28/07/2011

Davi e Sua Forma de Resolver Problemas (Parte 1)

Todos nós lutamos com diversos problemas e dificuldades – seja na vida profissional ou em nossas famílias e casamentos. Inúmeras pessoas não conseguem mais dar conta dos seus problemas. Por isso a Bíblia nos convida a lançar nossas cargas sobre Jesus:
“Confia os teus cuidados ao Senhor, e ele te susterá; jamais permitirá que o justo seja abalado” (Sl 55.22).

Davi era uma pessoa como eu e você, com traços de caráter positivos e negativos. Ele sabia o que era simpatia e antipatia, era uma pessoa com pontos fortes e outros menos fortes. Mas, apesar de seus erros e fraquezas, Davi era uma pessoa que buscava a Deus de todo o coração. Ele tinha consciência profunda de sua pecaminosidade. E justamente por isso ele vivia na dependência do perdão de Deus. Além disso, Davi era um homem ligado à Bíblia, que amava a Palavra de Deus e se orientava por ela. Davi se destacou acima de tudo por uma coisa: seu profundo anseio pela salvação de Deus, seu anseio pelo Salvador: “Suspiro, Senhor, pela tua salvação…” (Sl 119.174).

Dois enganos
Antes de mais nada, quero corrigir dois enganos. São enganos que freqüentemente nos atrapalham e nos impossibilitam de lidar corretamente com nossos problemas:
1. É um engano pensar que cristãos devotados a Deus não adoecem, não têm problemas e permanecem protegidos do perigo e da doença. Ouvimos com freqüência: “Você só precisa ter a fé certa, dedique-se totalmente a Deus, viva de acordo com a Sua Palavra – e tudo vai ficar bem! Você terá saúde, não terá problemas, suas dificuldades financeiras vão se dissipar no ar, e também na sua família só haverá felicidade”. Esse ponto de vista não é biblicamente sustentável e está baseado em um engano! É isto que analisaremos agora com ajuda da Bíblia, ou seja, pela vida de Davi: o próprio Deus deu o seguinte testemunho a respeito dele e de sua vida de fé: “Achei Davi… homem segundo o meu coração…” (At 13.22). Mas apesar desse testemunho positivo de Deus, a vida de Davi era tudo, menos livre de problemas e preocupações. Pelo contrário: havia um sem-fim de diferentes sofrimentos e provações. Por exemplo: ainda menino, Davi foi obrigado a se considerar como alguém cuja única serventia era cuidar das ovelhas da família. Ele era sempre hostilizado. Seu irmão mais velho só o tratava com desprezo. Seu protetor (Saul) o decepcionou e queria matá-lo. Sua esposa o ridicularizou publicamente. Seu amigo o traiu e seu próprio filho o expulsou de casa, roubou seu trono e queria liquidá-lo por meio de um golpe de Estado. Disso concluímos que é possível alguém ser descrito como “um homem (ou uma mulher) segundo o coração de Deus” e, ao mesmo tempo, levar uma vida cheia de provações.
O apóstolo Paulo também nos adverte contra uma conclusão errônea:

“Tu, porém, tens seguido, de perto, o meu ensino, procedimento, propósito, fé, longanimidade, amor, perseverança, as minhas perseguições e os meus sofrimentos, quais me aconteceram em Antioquia, Icônio e Listra, – que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, me livrou o Senhor. Ora, todos quantos querem viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (2 Tm 3.10-12).
Para Paulo estava claro que a vida como cristão pode acarretar dificuldades. É isso que os 2000 anos de história da Igreja de Cristo também mostram. Lemos, por exemplo, numa publicação da Aliança Evangélica Alemã do dia 11 de novembro de 2005:

“Ninguém pode determinar com precisão o número dos mártires – as estimativas ficam entre 90.000 e 175.000. E a quantidade de cristãos torturados, ridicularizados e expulsos em todo o mundo nem sequer pode ser estimada”.

Vamos nos precaver contra o erro de pensar que os cristãos não ficam doentes, não enfrentam problemas, são imunes à depressão e estão sempre felizes!
2. É um erro pensar que o pecado não tem conseqüências. É freqüente que justamente pessoas com educação cristã pensem: “Que nada, não importa como eu vivo, o que eu faço e como brinco com o pecado: isso não é tão trágico. A qualquer momento posso chegar até Jesus, Ele sempre está disposto a perdoar”. Bem, é totalmente correto e bíblico que Deus sempre perdoa, e faz isso com prazer:


“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9).
Mas, atenção: essa medalha também tem o seu reverso:


“Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7).
Esse versículo se dirige explicitamente a pessoas que se dizem cristãs – e mesmo assim brincam com o pecado. Deus incumbiu Paulo de nos advertir, e o sentido de suas palavras é o seguinte: “Elimine o engano a respeito do seu comportamento pecaminoso e errado, pois o seu pecado não ficará sem conseqüências”. Se estou infectado com o vírus da AIDS e me arrependo, Deus tem prazer em perdoar. Mas as conseqüências permanecerão comigo. Se eu ignorar todos os conselhos e casar com uma pessoa não-cristã, mesmo sabendo o que é correto, Deus terá prazer em perdoar – se eu reconhecer o pecado. Mas as conseqüências da desobediência não podem ser desfeitas.
A vida de Davi nos ensina com toda a clareza que o comportamento pecaminoso sempre tem as suas conseqüências: Davi adulterou com Bate-Seba. Além disso, mandou matar o marido dela. Davi agiu de forma conscientemente contrária à Palavra de Deus. Ele achou que podia brincar com o pecado. Davi se arrependeu do pecado (Sl 32, 38 e 51) e também tinha certeza de ter recebido o perdão de Deus (2 Sm 12.13). Mas não havia como desfazer o assassinato. O adultério de Davi veio à tona, pois Bate-Seba ficou grávida. E assim Deus disse a Davi:


“Por que, pois, desprezaste a palavra do Senhor, fazendo o que era mal perante ele? A Urias, o heteu, feriste à espada; e a sua mulher tomaste por mulher, depois de o matar com a espada dos filhos de Amom. Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste e tomaste a mulher de Urias, o heteu, para ser tua mulher. Assim diz o Senhor: Eis que da tua própria casa suscitarei o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres à tua própria vista, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com com elas, em plena luz deste sol” (2 Sm 12.9-11).

Portanto, as conseqüências eram gravíssimas! De repente, os acontecimentos trágicos começaram a se suceder na casa de Davi: primeiro, um de seus filhos estuprou sua própria meia-irmã. Esse ato horrível acarretou um fratricídio. Em seguida, Absalão se rebelou contra o pai; ele organizou um golpe de Estado, desrespeitou publicamente as esposas de seu pai e, no fim, acabou assassinado.
O pecado pode ser comparado a uma pedra jogada em um espelho d’água. Muito depois que a pedra (o pecado) desapareceu, os círculos (as conseqüências) ainda se espalham pela superfície. O trágico é que não apenas Davi foi atingido, mas também todos aqueles que o cercavam. Por isso, não permaneça na ilusão de que o pecado não tem conseqüências. Ele é perdoado, sim, quando há arrependimento, mas não é desfeito, e as conseqüências ficam.

Autor: Samuel Rindlisbacher – http://www.estudosgospel.com.br/

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