07/03/2010

Minha resposta sobre a Dake ao pastor Altair Germano

 

Peço vênia ao Reinaldo Azevedo para fazer um vermelho e azul com o pastor Altair Germano sobre a sua última postagem a respeito da Bíblia Dake. Não postei lá por tratar-se de um texto mais longo, que não caberia no espaço dedicado aos comentários. Mas inicialmente faço duas observações: primeiro em relação ao título, que põe em dúvida a idoneidade da CPAD, como se ela pudesse outra vez deixar de cumprir a resolução aprovada por unanimidade por ambos os órgãos da CGADB - Conselho de Doutrina e Comissão de Apologética. Se isso acontecer, a instituição perdeu toda a credibilidade e só resta fechar as portas da CGADB.
A segunda observação tem a ver com o fato de o pastor Altair Germano, fugindo à regra em seu blog, assinar a postagem como se faz em documentos oficiais, citando as funções que exerce na CGADB (vice-presidente do Conselho de Educação e Cultura) e na UMADENE (relator do Conselho de Doutrina). Se o fez com a autorização de seus pares e falou em nome de ambos os órgãos, a crise tornou-se mais grave, não quanto à UMADENE, mas em relação ao Conselho de Educação e Cultura da CGADB, pondo-o em rota de colisão com dois outros conselhos da mesma instituição, posto que, embora no texto diga que a CPAD deve cumprir a decisão, no título levanta a hipótese, como dito acima, de ela não cumprir.
Mas se o caro colega fez uso das prerrogativas sem o consentimento dos pares numa postagem pessoal, foi uma atitude inapropriada a qual compromete os órgãos aos quais pertence, sobretudo o da CGADB, já que não se trata de um pronunciamento que represente alguma posição oficial de ambos. Isto não minimiza a crise, mas, ao contrário, cria uma situação de constrangimento e revela não ter havido cuidado ao presumir representatividade com as respectivas citações. Em ambos os casos, tenha sido oficialmente ou não, a menção só amplia a gravidade da crise que o imbróglio Dake gerou. O caso do pastor Carlos Roberto não serve como exemplo porque ele só veio ao blog que administra por duas vezes após decisões tomadas pelo órgão do qual faz parte, o Conselho de Doutrina da CGADB, para publicar a sua posição pessoal em total alinhamento com o que foi decidido.
Para não me estender mais, vamos então ao vermelho e azul que prometi no início da postagem. Após levantar dúvidas no título, o colega Altair Germano aduziu:
"Pelo menos é esta a informação que circula na blogosfera evangélica".
Como está escrito, meu caro pastor Altair Germano, passa a impressão de que um grupo de boateiros, de pessoas que não têm o que fazer, divulgou tal versão como se não houvesse uma fonte digna de crédito para sustentá-la. Isso é induzir o leitor ao erro. Quem primeiro informou o fato foi o pastor Carlos Roberto, secretário do Conselho de Doutrina da CGADB, que participou da reunião onde o veto à Dake foi mantido pelo voto unânime de todos os presentes mediante nova resolução que reitera os termos da primeira e, a essa altura, já teve estar percorrendo os trâmites legais para chegar aonde precisa chegar. Portanto, meu caro colega, trata-se de um fato, não de pressuposição ou boatos.
"Essas citações foram extraídas da caixa de minha Bíblia Dake (que por sinal não vendo, não troco nem dou, pois é uma ótima ferramenta de pesquisa). Vale salientar que as opiniões citadas se fundamentam na edição americana, sem cortes e sem censura. Sobre os autores das declarações acima, dispensa-se qualquer comentário".
As citações que o caro colega menciona são dos pastores Elienai Cabral e Antonio Gilberto, aos quais prezo e respeito. Mas, sem tirar o mérito que ambos têm, o que vale mais do ponto de vista institucional: o que eles disseram ou a decisão emanada do Conselho de Doutrina, com o suporte da Comissão de Apologética, que tem a autoridade de deliberar sobre temas doutrinários ligados à Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil? Creio que a própria pergunta traz a resposta.
"Com certeza, a visão de ambos foi acadêmica, como é a minha".
A ressalva não ameniza o problema, pois o que se questiona não é isso, mas a publicação da obra por uma editora confessional. Nem eu, nem o pastor Carlos Roberto, nem o pastor Robson Aguiar, nem o pastor Jessé Sobral e muitos outros que se posicionaram contra a decisão jamais pomos em dúvida o seu valor acadêmico, como não pomos em dúvida o valor de muitas obras que sequer têm caráter religioso ou cristão. Nosso questionamento sempre se voltou para o fato de a CPAD - uma editora confessional que pertence às Assembleias de Deus - publicar uma Bíblia de Estudo que contém um amontoado de notas que são pura heresia e contradizem os fundamentos que professa a mesma denominação. É contraditório. Já dissemos isso, mas convém repetir para refrescar a memória: fosse publicada por uma editora independente, os nossos blogs estariam cuidando de outros temas. É constrangedor saber que editoras como a Cultura Cristã e outras confessionais mantêm-se firmes em seu compromisso de não publicar obras que conflitem com a fé que professam, enquanto nós, se não corrigirmos a rota, estamos dando passos em direção ao liberalismo.
"Mantenho tudo o que escrevi sobre o assunto".
É uma atitude coerente, como o é também a de todos os que nos opomos à publicação. Coerência por coerência, prefiro ficar com a nossa, que é coerente contra os ventos de doutrina que sopram de todos os lados e surgem a partir de comentários como estes da Bíblia Dake lançada pela CPAD. De que adiante retirar a teia, se a aranha permanece? É o princípio de causa e efeito. Diria o irmão: mas se fosse lançada por uma editora independente, não seria a mesma coisa? Ora, a diferença é enorme. Teríamos muito mais autoridade para combater os erros oriundos dela do que temos agora. Como combater a teologia da prosperidade, se a Bíblia publicada pela CPAD a defende? Como combater o teísmo aberto, se a Dake, obra-prima da editora assembleiana, afirma que Deus se autolimita e que em muitas situações só conhece os fatos quando estes acontecem? Perdemos todo o crédito para esse combate.
"Respeito a posição do Conselho de Doutrina e da Comissão de Apologética".
Essa afirmação contradita a outra no início do texto, aqui já comentada, onde, para justificar o título duvidoso, diz com certa ironia que é uma informação que circula pela blogosfera evangélica, como se não se soubesse a origem. Ou seja, o que o caro colega escreve é ambíguo. Mas ainda bem que, embora contraditoriamente, reconhece que a posição anunciada na blogosfera não é simplesmente "uma informação", mas a posição de ambos os órgãos da CGADB.
"Entendo que a CPAD deve cumprir a resolução".
Ora, se o caro colega assim entende, por que levantar, no título, a hipótese de a editora não cumpri-la? Pressa em escrever o texto? Dúvida sincera sobre a idoneidade dos que a dirigem? Ou a expectativa velada de um cabo de guerra entre a CPAD, o Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologética da CGADB para ver quem leva a melhor? Ou a certeza de que tudo será varrido para debaixo do tapete?
"O que o Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologética farão em relação às outras obras publicadas com conteúdo doutrinário divergente do que se ensina nas lições bíblicas, nos seminários e púlpitos de nossas igrejas?"
Outra resposta óbvia. Devem fazer o mesmo que fizeram quando reprovaram o movimento de Boston, as heresias do G12 e, agora, a publicação da Bíblia Dake. Não se espera menos do que isso. Esse episódio ajuda a que estejam mais atentos e acompanhem mais de perto a editora, promovam simpósios teológicos e zelem pela saúde editorial das obras que a igreja recebe.
"O que o Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologética farão em relação ao 1º vice-presidente da CGADB, que publica uma Bíblia e promove abertamente a Teologia da Prosperidade condenada pelos próprios presidentes e membros dos magnos conselho e comissão?"
Primeiro, já é um grande passo quando o caro colega reconhece que os membros dos "magnos conselho e comissão" combatem a teologia da prosperidade e certamente reprovam os ensinos da Bíblia publicada pela editora pertencente ao primeiro vice-presidente da CGADB. Segundo, a dita editora não é confessional, ou seja, não pertence a uma denominação, nem a Assembleia de Deus, portanto nem o Conselho de Doutrina, nem a Comissão de Apologética têm prerrogativas para aprovar ou reprovar as suas obras. Terceiro, pela posição que ocupa, é um caso muito mais para o Conselho de Ética e Disciplina da CGADB do que para os órgãos mencionados. Quarto, qualquer membro da CGADB pode representar contra outro membro, desde que obedecidos os trâmites legais e haja consistência na representação para que a apuração dos fatos seja acatada. Não seria o caso de o caro colega encaminhar essa representação?
"O que o Conselho de Doutrina e a Comissão de Apologética farão em relação aos livros de origem secular, católicos, reformados e de outras linhas doutrinárias e teológicas que são vendidos nas lojas da CPAD? Publicar não pode. Vender pode?"
Se o caro colega não sabe, esse assunto já foi amplamente discutido pelo Conselho de Doutrina em outros interregnos e a resolução foi radical: venda proibida nas livrarias da CPAD de livros que firam a doutrina esposada pelas Assembleias de Deus. Ao que eu saiba, não foi revogada. Basta apenas exigir o seu cumprimento. Quem os quiser comprar para o seu exercício acadêmico tem onde encontrá-los. Afinal, a CPAD não visa lucro, mas servir as igrejas. Agora, aqui, cabe outro comentário sobre o que é essencial e não essencial (sei o que pensa sobre isso), em relação a obras de caráter doutrinário, o qual deixo para depois para não cansar os leitores.
Para encerrar, creio que é hora de refletir, não acirrar os ânimos ou deixar pressusposto que podemos ainda experimentar uma longa batalha por causa da Bíblia Dake. Todos, ao contrário, deveríamos, sem dubiedade, demonstrar à CPAD que o melhor caminho, agora, é o da obediência. Esse é um nó que precisa ser desatado. A persistir assim, os outros nós continuarão como estão. Também não é prudente a CPAD acreditar que está voando em céu de brigadeiro. Se não houver mudança de rota, a aeronave pode cair.

Postado por Pastor Geremias Couto

Manhã com a Bíblia: Minha resposta sobre a Dake ao pastor Altair Germano

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