06/10/2009

Cadê os sete mil que ainda não dobraram os seus joelhos?

 

Jarbas Aragão

Em 1 Reis, capítulo 19, lemos que Elias

"se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte e disse: Basta; toma agora, ó SENHOR, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais.

Deitou-se e dormiu debaixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta-te e come.

Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água. Comeu, bebeu e tornou a dormir.

Voltou segunda vez o anjo do SENHOR, tocou-o e lhe disse: Levanta-te e come, porque o caminho te será sobremodo longo.

Levantou-se, pois, comeu e bebeu; e, com a força daquela comida, caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus.

Ali, entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do SENHOR e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?

Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo SENHOR, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida."

A história é bastante conhecida e fala de um momento de fragilidade, até mesmo de depressão do profeta que havia acabado de matar os falsos profetas, desafiado os reis e visto o poder de Deus se manifestar de uma forma única. Mesmo assim ele cansou, se desanimou e resolveu fugir.

De muitas maneiras posso me identificar com o sentimento de Elias. Também já travei batalhas que me deixaram cansado, desanimado e a ponto de desistir. Mas assim como o profeta do Antigo Testamento também já vi a mão do Senhor comigo nessas horas difíceis.

Olhando para a realidade da Igreja no Brasil nesses tempos, muitas vezes sou tomado pelo mesmo sentimento de Elias. Mesmo minhas vitórias são pequenas, se não forem inúteis diante do mal que assola meu país. Assim como naqueles dias, um dos elementos principais do problema é o abandono dos caminhos do Senhor por parte do seu povo.

Basta ligar a TV ou acessar a internet e vejo escândalos envolvendo o nome de igrejas, lideres e ministerios que parece não ter fim. Convivi e convivo com muitos pastores, missionários e líderes deste país. Conheço tanta gente boa, séria, dedicada ao evangelho. Recebo relatórios quase semanais de conhecidos que estão levando a Palavra do Senhor aos quatro cantos deste país e também em lugares onde há pouco ou nenhum conhecimento do evangelho. Gente que ama a Deus e se dedica a fazer o nome de Jesus conhecido.

Mesmo assim, diante de tanta sujeira e tanta coisa ruim, parece sobrar poucos motivos para achar que isso de fato faz diferença na realidade do país. Repetidas vezes escutei que o Brasil experimenta um avivamento, que nunca a igreja de Jesus cresceu tanto, agora temos representação política, artistas e músicos famos se converteram, os jogadores mostram o nome de Jesus em rede nacional etc, etc.

Na mesma proporção que o nome de Jesus é anunciado os problemas parecem surgir. Já vi vários famosos “desconverterem-se” ou darem motivos para acreditarmos que era tudo marketing. Li matérias terríveis da imprensa que joga todos os chamados evangélicos na vala comum dos hipócritas, aproveitadores da fé alheia e fanáticos sem cérebro.

Por que tem de se assim? Eu não sei a resposta. Sendo pastor já ouvi dezenas de piadas sobre o objetivo da igreja que pastoreio. Lembranças de escândalos financeiros e morais muitas vezes surgem na cabeça das pessoas quando ouvem as palavras “pastor”, “bispo”, “apóstolo” ou títulos semelhantes. Apesar disso os números dos que se dizem seguidores do Deus vivo aumenta no país. O próximo recenseamento nacional mostrará que a escalada continua.

Mas de que serve tudo isso? Continuamos vendo as mazelas da miséria, das drogas, da violência, da corrupção, da falta de expectativas de um futuro melhor tomar conta do país. Os políticos já mostraram que podemos esperar pouco ou nada deles. A crise mundial mostrou que esse é um tempo de incertezas. As ondas de nova gripe (aviária e suína) nos deixam um “lembrete” da fragilidade da vida.

Fazer o quê? Orar e esperar no Senhor é um caminho. Mas não é o único. Precisamos de profetas no sentido bíblico da Palavra. É assustador a falta que faz em nosso país de mobilizações consistentes em prol da família, dos valores bíblicos, do meio-ambiente, da vida. Não me refiro a marchas por Jesus, que já perderam seu propósito original de oração e sucumbiram ao show e a politicagem. Falo de um envolvimento mais consistente da igreja, voz profética com a sociedade. Posso dar um exemplo claro disso. Semanalmente faço cultos na cadeia de minha cidade. Também trabalho como voluntário num centro para menores infratores (que lembra a antiga FEBEM). Nas conversas que tenho com o pessoal que está ali, muitas vezes escuto que são “crentes”, “evangélicos” ou “de Jesus”. Muitos apesar de não se verem como tais, pertencem a famílias que frequentam alguma igreja. Mesmo assim eles estão presos, acusados dos mais variados crimes. Alguns conhecem as músicas que cantamos, outros dizem que oram todos os dias e há quem conheça várias porções das Escrituras. Mesmo assim estão encarcerados por terem infringido a lei de Deus e dos homens. Muitas vezes saí das visitas ou das aulas que dou com o coração pesado. Que evangelho é esse? Que igreja é essa?

Na internet existem centenas, talvez milhares de sites e blogs preocupados com a igreja. Muitos artigos bonitos, desabafos, críticas ferozes, vídeos que fazem rir e chorar ao mesmo tempo. Aqueles que sentem o mesmo que Elias talvez acreditem que estão sozinhos, que são os únicos ou estão entre os poucos a ver essas coisas. Muitas vezes fui tomado pelo mesmo sentimento. Mas a verdade é que a esmagadora maioria das pessoas que precisariam ler os posts, artigos, desabafos etc não o fazem e nem o farão. Os incautos que se deixam levar por todo tipo de bobagem pregada em púlpitos das TVs em nome de Jesus não sabem que essas páginas e blogs existem. Ainda que tenham sua validade, precisamos de ações concretas, de propostas reais, não de discursos e retóricas vazias.

Por mais que me esforce para levar a Palavra da cruz, ainda é pouco ,eu sei. Mas não é em vão. Primeiro porque tenho a certeza que Deus continua no controle e depois porque não estou sozinho. O Senhor lembrou a Elias “Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou.”

A continuação da história de Elias mostra que depois de ouvir essas palavras (v. 18) ele partiu, seguiu em frente. Continuou a lutar em favor de Jeová e contra os falsos profetas. O consolo de Elias é que ele não estava sozinho. Tinha o Senhor com ele, mas também tinha sete mil que se negavam a seguir a Baal (símbolo de todo o mal que afligia Israel). Ainda hoje existem milhares que não se dobraram ao evangelho da barganha, da mentira e do vale-tudo. Onde eles estão eu não sei, mas você é um deles? Permita-me lembrá-lo, você não está sozinho! Mas não basta reclamar com Deus, é tempo de agir!

Fonte:  http://www.blogdos30

Via: Confeitaria Cristã: Cadê os sete mil que ainda não dobraram os seus joelhos?

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