“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória que em nós há de ser revelada. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus”
(Romanos 8:18-19)O ex-padre católico, Brennan Manning, conta em seu excelente livro, O Evangelho Maltrapilho, publicado no Brasil pela Editora Mundo Cristão e traduzido pelo perspicaz Paulo Brabo, que ao passar em frente a um centro de convenções, viu uma fila de pessoas que aguardava entrar em suas dependências para participar da festa que ali seria promovida. A atenção de Brennan foi arrebatada pela expectativa e pelo semblante de alegria e contentamento das pessoas que compunham aquela fila.
Conta o autor que sua mente foi invadida por pensamentos variados e que algo o intrigou. Embora aquela possivelmente fosse uma cena comum, Brennan ficou perplexo. Pois, ao constatar a expectativa daquelas pessoas, lembrou-se que os cristãos também estão numa fila esperando os portões celestiais se abrirem para participar da festa das “bodas do Cordeiro”; contudo, para nossa surpresa, muitos desses cristãos não estão felizes. Na verdade muitos estão na fila, porém duvidosos se realmente há um banquete à nossa espera. Muitos acham que o anfitrião não ficará contente em vê-los. E muitos se perguntam se serão bem-vindos. A idéia de um Deus ansioso por nos receber e uma festa maravilhosa para nos recepcionar parece boa demais para ser verdade. Nossa forma de viver, alias, revela que acreditamos que não há nenhuma festa preparada nos céus para nós.
Além de Manning, o apóstolo Paulo também nos intriga ao declarar que a criação possui uma “ardente expectativa” e que ela geme esperando a revelação dos filhos de Deus. Ou seja, a própria natureza, que se tornou cativa e prejudicada em função da queda de Adão, “espera” uma arrebatadora libertação na consumação dos séculos. Ora, se isso é verdade para a parte irracional da criação, porque nós, cristãos, os principais alvos do amor eterno de Deus, não possuímos tão intensa expectativa? Porque vivemos como se nossa existência se resumisse à paisagem que está adiante de nós e que nos distrai tanto que esquecemos que o melhor ainda está por vir?
“Não dá para comparar” - é o que diz o apóstolo Paulo. O que sinto e vejo neste mundo é infinitamente inferior ao que experimentarei ao lado do Criador, do Salvador e do Consolador. Por que nos esquecemos disso tão facilmente? Por que nossa alegria é de tão curta duração? Por que nossa esperança é tão instável? Por que ficamos tão irritados com a grama do jardim que está alta, com a conexão da internet que caiu, com as chaves que perdemos, (ou com coisas desse tipo) se há uma realidade indescritivelmente superior à qual estamos destinados e que, portanto, encontraremos? Até mesmo preocupações relevantes como as epidemias, o desemprego, a violência, a desigualdade e a fome não podem ofuscar “a glória que em nós há de ser revelada”.
Fiódor Dostoiévski, um dos maiores escritores de todos os tempos, compreendeu as palavras de Paulo ao constatar que deve (ou deveria) haver um lugar de compensações, pois nesta existência o homem não consegue viver à altura de seus mais nobres ideais - não praticamos todo bem que almejamos, não amamos intensamente, não somos tão bons quanto gostaríamos, vivemos aquém dos nossos ideais. A vida não faria sentido se tais aspirações não fossem saciadas em algum lugar. Este lugar, segundo Dostoiévski, é a eternidade. À sua maneira, o romancista compreendeu a teologia de Paulo.
Sim, há um lugar na eternidade onde o sofrimento não nos alcançará. Onde nenhuma lágrima será derramada. Onde as dúvidas não mais nos perturbarão. Onde toda incerteza será dissipada. E Dostoiévski chegou a essa conclusão após passar por um conflito pessoal. No dia do sepultamento de sua esposa, Masha, ele começou a pensar que, apesar dos momentos sofríveis do matrimônio, da incompatibilidade de comportamentos, do ódio que às vezes Masha sentia ao presenciar os ataques de epilepsia que ele sofria, das constantes brigas e do abandono do lar, houve momentos de felicidade verdadeira, porém ambos não conseguiram viver à altura do amor ideal. Dostoiévski considera, portanto, que um dia talvez ele veja sua esposa de novo em um lugar pleno de satisfação; e, por pensar assim e acreditar nisso, aconselha todos a seguirem o conselho de Paulo e atentarem, não para as coisas visíveis que são temporais, mas para as invisíveis que são eternas.
Por semelhantes razões, digo a vocês que devemos todos, qual promoters de raves, entregar os flyers para as Bodas do Cordeiro com contagiante alegria e ardente expectativa. A boa notícia, portanto, é que - ao contrario do que pensam os religiosos - Jesus nos chama não para jejuarmos e prantearmos; mas para comermos, bebermos e celebrarmos.
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