Por: Geovane Porto
Algumas igrejas destacam-se por possuírem características muito peculiares. Muitas delas direcionam todos os seus esforços para manterem sua membresia. As programações visam apenas o bem-estar de seus membros, que a cada dia vão se tornando comodistas inveterados. Por isso, a preocupação de sua liderança é se o culto vai agradar. Se ele não agrada, a solução é mudar a liturgia, o estilo de música, os músicos ou até mesmo o pastor. Caso contrário, correm o sério risco de perder a tão protegida membresia. O mais interessante é que igrejas assim não se preocupam com os de fora; a prioridade é manter a máquina funcionando. Outras, no entanto, buscam caminhos diferentes: seus programas e estratégias visam o alcance de novos membros. Porém, o interesse está naquilo que eles têm a oferecer. A força motriz não é o “ide” de Mateus 28.19, e sim o tilintar da moeda em seus gazofilácios.
Os modelos ora citados criam dois tipos de “crentes-consumidores”: os eclesiásticos e os decepcionados. Os eclesiásticos são os que sugam da igreja; pessoas que não vivem sem ela. Em sua grande maioria, são frequentadores assíduos de suas atividades. Cantam em conjuntos e até fazem parte de algum departamento que lhes possa interessar. Mas o que os move é a busca pela satisfação pessoal. Já os consumidores decepcionados, com o tempo descobrem que adquiriram um produto que não satisfará para sempre as suas necessidades. Decepcionam-se com a igreja e, consequentemente, se afastam de Deus.
O que os dois tipos têm em comum? Programas e estratégias. Logicamente, para que elas se tornem atividades efetivas são necessárias mentes para organizá-las. Qualquer pastor que se preze falaria com orgulho se em sua igreja existissem tais mentes. Pessoas capazes, bem preparadas física e psicologicamente, instruídas, aptas a ensinar. Gente inserida na comunidade, com visão e percepção das tendências socioculturais. O problema é que se tudo isso existir sem amor, não há valor algum! Programas, estratégias, grupos pequenos ou grandes, ministérios, departamentos... seriam como címbalos retumbantes. O maior de todos os valores do evangelho é a transformação de pessoas. Quando Jesus curava um aleijado, ele finalmente podia ir para casa. Aleijados não frequentavam lugares de gente saudável (como igrejas, por exemplo). Jesus, além de curar, transformava a realidade de todos.
Podemos ter os melhores planejamentos estratégicos, mas se não proclamarmos um evangelho transformador, significa que não entendemos nada do que Cristo nos mandou fazer. E então, corremos o risco de fazer parte de uma das igrejas descritas no início. Por isto, relembro a frase-título desta reflexão: “Mentes organizam, corações mobilizam!”. As mentes são necessárias para a organização de nossas dinâmicas ministeriais. No entanto, corações sensíveis mobilizam pessoas a se renderem ao Senhor Jesus.
Que Deus nos ensine a colocar mentes e corações ao seu dispor.
• Geovane Porto é pastor de juventude da Igreja Presbiteriana de Campinas.
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