18/11/2009

OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO, NEM DE DOENTES

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“E JESUS, tendo ouvido isto, disse-lhes: Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os que estão doentes; eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento.”

Marcos 2:17


O povo do tempo em que se desenrolaram os fatos evangélicos, em muitos aspectos, não era diferente do povo dos nossos dias. De alguma maneira, as pessoas conseguiram irritar o Mestre, levando-o a fazer tal declaração precipitada. Com poucas palavras, Jesus disse a que veio e para quem. Não seria exagero afirmar o teor subversivo da missão redentora do Galileu. Digo isso porque as elites religiosas daquele tempo deram mostras suficientes de sua intolerância com o caráter social, mais voltado aos necessitados, com que o filho predileto de Deus abraçou sua causa inglória. Os sãos não precisam de médico e vim chamar os pecadores ao arrependimento.



Reis e sacerdotes do século I, tanto quanto os governantes e pastores de nossos dias, não gostavam nadinha desse tipo de políticas públicas. Certamente teriam dado uma boa mão para Jesus se ele tivesse se limitado em pregar suas idéias subversivas nas Sinagogas mais ricas, como fazem os pastores contemporâneos, por exemplo. Nesse caso, o Nazareno não teria incomodado ninguém. Insuportável é ver um mercador de verdades subvertendo a raça de sofredores doentes, bom, pelo menos no ponto de vista dos “líderes”.



Sendo assim, Jesus precisou deixar muito claro quais eram suas intenções, ou seja, não pretendia entrar no jogo da Igreja e muito menos no jogo dos governantes. Então declarou: vim chamar os pecadores ao arrependimento, ou seja, as pessoas consideradas doentes, por ele. O pecado adoece até a raiz dos cabelos e nosso Senhor sabia disso. Viver na picaretagem da mentira, do adultério, promiscuidades carnavalescas, corrupções financeiras e na falsidade da soberba causa câncer. Jesus pretendeu curar essa gente má, para o horror das autoridades eclesiásticas e civis.



O barato é que o Mestre não fincou estacas em nenhuma igreja, tão pouco. Saiu em busca de suas vítimas e tratou delas, curando-as, apoiando-as, edificando-as, motivando-as e todas essas coisas que gente da laia dele costuma fazer. Pior, ele ainda treinou e incentivou seus discípulos para fazer o mesmo, se bem que a maioria deles não chegou a lugar algum. Só Pedro e João deram algum caldo, além do discípulo bastardo Paulo, se não me engano.



Mas essas atitudes exóticas de nosso Cristo Redentor nos remetem ao nosso próprio chamado ministerial, se é que temos o displante de considerarmo-nos seguidores de Jesus. Seria o caso de, além de sermos curados das doenças causadas por nossos próprios pecados, em abundância nas nossas consciências, dedicarmo-nos aos doentes, também? Pior, imitar ao Senhor e, ao invés de ficarmos encastelados em igrejas inoperantes, sair em busca dessa gente marginal?



Sei não, o risco é muito grande. A grande verdade é que chegou o tempo do esgotamento espiritual. Além de não termos mais motivação ou razão, viva ou morta, para continuar vivendo em igrejas faraônicas, de direita ou de esquerda. Além disso, nunca antes na história desse país sentimos Deus tão distante e omisso. Na verdade, com a ajuda de uma igreja no desvio de outras intenções, nós também caímos nas valas da incredulidade e da falta de interesse maior pelas coisas divinas.



Enquanto isso, surgem por todos os lados e aos borbotões, mais e mais doentes de Jesus e não sabemos se os levamos para nossas igrejas distantes dos propósitos do Mestre ou se metemos a mão na massa, depois de permitirmos ao Mestre curar a nós mesmos e fazer de nossas casas e vida cotidiana a verdadeira Igreja cristã. De qualquer jeito, o melhor seria por o pé na estrada, pois a seara é grande e os trabalhadores, poucos.



FONTE: A Gruta do Lou

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