Eu ainda não perdi a fé no ser humano.
Não nele, em si mesmo, porque não seria louco para tanto, mas pelo que Deus pode fazer nele e através dele.
Assim, eu ainda creio até mesmo nos cristãos, a despeito do que têm virado, tentando viver a vida, não alicerçados nos valores do Evangelho, mas nas loucuras perversas do nosso século.
Creio ainda na igreja, por extensão (não a organização, a estrutura,... mas na comunhão dos que crêem na cruz) ainda que vez por outra, essa caia na tentação e deixa de chorar a dor do pobre e do necessitado e assim, deixa de ser ovelha e passa a ser o lobo, como diria o meu amigo Caio.
Creio nela, mesmo que também ceda à tentação de oferecer ao mundo o mais perverso dos hospitais onde o doente não pode compartilhar as suas maleitas (como afirmou o Ari) e que, antes de chorar com os que choram, oferece-lhes o seu juízo e, por isso, não cure mais. A essa igreja que ora pela cura dos enfermos, por milagres e pelo que é extraordinário, mas não por amor do que sofre, mas para se ver livre de trabalho e aborrecimento.
Creio ainda nos pastores e líderes todos (meus colegas) que têm-se vendido, pregando e dizendo coisas que Cristo nunca pregou ou ensinou e, ao invés de dar a sua vida pelas ovelhas, comem da sua gordura, vestem-se com a sua lã e, com ela, constroem palácios e impérios em honra deles próprios.
Creio ainda nos políticos bandidos que vendem o moral da nação, nos juízes que ajuízam para o seu próprio bem, vendendo o direito e nos trabalhadores que, ao invés de servirem, querem e vivem só pelo salário que ganham.
Creio ainda no que Deus pode fazer neles e através deles, porque o poder de Deus, aquele que levantou Jesus da morte, ainda está ai, a agir e a transformar gente imprestável, pessoas inúteis, combustíveis do inferno, em instrumentos de justiça e promotores do amor celeste.
Se Ele não poupou o Seu próprio filho, como parte do projeto de criar novos céus, nova terra, como Deus não poderia ainda transformar ainda hoje a criatura?
Justamente, por esse motivo, não comemorei, pelo contrário, a condenação dos Nardoni, como também não comemorei o assassinato covarde daquela pobre menina. Definitivamente, não consigo fazer como enrredo de novela, onde o ruim, o perverso, nasce e morre assim, sem chance de outro script. Olhando para a minha própria história, não dá.
Creio ainda no que Deus pode fazer no mortal, pois hoje o dia todo, pensei em como Deus tem agido na minha vida - a despeito de tudo aquilo que sou - e em como, Ele ainda não acabou comigo.
Por essas coisas, o que mais tenho me recusado a fazer, é ver as pessoas como elas são - só homens - e visto o que pode o Alto, agindo neles.
Como aliás foi com o adúltero e irresponsável pai de família Davi, o religioso assassino Paulo, ao vacilante Pedro e tantos outros...
Continuo a amar o errado, mas a odiar o erro.
A amar o profeta, mas julgando a profecia, com rigor e cuidado. Sem medo. E sem querer destruí-lo, porque ainda creio naquilo tudo que Deus pode fazer em cada um de nós.
"Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo. Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." 2 Co 5:16,17