20/02/2010

A Falsa "Unidade" e o Dever da Separação

 CHARLES SPURGEON16 C.H. Spurgeon

Em tempos antigos, quando algumas das Igrejas de Cristo começaram a livrar-se do jugo do Papado que pesava sobre seus pescoços, o argumento usado contra a reforma era a necessidade de manter a unidade. "Você precisa ser paciente com esta ou aquela cerimônia e com este ou aquele dogma; não importa quão anticristão e profano. Você precisa ser paciente quanto a isso, 'esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz'".

Assim falou a velha serpente naqueles dias antigos: "A Igreja é una; ai daqueles que semeiam o cisma! Pode até ser verdade que Maria tenha sido posta no lugar de Cristo, que as imagens são adoradas, que vestimentas e trapos podres são reverenciados, e que o perdão é comprado e vendido para crimes de todo tipo; pode ser que a assim chamada igreja tenha se tornado uma abominação e uma moléstia sobre a face da terra; mas ainda assim, ' esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz ', você deve curvar-se, reprimir o testemunho do Espírito de Deus dentro de você, esconder a Sua verdade sob um alqueire, e deixar a mentira prevalecer."

"Efésios 4:3 insta para que nos esforcemos em manter a unidade do Espírito, mas não nos diz para manter a unidade do mal, a unidade da superstição, ou a unidade da tirania espiritual."

Este foi o grande sofisma da Igreja de Roma. Porém, quando ela não pôde mais seduzir os homens falando de amor e união, ela passou a usar o seu tom mais natural de voz, e amaldiçoou diretamente, a torto e a direito, de todo coração: e manteve a maldição até que ela mesma expire!

Irmãos, não havia nenhuma força no argumento dos Papistas. Efésios 4:3 insta para que nos esforcemos em manter a unidade do Espírito, mas não nos diz para manter a unidade do mal, a unidade da superstição, ou a unidade da tirania espiritual. A unidade do erro, da falsa doutrina, da tirania dos bispos, pode incluir o espírito de Satanás; não temos nenhuma dúvida disso; mas que esta seja a unidade do Espírito de Deus nós negamos veementemente. A unidade do mal nós devemos demolir com todas as armas que nossas mãos puderem agarrar. A unidade do Espírito, a qual devemos manter e nutrir, é outra coisa completamente diferente.

Lembrem-se que somos proibidos de fazer o mal para que venha o bem. Mas conter o testemunho do Espírito de Deus dentro de nós, esconder qualquer verdade que tenhamos aprendido pela revelação de Deus, refrear-nos de testemunhar pela verdade de Deus e da Sua Palavra contra o pecado e a tolice das invenções dos homens, todos estes seriam pecados dos mais imundos. Não ousamos cometer o pecado de extinguir o Espírito Santo, ainda que seja com a intenção de promover a unidade.

"Certamente a unidade do Espírito nunca requer algum apoio pecaminoso; ela não é mantida suprimindo a verdade, e sim apregoando-a por toda parte."

Certamente a unidade do Espírito nunca requer algum apoio pecaminoso; ela não é mantida suprimindo a verdade, e sim apregoando-a por toda parte. A unidade do Espírito tem como sustentação, dentre outras coisas, o testemunho de santos espiritualmente iluminados com relação à fé que Deus revelou em Sua Palavra. Aquela unidade, é uma unidade totalmente diferente que amordaçaria nossas bocas e nos transformaria em gado imbecilmente dirigido, para ser alimentado e depois abatido ao bel prazer de mestres sacerdotais.

O Dr. McNeil disse, acertadamente, que dificilmente um homem pode ser um Cristão sério em nossos dias sem ser um controversista. Somos enviados hoje como ovelhas para o meio de lobos. Pode haver acordo? Somos acesos como luminares no meio da escuridão. Poder haver conciliação? Não foi o próprio Cristo que disse, "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada"? Vocês compreendem como esse é o mais verdadeiro método de esforçar-se para manter a unidade do Espírito; porque Cristo o homem de guerra, é Jesus o Pacificador; mas para a criação de paz duradoura, espiritual, as falanges do mal devem ser destruídas, e a unidade das trevas arrojada em tremor.

"O Dr. McNeil disse, acertadamente, que dificilmente um homem pode ser um Cristão sério em nossos dias sem ser um controversista."

Peço sempre a Deus que nos preserve de uma unidade na qual a verdade seja considerada sem valor, na qual princípios dêem lugar à políticas, na qual as virtudes nobres e varonis que adornam o herói Cristão tenham que ser completadas por uma afetação efeminada de amor. Que o Senhor possa nos livrar da indiferença para com a Sua Palavra e vontade; porque isso cria a unidade fria de massas de gelo unidas em um iceberg, esfriando o ar por milhas ao redor, a unidade dos mortos enquanto dormem nas sepulturas, lutando por nada, porque não têm parte nem herança em tudo aquilo que pertence aos viventes. Há uma unidade que raramente é quebrada: a unidade dos demônios que, sob o serviço do seu grande mestre e senhor, nunca discordam nem disputam. Protege-nos desta terrível unidade, ó Deus dos céus! A unidade dos gafanhotos que têm um objetivo comum, com a sua glutonaria que arruína tudo ao seu redor; a unidade das ondas de fogo de Tofete, que arrasta miríades para a miséria mais profunda. Disso também, ó Rei dos céus, livra-nos para sempre!

"A destruição de todo tipo de unidade que não está baseada na verdade é uma preliminar necessária à edificação da unidade do Espírito."

Que Deus perpetuamente nos envie algum profeta que clame em alta voz para o mundo: "Sua aliança com a morte será anulada, e seu acordo com inferno não permanecerá". Que sempre tenhamos alguns homens, mesmo que sejam ásperos como Amós, ou austeros como Ageu, que denunciem sempre de novo qualquer associação com o erro e qualquer acordo com o pecado, e declarem que estas coisas são abomináveis para Deus.

Nunca imaginem que a contenda santa seja uma violação de Efésios 4:3. A destruição de todo tipo de unidade que não está baseada na verdade é uma preliminar necessária à edificação da unidade do Espírito. Precisamos primeiro derrubar estas paredes feitas de argamassa ruim – estes muros cambaleantes construídos pelo homem – para que possa haver espaço para as excelentes rochas dos muros de Jerusalém colocadas umas sobre as outras para uma permanente e duradoura prosperidade.

Fonte: Trecho extraído do sermão Promovendo a Verdadeira Unidade pregado no dia de ano novo do ano de 1865.

Publicado por Phil Johnson no site Pyromaniacs.

Tradução: centurio

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A Falsa "Unidade" e o Dever da Separação

HINO DOS MISSIONÁRIOS: DUST IN THE WIND ...Tudo o que somos é poeira no vento.

Sobre os que vão e os que permanecem

 

Diante da constante movimentação dos cristãos evangélicos em direção a movimentos informais, alguns chamados de igrejas emergentes, ou apenas grupos que se reúnem em casas, nasce a preocupação, às vezes sincera e boa, por parte dos que decidiram debaixo das asas das igrejas institucionalizadas.
Antes de qualquer coisa, é importante dizer que na maioria dos casos a falta de diálogo é que não permite que “quem vai” e “quem fica” entendam suas razões mutuamente.
E o argumento mais “forte” daqueles que optam por permanecer na igreja institucionalizada é que, a despeito das diferenças existentes, quem sai à procura de novas formas futuramente haverá de se decepcionar também com seu novo grupo.
Quem assim diz não está errado, mas também não acertou em cheio o cerne da questão. Pois, a bem da verdade, irão se decepcionar aqueles que, como hábito constante em suas vidas, vivem pulando de galho em galho em busca de novidades e modismos. No entanto, e agora falo como um que optou pela saída, há aqueles que decidiram tomar um novo rumo tocados muito mais pelo conteúdo do que pela própria forma.
Não que a forma não seja importante. Ela é e muito! Afinal, não se deve pôr vinho (conteúdo) novo e odres (formas) velhos. Jesus quem advertiu! Nem remendo novo em pano velho. Definitivamente, não funciona!
Continuando, a falta de diálogo, ou mesmo de interesse em entender o “novo” é que não permite a muitos perceber que o “novo” anunciado pode ser o bom e velho de sempre: o Evangelho! Que é sempre Boas Novas pra quem quer que o aceite.
Sugiro então que haja diálogo e total interesse em amor, a fim de todos possamos nos compreender! E mais: respeitar uns aos outros como irmãos apesar de nossas escolhas distintas.
No mais, quem sabe eu ainda escreva as razões pelas quais a muito tempo eu queria saltar rumo ao “novo”!

fonte:     Visão Integral

ESSAS MULHERES DE HOJE- Tais Machado

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O que dizer desses dias? Logo os primeiros de 2010 já repletos de tragédias, dentro de fora de nosso país? Tempo de tristezas, de compaixão, de reflexão, de mobilização.
E o que nos mostram a vida de algumas mulheres de nosso tempo em dias de dificuldades?
Perdemos uma missionária, uma evangelista brasileira que não via o Brasil como sua única paróquia. Zilda Arns morreu em missão, e, como diz a reconhecida jornalista Eliane Cantanhêde, “ela morreu como viveu: chacoalhando em desconfortáveis jipes militares, aos 75 anos, numa guerra contra a pobreza, a sujeira, a ignorância. A favor da vida. Morreu para que tantos outros vivessem no pequeno Haiti, o mais miserável país da América Latina. Sua história e seus ideais se confundem com os de um ícone mundial: Madre Tereza de Calcutá. Mas Zilda não era freira, não usava o hábito e dedicou sua vida à vida alheia, mantendo-se bonita, vaidosa, imensamente feminina. Não interpretou um papel. Era apenas ela mesma em ação. Zilda, definitivamente, não passou pela vida em vão”. E como a vida e a morte de alguns nos fazem repensar a nossa, não?
A morte da doutora Zilda nos convida a prestar maior atenção à vida e a agradecer por sua existência entre nós. Sua compreensão do evangelho e seu testemunho têm sido lembrados e celebrados em muitos cantos de nosso Brasil. O sociólogo André Ricardo de Souza, por exemplo, falou do trabalho dela na pastoral da criança e disse que se trata da “entidade nacional que mais reúne voluntários, 260 mil pessoas, sendo 92% de mulheres e a absoluta maioria de pobres. Mas o feito que a coloca em posição destacada na história foi ter ensinado mães humildes a orientar mães semelhantes a como salvar e fortalecer seus filhos”. Frei Betto repercutiu escrevendo sobre como ela “nos deixa, de herança, o exemplo de que é possível mudar o perfil de uma sociedade com ações comunitárias da sociedade civil, ainda que o poder público e a iniciativa privada permaneçam indiferentes ou adotem simulacros de responsabilidade social”. A jornalista Barbara Gancia falou do contraste da vida de dona Zilda, pois, em tempos de brigas por espaços por aparecer, intrigas entre celebridades, instantes de fama sendo disputadíssimos, uns querendo aparecer mais do que outros em nosso mundo de espetáculos, não fosse a tragédia, a maioria de nós nem saberia que Dona Zilda havia deixado suas férias sagradas, enquanto boa parte de nós desfrutávamos desse tempo, para ir servir lá no Haiti. Ela não era de perder oportunidades, sabia da urgência e da importância da obra.
Ruy Castro até comentou que “dona Zilda, aos 75 anos, parecia tão ativa quanto na época em que começou a Pastoral da Criança em 1983 – talvez até mais, porque, em 2004, ajudara a fundar a Pastoral do Idoso”. Isso nos remete à história bíblica de Calebe, com toda sua fibra e disposição mesmo em idade avançada: “Aqui estou hoje, com oitenta e cinco anos de idade. Ainda estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; tenho agora tanto vigor para ir à guerra como tinha naquela época.” (Js 14.10-11).
E como também disse o professor Fernando Altemeyer Junior: “Obrigado, querida e amada doutora Zilda. Por tua missão e por tua entrega. Grato por nos ensinar a ver milagres de Deus dentro das entranhas da dor. Grato por ver com teus olhos ressurreição onde todos só conseguem ver fatalidade. Grato por experimentar e gestar vida onde tudo revela dor”. Gente assim me faz celebrar com maior força e alegria a história de salvação de Deus que continua a ser construída. Também me anima a prosseguir vivendo pela esperança viva em Cristo.
Atentar respeitosamente para as que se vão e as lições que ficam, mas também observar e celebrar a vida de outras entre nós. Então o que dizer de Marina Silva ao olhar para sua vida, sua história, seu testemunho e sua dedicação? Como não se emocionar ao ver a reação natural do público do Fórum Social Mundial, aliás, que teve em sua maioria mulheres (59,3%), quando Marina foi chamada à frente – aplaudida em pé. Reconhecido público e notório da vida de uma mulher que fala com seus atos, que evangeliza com sua própria vida. Uma mulher nascida no interior do Acre, negra, pobre, analfabeta até aos 16 anos, que exercita sua capacidade e inteligência, inclusive esforçando-se para recuperar anos de atraso nos estudos devido às condições desfavoráveis, para não dizer total falta de condições. Ela não só consegue seu diploma universitário e se especializa, como continua desenvolvendo e servindo com conscientização, fazendo um trabalho digno de respeito e admiração por tantos estudiosos e envolvidos na área ambiental e fora dela. Mesmo em meio à tanta sujeira do jogo e intrigas políticas, é reverenciada como senadora por seu trabalho e sua ética exemplar; e assim se vão anos de coerência. E ainda, Marina não se cansa de proclamar que “uma das formas de amar a Deus e ao próximo é lutar por um mundo melhor”.
Mulheres que fazem história, que compreenderam a integralidade do evangelho e impactam tão positivamente a sociedade. Obrigada, Senhor, por essas mulheres de hoje.
• Tais Machado, paulistana, é psicóloga clínica e professora em seminários teológicos. É secretária nacional de capacitação da Aliança Bíblica Universitária do Brasil.fonte:    Editora Ultimato - formação e informação