Por: Russel Shedd
Um dos temas freqüentemente abordados nas Escrituras inclui destruição e restauração, queda e renovação, morte e ressurreição, humilhação e exaltação. A maldição que assola a Terra um dia será retirada. Seria possível perceber um princípio ou lei que governa a existência humana?
O princípio bíblico afirma que o grão de trigo que não morrer ficará só, mas se morrer produzirá muito fruto. A diminuição é seguida pelo aumento, assim como a humilhação pela exaltação. Israel escravizado no Egito, uma vez libertado, se fortalece e conquista a Terra Prometida. O profeta Jeremias, mais de uma vez, repete a promessa divina de que os exilados na Babilônia serão restaurados pela poderosa mão de Deus. Paulo profetiza que todo o Israel será salvo num futuro que ainda aguardamos ansiosamente.
Há, porém, muitas exceções. Adão e Eva não voltaram para o Paraíso. O cristianismo que conquistou o Império Romano caiu na decadência, o que facilitou a sua destruição pelos muçulmanos no século 7. Não reconquistou sua ascendência. Nos dias de hoje a história se repete. Igrejas dinâmicas que proliferaram na Europa após a Reforma se secularizam e morrem. Povos e terras avivados pelo poder do Espírito e do Evangelho paulatinamente se tornam um deserto espiritual. Podemos esperar seu retorno ao compromisso que tiveram no passado?
Há indicação de que Deus restaurará, soberanamente, com seu onipotente braço, a dinâmica missionária das Ilhas Britânicas, da Alemanha ou da Escandinávia? E que dizer das denominações tradicionais da América que perdem membros anualmente? O que podemos esperar do filho criado num lar piedoso que começa a vida comprometido com o Senhor, mas depois abandona suas convicções?
A alegria que a volta do filho pródigo trouxe para seu pai não é a experiência de todos os pais.
Neste, como em incontáveis outros casos, parece mais forte o princípio de decadência inevitável de tudo o que está relacionado com a vida humana. “Como uma correnteza, tu arrastas os homens; são breves como o sono; são como a relva que brota ao amanhecer; germina e brota pela manhã, mas à tarde, murcha e seca” (Sl 90.5,6). Não seria mais comum esse quadro do que o de decomposição que favorece a volta para um florescimento maior? Há realmente algum fundamento para crer que haverá uma restauração?
Podemos procurar as respostas nas Escrituras, porém será difícil descobrir o princípio que garanta uma restauração de igrejas mortas ou terras avivadas, recuperando sua dinâmica espiritual. Mesmo que a maioria dos filhos pródigos volte para a casa paterna, não há uma promessa clara divina para estabelecer nossa fé.
De qualquer forma, ainda temos algumas bases para se esperar a restauração.
1. A graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens (Tt 2.11). A graça continua sendo uma opção para os que sofrem na desgraça da ira de Deus.
2. A oração fervorosa de um justo tem sua eficácia. Elias era humano como nós. Demonstrou o poder da oração de fé que venceu as centenas de profetas de Baal e trouxe Israel de volta à adoração do Senhor Deus vivo.
3. A humilhação tem grande valor, uma vez que a Bíblia ensina que Deus concede maior graça aos humildes, mas se opõe aos orgulhosos.
4. O abandono do pecado também é importante; a renúncia das práticas condenadas na Palavra de Deus. Muitas vezes as conseqüências naturais do pecado viram um chicote para castigar suas vítimas. As duras conseqüências do pecado são capazes de chamar a atenção de desviados e convencê-los a se arrepender.
5. O sofrimento que atinge uma nação, uma família ou um indivíduo, não raro, tem a tendência de incentivar uma busca de renovação espiritual.
6. A própria aproximação da morte pode ser um instrumento. Os terrores da morte freqüentemente provocam um arrependimento genuíno. Quando uma tempestade assola o navio de tal modo que não há mais esperança de resgate, muitos se dobram diante da mão poderosa de Deus. Lembre-se do desastre do navio Titanic!
7. Para os que tiveram uma formação cristã e ainda acreditam que a Bíblia merece crédito, devem pensar de vez em quando no inferno. Mesmo não tendo nenhuma certeza de que eles serão lançados no lago de fogo e enxofre, essa possibilidade pode criar uma insegurança incômoda. Louvemos a Deus por todos os exemplos e possibilidades de restauração!
Fonte: Revista Enfoque - Edição N.80 - Mar / 2008
VIA: Anderson Menger
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