Devo aprender, com este plano de salvação, a ser grato pela misericórdia do meu Deus.
É correto dizer que jamais existiu uma religião que desse tanta ênfase à necessidade de oferecer ações de graças e que chamasse seus adeptos, de modo tão insistente, a dar graças a Deus, como a religião da Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento. Os salmistas estão constantemente dando graças (SI 35.18; 75.1; 119.62) e convocando os outros a fazer o mesmo (SI 95.2; 100.4; 105.1; 106.1; cf. 47; 107.1,21ss; 118.1,29; 136.1-3,26; 147.7). Paulo, da mesma forma, dá graças repetidas vezes (Rm 1.8; 6.17; 7.25; ICo 1.4,14; 14.18; 15.57; 2Co 2.14; 8.16; 9.15; Ef 1.16; Fp 1.3; Cl 1.3; lTs 1.2; 2.13; 3.9; 2Ts 2.13; lTm 1.12; 2Tm 1.3; Fm 4) e orienta os cristãos para que façam o mesmo (Ef 5.20; Fp 4.6; Cl 2.7; 4.2; lTs 5.18).
E fácil entender a razão pela qual existe uma ênfase tão grande em glorificar a Deus por meio de ações de graças (SI 69.30; 2Co 4.15). Os dons e bênçãos divinas, que segundo as Escrituras são concedidos nas boas experiências da vida natural e pela maravilhosa misericórdia da salvação sobrenatural, são muito mais ricos e abundantes, e envolvem uma dose muito maior da generosidade divina, do que os sonhados por qualquer outra fé.
Portanto, nossas ações de graças não devem ser formalidades vazias. Pelo contrário, para que sejam aceitáveis, elas precisam ser expressões genuínas de gratidão do coração por tudo que Deus nos tem dado - gratidão que o Livro Anglicano de Oração define como sendo pela "nossa criação, preservação e por todas as bênçãos desta vida; mas, acima de tudo, pelo inestimável amor de Deus na redenção do mundo por nosso Senhor Jesus Cristo, pelos meios da graça e pela esperança da glória". O plano de salvação é o mapa deste "inestimável amor".
Amor (agape), no sentido cristão da palavra, tem sido definido como um propósito de engrandecer aquele a quem se ama. Aprendemos a defini-lo como tal a partir da revelação do amor de Deus em Cristo, o amor que salva. Como uma manifestação de amor por pecadores que merecem o inferno, ele é misericordioso. Como uma intenção de levantá-los de uma situação de destituição espiritual à dignidade do perdão e da restauração, aceitação e adoção na família de Deus, ele teve um alto preço - não para nós, mas para o próprio Deus, como as Escrituras deixam claro:
Porque Deus amou ao mundo (seres humanos em seu estado de corrupção e distanciamento de Deus) de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. (Jo 3.16)
Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores. (Rm 5.8)
Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. (1Jo 4.8-10)
Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou (Rm8.32)
A maneira de medir todo e qualquer amor é a sua capacidade de doar-se. A medida do amor de Deus é a cruz de Cristo, onde o Pai entregou o seu Filho para morrer, para que os espiritualmente mortos pudessem ter vida.
J. I. Packer
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