terríveis. Pensaram não haver a mínima possibilidade de Deus os perdoar; chegaram a imaginar que, mesmo que Deus pudesse perdoar-lhes, não o faria, posto não serem seus eleitos, nem redimidos. Embora tenham visto o convite evangélico escrito com letras de amor: "Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso" (Mt 11.28), ousam questionar se acharão mesmo descanso caso realmente viessem, e inventam suspeitas e suposições--algumas das quais chegam a ser contra o caráter de Deus e da pessoa do seu Cristo.

Que semelhantes pessoas foram perdoadas segundo as riquezas da graça divina, realmente acredito, mas não posso imaginar que seus pensamentos pecaminosos tenham-nas ajudado a obter perdão. Que meus pensamentos sombrios a respeito de Deus, que deixaram muitas cicatrizes no meu espírito, foram lavados junto com todos os meus outros pecados, isso eu sei; mas não posso saber se houve algo de bom nesses pensamentos, nem poderei relembrá-los sem vergonha e lástima. Não consigo enxergar qual préstimo específico poderão ter oferecido a pessoa alguma. Será que um banho de tinta poderá remover a mancha deixada por outro? Nosso pecado pode ser removido por meio de pecarmos mais? É impossível que o pecado possa ajudar a graça, e que o maior deles, o da incredulidade, contribua para a fé.

Mas repito, caros amigos, que boa parte dessas lutas e tumultos dentro da pessoa, que alguns têm experimentado, é obra do Diabo, como já disse. É essencial para a salvação que o homem fique sujeito à influência de Satanás? É necessário o Diabo se interpor para ajudar a Cristo? É essencial que os dedos sujos do Diabo sejam vistos cooperando como as mãos, imaculadas como lírios, do Redentor? Impossível! Não é assim que avalio a obra de Satanás; e acho que nem será esta a avaliação feita por vocês, se examinarem o caso. Se você nunca foi forçado por Satanás à blasfêmia ou ao desespero, dê graças a Deus por isso. Você não teria conseguido nenhuma vantagem por essa atitude; sairia perdendo muito com isso. Que ninguém imagine que, se tivesse sido vítima de sugestões atormentadoras, sua conversão teria tido mais sinais de legitimidade: nenhum erro poderia ser mais destituído de fundamento. Não é possível que o Diabo tenha qualquer utilidade a algum de vocês. Sem dúvida ele lhes provoca danos, e nada, senão danos.

O próprio sr. Bunyan diz, ao falar a respeito de Cristão lutando contra Apoliom, que, embora tenha conquistado a vitória, não ganhou nada com isso. Teria sido melhor o homem fazer um longo contorno, passando por sebes e fossos, que entrar em conflito, uma só vez, com Apoliom. Tudo o que é essencial para a conversão se acha no modo mais singelo de chegar imediatamente a Jesus, e quanto às demais coisas, devemos enfrentá-las se aparecerem diante de nós, mas certamente não devemos procurá-las. É fácil perceber como a tentação satânica estorva, e como mantém as pessoas sujeitas enquanto, de outra forma, poderiam estar em liberdade, mas é difícil encontrar o que de bom essa tentação poderia fazer por si mesma.

Repetimos: muitos exemplos comprovam que toda a obra da lei, bem como as dúvidas e os temores, e ser atormentado por Satanás, não são essenciais, pois existem vintenas e centenas de cristãos que vieram a Cristo, da mesma forma que esses dois cegos, e que até hoje ficaram sabendo bem pouco a respeito dessas coisas. Eu poderia, se fosse adequado, convocar irmãos que estão a meu redor neste momento, que contariam a vocês que, quando preguei a respeito da experiência dos que vêm a Cristo com dificuldade, ficaram contentes com essas explicações no sermão, mas que pessoalmente sentiram: "Nada sabemos a respeito de tudo isso na nossa experiência". Ensinados desde a infância a respeito dos caminhos de Deus, criados por pais piedosos, sentiram as influências do Espírito Santo bem cedo na vida, ficaram sabendo que Jesus Cristo podia salvá-los, sabiam querer a salvação, e simplesmente iam até ele, e eu quero dizer que quase tão naturalmente como recorriam à mãe ou ao pai quando passavam por alguma necessidade: confiavam no Salvador, e acharam imediatamente a paz. Vários líderes honrados desta igreja chegaram ao Senhor desta maneira singela. Ontem mesmo fiquei muito contente com várias pessoas que vi confessando sua fé em Jesus de maneira que me deixou encantado. No entanto, na sua experiência cristã, havia pouco sinal de terríveis queimaduras e cicatrizes. Ouviram o evangelho, perceberam sua adequação para o caso delas, e o aceitaram no mesmo instante, e entraram imediatamente na paz e na alegria. Ora, não declaramos a existência de poucos desses casos tão claros, mas asseveramos com firmeza conhecer multidões de casos semelhantes, e existem milhares dos servos mais honrados de Deus que andam diante dele em santidade, de utilidade eminente, e cuja experiência é tão singela quanto A, B ou C. Toda a sua história pode ser resumida na estrofe:

"Fui a Jesus, tal como era,

Cansado, desgastado e triste;

Achei nele um bom repouso,

E ele me deixou feliz".

Além disso, posso assegurar-lhes que muitos dos que podem apresentar as melhores evidências de renovação pela graça não conseguem definir a data em que foram salvos, nem atribuem a sua conversão a qualquer texto individual das Escrituras, ou a qualquer acontecimento específico na sua vida. Não ousamos duvidar da sua conversão, pois a vida deles comprova tratar-se de conversão genuína. Talvez você tenha muitas árvores no pomar, sabe quando foram plantadas; mas, se você obtiver bastantes frutos delas, você não se preocupará muito com a data em que brotaram raízes. Conheço várias pessoas que não sabem a própria idade. Conversei, um dia desses, com uma mulher que se imaginava dez anos mais velha que a idade real. Não lhe falei que ela não estava com vida, por não conhecer seu aniversário. Se eu tivesse lhe falado assim, ela teria rido de mim; no entanto, há alguns que imaginam não serem convertidos, por imaginarem a data da conversão. Ora, se você confiar no Salvador -- se ele é sua salvação e seu desejo, e se sua vida é afetada pela fé, de tal maneira que você produz os frutos do Espírito, você não precisa se preocupar com tempos e estações.

Milhares de pessoas que estão no aprisco de Jesus podem declarar que ali estão, embora a data da entrada pela porta lhes seja totalmente desconhecida. Há milhares de pessoas que vieram a Cristo, não nas trevas da noite, mas na luz forte do dia, e não podem falar sobre esperas e vigílias cansativas, embora possam cantar da livre graça de Cristo e seu grande amor revelado na sua morte. Chegaram com júbilo ao lar do Pai; a tristeza do arrependimento foi adocicada com o deleite da fé, que lhes chegou ao coração simultaneamente com o arrependimento. Sei que é assim. Estamos contando a simples verdade. Muitos jovens são trazidos ao Salvador com o som de música doce. Muitos, também, de outro tipo, os de mentalidade singela, vêm da mesma maneira. Poderíamos todos querer pertencer àquela classificação.

Alguns crentes professos talvez sintam vergonha de serem considerados simples, mas eu me gloriaria nisso. Existem em demasia os que duvidam e criticam, e produzem grandes enigmas, e esse esforço somente os leva a serem tolos. Os semelhantes a crianças bebem o leite, enquanto os outros o analisam. Parecem que, todas as noites, eles se desmontam analiticamente antes de recolherem à cama, e sentem dificuldade, na manhã seguinte, em ajuntar os pedaços. Para algumas mentalidades, a coisa mais difícil no mundo é crer em uma verdade evidente por si mesma. Precisam sempre, se puderem, levantar poeira e neblina, para se encher de enigmas; de outra forma, não se sentem contentes. Na realidade, nunca se sentem seguros sem ter incertezas, e nunca se sentem à vontade a não ser quando estão sendo perturbados. Bem-aventurado quem crê que Deus não pode mentir, e tem certeza de que o que Deus disse é necessariamente a verdade; este se entrega a Cristo, quer nadando, quer se afundando, porque a salvação em Cristo é o modo divino de salvar o homem, portanto, é o modo certo, e ele o aceita. Muitos, digo eu, chegaram a Cristo dessa maneira.

Agora, prosseguindo adiante, existe a essência da salvação na maneira singela, agradável, e feliz de chegar a Jesus assim como você é. Porém, quais são os elementos essenciais? O primeiro é o arrependimento, e essas pessoas queridas, mesmo que não sofram remorso, odeiam o pecado que antes amaram. Embora não conheçam o horror do inferno, não deixam de sentir horror do pecado, o que é muito melhor. Embora não tenham ficado em pé, trementes, no cadafalso, o crime é mais pavoroso para elas que essa condenação. Foram ensinadas pelo Espírito de Deus a amar a justiça e a buscar a santidade, e essa é a própria essência do arrependimento. Os que assim chegam a Cristo certamente obtiveram a fé verdadeira. Não passaram por nenhuma experiência na qual pudessem confiar, e por isso são mais totalmente obrigadas a confiar no que Cristo sentiu e fez. Não confiam nas próprias lágrimas, mas no sangue de Jesus; não nas próprias emoções, mas nas dores sofridas por Cristo; não na consciência da própria ruína, mas na certeza de que Cristo veio salvar quem confiar nele. Possuem fé do tipo mais puro.

E vejam, também, com quanta certeza têm amor. "A fé que atua pelo amor" (Gl 5.6), e essas pessoas demonstram esse fato. Muitas vezes, parece terem mais amor, já de início, que os tão terrivelmente sobrecarregados e açoitados pelas tempestades; isso porque, na quietude da sua mente, conseguem uma visão mais completa das belezas do Salvador, e ardem de amor por ele, e começam a servir-lhe, ao passo que outros, que ainda estão recebendo a cura das suas feridas, tentam fazer seus ossos quebrantados se regozijarem. Não estou desprezando uma experiência dolorosa, mas só quero demonstrar, quanto à segunda classificação, que a simples chegada a Cristo, como vieram os cegos, com sua simples crença de que ele lhes pudesse outorgar a visão, não é em nada inferior à primeira classificação, e que contém em si todos os elementos essenciais da salvação.

Isto porque, segundo devemos notar o mandamento contido no evangelho não subentende, em si mesmo, nada do tipo que alguns têm experimentado. O que somos ordenados a pregar aos homens--"Sejam arrastados para cá e para lá pelo Diabo, e serão salvos?". Não, mas: "Creiam no Senhor Jesus Cristo, e serão salvos". Qual é o meu comissionamento nestes tempos? Dizer-lhes: "Desesperem-se, e serão salvos?". Certamente que não, mas: "Creiam, e serão salvos". Demos vir para cá a fim de dizer: "Torturem a si mesmos, triturem o coração, flagelem o espírito, e reduzam a própria alma a pó no seu desespero?". Não, ao contrário: "Creiam na infinita bondade e misericórdia de Deus na pessoa do seu Filho amado, e venham confiar nele". Esse é o mandamento do evangelho. Essa afirmação é feita de várias formas. Uma delas é a seguinte: "Voltem-se para mim e sejam salvos, todos vocês, confins da terra" (Is 45.22). Ora, se eu dissesse: "Arranquem os olhos", isso não seria o evangelho, seria? Não, mas "Olhem". O evangelho não diz: "Chorem até os olhos ficarem inflamados", mas "Olhem". E não diz: "Ceguem seus olhos com um ferro em brasas". Não, mas "Olhem, olhem, olhem". Trata-se do próprio inverso de qualquer coisa semelhante ao remorso, desespero, e pensamentos blasfemos. Trata-se apenas de "olhar". Depois, o convite é feito de outra forma. Somos convidados a tomar livremente da água da vida; devemos beber da fonte eterna do amor e da vida.

O que devemos fazer? Somos ordenados a esquentar a água da vida até ferver e escaldar? Não. Devemos beber dela na medida em que flui livremente da fonte. Devemos fazê-la gotejar segundo a maneira da Inquisição, uma gota por vez, e devemos ficar deitados debaixo dela, para sentir o gotejar perpétuo do fluir limitado? Nada disso. Devemos simplesmente descer até a fonte, e beber, e nos satisfazermos assim, pois isso saciará a sede. E ainda, o que é o evangelho? "Comam do que é bom". Aí está o banquete do evangelho, e devemos compelir os homens a entrar; e o que devem fazer depois? Contemplar em silêncio enquanto os outros comem? Ficar parados, esperando até ficar com mais fome? Experimentar quarenta dias de jejum, como fez o dr. Tanner? Nada disso. A julgar pela maneira que algumas pessoas pregam e agem, vocês podem imaginar que o evangelho é assim, mas não é. Vocês devem se banquetear com Cristo de imediato; não precisam jejuar até se transformarem em esqueletos vivos, para então vir a Cristo. Não fui enviado com nenhuma mensagem assim, mas minha palavra de bom ânimo é a seguinte: "Escutem, escutem-me, e comam o que é bom, e a alma de vocês se deliciará com a mais fina refeição. Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite, sem dinheiro e sem custo" (Is 55.2,1). Aceitem livremente o que Deus dá de graça, e apenas confiem no Salvador.

Não é isso o evangelho? Por que, portanto, alguém diria: "Não posso confiar em Cristo, porque não tenho esta ou aquela sensação?". Asseguro a vocês, com solenidade, que fiquei sabendo de muitos que chegaram a Cristo exatamente como estavam--nunca sofreram as sensações horríveis tão comentadas, e nem por isso foram preteridas. Venham como vocês estão. Não tentem fazer sua iniqüidade contar como justiça, a incredulidade como confiança, nem suas blasfêmias como Cristo--aparentemente o que alguns dentre vocês fazem; nem fiquem tão caducos e tolos a ponto de imaginar que o desespero possa ser fundamento da esperança. Não pode ser assim. Vocês devem sair do próprio eu, e passar para Cristo; nele, estarão seguros. Como disse o cego, quando Cristo lhe perguntou: "Você crê que eu sou capaz de fazer isso?", assim também você deve lhe dizer: "Sim, Senhor". Entregue-se nas mãos do Salvador, e ele será seu Salvador.

III. Concluo com mais uma observação: as pessoas que têm o privilégio de chegar a Jesus de modo suave, agradável e feliz, nada perdem com isso. Há, com certeza, alguma coisa, mas não de muito valor. Perdem algo do aspecto pitoresco, e têm menos para contar. Quando um homem passou por uma série longa de provações para o arrancar de dentro de si mesmo, e finalmente ele vem a Cristo, como um navio naufragado, rebocado até o porto, tem muita coisa para contar nas conversas e por escrito, e talvez considere interessante poder narrar tudo; e, se conseguir contá-lo para a glória de Deus, é muito adequado que assim proceda. Muitas dessas histórias se acham nas biografias, por serem os incidentes que despertam interesse e contribuem para a vida que merece uma biografia; mas não se pode tirar a conclusão de que todas as vidas piedosas são do mesmo tipo. Felizes são aqueles cuja vida não formou semelhante literatura, por terem sido tão felizes que não houve acontecimentos dramáticos. Algumas vidas mais favorecidas não são registradas, por não ter havido nelas nada de muito pitoresco. Mas pergunto a vocês o seguinte: quando os cegos foram até Cristo exatamente como estavam, e disseram crer que ele era capaz de lhes abrir os olhos--como realmente o fez--, não houve tanto de Cristo na história deles quanto poderia haver? Os próprios homens pouco aparecem, mas o Mestre que os curou está em primeiro plano. Muitos outros pormenores poderiam quase remover a preeminência peculiar que Jesus tem na história inteira. Ali está Jesus, o bendito e glorioso abridor dos olhos dos dois cegos; ali ele consta sozinho, e seu nome é glorioso!

Havia uma mulher que gastara todos os recursos financeiros nos médicos, e não melhorou em nada, pelo contrário, ficou pior. Ela poderia contar uma história bem prolongada dos vários médicos que a tinham atendido; mas não me convenço de que a narrativa das suas muitas decepções teria glorificado o Senhor nem um pouco mais que quando esses dois cegos podiam dizer: "Ouvimos falar nele, e fomos até ele, e ele nos abriu os olhos. Nunca gastamos um tostão em médicos. Fomos diretamente a Jesus, assim como estávamos, e tudo o que ele nos disse foi: 'Vocês crêem que eu sou capaz de fazer isso?', e respondemos: 'Sim, Senhor, cremos que pode', e ele abriu imediatamente os nossos olhos; e tudo foi feito". Ah, se minha experiência chegasse a ser colocada na luz do meu Mestre, que pereça minha melhor experiência! Que Cristo seja o primeiro, o último, e ainda ocupar a posição do meio; vocês não falam assim, meus irmãos? Se você, miserável pecador, chegar imediatamente a Cristo, sem a mínima qualificação da qual pudesse se jactar--ser você for alguém insignificante que se chega à Pessoa bendita para sempre,-- se você for um nada, acorrendo para quem é Tudo em todos; se você for uma massa informe de pecado e de desgraça, um grande vácuo, nada senão um vazio que não merece a mínima atenção, se você se aproximar e perder a si mesmo na sua graça infinitamente gloriosa--isso já seria o necessário. A mim me parece que você nada perderá pelo fato de não haver muito do pitoresco e do sensacional na sua experiência. Haverá, pelo menos, essa grandiosa sensação--perdido quanto ao eu, mas salvo em Jesus, glória ao seu nome!

É possível supor que as pessoas que chegam a Jesus tão suavemente sintam, mais tarde, a perda de alguma evidência. "Ah", me disse alguém, "às vezes desejo ter sido um transgressor contumaz, a fim de poder ver a mudança no meu caráter; mas, visto que sempre vivi moralmente desde a juventude, e nem sempre consigo ver qualquer marca distintiva de transformação". Quero lhes dizer, amigos, que essa forma de evidência é de pouca utilidade em tempos de trevas, pois se o Diabo não pode dizer a um homem: "Você não mudou de vida"--pois há alguns aos quais ele não teria a impudência de dizer isso, pois a mudança é muito evidente para o Diabo negá-la--ele diz: "Você mudou as ações, mas o coração permanece o mesmo. Você transformou-se de pecador aberto e declarado em crente professo, hipócrita e artificial. É só isso o que você fez: abriu mão do pecado flagrante porque suas paixões entraram em declínio, ou por pensar que gostaria de outro modo de pecar; e agora você faz apenas uma falsa profissão de fé, e vive muito distante do que deveria praticar". Bem pouco consolo pode ser obtido, quando o arquiinimigo se torna nosso acusador, mesmo com base na transformação que a conversão opera.

Os fatos se reduzem ao seguinte: independentemente do modo de você ter chegado a Cristo, nunca poderá firmar sua confiança em como chegou. A confiança sempre deve se repousar naquele a quem você chegou--ou seja, em Cristo--quer você tenha chegado a ele voando, correndo, ou andando. Se você chegou até Jesus, tudo está bem com você, de qualquer jeito; mas a questão não é como você chegou, mas se você chegou mesmo a ele. Você chegou até Jesus? Você vem até Jesus? Se você já chegou a Jesus, e duvida se realmente chegou, passe para ele de novo. Nunca discuta com Satanás a respeito de você ser cristão, ou não. Se ele disser que você é pecador, responda-lhe: "É isso que sou, mas Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores, e eu começarei de novo". Satanás é um advogado com muita prática, e muito astuto, e sabe nos desconcertar, visto que não entendemos as coisas tão bem como ele. Sua atividade, nestes dois mil anos, é tentar levar os cristãos a duvidar da participação que têm em Cristo, e ele conhece bem seu trabalho. Nunca responda a ele. Encaminhe-o para a defesa que você tem, conte-lhe que você tem o Consolador nas alturas, que responderá a Satanás. Diga-lhe que você recorrerá a Cristo de novo; se nunca foi até Cristo antes, irá agora, e se foi antes, voltará a ele. Essa é a maneira de terminar a briga. Quanto às evidências, são coisas boas no bom tempo, mas quando a tempestade ruge, os mais sábios deixam as evidências para lá. A melhor evidência que alguém pode possuir no sentido de ser salvo, é ainda estar se firmando em Cristo.

Finalizando, alguns podem supor que quem chega suavemente a Cristo pode perder bastante adaptação para sua utilidade posterior, visto que não poderão compadecer-se dos que estão em profunda perplexidade, e em terríveis apertos enquanto chegam até Cristo. Pois bem, há muitos entre nós que podem mesmo compadecer-se dessas pessoas; e estou certo de que todas elas estão obrigadas a se compadecer das demais, em todos os aspectos. Lembro-me de ter mencionado certo dia, a um homem dono de propriedades consideráveis, que seu pobre pastor tinha muitos filhos e com dificuldade conseguia ter uma roupa para lhe cobrir as costas. Falei que achava estranho como alguns cristãos, que obtinham muito proveito do ministério de semelhante homem, não supriam suas necessidades; o referido homem respondeu que achava bom os ministros serem pobres, pois assim poderiam compadecer-se dos pobres. Falei: "Pois bem, mas nesse caso, você não consegue perceber que deveria haver um ou dois pastores que não são pobres, para se compadecerem dos ricos". Certamente deveriam ter a oportunidade do revezamento, para deixar o pastor pobre aprender, de vez em quando, a compadecer-se das duas classes. Segundo parece, o homem não se deu bem com meu argumento, mas acha que tem conteúdo. É uma grande bênção termos entre nós alguns irmãos que, por causa de experiências dolorosas, podem compadecer-se dos que já passaram por aquela dor; mas vocês não acham que também é uma grande bênção termos outros que, embora não tenham passado por aquela experiência, possam se compadecer dos outros que também não passaram por ela? Não é útil ter alguns que podem dizer: Pois bem, querido, não fique perturbado porque o grande cão do inferno não uivou contra você. Se você passou pela porta do aprisco de modo calmo e tranqüilo, e Cristo o acolheu, não fique perturbado porque o Diabo não latiu contra você, pois eu, também, cheguei a Jesus de um modo tão suave, seguro e doce quanto o seu". Semelhante testemunho consolará a pobre alma; e assim, se você perder a capacidade de identificar-se de um jeito, você conseguirá o poder para fazê-lo de outro modo; e não haverá grande perda.

Para resumir tudo em um só caso, eu gostaria que todo homem, mulher e criança, chegasse a confiar no Senhor Jesus Cristo. Parece-me que semelhante plano de salvação é incomparável, pois nele Cristo toma sobre si o pecado humano, e sofre no lugar do pecador, e neste plano nada nos sobra para fazer, a não simplesmente aceitar o que Cristo fez, e nos confiar totalmente a ele. Quem não quiser ser salvo por um plano assim, merecer perecer; e deve perecer. Já existiu um evangelho tão doce, seguro, claro como este? É uma alegria pregá-lo. Vocês querem aceitá-lo? Almas queridas, vocês não querem se entregar para ser nada, e deixar Jesus ser tudo em todos?

Deus conceda que ninguém entre nós rejeite esse caminho da graça, esse caminho aberto e seguro. Venham, sem mais demora. O Espírito e a noiva dizem "Vem". Senhor, atrai-os pelo amor de Jesus. Amém.

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NOTA

Reproduzido pelo Projeto Spurgeon com permissão da Shedd Publicações

OS MILAGRES DE JESUS Mensagens de fé, esperança e salvação C. H. Spurgeon Copyright © Shedd Publicações 1a Edição - setembro de 2007 Tradução: Neusa Faraco Skliutas Gordon Chown (Todos os direitos reservados por Shedd Publicações, São Paulo, Brasil)

PROIBIDO a REPRODUÇÃO DESSA POSTAGEM E DE SEU CONTEÚDO SEM CITAR ESSA LICENÇA E OS LINKS DA SHEDD PUBLICAÇÕES E DO PROJETO SPURGEON, NA ÍNTEGRA , AO FINAL DA REPRODUÇÃO

FONTE:  O caminho à paz do homem comum | Projeto Spurgeon

27/07/2010

Perdão é uma perda muito grande

 

"Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;" (Mateus 6.14)

“Perdão”. Palavrinha difícil esta... É incrível como muitas pessoas, não poucas, tem uma dificuldade gigantesca em lidar com este assunto. Não raro, vejo muita gente sendo devorada e corroída por dentro através das feridas inflamadas e purulentas que estão guardadas nas lembranças. Às vezes estas memórias estão escondias atrás de grandes muralhas de rejeição, impaciência, depressão, melancolia, autocomiseração, irritabilidade e algumas vezes transmitem uma falsa sensação de força, mas sempre acabam se revelando na brutalidade com que a dor retorna de vez em quando e a gente tenta esquecê-la sem sucesso.

Cresci ouvindo a sabedoria popular e ela dizia: “quem bate esquece, mas quem apanha não.” Esta é uma verdade que acompanha invariavelmente qualquer ser que tenha consciência de si memo.

A ofensa, o tapa, a humilhação, a traição, o roubo, o abuso, o abandono, a injustiça... Seja qual for o nome que você dê à sua ferida de estimação, por mais que se coloque sobre ela o peso do tempo ou da dureza de levar a vida amargamente, dificilmente ela vai cicatrizar, no máximo vai criar uma leve casca, mas ao menor toque vem à tona a dor novamente carregando consigo todo o potencial doloroso da lembrança de quando a ferida foi aberta.

Alguns vão vivendo como podem, ou melhor, vão morrendo aos poucos como podem. São leprosos de alma, vão levando a vida tomando sobre si armaduras e carapaças como pesadas vestiduras, erguendo seus castelos e fortalezas contra o menor sinal de um novo dano ou machucado. Nem dá para saber se é autodefesa ou autopunição. Muitos vão chorando pelos cantos, sozinhos na escuridão da noite, enxugando suas lágrimas internas e externas como dá, tentando não deixar ninguém perceber a sequidão que é viver assim. É preciso manter as aparências, dizem eles. Outros provocam o mundo com as mesmas dores com que foram afligidos, é quando o traído, por exemplo, tem uma neurótica e compulsiva vontade de trair também para mostrar, inconscientemente ou não, ao mundo que isto dói e muito. Ou quando o humilhado ameniza sua dor humilhando e pisando em qualquer outra criatura que venha ao seu encontro.

A mágoa e o rancor sempre procuram um culpado, disso não se escapa. O problema é que, às vezes, na falta de se encontrar um “bode expiatório”, muitos culpam a si próprios. Com ou sem razão muitos outros, pela falta de coragem para assumir seus erros, vão espalhando suas culpas obsessivas por seus familiares, amigos e inimigos próximos. Nem o próprio Deus, o Criador, escapa do alvo daqueles que querem achar, de qualquer jeito, um culpado para sua tristeza e dor. Estes vão sorteando nomes e culpados para suas feridas como quem distribui as cartas de um baralho numa mesa de Poker.

Faz tempo que muitos desistiram de viver, alguns literalmente, carcomidos por suas dores internas. Já dizia o sábio Shakespeare: “Guardar uma mágoa é como tomar um copo de veneno e torcer para que o seu agressor morra.” Parece irracional, mas o que o famoso escritor inglês descreveu nesta frase é a lógica inversa da cura para toda essa dor que tanta gente carrega e alimenta durante anos a fio. É provado cientificamente que o rancor arquivado pode ser somatizado pelo corpo através de doenças como câncer, gastrite, enxaqueca, cólicas agudas, doenças da pele, distúrbios hormonais, depressão e outras neuropatias sérias.

Etimologicamente perdão é o ato de não imputar a um transgressor a necessidade de pagar pelo erro cometido, ou seja, perdoar é o mesmo que liberar um condenado ou um réu de cumprir uma sentença, é como dizer a um presidiário amarrado na cadeira elétrica: “amigo, levanta daí, não vamos mais ligar a corrente elétrica em você. Você será liberado agora!” Aí está o grande problema encontrado na palavrinha “perdão”: quem perdoa perde muito. O perdão fere nosso senso comum de justiça, principalmente quando os ofendidos somos nós. Quem perdoa, na verdade, assume para si próprio o valor e a dor da punição. Perdoar é como ser ofendido duas vezes, a primeira pelo desafeto recebido, a segunda por abrir mão do justo direito de revidar ou se vingar.

Mas, acredite em mim! Por experiência própria e por ver muitos outros amigos vencendo seus dramas interiores e encontrando denovo o caminho da cura integral. Posso afirmar com a autoridade de quem já experimentou e tem aprendido a experimentar a dádiva de perdoar: existe muito mais benefício em não “cobrar a ofensa” do que alimentá-la dentro de você. Tenho consciência de que não é uma atitude fácil de se tomar, é verdade. Algumas vezes a sensação de náusea, confusão mental e de dor é muito mais forte do que qualquer argumento lógico e racional a favor de liberar ou não o seu perdão.

Não digo isso porque me considero bonzinho, realmente não sou! Tenho meus defeitos como qualquer outra pessoa. O que tenho aprendido até aqui é que, na maioria das vezes, esta capacidade para tomar tal atitude simplesmente não vem de nós. A única força capaz de superar a mágoa e remover toda raiz de amargura é o amor. Ele, o amor, vence todas as coisas, vence até a morte. Não é por acaso que João, o apóstolo, escreve em sua epístola afirmando categoricamente que Deus é amor. Sim, a essência de Deus é o amor.

A única fonte verdadeiramente confiável de amor é Deus, muitos são os textos revelados por toda a Bíblia que expressam este envolvente e imensurável amor de Deus pela sua criação e de forma especial pelo ser humano. Este amor sobrenatural nos ensina a viver e caminhar em direção à cura de nossas feridas emocionais e existenciais.

De forma contundente, o apóstolo Paulo afirma em sua carta aos Romanos, capítulo cinco, verso oito, dizendo: "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores." Não houve merecimento nosso, não foi o esforço humano que provocou uma reação de perdão de Deus para nós. Foi simplesmente por amor e espontaneamente. A teologia moderna chama isto de solidariedade de Deus em relação ao ser humano, mas a Palavra Revelada chama a isto de Graça. Sem preço, sem barganha, Ele, Deus, fez isto antes que qualquer um de nós pedíssemos ou merecêssemos.

A boa notícia é que em Jesus, Deus ofereceu perdão gratuito a toda humanidade, isto inclui a você e eu. É este mesmo amor que nos convida, igualmente, a perdoar quem nos tem ofendido. O perdão que liberamos hoje retorna como bálsamo, alívio e cura para nossas dores.

Em Jesus, o perdão não é condicional, é mandamento incondicional pois somos perdoados com a mesma medida em que perdoamos. Quando perdoamos nos enchemos mais um pouco de Deus, é como se Deus reconhecesse em nós algo em comum e viesse nos dar um “olá!”.

Então... Quer ser curado? Perdoe! Quer ser liberto? Perdoe! Quer ser realmente feliz? Perdoe!

Talvez você até encontre alguma dificuldade para dar este primeiro passo, mas tenha certeza que o Doce e Santo Espírito de Deus é quem nos auxilia em nossas fraquezas. Ninguém melhor que o Criador para sondar sua mente e espírito nesta hora e saber exatamente do que você precisa. Ele já lhe deu neste dia um coração batendo, isto já é o suficiente para você, como eu, reconhecer que sem Ele nada somos. Acredite! Mesmo no conturbado e obscuro mundo em que vivemos, mesmo diante da morte, da dor, de poderes sobrenaturais da maldade, com a perturbação do passado, do amedrontado presente ou da incerteza do futuro, nada é capaz de nos separar deste gigantesco amor de Deus por nós. Precisamos dele, esta é a mais pura realidade. A única coisa a fazer então é dizer: Deus, me ajude! O resto já é com ele.

O Deus que ensina a perdoar te abençoe rica, poderosa e sobrenaturalmente!

fonte: Ovelha Magra: Perdão é uma perda muito grande

26/07/2010

Me engana que eu gosto

9

As culturas devem ser lidas nas linhas e entrelinhas. As linhas falam da coisa em si. As entrelinhas falam do espírito da coisa. As entrelinhas podem distorcer e até mesmo destruir o que está dito nas linhas.
Com a cultura cristã não é diferente. Veja o exemplo da assinatura da Igreja Universal do Reino de Deus, a saber, Jesus Cristo é o Senhor. De acordo com o Novo Testamento, isso significa que devemos viver como escravos dos propósitos de Jesus Cristo: ele manda e a gente obedece, ele propõe e a gente executa, ele dirige e a gente segue, pois afinal de contas, Ele é o Senhor. Mas na cultura da IURD, as entrelinhas dessa afirmação fazem com que ela signifique que Jesus pode realizar todos os seus desejos, afinal de contas Ele é o Senhor.
A relação fica invertida: você clama e ele responde, você reivindica e ele atende, você pede com fé e ele lhe dá o que foi pedido, você participa da corrente de oração e se submete aos 318 pastores e Jesus faz a sua vida próspera e confortável, pois Jesus Cristo é o Senhor e você é “filho do rei”, de modo que não há qualquer motivo para que você continue nessa vida miserável, daí a segunda convocação da IURD: “para de sofrer”. Percebe como as linhas dizem uma coisa e as entrelinhas dizem outra?
O movimento evangélico é mestre em fazer confusão e promover distorção do Evangelho em virtude desse jogo de linhas e entrelinhas. Um exemplo disso é a mensagem VAI DAR TUDO CERTO, que recebi essa semana. Leia +.
SALMO 22
VAI DAR TUDO CERTO
DEUS me pediu que te dissesse que tudo irá bem contigo a partir de agora.
Você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos.
Nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória.
Esta manhã bati na porta do céu e DEUS me perguntou...
'Filho, que posso fazer por você ?'
Respondi:
'Pai, por favor, protege e bendiz a pessoa que está lendo esta mensagem'.
DEUS sorriu e confirmou: 'Petição concedida'.
Leia em voz baixa...
'Senhor Jesus :
Perdoa meus pecados.
Amo-te muito, te necessito sempre, estás no mais profundo de meu coração, cobre com tua luz preciosa a minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos'.
Passe esta oração a 5 pessoas, no mínimo.
Receberás um milagre amanhã.
Não o ignore.
Deus tem visto suas Lutas.
Deus diz que elas estão chegando ao fim.
Uma benção está vindo em sua direção.
Se você crê em Deus, por favor envie esta mensagem para 20 amigos.
Se acredita em Deus envia esta mensagem a 20 pessoas,
se rejeitar lembre Jesus disse:
“se me negas entre os homens, te negarei diante do pai” Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa
Deixo de lado a crítica gramatical e o péssimo uso da lingua portuguesa. Dedico minha atenção ao conteúdo da mensagem que, travestida de cristã, é absolutamente anti-cristã: mentirosa, fantasiosa, desprovida de qualquer sentido bíblico, desalinhada com o todo do ensino e experiência de Jesus, seus apóstolos, e seus primeiros seguidores, totalmente alinhada com os dircursos baratos da auto-ajuda e da enganação religiosa, enfim, uma versão barata e piedosinha da superstição sincrética do espiritualismo popular.
A afirmação “vai dar tudo certo”, lida de acordo com as linhas do Novo Testamento, significaria, por exemplo, que os propósitos de Deus prevalecerão, a marcha da igreja de Jesus Cristo contra os poderes do mal será vitoriosa, a vontade de Deus será um dia feita na terra como o céu. Mas também significaria que os seguidores de Jesus seriam sempre ovelhas em meio aos lobos [Mateus 10.16], odiados pelo sistema sócio-político-econômico anti reino de Deus, ameaçados de morte, rejeitados, caluniados, e perseguidos por causa do nome de Jesus [Mateus 5.10-12], e passariam por muito sofrimento e tribulação antes de receberam a vitória plena no reino eterno de Deus [Atos 14.22]. Isto é, antes de dar tudo certo, daria tudo errado.
A convicação de que “em Cristo somos mais que vencedores” [Romanos 8.37], e que “em Cristo Deus sempre nos conduz em triunfo” [2Coríntios 2.14], é também acompanhada de uma profunda compreensão a respeito dos custos de se colocar ao lado de Deus e do reino de Deus, em oposição à injustiça e aos agentes promotores e mantenedores da morte no mundo.
Porque me parece que Deus nos colocou a nós, os apóstolos, em último lugar, como condenados à morte. Viemos a ser um espetáculo para o mundo, tanto diante de anjos como de homens. Nós somos loucos por causa de Cristo, mas vocês são sensatos em Cristo! Nós somos fracos, mas vocês são fortes! Vocês são respeitados, mas nós somos desprezados! Até agora estamos passando fome, sede e necessidade de roupas, estamos sendo tratados brutalmente, não temos residência certa e trabalhamos arduamente com nossas próprias mãos. Quando somos amaldiçoados, abençoamos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, respondemos amavelmente. Até agora nos tornamos a escória da terra, o lixo do mundo.
[1Coríntios 4.9-13]
Fica, portanto, muito evidente que quando os cristãos do Novo Testamento diziam que “vai dar tudo certo” estavam afirmando coisas completamente diferentes dessas afirmadas na mensagem que recebi pela internet, que diz:
Tudo irá bem contigo a partir de agora.
Você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos.
Nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória.
Cobre com tua luz preciosa a minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos'.
Receberás um milagre amanhã.
Uma bênção está vindo em sua direção.
Dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa.
Meu amigo, minha amiga, não é verdade que “tudo irá bem contigo a partir de agora”, e também não é verdade que “você tem sido destinado para ser uma pessoa vitoriosa e conseguirá todos teus objetivos”. Não se iluda, pois não é verdade que “nos dias que restam deste ano se dissiparão todas as tuas agonias e chegará à vitória”.
Preste atenção: o compromisso cristão não suplica que Deus cubra com sua luz “minha família, minha casa, meu lugar, meu emprego, minhas finanças, meus sonhos, meus projetos e a meus amigos”. Na verdade, o compromisso cristão exige que você deixe de viver para seus sonhos, seus planos e seus projetos e passe a viver para Deus, pois, como ensina a Bíblia, “o amor de Cristo nos constrange, porque estamos convencidos de que um morreu por todos; logo, todos morreram. E ele morreu por todos para que aqueles que vivem já não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou“ [2Coríntios 5.14,15], e justamente por isso é que quem deseja seguir a Jesus deve lembrar o que Jesus disse:
"Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará. Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?” [Mateus 16.24-26]
Também não é verdade que “receberás um milagre amanhã” e que “dentro de 4 minutos te dirão uma notícia boa”.
Pelo amor de Deus, jogue fora esse evangelho açucarado, que promete o que Deus jamais prometeu, e gera falsas esperanças nas pessoas. Respeite o sofrimento e a dor das milhares de pessoas que, apesar de sua fé, e talvez justamente por causa de sua fé, passam fome, não têm mínimas condições de sobrevivência, sofrem as consequências de tragédias pessoais e fatalidades naturais, são vítimas de um sistema mundano cruel, que as condena à escravidão e a uma vida sem futuro.
Lembre dos cristãos que vivem na África, na Índia, na América Latina, e nos rincões miseráveis do Brasil. Seja solidário com as minorias: os negros escravizados, as mulheres violentadas, as crianças abusadas, as populações indígenas dizimadas, os refugiados de guerra, os perseguidos políticos, os desaparecidos.
Respeite a grandeza dos cristãos perseguidos e mortos sob a tirania do fundamentalismo islâmico e dos regimes políticos ateístas. Pense um pouco se essa mensagem “vai dar tudo certo, todos os seus sonhos se realizarão, você vai receber um milagre amanhã” faz algum sentido na ala infantil do Hospital do Câncer, no campo de refugiados (mutilados) de Angola, ou nos casebres secos do sertão brasileiro.
Construa sua fé sobre um alicerce mais sólido. Por exemplo, o Salmo 22, aviltado com essa mensagenzinha “vai dar tudo certo”. Aliás, é bom lembrar que Bíblia não é um livro que pode ser manuseado por qualquer pessoa, de qualquer jeito. Da mesma maneira que não é qualquer pessoa que pode dar palpite a respeito do direito, de medicina, da engenharia, ou do marketing, também a teologia exige um mínimo de preparo, senão, muito preparo mesmo. Digo isso porque talvez o autor dessa mensagenzinha não saiba que o Salmo 22 é um dos Salmos messiânicos, que profetiza o sofrimento e o fracasso do Messias, que foi (1) abandonado por Deus e pelos homens [Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste? Por que estás tão longe de salvar-me, tão longe dos meus gritos de angústia? Meu Deus! Eu clamo de dia, mas não respondes; de noite, e não recebo alívio! Não fiques distante de mim, pois a angústia está perto e não há ninguém que me socorra], (2) rejeitado [Mas eu sou verme, e não homem, motivo de zombaria e objeto de desprezo do povo], (3) insultado [Caçoam de mim todos os que me veem; balançando a cabeça, lançam insultos contra mim], (4) dilacerado pela dor que lhe foi brutalmente imposta [Como água me derramei, e todos os meus ossos estão desconjuntados. Meu coração se tornou como cera; derreteu-se no meu íntimo. Meu vigor secou-se como um caco de barro, e a minha língua gruda no céu da boca; deixaste-me no pó, à beira da morte. Cães me rodearam! Um bando de homens maus me cercou! Perfuraram minhas mãos e meus pés], e por fim (5) cuspido na cara e crucificado como impostor.
Para esse Messias não deu nada certo. Ele não recebeu uma boa notícia quatro minutos após sua agonia no Getsêmani, e também não recebeu um milagre no dia seguinte. No dia seguinte foi crucificado.
Mas esse Messias, apresentado pelo profeta como “homem de dores, que sabe o que é padecer” [Isaías 53], “Deus exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” [Filipenses 2.9-11]. Isso sim é dar tudo certo.
Provavelmente alguém vai dizer que é isso o que a mensagenzinha da internet quis dizer. Mas não foi. Nas linhas, pode ter sido. Mas no contexto da religiosidade popular e da subcultura evangélica, a mensagenzinha sugeriu que “os seus sonhos e os seus projetos” darão certo, e que você pode esperar para amanhã aquela resposta milagrosa de Deus para resolver seus problemas e dificuldades particulares, e que em quatro minutos você vai receber uma notícia boa, muito provavelmente trazendo a você uma bênção na forma de conforto e prosperidade.
Em síntese, a mensagenzinha pode ser interessante, pode trazer uma esperança e um conforto para quem está lutando contra um sofrimento ou uma dificuldade medonha, e pode até mesmo trazer um alívio do tipo “eu sei que não é bem assim, mas é bom pensar que é, ou acreditar que pode ser”. Mas definitivamente essa mensagenzinha não tem nada a ver com o Evangelho de Jesus Cristo.
Ed René Kivitz

fonte: PavaBlog: Me engana que eu gosto

25/07/2010

OS S7TE PECADOS CAPITAIS: PREGUIÇA

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ECLESIASTES 9.7-12

O QUE É PREGUIÇA ?

Prostração, letargia, apatia, indolência, lassidão, fastio, tédio.

Preguiça é mais que um estado de ociosidade física, a preguiça é uma condição de desanimo espiritual. Um desanimo próprio de quem desistiu de buscar a Deus. Desistiu de buscar a verdade. Desistiu de buscar o belo. Desistiu de buscar o justo. Desistiu de buscar o que é bom.

Preguiça é diferente de ociosidade. Ela é um abandono do espírito. Um entregar-se. A preguiça é aquela postura de quem diz LET IT BE – deixa acontecer, deixa estar, deixa ser, deixa ir…

“Vamos deixar como estar pra ver como é que fica”.

É esse “tudo bem”, “tanto faz”. Essa postura: onde você quer ir? Tanto faz… O que você quer comer? Qualquer coisa. O que você  quer fazer hoje? Você escolhe… Isso é preguiça.

Preguiça não é simplesmente o não trabalhar. É possível que alguém trabalhe muito porque é preguiçoso. Ocupa-se muito para fugir da realidade.

Corre de um lado pro outro. Move-se sem deslocar-se. Corre sem sair do lugar, porque é uma atividade irrefletida, mecânica, automatizada, repetitiva. É aquilo que você faz porque sempre fez e nunca se perguntou por que continua fazendo. O que você faz e não esta satisfeito com o resultado que colhe, mas continua fazendo, porque tem preguiça de fazer diferente. Tem preguiça em pensar diferente. Tem preguiça de ousar. Tem preguiça de questionar. Tem preguiça de inventar. Tem preguiça de reinvetar-se.

A preguiça é o estado em que já não se busca nada, não se espera nada.

Os teólogos medievais chamavam a preguiça de demônio do meio dia. Nos assola, mesmo quando o tempo de trabalhar é pleno. Preguiça é uma falta de interesse pela vida. Uma desesperança na expectativa do sentido da vida. Preguiça é um abandonar-se. Um render-se a falta de sentido.

A PREGUIÇA É UMA ESPECIE DE SUCIDIO ESPIRITUAL. UM SUICIDIO EXISTENCIAL

No texto que lemos, Eclesiastes desafia o viver a vida. Enfrentar a dimensão no sense da existência humana. O que ele chama de uma vida sem sentido.

Porque se prestarmos a atenção e tivermos coragem de admitir, existe um prisma de olhar a vida que nos dirá que ela não faz sentido.

Eclesiastes 9.12. O que ele diz aqui: sobre peixes, aves, homens… Isso é cruel para nós. Cruel nos darmos conta que a vida pode nos escapar das mãos num piscar de olhos. É cruel essa constatação. Ontem, num terremoto de pouco mais de um minuto, o Chile é devastado! Isso é cruel. Isso não faz sentido.

Eclesiastes 9. 11 : esse lado da vida é patético. Admitir que todos estamos sob o acaso e a aleatoriedade. Que vivemos num mundo onde há muita coisa que acontecendo não há explicação, não há sentido. Um mundo contingente. Não existe propósito, razão, onde tanto faz acontecer ou não (contingencia), e quando estamos diante da tragédia, da dor, do sofrimento perguntamos: “Por que? Para que? O que Deus quer? O que Deus quer mostrar? O que ele esta dizendo?” Sinto te informar que não há propósito, não há razão, Deus não está por trás disso, na maioria das vezes. O que não significa dizer que ele não está no controle das coisas, ou que essas coisas poderão ser usadas de acordo com seu propósito. Mesmo assim, elas não fazem sentido!

Existe na vida uma carência de sentido. “Porque?”. Algumas coisas não tem sentido! Não adianta explicações para algumas coisas. Se existe alguma explicação estão alem de nossas percepções e considerações.

A vida é cheia de contingencias porque o acaso afeta a todos. Então precisamos responder uma pergunta: PORQUE VIVEMOS? QUAL O SENTIDO DE CONTINUAR VIVO?

Quando nos embaraçamos nessas perguntas e somos tomados pelo senso de vazio e nos entregamos a uma vida sem sentido, somos vítimas da preguiça!

Deixa acontecer. Deixa rolar. “Deixa a vida me levar”. “Vida, já que eu não posso te levar quero que você me leve”.

É se jogar na correnteza e deixar que a vida leve. Esse é o espírito da preguiça. Preguiçoso não é aquele que não trabalha. Ele é preguiçoso, mas não é isso que está lá no fundo do conceito desse pecado capital, PREGUIÇA.

Preguiçoso não é aquele que relaxa, que descansa. Que cultiva o ócio. A pessoa que nunca relaxa não é santa. É ansiosa…

Saber a hora de tendo trabalhado dizer chega, vamos dormir. Não é preguiça é sabedoria.

Porque por traz do pecado capital, está a admissão da derrota antes mesmo de começar a luta. Entregar os pontos. Não vale a pena lutar por nada. Isso é a preguiça.

POR QUE É PECADO?

Porque o preguiçoso abdica do privilégio e da prerrogativa de administrar a vida. Viver é um privilégio e implica a responsabilidade. Deus nos delegou a responsabilidade da gestão do universo criado. (Genesis 1). O preguiçoso abre mão dessa prerrogativa. Isso é uma falha nossa. Nossa responsabilidade é ajudar na ordem contra o caos.

O preguiçoso cruza os seus braços pra que Deus resolva sozinho. Mas esse nunca foi o projeto de Deus. O projeto de Deus é um projeto a 4 mãos. Ele conta conosco no combate do caos.

CONSEQUENCIAS:

  1. O PREGUIÇOSO PASSA NECESSIDADE.  A preguiça faz cair em profundo sono, e a alma indolente padecerá fome”. Pv 19.15. O preguiçoso não arará a terra no tempo de inverno. O preguiçoso passa necessidades porque a vida é dádiva, mas é dádiva pra quem planta.  Nenhum ser humano pode dizer que colheu porque plantou. Todo ser humano deveria dizer “eu colhi porque Deus abençoou minha semeadura”. Há muita gente que planta, mas não colhe. Eu creio como o autor de Eclesiastes… a vida é dádiva. O pão sobre sua mesa, não foi conquista sua, por isso devemos ser gratos a Deus pelo pão de cada dia. E somos gratos pelo que recebemos e não pelo o que conquistamos. Quando conquistamos, não agradecemos. O pão é dádiva, mas só é dádiva pra quem semeia.
    1. O PREGUISO SONHA MUITO. “A alma do preguiçoso deseja e coisa nenhuma alcança”.  PV 13.4; na versão Milton Nascimento, esse versículo ficaria assim: “Longe se vai, sonhando demais, mas onde se chega assim?”. Pergunta retórica. A resposta: LUGAR NENHUM!
    2. O preguiçoso deseja demais: “a se”… “eu gostaria tanto”… faz planos, imagina. Cai no conto da auto-ajuda (segredo) fica tentando atrair as coisas. Vai ficar tentando o resto da vida e não alcança nada porque é com trabalho que se alcança as coisas.
    3. O PREGUIÇOSO MORRE PELO CAMINHO. “O desejo do preguiçoso o mata, porque os seus braços se recusam a trabalhar”. PV 21.25. Tenho certeza que você conhece gente que tem sonhos. Os mesmos sonhos, há 20 anos, dava para ter se formado umas 3x na faculdade. Em 20 anos o cara se forma 3x, sendo mal aluno em todas elas. Mas ele ainda está sonhando. E como chamamos essas pessoas que tem grandes sonhos. Que tem apenas sonhos? O que dizemos dessas pessoas? Quando somos cruéis: que são fracassadas. Quando atenuamos um pouco: pessoa frustrada. A chance de colher quando planta é muito grande… Aliás, a maioria dos nossos grandes sonhos não são tão grandes assim, as possibilidades estão ao alcance das nossas mãos.
    4. ATIVISMO VAZIO. OS GUINNES: aqueles que não conseguem encontrar as alegrias do espírito, instalam-se nas alegrias do corpo. Onde esta a sabedoria? Eclesiastes 9.7. Ele esta recomendando o corriqueiro, o trivial. O segredo é encontrar o transcendente no aparentemente banal. Essa é a diferença do COMILÃO E DO GOURMET. A diferença em descobrir a alegria do espírito. A diferença entre fazer uma refeição correndo, no caminho, na calçada, encostado na pia a noite quando chega em casa. Tudo junto no micro ondas, encostado na pia… Essa é a diferença de comer à mesa. Parar tudo. Guardar tudo. Poe a mesa, Poe a musica, Poe a taça, Poe a flor…

Aqueles que não descobrem as alegrias do espírito se instalam e se entregam as alegrias do corpo e fazem tudo mecânica e automaticamente. Nada tem sabor. Não dá para sentir o gosto de nada, e a gente chega ao final do dia com senso de vazio porque a ações foram vazais. O que fizemos foi vazio. Mas nós fizemos atividades. 24h ativos, cansados, exaustos, mas estamos vazios.

Quem poderia pensar que uma pessoa correndo de um lado pro outro poderia ser adjetivada como preguiçosa? Mas pode. Porque é uma pessoa que já desistiu de encontrar, experimentar e buscar o sentido e valor da existência.

FILHOS DA PREGUIÇA

  1. Negligencia e imprudência.  Por muita preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa goteja. Ec 10.18.  Você conhece a expressão: “gambiarra” – araminho na torneira,  panão pendurado na janela que você chama de cortina, aquele amontoado de coisas que você tem entortando a estante… Ai você escora a estante com um caibro. Ai tem um vazamento no cano, na aprede de trás e não dá pra mexer. Se tentar arrumar a estante cai. E passa dez anos com a parede embolorada… Igual carro… já andei em alguns carros… escova de dente, sapato de mulher… Você acostuma com a goteira, e como você faz gambiarra na casa, você faz gambiarra na vida. Só que  chega uma hora que a casa cai.
  2. Cinismo, descrença, desesperança, ceticismo. A falta de paixão. O ir deixando, não crer que sempre deve dar o máximo. O melhor. “Aqui pode, aqui também…”. vai abrindo concessões… Palavras do irmão Paulo: “quem não trabalha também não coma!”. 2Tess. 3.10. Aqui a situação é um pouco diferente porque o pessoal não queria trabalhar porque Jesus ia voltar…

Nesse ultimo ano trabalhando com os carentes da Nova União, pessoas que precisam de ajuda. Percebi algumas coisas: muita gente precisa de verdade, e muita gente não precisa. É a  diferença do prudente que não colheu (Eclesiastes 9.11) esse precisa de ajuda; e o indolente, o vagal… Esse não precisa de ajuda. Tem gente que se esforçou muito, de sol a sol e não conquistou. Mas tem gente que sentou e esperou.

Uma comunidade cristã supri necessidade, mas não patrocina estilo de vida.

Você fala de serviço pra alguém, ele responde: “pegar esse trabalho, é melhor não fazer nada”. Como assim, melhor não fazer nada? Você está parado, passando necessidades. Então o melhor é não comer nada também! Vai depender da cesta básica da igreja, da quentinha na madrugada? Não come. Espera ter o serviço do seu gosto, daí vai no restaurante 5 estrelas.

ANTIDOTO CONTRA PREGUIÇA

Trabalho. Mas não o trabalho de produzir pra ganhar salário. Mas o trabalho como fazer alguma coisa. Fazer mais uma vez. Fazer de novo. Fazer a mesma coisa de sempre. Eclesiastes 9.7. Coma a comida e beba com coração alegre. Quantas vezes comemos? 3x ao dia pelo menos. Isso é trabalhar. Levante-se faça alguma coisa de novo. O básico, o corriqueiro o de sempre, por que? Olhe para a realidade da vida que o Eclesiastes falou aqui… “ninguém sabe quando vira a sua hora”. Você não sabe quando vai morrer.

O acaso afeta todo mundo e pode ser lido de maneira fúnebre, mas pode ser lido como algo vital: possibilidades abertas! Levante-se, faça, atire-se, continue fazendo. Porque o que pra você é desnecessário, para alguém pode ser útil.

O que pra nós é banal, para algumas pessoas é útil. É novo. O que pra você é velho pra alguém é novíssimo. O que pra você é mais um, mais uma vez, para alguém poder a ultima vez. Para o médico pode ser mais uma consulta, para alguém pode ser a última. O que pra você é definitivo, pra Deus está em aberto. Possibilidades, surpresas, milagres.

A vida está em aberto! As portas que podem se abrir. Viver com senso de urgência e profunda convicção: ainda não acabou, o melhor está por vir!

Não jogue a toalha, não diga que já acabou. Quando você se entrega (preguiça) você esta sendo irresponsável com você, seu marido, seu filho, com a vida, seus amigos, você esta morrendo antes de morrer. Não desista não pare de trabalhar.

“Já orei”, ore de novo. Vai tentando. Só não desista! Continue trabalhando. Porque quando jogamos a tolha morremos antes do tempo.

Tem gente que morre vivendo e tem gente que vive morrendo. Quando eu morrer eu quero estar vivo! Não quero morrer 10 anos antes. Tem gente que morre quando desiste se entrega, dá por encerrado quando Deus não disse que havia acabado.

Não deísta não se entregue faça de novo, mais uma vez.

FONTE:  | vineyard café || blog

24/07/2010

EU AINDA CREIO NO HOMEM –Rubinho Pirola

Eu ainda não perdi a fé no ser humano.

Não nele, em si mesmo, porque não seria louco para tanto, mas pelo que Deus pode fazer nele e através dele.

Assim, eu ainda creio até mesmo nos cristãos, a despeito do que têm virado, tentando viver a vida, não alicerçados nos valores do Evangelho, mas nas loucuras perversas do nosso século.

Creio ainda na igreja, por extensão (não a organização, a estrutura,... mas na comunhão dos que crêem na cruz) ainda que vez por outra, essa caia na tentação e deixa de chorar a dor do pobre e do necessitado e assim, deixa de ser ovelha e passa a ser o lobo, como diria o meu amigo Caio.

Creio nela, mesmo que também ceda à tentação de oferecer ao mundo o mais perverso dos hospitais onde o doente não pode compartilhar as suas maleitas (como afirmou o Ari) e que, antes de chorar com os que choram, oferece-lhes o seu juízo e, por isso, não cure mais. A essa igreja que ora pela cura dos enfermos, por milagres e pelo que é extraordinário, mas não por amor do que sofre, mas para se ver livre de trabalho e aborrecimento.

Creio ainda nos pastores e líderes todos (meus colegas) que têm-se vendido, pregando e dizendo coisas que Cristo nunca pregou ou ensinou e, ao invés de dar a sua vida pelas ovelhas, comem da sua gordura, vestem-se com a sua lã e, com ela, constroem palácios e impérios em honra deles próprios.

Creio ainda nos políticos bandidos que vendem o moral da nação, nos juízes que ajuízam para o seu próprio bem, vendendo o direito e nos trabalhadores que, ao invés de servirem, querem e vivem só pelo salário que ganham.

Creio ainda no que Deus pode fazer neles e através deles, porque o poder de Deus, aquele que levantou Jesus da morte, ainda está ai, a agir e a transformar gente imprestável, pessoas inúteis, combustíveis do inferno, em instrumentos de justiça e promotores do amor celeste.

Se Ele não poupou o Seu próprio filho, como parte do projeto de criar novos céus, nova terra, como Deus não poderia ainda transformar ainda hoje a criatura?

Justamente, por esse motivo, não comemorei, pelo contrário, a condenação dos Nardoni, como também não comemorei o assassinato covarde daquela pobre menina. Definitivamente, não consigo fazer como enrredo de novela, onde o ruim, o perverso, nasce e morre assim, sem chance de outro script. Olhando para a minha própria história, não dá.

Creio ainda no que Deus pode fazer no mortal, pois hoje o dia todo, pensei em como Deus tem agido na minha vida - a despeito de tudo aquilo que sou - e em como, Ele ainda não acabou comigo.

Por essas coisas, o que mais tenho me recusado a fazer, é ver as pessoas como elas são - só homens - e visto o que pode o Alto, agindo neles.

Como aliás foi com o adúltero e irresponsável pai de família Davi, o religioso assassino Paulo, ao vacilante Pedro e tantos outros...

Continuo a amar o errado, mas a odiar o erro.

A amar o profeta, mas julgando a profecia, com rigor e cuidado. Sem medo. E sem querer destruí-lo, porque ainda creio naquilo tudo que Deus pode fazer em cada um de nós.

"Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." 2 Co 5:16,17

fonte: Rubinho

23/07/2010

OS S7TE PECADOS CAPITAIS: IRA

 

IRA - BLOG

Romanos 12.17-21:

17
A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os homens.

18
Se for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.

19
Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira, porque está escrito: Minha é a vingança; eu recompensarei, diz o Senhor.

20
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.

21
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.

Nunca procurem vingar-se. A ira é esse sentimento que empurra a vingança. Um arrebatamento do juízo que nos leva a fazer justiça com as próprias mãos, a luz do nosso critério e, pelas nossas razões.

A ira é uma resposta indignada e violenta contra um ato, uma situação de injustiça. E portanto na direção do injusto.

E por que é um PECADO CAPITAL?

A principio a ira seria algo legitimo contra a injustiça.  A indignação é necessária. E João Crisóstomo disse que quem vê a injustiça e não se indigna contra ela comete pecado.

Alem disso, a Bíblia fala da ira de Deus. Romanos 1.18, por exemplo:

18
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça.

Não só em Romanos, mas Paulo, em vários de seus textos, fala sobre a ira de Deus:

Efésios 5.6:

6
Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.

Colossenses 3.6:

6
Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;

A ira de Deus é a resposta de Deus a injustiça. A ação de Deus contra o injusto. A injustiça não existe a menos que alguém esteja praticando o ato injusto; ela não existe sozinha. Existe o injusto.

Deus é um Deus irado que responde de maneira violenta contra a injustiça. Talvez, um dos maiores exemplos seja a ação de Jesus purificando o Templo. Ele entra no templo, vira as mesas dos comerciantes. Negociadores em nome de Deus e em nome da religião. Usa o chicote contra os ladrões. Aqueles que haviam profanado a casa do Pai.

Uma ação violenta, contundente. Jesus deixa explicita sua absoluta indignação contra o que vê. Talvez hoje ele visitasse a Conde de Sarzedas com um lança chamas nas costas![1]

Jesus age indignado e violentamente. Age com ira. Essa ação irada de Jesus é uma expressão visível desse coração de Deus o Pai que também se ira e manifesta sua ira contra toda a injustiça.

Então porque é pecado?

O espírito do evangelho, diz que essa ação indignada e contundente contra a injustiça só é justificada quando a injustiça não foi praticada contra mim. Quando a vitima é outra pessoa e não eu.Quando você é vitima da injustiça a ira não é a resposta que você como cristão deve dar. NUNCA. Ela nunca é legitima quando você age em defesa própria. Se o injustiçado é você a ira não cabe como motivação para resposta.

A bíblia diz que você deve virar a outra face. Você deve pagar o mal que lhe fizeram com  o bem. A ira é uma resposta quando o injustiçado não sou eu.

Tiago 1. 19, 20

19
Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar.

20
Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus.

A ninguém retribuam mal por mal. Para que não sejam vencidos pelo mal, mas vençam o mal pelo bem. Porque não devemos responder com ira quando os injustiçado somos nós?

Porque reagimos passionalmente. Arrebatados do senso de justiça. A ira é cega. Quando nós somos os injustiçados a nossa resposta não é lúcida.

A raiva que cresce, nos avisa que nossa vontade foi contrariada. Raiva é uma emoção e ninguém é culpado por isso. Ao contrario, isso é sinal de saúde. Quando alguém pratica uma injustiça conta mim e meu sangue ferve. É sinal que estou saudável. Sinal de que tenho um senso de justiça. Sinal que tenho a minha dignidade. Isso é bom.

Mas, a recomendação em Efésios 4: o sangue ferve e agente segura. Não despeja o sangue quente em cima dos outros. Segura. Esse ferver é saudável, não é saudável derramá-lo sobre o outro.

31
Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmia e toda a malícia sejam tiradas dentre vós,

32
Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.

Porque quando ele ferve e enche a minha cabeça, uma inundação emocional toma conta e a gente costuma dizer que “perde a cabeça”. O bom senso, a lucidez, a noção da realidade. Esse arrebatamento irado que é pecaminoso.

A indignação é saudável. E devemos nos indignar diante do injusto. Só, que quando isso é praticando contra nós, nossa grande tendência é darmos uma resposta violentíssima, exagerada, e a ira é pecaminosa, porque é uma expressão de orgulho. Uma expressão de um ego que não admite ser contrariado.  

A ira é pecaminosa porque é uma recusa ao amor. 1 co 133: o amor não se ira facilmente. O ego de quem ama é pequeno. Quase que quem ama não tem ego! Tem identidade, mas não tem ego… egoísmo, egocentrismo. A ira é contra o amor. A ira é a vitória do ódio,

A ira é a recusa do perdão. Porque quando o sangue sobe fervente, antes de inundar-me, eu preciso despejar o amor e o perdão, o sangue desce e a minha ação não é irada, é amorosa. Não é ação de quem perdeu a cabeça, mas ação de quem tem pleno juízo e lucidez.

A ira nos transforma em juízes e carrascos e nos tira da condição de irmão. Quando sou inundado pelo sangue quente a realidade fica distorcida, perco a capacidade de julgar. Eu ouço não ouvindo, as palavras ficam distorcidas “não foi isso que eu disse…”, “foi sim!” – quem está inundado de sangue quente, não ouve direito. Porque enquanto o outro fala, esta pensando o que vai responder e na verdade não ouve. Lemos o fato de maneira distorcida.

Viro juiz e ajo violentamente, viro o carrasco que executa a sentença. Isso é pecado.

Quando somos afetados pela injustiça não devemos agir com essa indignação porque perdemos o juízo e nossa resposta não será uma resposta justa.

O QUE  IRA FAZ?

1. Que a gente cometa loucuras. Perder a cabeça mesmo. “ato praticado sobre violenta emoção” – juridicamente um atenuante. Teologicamente uma assinatura da bestialidade. Na bíblia sagrada uma condenação absoluta. “Você não podia se deixar levar por esse ímpeto de violência”. PV 19.11

11
¶ A prudência do homem faz reter a sua ira, e é glória sua o passar por cima da transgressão.

2. A ira multiplica a injustiça; quem responde irado exagera na dose. Por exemplo: A mulher cometeu adultério o homem vai e mata a mulher. Um adultério contra um assassinato: a ira multiplica a injustiça. E assim a injustiça se perpetua.

3. A ira constrói inimizade. Promove rompimento das relações. Inviabiliza relacionamento.

4. A ira despersonaliza o irado. Aos poucos ele vai se tornando uma pessoa amarga, tomada pelo ódio, ressentimento, amargura, desejo de vingança.

5. A ira incapacita construir relações de longo prazo. Não há relação sem capacidade perdão. Se toda vez que você chegar num momento que precisa perdoar e você não conseguir perdoar, tudo o que você vai colecionar ao longo da vida é inimizade e, relacionamento inviabilizados, porque todo relacionamento humano chega ao seu ponto de perdão. Todos eles.

O que é ponto de perdão? É o ponto quando alguém contrai para conosco uma dívida impagavel. Ai a pessoa só tem dois caminhos: perdão ou inviabilidade da relação. Porque a divida não vai ser paga. Ou a gente rompe ou agente perdoa.

FILHOS DA IRA

1. Brigas, contendas, Quebra pau. Pv 30.33;

33
Porque o mexer do leite produz manteiga, o espremer do nariz produz sangue; assim o forçar da ira produz contenda.

Tem gente especialista em apertar a ira! Resultado: PAU! Acaba com todos machucados.

2. A ira é destruidora. Destrói o outro. Mas saiba, quando você bate em alguém machuca também sua mão. Quem bate esquece, quem apanha não. “vai ter volta” sentimento de vingança sendo cozido.

3. A ira resulta também em assassinato ou a versão civilizada do assassinato: o desprezo: “você pra mim é nada. Você pra mim é ninguém”. Ou “o que vem de baixo não me atinge”.

Semana passada eu disse que não sabia o que era “RACA”. A Vânia disse que significava “tolo” e que no NT isso teria um peso muito grande.

Essa semana, fui buscar uma explicação. Achei algo, no livro do Os Guinness que ora mim, faz muito sentido. A palavra “RACA” é uma expressão do aramaico: que significa o som produzido na garganta, quando você está coletando a saliva pra cuspir.

É como se você estivesse coletando o seu irmão na garganta e cuspindo-o da sua vida.

Uma expressão do mais alto desprezo. “Cuspi você de mim, da minha vida. Você pra mim é nada, ou pior do que nada.

RESPOSTA CRISTÃ PARA A IRA

A mansidão e o espírito pacificador.

Os Guinness: propõe o sermão do monte: fala em perdão e amor aos inimigos, promoção da justiça pelo caminho da paz e da reposta não violenta.

Jesus esta sempre certo. Que nós no séc. XXI possamos ouvir e seguir estas palavras antes que seja tarde demais.

Nunca seremos filhos verdadeiros do Pai celestial até que amemos nossos inimigos e oremos pelos que nos perseguem. O mundo carece de gente nobre. O mundo carece de cristãos.

Espero ser contado entre os cristãos e ser capaz de não retribuir o mal com mal e não tomar nas minhas mãos a vingança pela injustiça feita a mim, para me tornar filho do meu pai celestial, capaz de exercitar  a mansidão, e ser um pacificador antes que seja tarde demais,

Amem. 


[1] Rua de São Paulo dedicada ao comercio evangélico. Uma 25 de março gospel.

FONTE:  | vineyard café || blog