10/04/2010

GULA, GULOSO, GLUTÃO…

 

IN: OS SETE PECADOS CAPITAIS – parte 7 de 8

Postado por vineyardcafe

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O que é o pecado da gula?

Procura desordenada no prazer no comer e no beber. Tomas de Aquino

A glutonaria é o abuso de algo essencial a existência humana – Os Guinness

Uma das condições necessárias a felicidade humana é o prazer. E entre as paixões humanas, talvez a mais difícil de controlar seja essa busca de prazer e, entre os prazeres, os mais difíceis de controlarmos são aqueles prazeres naturais. Prazeres companheiros da vida. Sem os quais não é possível a vida humana.

Comer e beber  é prazeroso. Comemos e bebemos não tanto porque precisamos comer e beber para sobreviver, mas por que  isso nos dá prazer. Alguns argumentam que comer e beber dá prazer porque comer e beber é imprescindível a vida. E se isso não fosse prazeroso, não comeríamos e beberíamos e morreríamos.  O mesmo argumento é para o sexo. Se não fosse prazeroso não faríamos e, a raça humana seria extinta.

Os chamados prazeres naturais trazem essa aparente armadilha. Porque são voltados a algo necessário e imprescindível a sobrevivencia e a sub existência. Alimentar-se é necessário. A armadilha consiste no fato que num determinado momento nos entregamos ao comer e beber, não mais para que sobrevivamos, mas para que tenhamos prazer. Não mais a sobrevivência, mas o prazer. E essa busca desorientada pelo prazer é que é a gula.

Gula não é comer muito ou beber muito. A gula consiste em buscar desordenadamente o prazer natural, físico do corpo. O prazer sensorial. Isso é o pecado. O pecado não e quanto, mas por que você come tanto e bebe tanto. Esse “por que” é: que você esta atrás desse prazer, que a comida e a bebida podem lhe oferecer. Ai que esta a raiz da gula.

CONSEQUÊNCIAS DA GULA:

PV 23.5-8

Má companhia: olhar maligno, amizade falsa

Ilusão e o vazio: fixaras os olhos no que não é nada…

Frustração e culpa: vomitarás o pouco que comeu..

Perda do juízo: perde as suas suaves palavras

PV 23.19-21

Figura bíblica do comilão e beberrão – ícones do bonachão: sujeito entregue a preguiça, empanturrado. Despejado no sofá: acabarão na pobreza.

A sonolência… O sujeito que vive num cochilo constante, porque está com a pança cheia. Aquele sono da digestão, vive sonado, porque vive empanturrado.

PV 23.29-32

Sofrimentos.

Brigas discórdias.

Desculpas, explicações vazias,

Murmuração, reclamação,

Ferida sem causa, feriada auto exposta. Ferida que eu mesmo causei a mim

Na visão de Salomão o que é cativo desse pecado se mata aos poucos, porque ele se expõe a sofrimento desnecessário, fere-se a si mesmo e acaba voluntaria e prazerosamente tomando o veneno que o mata.

Porque esse veneno que o mata se mostra vermelho no copo, cintilante que escorre suavemente: DESCE REDONDO E REANIMA… Escoa suavemente. Mas mata!

Razão porque a Bíblia adverte sobre a gula. De tão empanturrado morre. Suicídio paulatino. Vitima da indolência.

PORQUE A GULA É PECADO?

BESTIALIZA: Os Guinness é cruel: “os glutões a reduzir toda comida a uma lavagem assemelham-se a porcos”. O que é isso? É a diferença entre o glutão e o gourmet. O gourmet desfruta o glutão devora. O gourmet saboreia, dá tempo ao paladar. Dá tempo aos olhos. Dá tempo a prazer a beleza. O glutão não, ele devora e nem vê o que comeu.

“Você viu que essa empadinha tinha forma de barquinho?” “O que? Nem vi!”

O glutão come e não sente o gosto do que comeu. Não observou. Não sentiu o cheiro. Não teve prazer nenhum. Ele não aprecia, engole.

ILUSÃO. A vitima da gula pretender matar a fome da alma alimentado o corpo. Isso não é possível. Não é possível controlar a ansiedade com açúcar. É evidente que o déficit químico no organismo gera um estado emocional alterado e o equilíbrio químico em tese, produz um estado emocional equilibrado. Nesse caso, para pessoas saudáveis e organismo saudável. Mas estamos falando de uma ansiedade que não é resultado de déficit químico. Não é um problema de neurotransmissor. Não é falta de serotonina.  É sua alma. E não há chocolate que resolva nausea existencial. Então comer muito é tornar-se vitima da ilusão. Na geladeira não resolve medo do futuro.

A GULA SUBVERTE VALORES. Coloca prazer físico que a Bíblia usa pejorativamente: “o prazer da carne” acima de todos os outros prazeres. Esse prazer da matéria acima de todos os outros prazeres. E subverte valores porque é essa gula que gera o pecado da estética, que a aparência vale mais que a essência. Sabe, eu nunca ouvi uma mulher que sofresse mais por ser egoísta do que por ter 2kg a mais.

Por que 2kg atingem tanto a consciência a ponto de causar mais sofrimento, mais vergonha, mais senso de inadequação, do que o vicio da mentira, da fofoca, da maledicência, da inveja?

“Porque você não ai a festa?” “Eu não vou porque sou maledicente…”.

“Eu não vou porque estou pesada demais, minhas roupas não me servem…”.

CONSPIRA CONTRA A VIDA e gera em nós uma sensação, uma falsa noção que o prazer é pecaminoso. E ficamos num estado constante de policiamento. O mais evidente estado de glutonaria é a necessidade de dieta. Nossa conversa gira ao redor de não engordar e emagrecer.

Na época que o pecado foi incluído na lista, era por causa da obesidade mórbida por causa da gula mesmo… Hoje não. Hoje nós vivemos o que CSLEWIS chama de: a gula da delicadeza, porque estamos numa sociedade que rejeita o glutão. Porque ele é criticado, mal visto. Porque a maioria se preocupa por uma questão de estética.

Ninguém sofre mais nos dias de hoje do que o gordo, o feio, o velho, de acordo com o padrão imposto e estipulado pela sociedade! E nossa sociedade demonstra a vítima do pecado da gula quando convivemos com disfunções alimentares, como a BULIMIA e a ANOREXIA NERVOSA.

A glutão não é só o que come muito, mas o que possui disfunção com isso. E para apaziguarmos nossa alma, caímos na armadilha da gula delicada!

Gula da delicadeza: É a armadilha que criamos, em que continuamos escravos do prazer da comida e da bebida, mas posamos de virtuosos. E agente fica dizendo assim: “metade, metade… menos, menos”. “Só dois dedinhos!”

E a gente continua comendo, continua bebendo.

“um cafezinho agora…”; “Uma vontade de comer uma coisinha doce…”. Ou pior ainda.. “To com vontade de comer uma coisinha, mas não sei o que é…”

“Não precisa muito não”… Estamos dizendo vejam sou virtuoso, sou comedido, controlado. CSLewis diria: “Não… você  é vitima da gula da delicadeza, porque você é virtuoso, comedido, controlado… mas não fica sem. Você é escravo dessa colheradinha, dessa metadinha, desses dois dedinhos… Que seu corpo pede nessa hora do dia…

ESCRAVIDÃO (DA INDUSTRIA DO EMAGRECIMENTO). Isso demonstra que somos vitimas da maldição da gula. O prazer do corpo que o comer e beber nos trás. Ser magro?

Você vive ao redor do alimento do mesmo jeito… decorando caloria. É vitima do mesmo jeito! Porque a gula não é o comer e o beber muito não, mas é esse organizar a vida no comer e no beber, esse  prazer do corpo que é gerado através da comida e da bebida.

Porque há um prazer doentio em passar fome pra se olhar no espelho e se achar magro. Isso é doença. Não tem saúde física, não tem saúde mental, não tem saúde espiritual…

Então o glutão é aquele que doentiamente vigia seu comer e beber, porque é escravo da sua aparência física, do seu corpo, do seu senso estético. Vive ao redor da comida e a vida se explica entre o que engorda e emagrece, o que pode e o que não pode. Vive em dieta, vive tomando remédio.

FILHOS DA GULA:

EMBOTAMENTO DA RAZÃO: sonolência. Perde o juízo diante de uma forma física

ALEGRIA VAZIA: a alegria só dura enquanto está comendo. Depois que engole vira culpa. Vira falta de ar, vira desabotoar de calça. Vira um lamento, vira uma expressão de honestidade: “Ai pequei”. Alegria que dura enquanto tá na boca. E quando o prazer foi engolido, põe na boca outro BIS, mais fonte de prazer.

LOUQUACIDADE DESVAIRADA: sujeito comilão e beberrão fala demais;

EXPANSIVIDADE DEBOCHADA, pleunasmo para palhaçada. Beberrão vira palhaço;

IMPUREZA

FALTA DE ACEIO

FALTA DE RESERVA

Qual nossa resposta a gula? TEMPERANÇA. O que sua bíblia vai chamar de domínio próprio.

TEMPERANÇA: não se trata de não desfrutar, ou desfrutar menos. Se trata de desfrutar melhor. Próprio das pessoas sábias: usar as coisas e ter nisso o maior prazer possível, sem chegar ao fastio que não é mais prazer.

Quando você dá uma colherada no doce de leite é uma delicia, lá pela 15ª colherada, começa a ficar enjoativo… Ai você já passou do prazer e chegou no fastio. Que provavelmente veio antes da 15ª. A 1ª tem gosto do doce, 3ª não tem muito gosto, 15ª você tem a repulsa…

Sábio é o que sabe desfrutar do objeto de prazer antes que chega ao fastio e parar.  É o contentar-se com pouco. É o ter prazer no pouco. Não na quantidade.

Temperança é a virtude pela qual permanecemos senhores do nosso prazer em vez de seus escravos. Se você não pode prescindir do seu objeto de prazer é porque você é escravo do seu prazer. A inteligência da abstinência é não chegar a escravidão.

A temperança é poder contentar-se com pouco. Mas não é o pouco que importa, é o poder, o contentamento, o ter prazer no pouco. Esse é o temperante.

Não é o corpo que é insaciável. Satisfazer o estomago é fácil, difícil é satisfazer a alma. A desgraça do glutão é que não consegue se contentar, nem mesmo com o excesso.

Temperança é exercer o poder de nossa alma, de nossa razão sobre nossos apetites e impulsos.

Uma vida sem prazer não pode ser chamada de vida. É sobrevida. É sobrevivência. Os prazeres do corpo, os prazeres da carne, são ou estão entre os maiores prazeres e ou, melhores prazeres. Nós cristãos santificamos o corpo. Legitimamos o prazer do corpo. Isso é estar vivo.

O prazer de comer, de beber, prazer do sexo, prazer de estar aquecido no inverno, refrigerado no verão… Isso não é ilegítimo.

A armadilha é que isso é tão bom, que acabamos achando que todo o prazer está nisso. E só nisso. E resumimos a vida a isso.  A esses prazeres do corpo e ai, a gente fica preso a estes prazeres, e presos a estes prazeres acabamos nos viciando nos prazeres do corpo e o vicio nesses prazeres não é apenas o vício do comer e beber…

Porque tudo que nós fazemos implica numa reação química que dá uma sensação de bem estar físico. Não existe algo só espiritual. O seu prazer espiritual também tem um correspondente no seu corpo físico. O louvar a Deus traz a você uma sensação de bem estar físico, assim como o comer. O conversar com um amigo, abraçar uma pessoa querida. Isso é prazer físico. Fechar os olhos e ouvir uma boa música, praticar um exercício físico. Não é só comer e beber… Mentir também, Enganar também, Falsificar uma imagem também.

Nós ficamos viciados numa sensação de bem estar físico, só que este bem estar físico pode vir de algo que comemos ou bebemos ou de um HABITO como por exemplo a mentira que desenvolvemos. Temos uma sensação de bem estar quando mentimos… Por exemplo. O sujeito fica viciado em mentira. O corpo aprende os hábitos da alma.

O prazer que é legítimo é o prazer que advem dos objetos de prazer legítimos, de hábitos legítimos e das medidas legitimas.

Por que? Porque a felicidade não é resultado de prazer e conforto.

Por que? Porque é possível ser feliz na cova dos leões e, é possível ser infeliz no banquete do rei dentro do palácio.

Por que? Porque a felicidade, isso que nós queremos, esse estado de bem aventurança, não nos advem do nosso prazer ou conforto, mas daquilo que os psicólogos contemporâneos estão chamando de gratificação. Um prazer, uma satisfação que nós experimentamos quando temos consciência que um acesso aquele prazer e aquela satisfação exigiu VIRTUDE ESPIRIUTAL.

EXEMPLO: Quando eu como um bomba de chocolate, eu tenho prazer. Mas se estou imbuído de um objetivo olímpico e eu não como a bomba, e exercito a minha consciência , minha razão, minha vontade, minha capacidade de dizer sim ou não, e me imponho sobre o meu desejo. Exercitando a virtude de escolher, o resultado não é só prazer, é gratificação.

Prazer+ virtude, daí resulta a gratificação e senso de realização e saciedade. Satisfação duradoura.

Mas quando o meu prazer é apenas um prazer físico, sem virtude, sem o meu caráter. Sem minha prerrogativa de escolha. É só um prazer animal. É só prazer, não resulta em satisfação, contentamento.

E talvez seja isso que Paulo queria nos ensinar: Eu aprendi o segredo do contentamento Filipenses 4.10-13. Minha felicidade vem de outro lugar não no passar fome ou comer.

Eu exercito minha prerrogativa de ser humano, escolher decidir. Saber como me comportar, tendo muito ou tendo pouco. Quando tenho muito eu sei ter muito, quando tenho pouco eu sei ter pouco e quando não tenho nada, eu sei ter nada!

A gula não esta em comer muito ou comer pouco, mas em subjugar os desejos do corpo. O verdadeiro prazer, a legitima satisfação, a verdadeira realização, acontece quando você mistura ao objeto de prazer a virtude dê ser humano, ser humana. Quando você transcende o ser bicho, você pode desfrutar do que o bicho come. Porque o seu bicho estará controlado pela sua virtude humana.

Temperança: é fruto do Espírito Santo. Ou seja: é impossível! Vida temperante é impossível! Sem o Espírito Santo.  Deixamos de ser bichos quando nos consagramos a Deus e deixamos de viver para nossos próprios apetites. Quando passamos a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e nos surpreendemos quando todas as outras coisas nos são acrescentadas!

milton paulo

FONTE:   || vineyard café || blog

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