11/06/2010

Uma Rocha Eterna – C. H. Spurgeon

 

Existe um Deus; este Deus rege e governa todas as coisas; este Deus formou o mundo: Ele o sustenta e o mantém. Que tipo de ser é Ele? Parece-me impossível conceber um Deus mutável.

Entendo que esse pensamento é repugnante para o senso comum, que se por um momento pensarmos num Deus variável, as palavras parecem contraditórias e talvez nos obriguem a dizer: "Então Ele deve ser um tipo de homem" e assim adquirimos uma falsa idéia de quem é Deus. Creio ser impossível conceber um Deus variável; é assim para mim. Outros podem ser capazes de ter uma idéia como essa, mas eu não posso considerar isso. Não posso imaginar um Deus variável mais do que posso imaginar um quadrado redondo. Essa idéia me parece tão absurda, que estou obrigado, quando falo em Deus, a incluir a idéia de um Ser imutável.

Bem, penso que esse argumento será suficiente, porém outro argumento bom pode ser achado no fato da perfeição de Deus. Creio que Deus é um Ser perfeito. Ora, se Ele é perfeito, Ele não pode mudar. Vocês não vêem isso? Suponha que eu seja perfeito hoje; se fosse possível eu mudar, seria eu mais perfeito amanhã depois de alguma mudança? Se eu mudasse, eu teria que mudar de um estado bom para um melhor - e assim, se eu pudesse melhorar, não seria perfeito agora - ou mudar de um estado bom para um estado mal - e se eu ficasse pior, então não seria perfeito. Se eu sou perfeito, não posso sofrer mudança sem tornar-me imperfeito. Se eu sou perfeito hoje, tenho que manter o mesmo estado amanhã para que continue perfeito. Assim, se Deus é perfeito, Ele deve ser o mesmo sempre; pois qualquer mudança implicaria em imperfeição agora, ou imperfeição no futuro.

Novamente, há o fato da infinidade de Deus, a qual elimina a possibilidade de mudança. Deus é infinito. O que significa isso? Não há ninguém que possa dizer o que significa uma pessoa ser infinita. Mas não pode haver duas infinidades. Se uma coisa é infinita, não existe lugar para qualquer outra coisa; pois infinito significa tudo. Significa sem limite, não finito, não tendo fim. Bem, não pode haver duas infinidades. Se Deus é infinito hoje, e pudesse mudar e ser infinito amanhã, haveria duas infinidades. Contudo, isso não pode ser. Suponha que Ele seja infinito e então mude, Ele Se tornaria finito e não poderia ser Deus; ou Ele é finito hoje e finito amanhã, ou infinito hoje e finito amanhã, ou finito hoje e infinito amanhã - todas essas suposições são igualmente absurdas. O fato dEle ser infinito de imediato esmaga o pensamento que Ele possa ser mutável. A infinidade tem escrito na Sua testa a palavra "imutabilidade".

Entretanto, queridos amigos, olhemos para o passado e lá juntaremos algumas provas da natureza da imutabilidade de Deus. "Ele falou que faria e não fez? Ele jurou e isso não vai acontecer?" Porventura não pode ser dito de Jeová que "fará toda sua vontade e estabelecerá o seu propósito"? Voltem-se para a Filístia e pergunte onde ela está. Deus disse: "Grite Asdode e os portões de Gaza, pois serão destruídos"; e onde estão eles? Onde está Edom? Pergunte a Pátara e suas paredes arruinadas. Será que elas não ecoarão a verdade que Deus disse: "Edom será uma presa e será destruída"? Onde está Babel e onde está Nínive? Onde estão Moabe e Amon? Onde estão as nações que Deus disse que destruiria? Acaso Ele não os desarraigou e os expulsou da face da terra? E Deus lançou fora Seu povo? Não estaria Ele atento para Suas promessas? Teria Ele quebrado Seu juramento e aliança ou abandonado o Seu plano? Não! Indiquem um momento da história em que Deus mudou! Vocês não podem, senhores; pois ao longo de toda a história existe o fato de que Deus foi imutável em Seus propósitos. As vezes ouço alguém dizer: "eu posso me lembrar de uma passagem nas Escrituras onde Deus mudou"! E assim pensei eu, no passado.

O caso que eu quero mencionar é o da morte de Ezequias. Isaías veio e disse: "Ezequias, você vai morrer, sua doença é incurável, ponha sua casa em ordem". Ele se virou para a parede e começou a orar; e antes que Isaías saísse fora do palácio, foi-lhe ordenado que voltasse e dissesse: "Você ainda viverá mais quinze anos". Vocês podem pensar que isso prova que Deus muda; mas realmente eu não posso ver nisso a menor prova possível. Acaso vocês acham que Deus não sabia que isso aconteceria? Ora, Deus sabia disso; Ele sabia que Ezequias viveria. Então Ele não mudou, pois se Ele sabia disso, como poderia mudar? Isso é o que eu quero saber. Entretanto, vocês sabem de uma coisa? - que Manasses, filho de Ezequias, até aquele momento ainda não havia nascido e que se Ezequias tivesse morrido, não haveria nenhum Manasses, nenhum Josias e nenhum Cristo, porque Jesus veio ao mundo dessa genealogia. Vocês verão que Manasses tinha doze anos quando seu pai morreu; de forma que ele nasceu três anos depois disso acontecer. E vocês não crêem que Deus decretou o nascimento de Manasses e o pré-conheceu? Certamente. Então Ele decretou que Isaías deveria ir e dizer a Ezequias que a doença dele era incurável e também dizer ao mesmo instante, "mas Eu te curarei e ficarás vivo". Deus agiu dessa maneira para incitar Ezequias à oração. Ele falou, em primeiro lugar como um homem. "De acordo com toda a probabilidade humana sua doença é incurável e você vai morrer." Então Ele esperou até que Ezequias orasse; então, veio um pequeno "mas" ao término da frase. Isaías não tinha terminado a frase. Ele disse, "você tem que pôr sua casa em ordem pois não há nenhuma cura humana; mas (e então ele caminhou para fora. Ezequias orou por um instante e então ele (Isaías) entrou novamente, e disse) "eu te curarei". Onde consta aí qualquer contradição, exceto no cérebro daqueles que lutam contra o Senhor e desejam fazer dEle um ser mutável?

fonte:  C. H. SPURGEON: Uma Rocha Eterna – C. H. Spurgeon

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