29/05/2008

BIOGRAFIAS: WILLIAM CAREY


 

Filho de Edmundo e Elizabeth Carey, William Carey nasceu numa humilde cabana em agosto de 1761, na pequena vila de Paulerspury, em Northamptonshire, na Inglaterra. Em Piddington, aos 14 anos, William aprendeu a arte de sapateiro.

Apesar de nascer em um lar anglicano, sua primeira identificação com a fé genuína foi através de seu companheiro de trabalho, John Warr, filho de um desertor da Igreja Estatal. Em 1779, aos 18 anos, nasceu de novo, quando ainda estava identificado com a igreja oficial da Inglaterra, e uniu-se a uma pequena igreja batista. Logo começou a se preparar para pregar. Estudou diversas línguas e, como resultado dominava perfeitamente o latim, grego, hebraico, italiano, francês e holandês, além de diversas ciências. Assim, aos poucos, entendeu que o mundo era bem maior do que as Ilhas Britânicas e sentiu no fundo de sua alma, como todo o cristão verdadeiro sente, a perdição da humanidade sem um Salvador.
Em junho de 1781 casou-se com a jovem Dorothy Placket, com a qual teve cinco filhos. Antes, em 1775, fora impactado pelo avivamento trazido pelas mensagens de John Wesley e George Whitefield. Apesar de ter sido batizado quando criança, William Carey sentia a necessidade de confessar sua fé publicamente. Sendo assim, foi batizado nas águas em 5 de outubro de 1783, pelo pastor John Ryland. Em 1787 foi consagrado e começou a pregar sobre a necessidade missionária no mundo, e não somente na Inglaterra. Como os membros de sua congregação eram pobres, Carey teve necessidade de continuar trabalhando para ganhar o seu sustento.

Na sua pequena oficina pendurou um mapa-múndi feito pelas suas próprias mãos. Neste mapa, ele incluíra todas as informações disponíveis: população, flora, fauna, características dos povos, etc. Enquanto trabalhava, olhava para o mapa, e orava muito, sonhava bastante e agia com seus joelhos, na intercessão por pessoas que jamais vira. Era assim que a chamada de Deus ardia, e crescia em seu coração. A denominação a qual Carey pertencia achava-se em grande decadência espiritual. E isso é demonstrado pelo fato de que quando quis introduzir o assunto de missões numa sessão de ministros, foi repreendido pelo venerável presidente John Ryland, que lhe disse: "Jovem assente-se. Quando Deus resolver converter os pagãos, fá-lo-á sem a sua e a minha ajuda." Mas Carey sabia que era necessário que alguém pregasse, e continuou a sua propaganda pró-missões estrangeiras, e tomando Isaías 54.2 como texto, pregava sobre o tema: "Quem espera grandes coisas de Deus tem de fazer grandes coisas para Deus”.

Como resultado de sua persistência na oração, um grupo de doze pastores batistas, reunidos na casa da Irmã Wallis formou a Sociedade Missionária Batista, no dia 2 de outubro de 1792. Carey se ofereceu para ser o primeiro missionário enviado ao campo. Através do testemunho do Dr. Thomas, um missionário e médico que trabalhara por vários anos em Bengali, na Índia, William Carey recebe assim, a confirmação de sua chamada no dia 10 de janeiro de 1793.
Mas, apesar de Carey ter certeza de sua chamada, sua esposa recusou-se a deixar a Inglaterra. Isto muito entristeceu seu coração. Mas ficou decidido, no entanto, que seu filho mais velho, Félix, o acompanharia à Índia. Além disso, outro problema que parecia insolúvel, era a proibição de qualquer missionário na Índia. Sob tais circunstâncias era inútil pedir licença para entrar, mas, mesmo assim, conseguiram embarcar sem o documento no dia 4 de abril de 1793. Ao esperar na ilha de Wright por outro navio que os levaria à Índia, o comandante recusou-se a levá-los sem a permissão necessária. Com lágrimas nos olhos e o coração apertado, William Carey e seu filho viram o navio partir. A jornada missionária para a Índia parecia terminar ali. Porém, Deus tinha tudo sob controle...

Ao regressar à Londres, a sociedade missionária conseguiu arrecadar dinheiro e comprar as passagens em um navio dinamarquês. Uma vez mais, Carey rogou à sua esposa que o acompanhasse. Ela ainda persistia na recusa e ao despedir-se pela segunda vez disse: "Se eu possuísse o mundo inteiro, daria alegremente tudo pelo privilégio de levar-te e os nossos filhos comigo; mas o sentido do meu dever sobrepuja todas as outras considerações. Não posso voltar atrás sem incorrer em culpar a minha alma."
Ao se preparar para partir, um dos amigos que iria viajar com Carey, Dr. Thomas, voltou e conversou com Dorothy, esposa de William Carey, e milagrosamente ela decidiu acompanhá-lo. Que alegria não foi para ele ver sua esposa e filhos com as malas prontas a lhe acompanhar. Agora ele compreendia a razão de não ter viajado no primeiro navio.
Deus comoveu o coração do comandante do navio, que permitiu que a família viajasse de graça. Finalmente, no dia 13 de junho de 1793, a bordo do navio Kron Princesa Maria, William Carey deixou a Inglaterra e nunca mais voltou, partindo para a Índia com sua família, onde, em condições dificílimas e de oposição, trabalhou durante 41 anos. Durante sua viagem aprendeu o bengali, e, ao desembarcar, já se comunicava com o povo. Carey é o exemplo de um missionário que está sempre disposto a aprender, pois o seu alvo são as almas, e, por elas, todos os esforços valem a pena.
William Carey não foi dotado de inteligência superior e nem de qualquer outro dom que deslumbrasse os homens. Entretanto, um traço marcante de seu caráter era a persistência, a coragem e a vontade imensa de terminar tudo o que iniciava. Este era o segredo do êxito da sua vida. Apesar de não haver recebido educação formal em sua mocidade, Carey chegou a ser um dos homens mais eruditos do mundo, no que diz respeito ao conhecimento do sânscrito e de outras línguas orientais. Suas gramáticas e dicionários, nestas línguas, são usados até os dias de hoje.
Dois missionários se juntaram à William Carey em 1799, William Ward e Joshua Marshman. Juntos eles fundaram 26 igrejas, 126 escolas com 10.000 alunos, traduziram as Escrituras em 44 línguas, produziram gramáticas e dicionários, organizaram a primeira missão médica na Índia, seminários, escola para meninas, e o jornal na língua Bengali. Além disso, William Carey foi responsável pela erradicação do costume "suttee", segundo o qual queimava-se a viúva (viva), juntamente com o corpo do marido defunto numa fogueira; várias modificações na agricultura; a fundação da Sociedade de Agricultura e Horticultura na Índia em 1820; a primeira imprensa, fábrica de papel e motor à vapor na Índia; e a tradução da Bíblia em sânscrito, bengali, marati, telegu e nos idiomas dos siques. Em 1800, William Carey fez o batismo do primeiro hindu convertido ao Evangelho.
Calcula-se que William Carey traduziu a Bíblia para a terça parte dos habitantes do mundo. Alguns missionários, em 1855, ao apresentarem o Evangelho no Afeganistão, encontraram a única versão que esse povo entendia, na língua pushtoo, feita em Sarampore por Carey.
Durante mais de trinta anos, William Carey foi professor de línguas orientais no Colégio de Fort Williams. Fundou, também, o Serampore College para ensinar os obreiros. Sob a sua direção, o colégio prosperou, preenchendo um grande vácuo na evangelização daquele país. Os seus esforços inspiraram a fundação de outras missões, dentre elas: a Associação Missionária de Londres, em 1795; a Associação Missionária da Holanda, em 1797; a Associação Missionária Americana, em 1810; e a União Missionária Batista Americana, em 1814.
Na manhã de 9 de Junho de 1834, a Índia disse adeus ao grande Pai das Missões, e os Céus disseram bem-vindo a um servo fiel! Carey morreu com 73 anos, respeitado em todo o mundo, como o pai de um grande movimento missionário. Quando chegou à Índia, os ingleses negaram-lhe permissão para desembarcar. Ao morrer, porém, o governo mandou içar as bandeiras a meia-haste em honra a um herói que fizera mais para a Índia do que todos os generais britânicos. Grande foi a contribuição de William Carey para o Reino de Deus, e temos certeza de que grande será o seu galardão

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