11/12/2008

DEVOCIONAL: QUEM SE ACOMODA A QUEM?

 

244753049

Desde que chegamos ao Senhor, muitas vezes temos intentado nos servir Dele. Procuramos convencê-Lo que nos faça o que queremos, que resolva as situações como nós propomos, e que atue nos tempos que nos convêm.

Entretanto, para poder caminhar com Deus, somos nós quem temos de acomodar nos a Ele. Se quisermos andar com Deus, devemos ajustar nosso passo aos Dele. Ele não se acomodará nunca a nós. Deus é santo, é justo, como poderia rebaixar Sua dignidade tomando nossos caminhos torcidos, e compartilhando nossas motivações incorretas?

Caminhar com Deus é algo muito difícil, pois implica trocar muitas coisas em nossa vida. Nosso torcido curso deve ser ajustado muitas vezes, até irmos no Seu ritmo, e até que coloquemos o pé exatamente junto aos Dele.

Nossa independência deve ser vencida, e em seu lugar deve crescer uma estreita dependência Dele. Para que se cumpra a palavra que o Senhor disse: "Porque separados de mim nada podeis fazer". Se o jugo do Senhor não estiver sobre nós, não há um compromisso verdadeiro. Se não aceitarmos perder nossa liberdade, como poderemos seguir-Lhe?

Nossa impaciência nos lança a muitos males passados. Não sabemos esperar o tempo de Deus, porque temos muitas idéias e soluções. A fim de nos aperfeiçoar, Deus nem sempre nos dá as soluções imediatamente. Ele espera até que tenhamos provado do que é nosso, e tenhamos fracassado.

Entretanto, demoramos tanto em fracassar! Procuramos desesperadamente por novas alternativas, deixamos voar a nossa imaginação, uma e outra vez. E então o Senhor tem que nos falar: "Na multidão dos teus caminhos te cansaste, mas não disseste: Não há remédio; achaste novo vigor em sua mão, portanto, não te desanimaste. E de quem te assustaste ou tiveste temor, que faltaste à fé, e não te lembraste de mim, nem te vim ao pensamento? Não guardei silêncio desde os tempos antigos, e alguma vez me temeste? Eu publicarei a sua justiça e as suas obras, que não te aproveitarão" (Isaías 57:1012).

Quando reconhecemos a inutilidade de nossos esforços, de nossas brilhantes iniciativas, Deus pode nos salvar. Então aceitaremos fazer as coisas a Seu modo e não ao nosso. Na verdade "Seus caminhos são mais altos que os nossos, e Seus pensamentos mais altos que os nossos".

Quem se acomoda a quem? Este é um assunto que deve ser resolvido o quanto antes, se é que queremos chegar a ser de alguma utilidade para Deus. É preciso sentir a humilhação de nossa inutilidade, da incapacidade de nossa brilhante inteligência, de toda estratégia humana; em definitivo, de tudo o que procede da carne e sangue. Então poderemos dizer verdadeiramente que Jesus Cristo é o nosso Senhor.

23045609

O QUE É SER MISSIONÁRIO?

 NEIL FARBER

Diante de algum desafio missionário ou do testemunho de experiências e relatórios do campo, talvez você já tenha se perguntado: Eu também posso ser um missionário?
        Bem, eu não sei qual foi a resposta que você obteve, mas qualquer que tenha sido, espero que tenha lhe conduzido até a verdade bíblica de que todo regenerado é potencialmente um missionário. Ou seja, alguém que deve frutificar e trabalhar na seara a partir do campo em que está inserido.
        Porém, muitas vezes, temos definido o termo missionário de maneira diferente. De um modo geral, temos preferido considerar que missionário é aquele que atua num ambiente transcultural, que abdica do conforto do seu lar, da presença dos seus familiares e até mesmo do amor ao seu povo e à sua pátria, para cumprir o propósito divino de viver como peregrino e proclamar o evangelho em terras distantes.
        Utilizando a imagem do missionário nesse segundo conceito, gostaria de afirmar que, ainda assim, o missionário é homem ou mulher comum.
        O missionário não é um ser humano perfeito, mas é um perfeito ser humano em toda sua constituição. Ele tem sentimentos como qualquer outra pessoa. Ele sofre, chora, se aborrece e sente saudades.
“Porque, mesmo quando chegamos à Macedônia, a nossa carne não teve repouso algum; antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, por dentro temores”. 2 Coríntios 7:5.
        O missionário é aquele que, como você, vive enfrentando todo tipo de dificuldades e tentando vencer as suas lutas diárias diante do trono da graça de Deus. Por que não?
        O problema é que temos a tendência de colocar o missionário numa posição tão elevada como homem ou mulher de Deus que acabamos deduzindo que tal estatura é inatingível. A obra missionária passa a ser algo distante e nos sentimos pequenos e sem condições de participar.
        Na minha própria experiência, tem sido comum encontrar pessoas que pensam que a obra missionária é algo restrito e de responsabilidade apenas de um pequeno grupo que dentro da igreja foi divinamente separado para este fim, quando, na verdade, Deus espera a participação de cada crente, por mais insignificante que pareça a sua contribuição.
        Todos aqueles que receberam uma nova vida, um novo Espírito, uma nova natureza, um novo coração, um novo destino, uma nova morada, também receberam a ordem de pregar o evangelho ao mundo. De forma que direta ou indiretamente, sempre haverá algo que poderão fazer para cumprir esta ordem.
        Guardo comigo uma carta interessante que recebi tempos atrás. A carta narra uma suposta apresentação do apóstolo Paulo, nos nossos dias, a uma agência missionária desejando ser enviado como missionário para a Espanha.
        Após uma série de questionamentos ao ministério de Paulo, o apóstolo acaba sendo rejeitado e considerado desqualificado como missionário para ser enviado ao campo.
A carta é interessante exatamente porque expõe de maneira singular a fragilidade dos nossos modelos atuais de missões e a frieza com que temos tratado alguns candidatos aos campos.
        Os supostos motivos da desqualificação do apóstolo Paulo são narrados, na carta, em nome do secretário executivo da agência. Cujos principais são: a idade avançada, aparência desprezível, dificuldades com a visão física e folha corrida na polícia, dentre outras causas.
        Assim, a mensagem que absorvi ao ler e reler aquela carta é que lamentavelmente tem nos faltado uma visão da graça de Deus em missões. Se o apóstolo Paulo realmente vivesse nos tempos de hoje, não duvido que até ele seria rejeitado, segundo a nossa prática missionária moderna e os nossos critérios atuais. Infelizmente, o elitismo em missões tem enterrado muitos candidatos que seriam tão úteis, se nós apenas déssemos uma oportunidade, crendo que Deus poderia usá-los.
        É surpreendente pensar em alguns homens que Deus utilizou ao longo da história. Homens que Deus levantou como verdadeiras colunas e que aparentemente jamais assumiriam a posição de liderança ou teriam qualquer oportunidade de investimento.
        Gosto de lembrar de Davi, um jovem que, aos olhos dos outros homens, não seria a pessoa mais indicada para enfrentar o gigante Golias e muito menos para reinar em Israel.
        E o que falar de José, Josias, João Batista e tantos outros? Homens que se não fosse a graça de Deus teriam ficado no anonimato. E pior, teriam sido colocados, pelos homens, na pilha dos inúteis e dos insignificantes deste mundo.
“Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós, e orou com fervor para que não chovesse, e por três anos e seis meses não choveu sobre a terra”. Tiago 5:17.
        Se observarmos bem, quando Jesus expôs diante dos discípulos a tarefa da Grande Comissão, veremos que ele estava convocando homens que eram considerados indoutos e iletrados (Atos 4:13). Com isso, ele não estava dizendo que os mais cultos e os mais bem preparados não teriam parte importante nesta obra.
        A verdade é que, todos, os mais bem preparados como também os leigos. Todos, sem exceção, devem participar de maneira efetiva e na posição em que foram chamados por Deus.
Martin Luther King Jr., disse certa vez num sermão:

        “Tu não tens que ter um curso universitário para servir. Tu não tens que saber ligar o predicado ao verbo para servir. Não precisas ter conhecimento sobre Platão e Aristóteles para servir... Precisas apenas ter um coração cheio de graça, e uma alma movida pelo amor”. [1]

        O desejo de Deus é que todos se cheguem a Ele, por meio da salvação que há em Cristo (João 12:17), e, se não estamos realmente comprometidos e empenhados neste propósito, precisamos nos ajustar e nos posicionar rapidamente no reino de Deus.
        Deixe-me lembrá-lo: foi o Senhor Jesus quem mandou pregar o evangelho a todas as nações e até ao último recanto desta terra!

 618472972

ESTAR VIVO É ESTAR INCOMPLETO

       Brennan Manning

696918193

Honestidade é mercadoria tão preciosa que é raramente encontrada no mundo da igreja. A honestidade exige a sinceridade de admitir os apegos e as dependências que controlam nossa atenção, dominam a nossa consciência e agem como falsos deuses. Posso ser tão viciado em vodka quanto em agradar os outros, tanto em maconha quanto em ser amado, tanto em jogo quanto em relacionamentos, Tanto em futebol quanto em fofoca. Minha dependência pode ser de comida, atuação, dinheiro, popularidade, poder, vingança, leitura, televisão, tabaco, peso ou sucesso. Quando damos a qualquer coisa mais prioridade do que damos a Deus, cometemos idolatria. Portanto, todos cometemos idolatria incontáveis vezes ao dia.

Uma vez que aceitamos o evangelho da graça e buscamos nos livrarmos dos mecanismos de defesa e dos subterfúgios, a honestidade torna-se ao mesmo tempo mais difícil e mais importante. Agora a honestidade envolve a disposição de enfrentarmos a verdade respeito do que somos, não importando quão ameaçadoras ou desagradáveis nossas percepções possam ser. Significa perseverar conosco e com Deus, discernindo nossos truques mentais pela experiência de como eles nos derrotam, reconhecendo nossas fugas, admitindo nossos lapsos, aprendendo de forma completa que não somos capazes de lidar conosco. Esse resoluto auto-confronto requer força e coragem. Não podemos usar o fracasso como desculpa para deixar de tentar.

Sem honestidade pessoal posso com facilidade criar uma imagem bastante impressionante de mim mesmo. A complacência tomará então o lugar do deleite de Deus. Muitos de nós não querem a verdade a respeito de nós mesmos; preferimos ter nossa virtude reafirmada, como mostra a seguinte ilustração:

Um dia um pregador disse a um amigo:

- Acabamos de ter o maior avivamento que nossa igreja experimentou em muitos anos.

- Quantos novos membros vocês acrescentaram ao rol? perguntou ele.

- Nenhum. Perdemos quinhentos.

Estar vivo é estar incompleto. E estar incompleto é carecer da graça. A honestidade nos mantém em contato com nossa carência e com a verdade de que somos pecadores salvos. Há uma belíssima transparência nos discípulos honestos que nunca usam uma máscara e não fingem ser nada além do que são.

Quando um homem ou mulher são verdadeiramente honestos (e não estão ainda apenas trabalhando nesse sentido), é virtualmente impossível insultá-los pessoalmente. Não resta nada ali para insultar. Aqueles de nós que estamos verdadeiramente prontos para o reino somos pessoas desse tipo. Sua pobreza de espírito interior e sua rigorosa honestidade os libertaram. São gente que não tinham nada do que se orgulhar.

Houve a mulher pecadora do vilarejo que beijou os pés de Jesus. Houve liberdade em fazer aquilo. Desprezada como prostituta, ela aceitou, diante do Senhor, a verdade da sua flagrante condição de nada. Ela não tinha coisa alguma a perder. Ela amou muito porque muito lhe havia sido perdoado.

O assim chamado Bom Ladrão era terrorista que reconhecia receber recompensa justa pelos seus crimes. Ele também não tinha nada do que se orgulhar.

O Bom Samaritano, escolhido como modelo da compaixão cristã, era desprezado como herege de miscigenada ascendência pagã e judaica. Ele já era tão impuro que, ao contrário do sacerdote e do levita que passaram de largo com suas aureolas apertadas, podia dar-se ao luxo de expressar seu amor pelo homem ferido deixado ali para morrer.

Ser honesto conosco não nos torna inaceitáveis para Deus. A honestidade não nos distancia de Deus, mas nos leva de arrasto para Ele - como nenhuma outra coisa consegue fazer - deixa-nos abertos de forma renovada para o fluir da graça. Embora Jesus chame cada um de nós para uma vida mais perfeita, não somos capazes de fazê-lo por nossos próprios esforços. Estar vivo é estar incompleto, estar incompleto é carecer da graça. É através da graça apenas que qualquer um de nós pode ousar esperar tornar-se mais como Cristo.

O pecador salvo de auréola torta foi convertido da desconfiança para a confiança, alcançou uma pobreza interna de espírito, e vive o melhor que pode em rigorosa honestidade para consigo mesmo, com os outros e com Deus.

A pergunta colocada pelo evangelho da graça é apenas esta: quem nos separará do amor de Cristo? Do que você tem medo?

Você tem medo que sua fraqueza possa separá-lo do amor de Cristo? Ela não pode.

Você tem medo que suas inadequações possam separá-lo do amor de Cristo? Elas não podem.

Você tem medo que sua pobreza interior possa separá-lo do amor de Cristo? Ela não pode.

Casamento difícil, solidão, ansiedade sobre o futuro dos filhos? Não podem.

Baixa auto-estima? Não pode.

Dificuldade econômica, ódio racial, o crime nas ruas? Não podem.

Rejeição pelos queridos ou sofrimento pelos queridos? Não podem.

Perseguição pelas autoridades, ir para a cadeia? Não podem.

Guerra nuclear? Não pode.

Erros, medos, incertezas? Não podem.

O evangelho da graça clama: nada poderá jamais separar você do amor de Deus tornado visível em Cristo Jesus nosso Senhor.

Você deve estar convencido disso, deve confiar nisso e não deve jamais esquecer de lembrar disso. Todo restante passa, mas o amor de Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente. A fé se tornará visão, a esperança se tornará possessão, mas o amor de Jesus Cristo, que é mais forte do que a morte, permanece para sempre. No final, é a única coisa à qual você pode se apegar.

Extraído do Livro: O EVANGELHO MALTRAPILHO, de Brennam Manning

118712613