18/09/2009

A REALIDADE DOS REFUGIADOS NA ÁFRICA - Entrevista com Grace Olsson



Grace Olsson, é a autora do livro Crianças Refugiadas em Moçambique: Um Drama na África. Nasceu em Alagoas, é formada em Ciências Jurídicas e pesquisou durante dois anos a vida da criança refugiada na África, onde visitou 47 países africanos e sete campos de refugiados (Namibia, Angola, Ruanda, Moçambique, Zimbábwe, Swazilândia e Lesotho).
Tem dois filhos naturais e mora com o marido e filhos em Västerås, Suécia. Assumiu responsabilidades com 8 criancas ruandesas que vivem no Campo de Refugiados de Moçambique.
Trabalha como fotógrafa e continua pesquisando sobre a vida dos refugiados.Desta feita na Suécia, onde pretende fazer Mestrado em Ações Humanitárias.
Desde muito cedo trabalha com ações humanitárias, em movimentos religiosos no Brasil, onde sua mãe fazia parte de congregaçõess religiosas. A causa da criança refugiada é um remédio para Grace, que depois de sofrer um AVC, viu em cada uma delas uma forma de superar seus desafios. A autora vê cada criança como se fosse o seu próprio filho.
---“Sonhar, para a criança refugiada é um verbo conjugado sempre no presente de
forma dúbia e embaçada de cenas em preto e branco e com as cores do arco-íris,
que somente as mentes infantis são capazes de criar. Se navegar é preciso no
mundo dos adultos, no mundo infantil da criança refugiada, SONHAR é o melhor
remédio para a cura de males que um dia, quiçá, deverão ficar para trás.”



Leia a entrevista com a autora:

Novitas - Como os Refugiados surgiram na tua vida? E por que?
Grace - Os refugiados surgiram de forma abrupta, ainda no Paquistão, anos atrás, quando eu fui visitar. Aquele monte de gente, pilhado na periferia de Lahora me gerou medo. E anos depois fui á Namíbia e, de lá, fiquei curiosa sobre umas casinhas, na beira da estrada, num descampado.O guia alemão não quis me dizer do que se tratava, mas dias depois voltei á mesma área e consegui fazer amizade com umas meninas refugiadas. No final, fiquei três dias no Campo. Nao senti medo, nem fui desacatada ou bulinada. Mas, o que mais me chama atenção no Campo é a situacao da criança e da mulher. Mais da criança, por ser indefesa.

Novitas - Quantos campos para refugiados tu visitastes?
Grace - Eu já visitei Campos de refugiados na RDC, em Angola, Namíbia, Moçambique, Zimbabwe, Rwanda, Swazilândia, Sudão e aqui na Suécia, onde vejo as diferenças.

Novitas - Qual o impacto que te causa a questão da legislação com as crianças refugiadas? Elas são cumpridas?
Grace - Nao há Convenção específica que trata da Criança Refugiada. Há a Convenção de 1951 que trata dos Refugiados e a Convenção dos Direitos da Criança, mas não da criança refugiada. As Convenções não são cumpridas. E no meu livro eu provei de forma clara. Através de entrevistas com crianças refugiadas e profissionais que trabalham no Campo de Refugiado em Moçambique.

Novitas - Pelas fotos no livro, podemos notar a tristeza no rosto das crianças. Como foi lidar com isso?
Grace - É muito dificil ficar cara a cara com a criança refugiada e não sofrer por e com ela. Com exceção de um menino congolês, os demais tinham um olhar sombrio, triste, perdido no tempo.

Novitas - O que é mais perigoso no Campo dos refugiados?
Grace - A violência contra a criança devida à falta de segurança. Os abusos sofridos por elas e as mulheres são terríveis. Além do que, o abuso à criança do sexo masculino tem se intensificado.

Novitas - No teu entendimento, por que ainda hoje não existe um local especial para crianças e mães refugiadas?
Grace - Olha, na Àfrica, todos ficam juntos. Até por que não é possível separar o pai, a mãe dos filhos. O ideal seria o mundo acordar para essa realidade. O quanto antes.

O Livro Crianças Refugiadas em Moçambique: Um Drama na África pode ser adquirido pelo e-mail contato@editoranovitas.com.br

Oremos por estas crianças!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A boca fala do que está cheio o coração.