12/03/2010

O "Eis-me aqui" é pessoal

 

Autor: Pr. Lauro Mandira

O momento histórico que a nação de Israel vivia não era dos melhores. O bom Rei Uzias havia morrido e a nação entrava numa crise política, social e religiosa. As possibilidades de um soerguimento se esgotavam, mas não a esperança do profeta Isaías. Quando tudo parecia tenebroso, ele foi ao templo para orar e acalmar o seu coração. Ali teve uma grande surpresa. Embora o trono de Israel estivesse vazio aos olhos humanos, o Rei dos Reis estava assentado num trono alto e sublime. Deus nunca se afastou da nação de Israel; ela é que se afastara do Senhor.

No templo o profeta teve uma experiência tremenda: numa visão ele viu o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e os serafins glorificavam a Deus dizendo “Santo, Santo, Santo”. Isaías viu a fumaça do altar dos sacrifícios encher o templo e sentiu-se ainda mais diminuído diante de tanta glória. Foi nesse momento, de tanta sensibilidade e comunhão com o Pai, que ele foi chamado e comissionado para uma grande missão.

O profeta não teve outra saída a não ser responder com todas as suas forças: Eis-me aqui.

É essa a mesma sensação que também sentimos. Quanto mais perto de Deus e mais íntima a nossa comunhão com Ele, maior a visão do mundo ao nosso redor. Mas, também, quando damos uma resposta como a de Isaías a Deus, tão pessoal, precisamos ter consciência de algumas coisas.

Eis me aqui para quê?

Já aceitamos grandes desafios de Deus. Ao longo de nossa caminhada cristã aceitamos muitos desafios; porém, muitas vezes não atentamos para a dimensão da tarefa que recebemos e, por isso, falhamos ou desanimamos.

O caso de Isaías foi diferente. Ele atendeu ao desafio de Deus, talvez sem saber a dimensão do trabalho, mas estava tão deslumbrado e fortalecido com a presença do Senhor que respondeu com disposição e fé: Eis-me aqui.

A missão dele era ir ao seu próprio povo e pregar a mensagem. Não era uma mensagem para mudança de vida, mas para confirmação da dureza do seu coração. As pessoas ouviam, mas não entendiam; viam, mas não enxergavam.

Também somos enviados para gente assim. Contudo, a nossa missão não é mudá-las, porque isso é obra do Espírito Santo, mas cumprir os propósitos de Cristo de ir ao mundo e anunciar as boas novas do Evangelho a toda criatura, “quer ouçam ou quer deixem de ouvir” (Ez 2.5). A sensação é que perdemos o nosso tempo, mas para Deus nós estamos cumprindo a missão, quer eles ouçam ou não.

Eis-me aqui por quê?

Talvez você pense que outros podem ir e fazer melhor do que você. No entanto, cada crente tem uma missão a cumprir no Reino de Deus. O seu trabalho ninguém pode fazer; é tarefa sua, seja ela pequena ou grande. O apóstolo Paulo diz que Deus “deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas e outros para pastores e doutores” (Efésios 4.11). O objetivo maior é o aperfeiçoamento dos santos, contudo a tarefa depende do desempenho de cada um dentro do propósito estabelecido por Ele.

Quantas outras funções existem na igreja hoje? Mesmo que não tenhamos nenhuma função formal, é importante saber que quando Deus nos chama tem um projeto, e nós fazemos parte dele.

Mesmo que as tarefas sejam aparentemente pesadas demais, o Deus que nos chama também nos capacita.

Se Deus está falando ao coração de um servo, é preciso responder, como fez o profeta Isaías. O privilégio da resposta é pessoal.

O momento de dizer
“Eis-me aqui”

Eu tinha apenas treze anos quando dei essa resposta a Deus. Foi o momento que Ele falou comigo claramente e começou um processo em minha vida que mudou os meus planos.

Com Isaías esse processo começou no momento que ele viu, com os olhos da fé, o Deus Todo-Poderoso.

Então, chego à conclusão de que a resposta vai depender da sensibilidade espiritual de cada um. Quando
alguém comparece diante do Pai para adorá-Lo com um coração sincero e derrama a alma aos pés do Senhor, ou quando se está disposto a ouvir e obedecer a Ele, então é possível ouvi-Lo e responder com fé: eis-me aqui.

Fonte: Revista Promotor da JMM - Junta de Missões Mundiais, campanha 2009.

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