Em sua palestra no 1º Congresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em Lausanne, Suíça, em julho de 1974, o teólogo argentino C. René Padilla lembrou que, por trás do êxito de José no Egito, de Ester na Pérsia e de Daniel na Babilônia, estava o testemunhos desses três notáveis servos de Deus.1 A influência deles em três diferentes nações politeístas do Oriente Médio em três diferentes épocas resultou na abertura de muitas portas e em acontecimentos jamais esperados.
Na evangelização a credibilidade da igreja e dos crentes vale mais do que qualquer outra coisa. Quem não vive o que diz crer e o que anuncia deve calar-se. Pois a sua pregação seria, na verdade, uma evangelização ao contrário. É por essa razão que São Francisco de Assis dizia com certo sarcasmo: “Evangelize sempre; se necessário, use palavras”.
Tullio Ossana, professor de teologia moral em Roma, afirma que a evangelização depende em grande parte da capacidade e das virtudes do evangelizador, que deve ser fiel e merecer credibilidade, deve levar consigo a força e a capacidade do profeta, deve acolher e viver em si mesmo a mensagem que anuncia, deve saber amar o homem que, através da mensagem, Deus quer salvar.2
Nada disso é novidade. Pois Jesus, antes de enviar os doze para pregar o evangelho e curar os doentes (Lc 9.1-6), antes de enviar os setenta “a todas as cidades e lugares para onde ele estava prestes a ir” (Lc 10.1) e antes de enviar os discípulos pelo mundo todo para pregar o evangelho a todas as pessoas (Mc 16.15), disse-lhes claramente: “Vocês são o sal para a humanidade; mas se o sal perde o gosto, deixa de ser sal e não serve para mais nada [senão para ser] jogado fora e pisado pelas pessoas que passam” (Mt 5.13, NTLH). Jesus reforça o papel do testemunho, acrescentando: “Vocês são a luz para o mundo” e essa luz “deve brilhar para que os outros vejam as coisas boas que vocês fazem e louvem o Pai de vocês que está no céu” (Mt 5.14,15, NTLH). O que somos (por dentro e por fora) e o que fazemos pesa muito mais que o que anunciamos verbalmente. Precisamos ser o que Jesus foi: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 9.5).
Paulo reforça o discurso de Jesus e diz que nós somos o bom perfume de Cristo: “Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas” (2 Co 2.15, NTLH). Na mesma epístola, Paulo insiste mais uma vez na eficácia do testemunho: “A única carta [de apresentação] que eu necessito, são vocês, vocês mesmos! Só em ver a boa mudança em seus corações, todos podem ver que nós fazemos uma obra de valor entre vocês” (2 Co 3.2, BV).
Um livro publicado em outubro de 1997 afirma que “a fidelidade dos batizados é a condição primordial para o anúncio do evangelho e para a missão da Igreja no mundo”. Diz também que “para manifestar diante dos homens sua força de verdade e de irradiação, a mensagem da salvação deve ser autenticada pelo testemunho de vida dos cristãos”.3 Esse livro é a edição típica vaticana do Catecismo da Igreja Católica.
Dezoito anos antes do lançamento do Catecismo, a 3ª Conferência do Episcopado Latino-Americano, reunido em Puebla, no início de 1979, havia registrado:
Sendo o testemunho elemento primordial de evangelização e condição essencial para a verdadeira eficácia da pregação, faz-se mister que esteja sempre presente na vida e ação evangelizadora da Igreja, de tal sorte que, no contexto da vida latino-americana, atue como ‘sinal’ que provoque o desejo de conhecer a Boa Nova e ateste a presença do Senhor entre nós.4
Em julho de 1867, o americano de 34 anos Ashbel Green Simonton, missionário pioneiro da Igreja Presbiteriana do Brasil, declarou ao Presbitério do Rio de Janeiro:
A boa e santa vida de todo crente é a mais eficaz pregação do evangelho. Na falta desta pregação, os demais meios empregados não hão de ser bem-sucedidos. Toda pregação feita por palavras, quer pronunciadas de púlpito quer impressas em uma folha ou livro, pode ser rebatida por outras palavras. Mas uma vida santa não tem réplica. A experiência de todos os tempos prova que o progresso do evangelho depende especialmente da conduta e da vida dos que são professos.5
À vista de tudo que está escrito acima, chega-se à conclusão de que nós, cristãos brasileiros, estamos precisando mais de um avivamento ético, de caráter, de conduta, de compromisso sério com Cristo, do que de uma maior consciência evangelística e missionária. Esse fervor pela evangelização virá naturalmente logo em seguida ou mesmo durante o processo de santificação.
Sem esse avivamento de espiritualidade (o contrário de carnalidade), nossa evangelização continuará sendo uma evangelização despida de motivações santas, a serviço da concorrência entre católicos e protestantes, entre históricos e pentecostais, entre pentecostais e neopentecostais e entre igrejas de uma mesma denominação. Essa loucura nem sempre detectada dá razão à definição elaborada pelo jornalista Roberto Pompeu de Toledo:
[evangelizar] é impor sua verdade ao outro, é convidar o outro a adotar um novo sistema de crença e valores, a destruir aquele no qual se formou, com os resultados desestabilizadores que se conhecem em sua estrutura emocional e na vida social.6
Notas
1. GRAHAM, Billy, PADILLA, René et al. A missão da igreja no mundo de hoje. São Paulo: ABU Editora, 1982. p. 191.
2. BERETTA, Piergiorgio. Dicionário de mariologia. São Paulo: Paulus, 1995. p. 500.
3. CATECISMO da Igreja Católica. Edição Típica Vaticana. São Paulo: Edições Loyola, 2000. p. 537.
4. DOIG K., Germán. Dicionário Rio Medellín Puebla. São Paulo: Edições Loyola, 1992. p. 196.
5. SIMONTON, A.G. Ashbel Green Simonton – Diário, 1852-1867. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1982. p. 209.
6. Veja, São Paulo, 15 mar. 2000.
09/12/2008
EVANGELIZANDO ATRAVÉS DO TESTEMUNHO
08/12/2008
SOBRE OS DIREITOS AUTORAIS DOS E-BOOKS
É ilegal baixar e ler e-books?
Resposta: NÃO !
O que diz a lei brasileira:
A Lei 10.695/03 resolve definitivamente a polêmica questão acerca da cópia única para uso privado do copista, sem intuito de lucro, ao inserir o parágrafo 4º no artigo 184, que exclui tal prática, de forma expressa, da incidência das penas previstas nos parágrafos precedentes.
§ 4o O disposto nos §§ 1o, 2o e 3o não se aplica quando se tratar de exceção ou limitação ao direito de autor ou os que lhe são conexos, em conformidade com o previsto na Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, nem a cópia de obra intelectual ou fonograma, em um só exemplar, para uso privado do copista, sem intuito de lucro direto ou indireto." (NR)
Portanto, copiar obra integral, em um só exemplar, para uso exclusivamente privado, sem intuito de lucro, não é tipificado como crime.
O que diz a Palavra de Deus:
… de graça recebestes, de graça dai. (Mateus 10:8)
… não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos. (1 Co 10:33)
… [o amor] não busca os seus próprios interesses… (1 Co 13:5) Com isso, não queremos dizer que desprezamos os direitos dos autores e demais envolvidos no processo de criação e distribuição dos livros.
Ao contrário, louvamos a Deus pela vida deles, e sua disposição em transmitir os ensinamentos de receberam do Senhor.
Nossa intenção não é de prejudicá-los, de modo algum, mas de tornar esses ensinamentos (de Deus) disponíveis para os que, por circunstâncias da vida, NÃO TEM CONDIÇÕES FINANCEIRAS para adquirí-los, o que, na prática, significa que não gera prejuízo, já que não comprariam os livros por não terem dinheiro para isso.
Por isso, adicionamos o seguinte aviso:
Nossos e-books são disponibilizados gratuitamente, com a única finalidade de oferecer leitura edificante a todos aqueles que não têm condições econômicas para comprar.
Se você é financeiramente privilegiado, então utilize nosso acervo apenas paraavaliação e, se gostar, abençoe autores, editoras e livrarias, adquirindo os livros.
Outro assunto que também queremos esclarecer, é em relação aos créditos colocados nos e-books.
Procuramos, sempre que possível, manter os créditos de editoras, tradutores, etc, mas às vezes não dispomos da informação quando, por exemplo, a digitalização foi feita a partir de livros fotocopiados emprestados.
Portanto, se este for o seu caso, utilize-se da seguinte fonte:
scribd.com/alzirasterque8
Neste endereço há a necessidade de se cadastrar, em inglês, para ter acesso a uma infinidade de livros.
Apologética: Uma necessidade para o evangelismo

Autor :
Prof. Paulo Cristiano
É indiscutível o fato da apologética se tornar cada vez mais necessária para a proclamação da Palavra de Deus. Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. A apologética sem o evangelismo é praticamente vã e o evangelismo sem a apologética se torna cada vez mais ineficaz.
A simples defesa do cristianismo é inútil quando não temos posteriormente a essencial proclamação da Palavra. A defesa é útil para a proclamação e deve estar intimamente relacionada a esta última. É preciso entender o quanto à apologética é útil, mas também o quanto ela pode se tornar inútil quando não utilizada de forma correta.
O apologista cristão Francis A. Schaeffer dizia que o homem moderno, quase em sua totalidade, está tomado pelo relativismo. O pensamento moderno mudou drasticamente o homem e para tanto se torna imprescindível que as formas de evangelismo também sofram intensas mutações. Uma destas mutações é aliar-se forçosamente a apologética.
O relativismo a que Schaeffer se referia pode ser verificado na prática. Estou evangelizando uma jovem de 21 anos, ela diz que todas as coisas etéreas que formam o homem, tais como moral e sentimentos, tem fundamentação orgânica.
Este pensamento conduz necessariamente ao relativismo, pois reduz a moral a um mero mecanismo orgânico (como um hormônio, por exemplo), e pensando assim existe uma relativização do certo e do errado. O homem é reduzido a um ser impessoal e suas atitudes não são essencialmente certas ou erradas, mas indicam sua necessidade de sobrevivência. Como na selva os animais lutam pelo seu espaço (e não precisam se culpar se matam um ao outro para conquistar seus objetivos), os homens também não precisam se culpar se passam por cima do seu próximo – isso é inclusive necessário para a manutenção da raça humana.
A minha pergunta é a seguinte: como é possível simplesmente evangelizar uma pessoa assim? O evangelismo puro e simples neste caso não surtirá muito efeito, pois a mente desta jovem está tomada pelo relativismo. Se ela não diferencia o certo e o errado, simplesmente dizer a ela que Cristo morreu em seu lugar se torna algo incompleto e ineficaz. Aqui nasce a apologética, enquanto uma ferramenta eficaz para o evangelismo.
No caso desta jovem, preciso prová-la que somos munidos sim de uma moral, que está longe de ser um mecanismo puramente orgânico, e para tanto necessito da apologética. Preciso defender racionalmente minha fé e mostrá-la como seu pensamento está baseado na irracionalidade. A partir daí será possível evangelizar, sem estar falando ao vento.
Insisto novamente que a apologética é importante, mas que deve ser seguida do evangelismo, ou tudo volta à estaca zero. A apologética deve fazer parte do processo evangelístico, e precisa contar para tanto com o essencial auxílio do Espírito Santo.
É imprescindível preparar a nova geração para evangelizar utilizando-se da apologética. A cada evolução da ciência, a cada nova filosofia, o homem se afasta mais da realidade da Palavra de Deus. A ciência vai se multiplicando e a amor se esfriando. Cabe a nós, como cristãos, defender e comunicar o Evangelho transformador nos adaptando as inevitáveis transformações do mundo.