(Marcos
2.1-12)
A cura do paralítico de Cafarnaum Jesus está em Cafarnaum, Sua
base operacional. Ele foi para aquela cidade provavelmente porque, em Nazaré, não havia fé e é exaustivo realizar qualquer coisa onde não existe fé, mesmo
para Jesus Cristo.
Ele mudou então de cidade e muita gente O procurou para ouvi-Lo, para ser
curado.
Dentre os que rumaram para Cafarnaum havia um grupo
carregando um jovem paralítico na esperança de o colocarem em contato com
Jesus. E Jesus, vendo a fé daquele jovem e de seus amigos, o curou.
Que bom que
este homem tinha amigos...
O que teria acontecido se aquele moço paralítico não tivesse amigos? Qual
teria sido a sua situação? Ele estava estirado num leito. Não tinha como
locomover-se, nem como chegar onde Jesus estava. Como fazê-Lo saber da sua
situação?
Mas ele tinha amigos...
E que bom que ele os tinha!
Você alguma vez já precisou de um amigo e este lhe faltou? Você alguma vez já
precisou de amigos e não achou um único sequer? Eu me lembro da história de
um homem que ligou para um pastor pedindo ajuda: "Pastor, eu tenho 53anos e estou numa situação muito difícil. A esta altura da vida eu fiz uma lista dos meus amigos e só achei dois!". Há certas coisas, e certos momentos da vida, que a gente não vai conseguir
fazer ou alcançar, sem a ajuda de amigos. Não tem jeito, simplesmente não dá pra fazermos tudo sozinhos. Além do que, a solidão é uma péssima companheira...
Mas, que bom que aquele homem tinha amigos. Quantos amigos você tem? De
quantas pessoas você é amigo? Quantas pessoas podem contar com você? Com
quantas pessoas você pode contar?
Que bom que os
amigos dele eram "parteiros"...
Mas, amigos podem ser "parteiros" ou "coveiros". Sabemos
que os parteiros ajudam crianças nascer, a virem à luz, enquanto que, os coveiros, as enterram.
Aqueles amigos acreditaram na possibilidade. Sim, porque, o que adiantaria ao jovem paralítico ter amigos que não acreditassem em sua cura? Talvez, ele até
tivesse amigos que ficassem ao seu lado, distraindo-o na sua angústia, o que
já não é má coisa.
Mas, seus amigos, o levaram a Cristo, porque
acreditaram na possibilidade. Eles foram amigos "parteiros". Eles
acreditaram que a vida daquele homem podia ser mudada. Eles acreditaram que
Jesus Cristo podia mesmo fazer o milagre.
É muito difícil viver com alguém que nunca acredita nas nossas
potencialidades, que são eternos "coveiros" das nossas idéias, dos
nossos sonhos, possibilidades...
Esses amigos são maridos, filhos, pais, esposas, dizendo para seus respectivos cônjuges, filhos, ou pais: "Você não pode! Você não vai
conseguir! Nem adianta tentar!". Pergunta: Como você é como amigo? Como
você é como esposo? Como você é como pai, mãe, filho ou filha?
Você é do tipo "parteiro" ou faz o estilo "coveiro"?
Quando as pessoas chegam a você elas são estimuladas, ou você acaba de enterrá-las? É muito difícil viver com gente assim, é muito difícil conviver com gente que diz: "Não dá! Não dá, não dá... Olha,
você não vai conseguir!".
Isso mata as pessoas e mata grandes idéias ainda em seu nascedouro. Mata
possibilidades no nascedouro. Quanta gente talentosa não desenvolveu seu
talento porque, a primeira pessoa a quem demonstrou o seu potencial resmungou: "Ah, isso é bobagem! Não perca tempo com isso não... É besteira!", e um talento maravilhoso morreu ali. Uma possibilidade
maravilhosa morreu ali.
Quantas pessoas se casaram esperando ser felizes e se viram dia-a-dia,
anuladas por maridos ou esposas que só criticam: "Nem tente, que não dá!
Bobagem, esquece... É perda de tempo! Isso não vai
dar certo!"?
Que bom que
esse homem tinha amigos dispostos a carregá-lo...
Há momentos na vida que precisamos ser carregados e, se não o formos,
morreremos no meio do caminho. Questiono outra vez:
Que tipo de amigo você é?As pessoas sabem que podem contar com você para carregá-las? Você é dos tais
"parteiros" que todo mundo gosta de ter por perto? Aquele sujeito
que gosta de estar sempre incentivando: "Vamos lá! É isso aí! Nós vamos conseguir! Deus é bom e joga no nosso time!" ?
Que bom que ele
recorreu aos amigos...
Quantos de nós estão sofrendo sozinhos?
A solidão é uma péssima companheira. A solidão é como o silêncio. E o
silêncio só é bom quando, entre sons, comunica; quando é uma breve pausa
entre sons, porque, se for eterno, é o silêncio da morte.
O silêncio é maravilhoso quando nos ajuda a apreciar melhor os sons que ouvimos,
quando, recobra em nós, a capacidade do ouvir.
Mas, o silêncio é muito triste quando representa a interrupção de todas as nossas atividades.
O silêncio é ótimo quando representa renovação e, muito triste, quando é o
anúncio do fim.
A solidão também é assim. Ela é ótima quando é uma pausa entre encontros,
mas, quando é resultado de um desencontro absoluto, ela se torna a pior das companheiras. E como é triste estar só!
Que bom que aquele moço recorreu aos amigos...
Quanta gente há, nestes dias, tentando se virar sozinha, achando que vai dar
um jeito... Deus não criou o homem assim. Aliás, a segunda coisa que Deus
disse sobre o homem foi: "Não é bom que ele esteja só".
Deus não criou os seres humanos para a solidão e nem mesmo Ele é um ser
solitário mas, triúno, como Pai, Filho e Espírito
Santo. Deus é a comunhão de três grandes amigos, e criou os seres humanos à
Sua imagem e semelhança para que eles também experimentem a comunhão da
amizade e cheguem, guardadas as devidas proporções,
à unidade.
Não é bom que o homem esteja só. Mas, quanta gente sozinha há! Quanta gente
há se julgando super-homem. Ora, super-homens não existem! Nietzsche dizia
que o homem devia buscar superar-se a si mesmo e tornar-se um super-homem.
Saiba que ninguém consegue ser o super-homem que Nietzsche preconizou.
Ninguém consegue andar nos passos de Zaratustra, seus passos são muito
tortuosos.
Todos precisamos de amigos, todos precisamos de
ajuda porque, há momentos que a nossa fé, por melhor que seja, é insuficiente
para nos levar à presença de Jesus Cristo. Não que precisemos de uma fé
especial para chegar à presença de Cristo. Não é isto! Uma fé do tamanho de
um grão de mostarda já faz muito.
É que a nossa fé é do tamanho da nossa esperança e quando a nossa esperança se
desvanece e a fé vai embora com ela, aí não dá mesmo para chegarmos à presença de Jesus Cristo sozinhos.
E que bom que
esses amigos sabiam o que fazer...
Aqueles homens sabiam a quem levar o amigo enfermo. Sabiam que deviam levá-lo à presença de Jesus Cristo.
Ser amigo é acreditar nas possibilidades que o outro tem a partir dos seus
talentos, dos seus dons, das suas inclinações.
Ser amigo é acreditar na possibilidade do outro quando este é posto na
presença de Deus. É acreditar que se for levado à presença de Jesus Cristo,
Ele irá ajudá-lo de tal maneira que todos os seus dons, todas as suas
capacidades, serão restauradas; tudo o que ele tem de melhor virá à tona, todo o seu talento emergirá e, ao invés dele ser carregado, ele é que vai sair de lá carregando.
Porque, fé, é crer nas possibilidades que existem, quando vamos à presença de
Jesus Cristo.
É por isso que o livro de Hebreus diz que quem se aproxima
de Deus precisa crer que Ele existe e que Ele se torna galardoador
daqueles que O buscam.
Deus é assim. Quando você Lhe entrega um pedaço de madeira quebrada, Ele a
devolve inteira, como se esta nunca tivesse tido sequer uma lasquinha, quanto mais uma fratura.
Deus é assim. Quando você leva a Ele um pavio que está se apagando, Ele o devolve como uma labareda. E uma labareda que incendeia pela eternidade! Que bom que os amigos daquele moço paralítico sabiam onde levá-lo, como ajudá-lo e se dispuseram a carregá-lo.
Que bom que
esses amigos não sonegaram os seus dons...
Sim, por que há amigos que se dispõem a ir com a
gente até um determinado ponto, mas, quando se dão conta de que nos ajudar de
verdade terão que dispor dos seus dons, da sua capacidade, do seu trabalho, do seu sacrifício, eles param.
Aqueles amigos, quando viram a multidão, com gente "saindo pelo
ladrão" - tanta gente que não havia nem lugar para sentar - poderiam ter
dito para o moço: "É companheiro, vai ficar para a próxima. Todas as
portas estão fechadas", e fechadas por outras pesoas, por gente, o que é muito pior.
Porque quando as portas estão apenas trancadas, sempre se pode derrubá-las. Às portas, às janelas, seja qual for o obstáculo. Mas, quando gente decide
atrapalhar, quando gente decide ser o problema, a obstrução do caminho, daí
só Deus mesmo! Porque, lidar com gente não é fácil... Deus que o diga!
Eles poderiam ter dito ao paralítico: Olha, quando Jesus voltar à cidade, a
gente chega antes. Quando Ele entrar na casa a gente já vai estar lá.
Que bom que eles não pensavam assim! Que bom que eles dispuseram seus dons,
seus talentos, seu recursos para ajudar o amigo.
Que bom que eles se dispuseram ao sacrifício, que bom que eles disseram:
"Já que não tem uma porta aberta, vamos fazer uma! E vamos fazer no
teto, porque o único jeito de fazer porta fácil é no teto". É só arrancar a cobertura e, naquele tempo, nem telha era.
Você é um amigo assim? Disposto a abrir portas onde elas não existem? Você é um amigo assim? Pronto a dar do que você sabe, e tem, para criar portas? Afinal, há tanta gente que só precisa de uma porta aberta!
Você é assim? E você tem amigos assim?
Que bom que os amigos daquele moço eram do tipo que abriam portas. E que garotada boa, eficiente! Um teve a idéia, outro já foi providenciar a corda, um terceiro ficou lá com ele dizendo: "Calma que nós estamos dando um jeito. Você vai chegar lá!". Aí, o mais magrinho deles deve ter subido ao telhado, por causa da
fragilidade do teto. E os outros, sempre trabalhando em equipe e com a mesma
motivação, conseguiram prendê-lo bem, içá-lo, depois, com todo o cuidado, descer o leito na presença de Jesus.
Que bom que eles colocaram os seus talentos, seus dons, seus recursos, em
favor daquele amigo necessitado! Você sabia que Deus nos dá dons, talentos e recursos para isto? Há tanta gente necessitada... É por isso que você tem tantos dons!
Não sei porque "cargas d'água", Deus resolveu fazer com que eu e você, de vez em quando, tivéssemos um experiência como a d'Ele.
É como se Ele dissesse: "Eu vou lhe dar uma grande oportunidade. Eu vou fazer você experimentar a alegria que Eu experimento. Eu vou deixar você fazer o papel de Deus para alguém. Eu vou lhe dar tantos recursos, que quando
as pessoas baterem à sua porta, você vai poder fazer como Eu. Você terá a
chance de abençoá-las e irá descobrir o que sinto quando abençôo você.
Você vai descobrir o que é que motiva o meu coração a abençoá-lo. Vai
descobrir a alegria de agir como Eu ajo. Vou lhe dar uma oportunidade de agir
como Deus na vida de alguém, mas não o Deus judicioso que você gostaria de
ser, não! Essa qualidade pode deixar comigo, que sou misericordioso e sei
como fazê-lo. Como você não o é, melhor você não experimentar isto.
Mas, que coisa chata! É justamente isso que a gente quer experimentar o tempo todo! Essa capacidade divina de fazer cair fogo do céu e dizimar os nossos adversários.
Esse é o poder que a gente quer experimentar todos os dias - a capacidade
divina de julgar, de dizer: "culpado!". É desse poder que a gente gosta.
Mas aí Deus diz: "Não. Não vou deixar! Você não tem a misericórdia que
Eu tenho e quem não conhece a misericórdia, jamais conhecerá a justiça,
porque não há justiça onde não há misericórdia. Não há justiça onde não há amor. Não há justiça onde não há perdão. Então, deixe isto comigo. Mas vou te dar uma outra chance. A chance de ser abençoador. Você vai experimentar o que
eu experimento!".
Que bom que os amigos desse moço agiram como se soubessem disso, que agiram como se aquele obstáculo fosse a grande oportunidade que tinham de experimentar, ainda que um pouquinho, o que significa ser um Deus abençoador.
E aquele grupo de amigos levou o moço à presença de Jesus. Ora, na presença
de Jesus, tudo é festa! Quem precisa ser perdoado, o será; quem precisa ser
curado, o será. Jesus reagiu à fé do moço e dos seus amigos. Fé genuína é assim: arregaça as mangas. Quem crê, arregaça as mangas. Quem
crê que é possível transformar uma vida, vai ao encontro da vida. Por isso Tiago diz que fé tem que ter obras, senão, é morta. E Jesus viu a fé desses meninos e disse para o moço: "Filho, perdoados estão os teus pecados!". As pessoas ficaram bravas... Muita gente fica brava quando há perdão. Há uma grande disposição
nos seres humanos de condenar, acusar, exterminar, matar. Há quem ache que
perdão sempre, é demais.
E Jesus o
perdoou...
Porque é assim... As vezes a luta do nosso amigo só vai ser vencida se ele
for perdoado. E o perdão cura!
Há alguém precisando de seu perdão? Perdoe-o para que ele possa andar de
novo.
Há alguém a quem você precisa pedir perdão? Então, se apresse em pedi-lo para que você possa andar de novo.
Jesus pega
nossa maior fraqueza e a transforma no nosso maior troféu...
A cama era a marca da derrota daquele homem. Quem é o sujeito? É aquele que não sai da cama. Ele não tem alternativas, só pode ficar sobre a cama, e
agora, depois do encontro com Jesus, quem é o sujeito? E aquele que carrega
sua cama!
Antes, ele era carregado sobre ela, agora, é ele quem a carrega sobre os
ombros porque Jesus Cristo age assim. Ele pega sua maior fraqueza e a
transforma no seu maior troféu. Eu não me canso de contar a história de um amigo do "Jovens da
Verdade" que foi ladrão. Ele tinha diversas passagens pela prisão e um dia teve um encontro com Jesus, se converteu. Ele tornou-se uma das pessoas mais honestas que conheço. Você poderia entregar o que tivesse de mais valioso em
suas mãos que estaria seguro. A sua fraqueza tornou-se o seu maior troféu! Vale a pena acreditar nas possibilidades que as pessoas têm quando são
colocadas na presença de Jesus Cristo. Gosto de pensar que esses amigos
representam a Igreja de Jesus Cristo. Porque Ele a fundou para ser uma nação de amigos. Uma nação de gente que se carrega mutuamente.
Jesus Cristo não fundou Sua Igreja para ter uma nação de juizes. Jesus Cristo fundou Sua Igreja para ter uma nação de sacerdotes. E o sacerdote é, antes de tudo, um amigo. Ninguém pode ser sacerdote se, antes, não for um amigo. É lamentável ver que, nos nossos dias, muitos que se chamam (ou são chamados)
de "sacerdotes" são tudo, menos, amigos. São tudo, menos gente com quem se pode contar. É
impossível alguém ser sacerdote se, antes, não for aquele que carrega, aquele que leva o outro a ser perdoado.
A Igreja de Jesus Cristo tem esse chamado: a amizade.
Sua esposa sabe que casou com um amigo? Seus esposo sabe que casou com uma amiga? Seu filho sabe que tem um pai que é amigo, uma mãe que é amiga?
Seu pai sabe que tem um filho que é amigo, uma filha que é amiga, com quem ele sempre pode contar e que sempre vai ver as coisas de um
lado positivo, e sempre vai ser um estímulo?
O sonho de Deus é ter um mundo de amigos. O sonho de Jesus Cristo é ter uma Igreja de amigos.
Que o meu sonho e o seu sonho seja o de "ser amigo", porque há
coisas que a gente não faz sem amigos. Há lugares que a gente não vai sem
amigos, há coisas que a gente não alcança sem amigos. O sonho de Deus é uma Igreja de amigos, um mundo de amigos...
Eu queria desafiá-lo a buscar ser amigo de alguém. Quero desafiar você, que
está sozinho, a pedir amigos à Deus. Quero
desafiá-lo a abrir o seu coração e a colocar os seus dons à disposição dos
amigos. Queria desafiá-lo a ser alguém que se dispõe a ser amigo, que pede
ajuda aos amigos - que pede ajuda -, não, que os explora.
Um "mundo de amigos", é isso que a Igreja de Jesus Cristo tem de
ser, foi isso que Jesus Cristo veio construir na Sua cruz e na Sua
ressurreição: Ele veio trazer aos homens a paz e a amizade n'Ele.
Escrito por
Ariovaldo Ramos
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